O Projeto quase Perfeito escrita por Renoth


Capítulo 6
velhos dados.


Notas iniciais do capítulo

começa a puxar petala por petala de uma flor.
Sii é do bem...
Sii é do mal...
Sii é do bem...
nossa... ainda tem bastante petala...
Sugar aparece nesse capitulo, como prometido.



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Mih acordou, a claridade entrava devagar e calmamente pela janela, tudo parecia calmo. Ela procurou pelo quarto com os olhos e encontrou o robô dormindo em uma poltrona cheia de almofadas. Que estranho, Sii e Kih haviam garantido que ele estaria acordado quando ela acordasse, será que ele estava quebrado?

Ela levantou e o analisou por alguns segundos sem encostar nele. A verdade é que ela tinha medo de robôs assassinos desde a infância, o que fazia esse momento especialmente assustador para ela.  Ele não estava respirando, nem tinha nenhum tipo de sinal de vida aparente, fato que fez os pelos da nuca de Mih se arrepiarem de medo. Ela esperava que ele pulasse e a atacasse com uma faca (porquê em sua concepção todo robô assassino tinha que atacar com facas) a qualquer momento, o que a fez dar dois passos para traz.

O robô abriu os olhos e abriu um largo sorriso.

- bom dia! – disse o robô ainda sorrindo.

-bo.. bom dia... – respondeu Mih. – você dormiu bastante.

-estavam acessando meu sistema externamente para backup de dados, e formatando algumas informações do meu sistema operacional. Eu tenho que estar desligado para isso. – explicou ele sorridente. – você é a minha namorada?

Mih olhou para ele, não sabia como responder a essa pergunta.

- eu não sei... – respondeu Mih pensativa. – que tal a gente descobrir juntos?

- parece ótimo! – respondeu ele com um brilho de criança nos olhos.

Mih parou para pensar, ele era fofo. Sentiu-se mal por ter achado que ele a atacaria com uma faca, ou que era um robô assassino.

- vá se trocar, a gente vai pro chat um pouco. – ordenou Mih. – eu tenho trabalho pra fazer lá.

-trocar? - perguntou o robô confuso.

- sim, de roupa – explicou Mih. – você sabe trocar de roupa sozinho, não sabe?

O robô parou para pensar, secretamente analisando se permitiria que ela o ensinasse a se trocar. Buscou dentro de seu banco de dados e achou uma informação curiosa: alguém já havia ensinado isso e outras coisas a ele. Como isso era possível? ele nunca tinha saído do laboratório antes... será que Sii tinha colocado isso em seu sistema enquanto ele estava dormindo?

-oi? ainda está ai? - perguntou Mih, que novamente avaliava a possibilidade de ele ser um robô assassino. – sabe trocar de roupa ou não?

-sei. – respondeu o robô pensativo. – foi você que me ensinou?

-não... – respondeu Mih. – você está bem?

- acho que sim... – respondeu o robô pensativo – apenas um pouco confuso... eu acho...

Mih pensou em se preocupar, mas lembrou que Sii havia lhe prevenido que tudo isso poderia acontecer. Nesse momento se acalmou, respirou fundo e pensou “se o Renoth sobreviveu, eu também posso ter essa sorte...”.

- então vá se trocar. Tem roupas suas naquelas sacolas.– disse Mih, apontando para as sacolas de compra que estavam no quarto.  – eu te espero na porta, temos mesmo que ir logo.

Mih levantou, e foi até a porta onde esperou por cerca de vinte minutos. Garotos não deveriam demorar tanto para se trocar. O robô vinha olhando para baixo, vestido com uma camiseta estampada, uma calça jeans e um all star.

- você me deu um dinossauro ? - perguntou.

- não, mas ele é seu – respondeu Mih.  – agora a gente pode ir?

-claro – respondeu o robô com um sorriso. –vamos.

Eles desceram rapidamente as escadas, que não eram poucas. Talvez esse fosse o motivo de não haver nenhum morador obeso naquele prédio: escadas. Entraram no chat, que ficava no terrio do prédio. Mih trazia em seu rosto o sorriso que sempre encantava a todos os presentes.

- bom dia – exclamou Mih.

-bom dia – respondeu a única presente no lugar.

-Sugar-sama! – exclamou Mih sorridente. – deseja alguma coisa ?

- Hum... – disse Sugar pensativa – talvez um suco de maracujá e um pedaço de bolo.

Mih assentiu com a cabeça, apontou para um lugar onde o robô deveria sentar e, quando este obedeceu ao seu comando, correu em direção a cozinha do chat. Ao chegar na cozinha descobriu que a polpa de maracujá havia acabado, assim como a farinha e o fermento. Teria que voltar ao seu apartamento.

Voltou ao chat e em poucas palavras explicou que iria buscar os ingredientes e que o robô não deveria sair daquela sala. Sugar se ofereceu para tomar conta dele e então Mih subiu as escadas correndo em direção ao próprio apartamento. Ela não tinha conseguido ver a simples armadilha na qual havia caído.

Sugar sorriu, tinha sido fácil conseguir o que as sindicas tinham pedido. O robô reparou no sorriso maquiavélico que tomava a face de Sugar e se encolheu na cadeira onde estava sentado. Ele não sabia quais as intenções de Sugar, mas conseguia detectar um estranho cheiro de maracujá vindo de suas roupas.

- qual se nome? - perguntou Sugar sorrindo.

-eu nunca tive um nome... – respondeu o robô, levemente cabisbaixo.

-não? - perguntou Sugar sorrindo – tem certeza?

O robô escaneou seus dados em busca de um nome. Não houve resultados.

-tenho certeza – exclamou.

-procure por Mo. – disse Sugar.

-Mo? - perguntou o robô. – o que é isso?

- só procure. – respondeu Sugar.

O robô olhou para Sugar, o olhar dela era direto e não o de quem escondia alguma coisa. Fez uma nova varredura em seu sistema, dessa vez em busca de um nome. Achou uma pasta escondida dentro de um arquivo fantasma. Aquele arquivo não deveria existir, mas mesmo assim estava em seu sistema. Por quê?

-pasta bloqueada! – disse o robô, com uma voz mecânica. – senha requerida de programador requerida!

- batatamalpassada – disse Sugar.  – ordenando a queima completa desse arquivo.

O robô fez um barulho alto, seus olhos se encheram de luz e começou a ventar fortemente na sala. Seu rosto mostrava uma enorme força que ia contra o comando de Sugar, mas que pra infelicidade dele, era inútil.

- arquivo deletado. – disse o robô, com a voz voltando ao normal.

Mih entrou pela porta, carregava uma sacola com todos os ingredientes necessários. Olhou para o robô e para Sugar, que se olhavam em silencio. Sorriu para Sugar e chamou o robô com a mão. Este o seguiu para a cozinha. Mih não conseguiu ver, mas assim que entrou novamente na cozinha Sii entrou pela porta do chat.

- você deletou o arquivo de backup ? - perguntou Sii.

- Sim, como você pediu. – respondeu Sugar. – o que era aquele arquivo?

-as memórias que ele tinha com Renoth – respondeu Sii. – todas seriam reativadas se ele ouvisse a palavra Mo vinda da boca do Renoth.

- de fato ele devia gostar do garoto. Os dados estavam muito bem escondidos... – disse Sugar pensativa. – mas se você me permite perguntar Sii, por que deletar isso? por que fazer ele esquecer completamente o Renoth?

Sii sentou, olhou de frente e no fundo dos olhos de Sugar. Seu olhar não era o de uma pessoa má, mas sim o de uma pessoa justa que teve que fazer uma escolha difícil.

- eu ajudei a fazer aquele robô. – disse Sii. Ela parecia escolher as palavras que ia dizer uma a uma – eu dei meu melhor na construção dele. Ele é como um filho para mim.

- você não respondeu a minha pergunta. – notificou Sugar, ainda sorrindo.

-eu não quero que ele sofra antes do tempo. – respondeu Sii, mostrando nos seus olhos que finalmente havia encontrado as palavras corretas. – envolvi pessoas maravilhosas com ele, pessoas de quem eu realmente gosto. Ele deve escolher qual dessas pessoas é mais maravilhosa pra ele. Acho que só assim ele terá uma chance de ser feliz. Lembrar de algo como isso antes de poder fazer uma escolha definitiva seria simplesmente doloroso demais.

- ele é só uma maquina. – rebateu Sugar.

- ai é que você se engana. – respondeu Sii. – eu e a Kih apenas criamos seu corpo e sistema. Ele já existia antes disso. Nem nós sabemos ao certo o que ele é.

Sugar se espantou, mas conteve seu rosto. Mih voltou com o suco e o robô voltou trazendo bolo. Os dois entregaram e Sugar agradeceu com um sorriso.

- parece ótimo. – disse Sii. – quero o mesmo que ela!

-claro Sii! – disse Mih num sorriso. – vem Ran, você vai me ajudar!

-Ran? -perguntou Sii.

- bem, ele precisava de um nome... – disse Mih, um pouco confusa. – e eu não sou boa com nomes, então escolhi esse.

-eu gostei! – disse Ran.

Sii sorriu e olhou para sugar. Seu sorriso ilustrava o quão diferente Ran estava, até 10 segundos atrás ele não aceitava Mih completamente, mas agora conseguia sorrir por ter ganho um nome.

Os dois saíram em direção a cozinha, lá dentro Ran beijou Mih, que derrubou uma panela que estava pendurada, fazendo um grande estrondo no chão. No chat as duas se entreolharam por causa do barulho. Elas sabiam que Mih não era desastrada, o que as levava a imaginar que os dois estavam se pegando. Não era mentira.

- você acha que o que fez hoje foi um favor Sii. – disse Sugar, pela primeira vez sem seu sorriso aparente. – mas você só vai gerar mais dor nesse robô. Não me peça para participar de algo como isso de novo.

-não pedirei – respondeu Sii.


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Notas finais do capítulo

continua puxando petalas...
Sii é do bem...
Sii é do mal...
bem... quem sabe...
proximo capitulo o quanto antes!



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