Renoth chegou em casa, ele ainda não conseguia acreditar que Mo realmente tinha ido embora. Era como se ele tivesse dado um pedaço de seu próprio coração a outra pessoa, sem saber se essa pessoa ia devolver ou não.

Pegou a única das sacolas de compra que Mo não tinha levado. Era da loja de brinquedos, provavelmente o presente que Mo tinha comprado pra ele.  Tirou delicadamente o embrulho que estava lá dentro e por alguns segundos olhou para ele. Era uma embalagem retangular, embrulhada com um  papel de presente laranja, cheio de bolinhas amarelas e verdes, e colado com um adesivo de coração onde se lia “com amor”.

Renoth abriu rasgou o papel de presente e uma bem dobrada carta caiu em seu colo, o que o fez colocar o presente em segundo plano. Mo havia escrito uma carta.

Ele rapidamente desdobrou o papel e começou a ler.

“Querido Renoth,

Você me deu um nome e passamos dois dias maravilhosos. Eu realmente gostaria de fugir com você enquanto podia, mas como até entrarmos nessa loja nada aconteceu duvido que você me deixe te levar pra longe. É uma pena.

Vou te contar porquê de fato não dormi na ultima noite: tive medo de esquecer nosso passeio no parque. Eu me diverti tanto que aquele dia pareceu muito mais tempo, o que podia confundir meus sistemas. Sim, eu sei o que são sistemas e bancos de dados, apenas disse que não para te ver me ensinando todas aquelas coisas. Você é um ótimo professor, sabia?

Enfim, fui programado para esquecer tudo que acontece a cada dois dias. Então quando eu dormir essa noite já não lembrarei mais de você.

Simples assim.

As sindicas achavam que eu seria tendencioso demais na minha escolha se eu não fosse completamente imparcial, então me tiraram o direito de lembrar de você. Não sei se vou conseguir perdoar elas por isso um dia.

Quando eu dormir e acordar serei novamente o sem nome, e já não mais lembrarei o quanto amo o nome que você me deu. Mo,  acho engraçado e gracioso. De certa forma sua cara.

Lembrarei de você de novo daqui a quatro dias, será que você pode me esperar até lá?

Não sei que novas lembranças me trarão as outras duas, mas não consigo imaginar nada melhor do que o que eu passei com você, não mesmo.

Espero poder te ver de novo, mesmo que eu não lembre quem é você. A ideia de você se afastar de mim é... estranha. Deveria ser tão forte assim o que sinto?

Por favor, me espere e me perdoe por não lembrar de você.

Quanto ao presente, é para que você se lembre de mim. Será que ele pode se chamar Mo como eu?

Eu ficaria muito feliz com isso.

Com amor,

Mo, o seu namorado perfeito.”

Renoth colocou a carta de lado, Mo não poderia mais se lembrar dele.

Terminou de rasgar a embalagem, e finalmente viu o presente que Mo havia lhe dado.  Um boneco, do tamanho de uma Barbie. O namorado perfeito, estava escrito na caixa.

Renoth chorou. mesmo tendo aquele boneco em suas mãos seu namorado perfeito estaria agora com outra pessoa.

“por favor, cuide bem dele” pensou enquanto chorava.