A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 52
A morte de Castélio


Notas iniciais do capítulo

Mateus Scofield Ryan Campbell.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/135302/chapter/52

Uma corneta toca ao fundo, era fim de tarde, e as copas das arvores estavam já alaranjadas. Russel havia sido salvo e agora ao lado de Simão guardava a entrada da cidade antes reinado por Castélio. Faziam quatro horas desde que a cidade havia sido invadida por Simão e os outros habitantes do burgo. Faziam quatro horas desde o primeiro passo para a queda de todo aquele sistema.

Após a invasão dos moradores do burgo os poucos homens que haviam servido Castélio anteriormente trocaram de lado, notaram que a vida deles poderia melhorar se deixassem de acatar às ordens do ditador português, viram que uma vida igualitária e sem um lorde cobrando impostos poderia ser mais prazerosa. Havíamos os convertido. Estávamos começando outro burgo.

Mas é claro que nem tudo era perfeito, Castélio estava escondido em sua torre, dividimos os homens em dois grupos. O primeiro deveria vasculhar a torre até encontrar e trazer Castélio para ser julgado pelos próprios moradores de sua cidade, um segundo grupo haveria de cercar a cidade impedindo que Castélio fugisse. Uma corneta tocaria quando ele fosse visto afinal seria inocência acreditar que Castélio e sua já conhecida inteligência não convencessem soldados temerosos quanto ao futuro da cidade a se juntar em sua fuga. O curioso é que essa corneta acabara de ser tocada e da porta da frente da torre de Castélio saia uma quantidade grande de cavaleiros...

Russel que havia acabado de fugir de uma decapitação e se alimentado da comida de Castélio escapando de uma inanição segura um arco e prepara a flecha.

Os cavalos começam a se aproximar de mim e meus colegas, aos poucos de trás das arvores outros aliados nossos começam a aparecer. Com o tempo pude ter certeza de algo que já suspeitava a comitiva que se aproximava de nos era Castélio e seus seguidores ainda fiéis. Deveras haveria uma batalha por começar.

RYAN CAMPBELL, PROTETOR DO BURGO – gritava um homem ao lado de Castélio – ABAIXE AS ARMAS E DE PASSAGEM À LORDE CASTÉLIO SENHOR DE PORTUGAL... OU PAGARÁ COM A VIDA!

Castélio se aproximava, estávamos próximos se um choque quando Russel acertou uma flecha na perna do cavalo do Lorde. O animal caiu fazendo com que seu dono e os homens que o acompanhavam parecem.

AI! Quem ousa derrubar Lorde Castélio, senhor de Portugal?

Salto do meu cavalo. Minha capa se enche antes de cair, apoio meu novo bastão no chão.

Eu, Ryan Campbell, o mesmo homem que ousou desafia-lo e ordenou que você fosse encurralado. Vejo que se desesperou guerreiro.

Castélio se levanta e aponta um punhal na minha direção.

Por que diz isso infiel General?

Nunca fui seu “General”, e agora todos sabem disso, Russel traduziu a eles tudo o que eu dizia. Não vai continuar manipulando essas pessoas Castélio, elas sabem agora quem realmente você é.

Não irei? – ele sorri - < João, Fabiam, Carvalho. Flechas! >

A comitiva de Castélio dispara contra mim, me preparo para defender com o bastão quando Simão pula com o escudo em minha frente me protegendo das flechadas. Castélio empurra o escudo para trás fazendo Simão perder o equilíbrio. Quando Castélio grita para atirarem novamente eu já não estava mais lá.

Uma batalha se inicia nas proximidades do portão da cidade, Castélio e pouco mais de trinta cavalheiros contra eu, Russel, Simão, dois cavalheiros e quinze moradores do burgo usando arcos.

Eu havia corrido para trás das árvores, de lá pude ver os dois grupos se embolando em um raio de 10 metros portão adentro. Por trás do tumulto pude atacar os arqueiros de Castélio retirando-lhes temporariamente o movimento dos braços, mais a frente, Russel estava sendo empurrado contra o muro, Castélio estava prestes a apunhala-lo.

Isso é culpa sua camponês!

O punhal atravessa o peito de Russel, meu amigo cai de joelhos enquanto Castélio retira a arma de seu peito e encrava no braço esquerdo.

Um homem magro com uma faca de limpar peixe corta de raspão a pele do peito de Castélio que retribui lhe enfiando a faca na garganta.

EDUARDO! – gritei enquanto empurrava os inimigos com meu bastão, dois homens com machado pararam entre mim e meu amigo ferido, acertei a arma de um e a fiz acertar o braço do outro, um segundo golpe racha o crânio do guerreiro que ainda tinha braço.

Castélio permanece limpando o caminho com seu punhal e adentrando cada vez mais à floresta. Paro diante de Russel e olho envolta, um, guerreiro de Castélio havia pego um arco mas parecia não ter muita habilidade com este, diferente de mim que assim que toquei no arco de Russel acertei o crânio do aprendis de arqueiro e mais alguns de seus amigos.

Com a situação ficando mais sobre controle pude gritar algo para um confuso Russel.

Eduardo? Está bem?

Cam... Campbell, não deixe Castélio... Não deixe Cas—

Eu sei Russel, não o deixarei partir.

Não Campbe... Não...

Levanto-me e corro para dentro da floresta, vejo ao longe Castélio lutando com um de seus antigos cavaleiros. A luta é rápida, o cavaleiro era habilidoso mais Castélio era muito preciso com seu punhal. Quase tanto quanto eu no arco.

Uma flecha atravessa a coxa de Castélio que cai na hora, corro em sua direção. Quando estou próximo Castélio arremessa o punhal, me defendo com o bastão e então retiro da bainha a Arrebatadora, uma pesada espada de ouro cravejada no cabo com esmeraldas, roubada por mim durante o combate com Gasper, filho de Castélio e atual prisioneiro da “sala escura”.

— < AH MEU DEUS! A ARREBATADORA! >— gritou em português Castélio. – Onde conseguiu isso?

Considere um premio de guerra.

Castélio avança sobre mim, me defendo mantendo o bastão na horizontal e então acerto a cabeça de Castélio com o cabo da espada. O lorde cambaleia um pouco e desmaia, mas não a tempo de não ver o sangue escorrendo por sua face.

Minutos depois eu havia levado o lorde para o centro da cidadela onde antes ele reinara, alguns soldados fiéis a Castélio tentaram por diversas vezes me parar mas sempre eram segurados por outros soldados ou moradores do burgo.

Quando chegamos na tora do centro onde iriam decapitar Russel fomos cercados, vários espadachins quase que como estivessem rodando a nossa volta nos atacaram, os moradores do burgo eram corajosos mas não sabiam como segurar uma espada.

Quando só haviam dois soldados ao meu lado e seis tentando resgatar Castélio pus a cabeça do lorde na tora e apontei para seu pescoço a Arrebatadora, todos pararam de brigar e me olharam. Perguntei para os cavalheiros em volta se algum falava inglês. Nenhum respondeu.

Ficamos todos encarando o corpo desacordado daquele que costumava mandar por aquelas terras, ele estava começando a se mexer.

A situação permanecia tensa, muitos ali temiam uma ira divina por estarem quebrando aquele sistema, sentiam o pecado atravessando os seus corpos.

E então? O que faremos? – gritei na esperança de que alguém me entendesse - < Matar> ou < Salvar >?

O silencio permaneceu por mais longos quarenta segundos até que o comerciante que salvei um dia antes de toda essa bagunça começar gritar algo, era uma ordem.

— < MATEM! >

Seguido deles vários outros repetiram o grito, pude ver o corpo de Castélio começando a voltar a ter movimentos, todos esperavam que eu cortasse sua cabeça, mas por algum motivo eu não podia fazê-lo. Aquele homem era um monstro, mas um sábio monstro, possuía informações, algumas que eu nunca poderia descobrir com outra pessoa, e se o usássemos para o bem?

— < MATEM, MATEM, MATEM, MATEM! >

Ergo a espada, Castélio estava indefeso, aquilo podia ser justiça, mas não estava sendo feita do jeito certo, aquilo era assassinato.

— < MATEM, MATEM, MATEM, MATEM! >

Meu braço desce, próximo ao pescoço de Castélio diminuo a velocidade e então paro. Temo que isso fizesse que o povo perdesse a confiança em mim, mas por sorte alguém gritou.

— < PAREM!>

Era um ensanguentado Eduardo Russel sobre seu cavalo, ele parecia mal poder parar em pé.

Sinto me aliviado quando a multidão fica em silencio. Russel começa a falar, não entendo o que ele diz, só sei que os guerreiros e burgueses abaixo dele o ouviam consternados, eles abrem passagem, ele caminha na minha direção e então se ajoelha diante de Castélio.

Eu te perdoo por todos os crimes irmão.

Castélio permanece imóvel, acho que ainda meio desacordado. Russel permanece falando.

Meu momento de morte se aproxima e sei que acima de Lorde você ainda é pai, não seria justo causar tristeza na bela Mariane retirando-lhe a vida seu verme.

Do meio das pessoas sai uma garota ainda mais pálida do que de costume, ela estava chocada, a multidão em volta parecia confusa, Mariene correu para perto do pai. Russel olhou nos olhos da garota.

Me perdoe pelo que fizemos à sua família Mariane. Perdoe-me meu amor.

A garota olhou assustada para Russel.

Foi ai que Castélio saltou.

Empurrou-me contra o chão e então começou a rir, quando fui me levantar ele me roubou a espada e com um único e forte movimento horizontal decapitou Eduardo Russel.

— < TOLO! Eu disse a você camponês, sua vida já tinha acabado! >— olhou para a cabeça de Russel no chão e então se virou para mim – E é agora que eu retomo o pod—

Uma flecha dentro da boca prende a língua de Castélio, olho para cima da torre e lá estava Deimmem Blase. Me levanto e com o bastão desarmo Castélio, ele tenta fugir mas agarro a Arrebatadora no chão e desço um único golpe na vertical. O crânio dele se rasga no meio, sangue esguicha sobre todos em volta, o cheiro da morte dele era como que de uma fossa para todos ali, mas ao mesmo tempo tinha um leve frescor de rosas. Era o fim de Castélio.

Uma semana se passou desde então, havíamos enterrado todos próximos à estrada, menos a mulher de Simão que foi enterrada no centro do burgo e Russel que agora jaz no centro da cidadezinha de Castélio, que atualmente se tornou um segundo burgo, o Burgo de Russel.

O enterro de meu amigo foi bonito, por mais triste que seja a morte, o espírito da mudança e do perdão trazidos pela coragem de Russel fizeram que a data fosse marcada não como o fim da vida de um amigo, mas sim o inicio de novos tempos.

Marieane visitava todos os dias o tumulo daquele que poderia ter sido o seu eterno amante.

Simão se tornou um conselheiro e capitão para todos os novos comerciantes que agora partilhavam a terra. Governou sabiamente por muitos anos até sua morte.

Quanto a mim? Convidaram-me para uma grande cerimônia no centro do novo burgo, haviam, cornetas, soldados e belas mulheres trajando roupas transparentes, Simão e outros burgueses sorriam e acenavam para mim enquanto eu me aproximava e me abaixava, me esperavam no final de um corredor feito de pessoas, pétalas caiam do alto. Mariane traduzia para mim o que Simão falava.

Senhor Ryan Campbell, é um prazer anunciar diante de todos os nossos irmãos e irmãs que condecoramos você, nosso pensador e protetor, guardião da Arrebatadora, espada condecorada do reino de Portugal, o posto vitalício de Senhor do reino dos dois Burgos, queira aceitar essa coroa retirada da sala de Castélio, ela lhe será de bom proveito.

Sorrio e então seguro a mão de Simão.

Perdoe irmão – disse em inglês, Marieane foi traduzido – Mas ao mesmo tempo que lhe dei libertação lhe dei morte e sangue, essa coroa não deve ficar comigo – pego a coroa e a coloco na cabeça de Mariene, a garota mesmo assustada e chorando continua traduzindo – Ela sim, deveria ficar com este posto, afinal muitos aqui ainda são fiéis ao sangue de Castélio e ainda mais do que isso, quem libertou vocês no final das contas não fui eu, foi Eduardo Russel, a moça que deveria ser sua mulher que deve ocupar as incumbências deixadas pelo marido.

Todos olhavam espantados.

De qualquer modo Simão e amigos, agradeço à congratulação – me levanto, lagrimas escorriam do rosto da nova Senhora Russel, este foi o primeiro casamento entre um nobre e um camponês do burgo – Minha missão aqui terminou amigos, minha história terminou, devo partir rumo à Inglaterra meu pais de origem, aprendi nessas terras muito alem do valor da amizade, liberdade e companheirismo, aprendi o valor da escrita e da história, creio que agora as aventuras de Ryan Campbell devam se interromper para que outra lenda surja... E quem melhor do que alguém que já realizou a maior de suas missões para registrar essa nova lenda? – todos balançavam a cabeça meio tristes, não queriam que eu partisse, mas sabiam que nunca ficaria feliz ali – Foi bom partilhar de sua amizade amigos – dei um abraço em Simão e então me virei a Marieane

E quanto a você... Faça por essa terra o que eu nunca poderia fazer, use o que sabe sobre governo e diplomacia para fazer com que esse lugar cresça cada vez mais, por favor, peço que limpe o nome se sua família, peço que governe de maneira tão sabia que ninguém lhe cale por seu físico ou seu gênero, sei que mulheres podem ser guerreiras tão sabias quanto homens e sei também que podem governar melhor até do que estes... Confio em você Marieane Russel. Confio em seu coração.

Para onde vai agora Ryan? – me perguntou a garota de pela branca e com o rosto cheio de lagrimas, as pétalas caiam do céu...

Tenho que resolver uma coisa antes de partir...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda de Jamie Carter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.