A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 51
A execução de Eduardo Russel


Notas iniciais do capítulo

Capitulo escrito por Mateus Scofield e narrado por Ryan Campbell.



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Uma flecha atravessa a testa do cavalheiro de Castélio a minha esquerda, logo em seguida uma outra atravessa a do a direita. Os homens de armadura largam as espadas e correm, apenas três ficam no local paralisados. Terrível erro.

Três flechas cortam o ar e acertam exatamente o centro da testa dos três cavalheiros. A contagem de corpos vai aumentando.

– CAMPBELL!

Vejo Gasper na outra ponta do corredor pela janela, ele estava com uma espada e um escudo correndo na minha direção. Olho para o centro da praça onde Eduardo estava prestes a ser decapitado e então vejo meu amigo gritando por ajuda enquanto as pessoas começam a correr para algum lugar mais seguro.

– Cavalheiro estrangeiro! – gritava Gasper correndo na minha direção – Arrependei vos de seus crimes pois não partilho das tolas filosofias de meu pai! TEMEEIS POR SUA ALMA CAVALHEIRO!

No chão jaziam as espadas dos cavalheiros mortos de Castélio, tento erguer uma enquanto vejo o alucinado filho de Castélio vindo na minha direção, era impossível, a falta de alimento adicionada aos músculos fragilizados por passar dias na mesma posição me impediam de levantar o pesado objeto de metal rapidamente. Gasper chega a um metro de mim.

– < E agora você encontra o seu fim! >

Uma flecha corta o ar na direção de Gasper, olho por um momento furtivo para Blase e vejo-o sem expressão. Ele nunca errava, cada tiro uma morte. Pelo menos era o que eu pensava.

O aparentemente inexperiente filho de Castélio no momento exato levantou o escudo, o Som da flecha ricocheteando no metal foi a única coisa que me fez parar de prestar atenção nos meus próprios batimentos cardíacos. Gasper olha para mim e ergue a espada, outra flecha vem na direção do herdeiro de Castélio, dessa vez no seu pé, novamente ele defende, mas isso me da tempo para levantar e correr.

– < Correndo pela vida Campbell? Covarde!> Ele se recosta na mureta e ergue o escudo se protegendo das flechadas de Blase. < Não adianta fugir... Eu irei captura-lo!>— Disse o garoto branco sorrindo. O mesmo sorriso doentio de seu pai.

Ao fim do corredor havia uma escada dando para o andar térreo, tudo em blocos de pedra, no fim da escada havia um grande salão, nele algumas portas para outras saletas. Entro correndo em uma pequena sala, lá haviam alguns instrumentos de limpeza, peguei um esfregão e quebrei a ponta, era o mais próximo que tinha de um bastão. Ouço o som de alguém descendo a escada. Me escondo atrás de uma pilastra.

– < Campbell... Ratinho... Vou matar você...>— Era Gasper descendo as escadas - < Sua linhagem termina aqui Selvagem errante. >

Meu bastão improvisado faz um arco e atinge o rosto de Gasper, ele cai no chão e ergue a espada, um segundo golpe do o pedaço de madeira e a mão dele se abre derrubando a espada. Paro de joelhos sobre o seu peito e coloco o bastão sobre o seu pescoço.

– Sei que fala Inglês Gasper, agora, quero que fiques bem quieto e me ouça se não quiser que seu destino seja selado por mim aqui e agora, você tem que me ouvir, tem um homem lá fora, ele não merece estar lá, a morte dele é uma sina que cabe a mim, por favor Gasper, lhe peço que saia e acalme a população, precisa me ouvir.

O “nobre” filho de lorde Castélio olha para mim e começa a rir.

– Tolo! Acredita mesmo que tens chance de salvar seu amigo? Prefiro perder minha vida ao ajudar um camponês sujo, alem disso. – ele me golpeia com o escudo me fazendo cair de costas no chão – Você nunca esteve sobre controle desta situação senhor Campbell. Está travando uma guerra que nunca pode vencer.

– Está cometendo um terrível erro.

– Erro foi meu pai te deixar livre, mas a arrebatadora, está linda espada na minha mão, dada à minha família pelo próprio rei de Portugal vai concertar tal engodo.

A porta do salão onde estávamos arrebenta e dela entram varias mulheres correndo.

– < CORRAM, CORRAM, É ELE, É O DEMONIO DA NOITE!>

– O que estas prostitutas fazem em meu Castelo? – perguntou Gasper com a espada em punho apontada para o meu pescoço. - < Partam plebeias imundas.

Súbito, uma Flecha vinda de frente acerta o seu joelho, a postura dele se perde, seu corpo arqueja, a espada torna-se apoio. Meu pescoço estava livre.

Um golpe horizontal na espada faz Gasper perder o equilíbrio, o golpe seguinte arrebenta o seu nariz, um terceiro golpe acerta o seu peito fazendo-o ficar ofegante. Gasper toma a espada em mão e tenta me acertar, em vão, um único passo para trás me salva do corte e me dá espaço para acertar seu ombro fazendo que seu braço direito perca o movimento.

– < NÃO! Não creio que essa bruxaria me vitimou novamente>— as mulheres no salão olhavam assustadas, mas nada comparado a como elas ficaram assim que o responsável pela flecha que acertou o joelho de Gasper adentrou o salão, as mulheres começaram a berrar - < Quem... Quem é este?>

O atirador fez uma pequena reverencia ainda o portão mas sem viúvas na sua frente já que todas correram para as laterais do salão, logo se apresentou a Gasper.

– Pardon mona mi, Me chame de Daimmem Blase, O demônio da noite.

– Vo...Você é quem matou todos aqueles - Cof - homens? – perguntou Gasper assustado.

Blase colocou mais uma flecha no arco:

– Oui,e você me deve três flechas...

Blase puxa a flecha, mas ao me ver fazendo sinal para não atirar abaixa o arco, me viro para Gasper e então retiro a espada de sua mão adormecida.

– Arrebatadora é? – perguntei, ele tentou se levantar mas um chute na barriga o fez voltar ao chão. Onde está seu pai?

– Eu não sei...

– Onde está seu pai?

– Já lhe disse! Não sei!

Dou outro chute em sua barriga, as mulheres estavam petrificadas do outro lado da sala.

– Qual o problema com a sua família? Não sabem respeitar os outros? Nunca vi tanta falta de amor em todos os anos de minha vida – cuspi contra o rosto de Gasper. – Vocês me enjooam, sempre achei o mundo em que vivi decadente e incorreto mas vocês... Vocês ascenderam ao poder com mentiras e maquinações, são próximos do rei, maltratam o próprio povo e as pessoas de terras longínquas, vocês... Vocês não são humanos! Não merecem o reconhecimento de rei algum – olhei para o furioso rosto de Gasper se retorcendo de cólera no chão, ele queria minha cabeça numa bandeja nesse instante, mas um único pensamento passou pela minha cabeça – Minhas escusas jovem, você não merece apenas o não reconhecimento do rei, você também não merece o reconhecimento dos vermes!

Um rosnante Gasper salta sobre mim, Blase prepara o arco, mas nenhum disparo foi necessário, a antiga espada de Gasper agora sobre meu domínio golpeia o antigo mestre na barriga fazendo-o sangrar mas não sendo profundo o suficiente para lhe tirar a vida.

– Eu poderia lhe enviar de volta para o inferno de onde saiu agora mesmo mas acredito que está espada tem sangue de homens mais nobres para retirar – me viro de costas para o infame caído no chão enquanto segurava a barriga cortada – espero que aproveite seus últimos momentos de vida Gasper de Castélio. Pois assim que findarem... Você irá amargurar no esquecimento eterno e não divido que um estuprador de cadáveres decapitados tenha um lugarzinho para sua alma no inferno.

Enquanto eu caminhava Gasper rastejante gritava.

– Quem pensas que é Campbell? Onde pensa que vai?

– Vou virar lenda.

Gasper rosnava de raiva, se rastejava na minha direção enquanto ia cuspindo palavras. Deimmem observava frio como sempre.

– Vai? Pois há muitos homens do outro lado daquele muro, muitos homens só esperando uma ordem do meu pai para matar você e seu amigo, e se quer saber, não importa o quão bons vocês sejam... Em um dia claro, em campo aberto como lá fora... – Gasper regurgita uma certa quantidade de sangue – precisariam de um exército... – o portão do salão se abre totalmente e dele entra um cavaleiro com os símbolos de Castélio, ele grita algo em português e faz um gesto com a mão, segundos depois vários deles entravam no local, todos sérios e lentos com suas pesadas e resistentes armaduras... – Um exercito como este! – enfatizou o sorridente moribundo Gasper caído no chão.

Os cavaleiros de Castélio param todos em três longas fileiras empunhando escudos, espadas e lanças, alem de três arcos e duas massas.

– E então Campbell? Pronto para pagar por seus COF, Seus crimes? – Era Gasper ainda tossindo sangue. – Pronto para desistir? – Ele começa a rir de maneira doentia.

Foi ai que tudo mudou, um som alto e berrante, uma corneta tocada de dentro da cidade, o som era forte e assustador. As risadas de Gasper cessão

– Daimmem? O que é isso? Coisa sua?

– Não Campbell, é algo novo.

O som se repetiu, todos no salão quer fossem guerreiros ou viúvas se aquietaram, as armas saíram da posição de ataque. O som se fez notar pela terceira vez, era uma corneta de guerra...

De trás do grupo de aproximadamente cinquenta homens de Castélio se via o pátio cheio de viúvas. As mulheres que me aplaudiam e clamavam pela morte de Russel há alguns minutos atrás estavam quietas e se afastando, elas estavam abrindo caminho.

Do mar de pessoas na praça principal saia algo, um outro aglomerado de pessoas, uma massa de gente diferente, eu os conhecia muito bem, os conhecia pois as pessoas que tocavam a corneta eram as pessoas que haviam me abrigado por meses, eram todos eles, eram todos os moradores do burgo.

O grupo carregando tochas e ferramentas se aproximou do Castelo e logo tocaram a trombeta novamente, haviam setenta pessoas mal armadas ali, no centro delas um velho senhor, Simão, o homem que havia perdido a sua mulher devido a um capricho de Castélio a três dias atrás.

– Perguntou sobre meu exército Gasper? – Perguntei ao moribundo garoto branco vestido de vermelho - Acho que este é muito mais do que o suficiente...

Simão levantou o braço, os Cavaleiros de Castélio todos olhavam atônitos, os fracos moradores do burgo estavam ali à sua frente, era algo inédito, era algo extremamente inesperado.

– < Moradores da pequena cidade de Castélio >— Era Simão falando - < nosso protetor o Demônio da noite causou extremo mal a seus conterrâneos, mas peço que cessem as animosidades, essa terra já viu muito sangue e com o Demônio dentro dessa sala sabemos que haverão muitas outras se continuarmos, então eu, Simão peço em nome de meus conterrâneos que parem de lutar em nome de Castélio e sua linhagem, homens que nos chamam de cães e demônios mas que são capazes de matar por decapitação e violar a mulher do próximo, e comecem a lutar por seus iguais, pessoas que trabalham para poder viver de seus frutos e esforço, peço para que lutem pela igualdade e pelo futuro de seus filhos e filhas. > – todos olhavam estáticos – < Quem está comigo? >

Todos apenas olhavam, um jovem posicionou um flecha no arco e discretamente começou a apontar na direção de Simão, sem perceber o velho gritou de novo:

– < QUEM ESTÁ COMIGO?>— o garoto levantou mais o arco, foi ai que eu gritei.

Meu urro forte ecoou pelas frias paredes do castelo, os cavaleiros portugueses olharam para mim, depois para um triunfante Simão, depois novamente para mim, foi ai que um homem de farda diferenciada, provavelmente um capitão urrou e jogou sua lança ao chão, seguido dele mais dois repetiram o ato, logo depois o garoto com o arco e por fim todos no salão menos Daimmem Blase urravam com força e violência. Era como se cada momento de sofrimento estivesse sendo posto para fora em urros animalescos e em um fétido suor de libertação.

– E então Ryan? O que vem agora? - Me perguntou o tranquilo Blase.

– Agora nos libertamos Russel e tomamos a cidade, quero o castelo cercado e os cavaleiros desarmados.

– O que pretendes meu escriba?

Eu conhecia poucas palavras em português, mas sabia o suficiente para subir em uma mesa e gritar a todas aquelas enfurecidas pessoas no salão.

– < Amigos... Quero que me encontrem Castélio e o me tragam vivo... TODOS temos contas para acertar com aquele desgraçado, e podem ter certeza... Que todos acertarão...>.


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