A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 48
Arcos, Joseph e Sebastian


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Live Gabriela Woiciekoski ^^ e narrado por Jamie Carter.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/135302/chapter/48

Há muito não voltava para casa, era uma sensação ótima estar lá e saber que me conhecem e que não me farão mal. Bem, a menos que eu os roube, e claro.

- Por onde você esteve? Ficamos nos perguntando o que havia acontecido aquele dia. O que aqueles cavaleiros queriam com você?

Memórias voltaram à minha cabeça e a principal era de Hammel matando o Ferreiro.

- É uma longa história, lhe conto depois. Agora me tire daqui!

O garoto tirou uma faca e uma lixa do bolso e as enfio no cadeado das grades da carroça, em alguns minutos eu estava livre. Pulei da carroça e dei um soco no braço de Eric.

- Obrigada.

- Você libertou uma criminoooosa! – gritava o velho.

- Mande seu avô ficar quieto! – disse a Eric.

- Ele não é meu avô! É um louco forasteiro que cismou comigo!

- Ora! Vamos para a cidade então, preciso de sua ajuda.

Pegamos os cavalos da carroça e cavalgamos depressa até a cidadela. Chegando lá fui direto à minha antiga casa.

- O que precisa Jamie? – perguntou o garoto com sua voz fina.

- Um arco e várias, várias flechas. – disse a ele séria.

Procurei por todos os cantos e encontrei as flechas, mas não parecia haver arco nenhum ali. Exceto...

- Não acredito que ele guardou isso. – falei ao reconhecer o primeiro arco da minha vida. O arco que achei perdido depois de uma batalha que ocorrera em nossa cidade. Sorri para os céus – Obrigada Ferreiro.

Peguei o velho arco, as flechas que encontrara uma adaga e um punhal.

- Aonde você vai agora? – perguntou-me Eric.

- Vou fazer a coisa certa!

Dito isso montei no cavalo roubado e fui em direção à Selsey. Sabia que Joseph ainda deveria estar por lá e que mataria aquela família inocente. Não podia deixar isso acontecer.

Chego à cidade e vou em direção ao antigo alojamento. Não encontro ninguém lá, muito menos as minhas coisas. Procuro Larápio no celeiro e o encontro amarrado em um canto. Passo a mão em sua crina.

- Vamos lá garoto.

Vou até a taberna e pergunto ao taberneiro onde Connor Russel morava, ele me dá as coordenadas e rapidamente saio de lá.

Chego ao lugar quando o sol já estava a se por. O céu estava avermelhado, assim como o chão o lugar. Ouço uma voz feminina pedindo por misericórdia.

Entro na casa e vejo Connor Russel morto ao chão.  Mais um cômodo e encontro a fonte da voz feminina sendo amarrada e ameaçada por Fitzwilliam.

- Largue-a! Agora! – gritei.

- Jamie! Por onde esteve, chegamos faz alguns minutos.

Apontei o arco em sua direção e vagarosamente puxei a linha.

- Hey, calma aí. O que está fazendo?

- Larga ela, agora! – gritei. O gêmeo obedeceu – Onde está Joseph?

- Ele não veio junto. Disse que tinha assuntos mais importantes à tratar.

“Me desculpe Jamie. São só negócios.”

- Sebastian está aqui?

- Não, não o vejo desde ontem.

- Pois então largue esta mulher e mande Patrick e Flyn pararem com esta missão já! Acredite, estas pessoas não são quem vocês imaginam.

Fitzwilliam estava estático encarando meu arco.

- Não mato você se não me desobedecer.

Ele assentiu com a cabeça e foi para a parte de trás da casa onde Flyn e Patrick lutavam com três cavaleiros que tentavam defender as crianças.

Corro com Larápio de volta à Selsey e procuro por Sebastian, mas quem eu encontro é Joseph.

- Jay querida, o que faz aqui? – diz ele colocando seu cavalo na frente do meu. – Você deveria estar à caminho de Londres agora.

Apontei o arco em sua direção.

- O que está havendo aqui?

- Ora Jamie, nada demais, estou aqui em serviço. Em busca da minha recompensa!

- Como assim?

- Ora, você sabe. Você leu o mandato de busca. E sendo algo que o Rei pediu, quem sou eu para contrariar?!

Neste instante algo me puxou para o chão. Olhei para cima, era o carrancudo de ontem. Ele sorria com seus poucos dentes.

Levantei e rapidamente dei passos para trás apontando meu arco em sua direção. Puxei o fio e a flecha, solto os dois. A flecha em alta velocidade vai direto no ombro direito do homem. Logo se aproximam mais.

- Sua cabeça vale ouro Jay! E te digo que vale tanto que posso dar uma pequena parte para cada homem que está aqui agora. – havia pelo menos 10 homens ali.

Estavam todos dispersos, mais logo foram se juntando. O grandalhão tirou a flecha do ombro e a quebrou no meio. Atirei mais quatro nele. Nada aconteceu.

- Essa briga é minha! – dizia ele esticando os braços para os lados dando sinal para que ninguém interferisse.

Ele pegou sua espada e a impôs contra mim.

- Vamos lá garotinha. – disse puxando catarro do peito e cuspindo no chão.

Ele veio correndo em minha direção. Atirei mais duas flechas, mas ele se defendeu com sua espada incrivelmente larga. Ele gritava raivosamente.

Logo levantou sua arma e a abaixou em minha direção. Desviei rapidamente e peguei minha adaga para me defender. A briga estava muito perto para usar o arco.

O carrancudo abaixou sua espada e a subiu em diagonal. Novamente não me acertou o que o deixou ainda mais vermelho de raiva. Peguei o punhal e o lancei contra ele acertando embaixo de suas costelas. E quando ele foi retirar a lâmina aproveitei para correr em sua direção e chutar seu abdômen derrubando-o, assim, para trás.

Olho para Joseph, ele parecia nem prestar atenção na luta. Estava mais entretido com seu saco de moedas.

Volto minha atenção para o grandalhão novamente e ele já está de pé. Pega sua espada e a usa em diagonal novamente. Não desviei, preferi me defender com o arco. O problema e que era um arco antigo e usado, não era tão bom quanto o meu. Então ele se partiu ao meio. Assustei-me com aquilo, mas não me deixei abalar. Corri para pegar minha adaga e logo perfurei sua coxa direita.

Ele novamente gritou e a esse impulso levantou sua espada. Antes que ela descesse em mim chutei seu pulso fazendo com que largasse a arma.  Em seguida dou-lhe um soco no nariz.

- Vamos lá Conrad, vai mesmo perder para uma garota? – gritou um dos homens que estava em volta.

- Mariquinha! – gritava outro.

O grandalhão deu dois passos para trás e limpou o nariz ensangüentado. Olhou para os lados e fez um sinal com a cabeça para o homem que o havia chamado de marica. O homem sorriu e jogou a tábua de madeira que segurava para o amigo “Conrad”.

- Isso parece familiar? – disse o carrancudo vindo em minha direção com a tábua.

- Não mesmo. – respondi.

Subitamente agachei e pequei sua espada caída ao meu lado. Ele levantou a tábua e com força a abaixou em mim, bloqueei com a espada. O peso do objeto não permitiu que eu o levantasse, então larguei a arma e peguei minha adaga.

Estiquei-a em sua direção. Ele defendeu. Novamente repeti o ataque, nada. Na terceira tentativa tentei algo diferente. Fiz o movimento que indicava que iria atacá-lo com a adaga em diagonal para cima. Ele bloqueou o golpe. Mas apenas esse.

Enquanto se distraia com minha pequena espada com a outra mão peguei uma flecha e a enfiei em sua garganta, em seguida dei um chute em seu peito. O grandalhão carrancudo caiu no chão. Morto.

Olhei para os outros homens em volta. Não se ouvia um barulho se quer. Encarei Joseph que agora parecia prestar atenção. De cima de seu cavalo ele gritou:

- 20 moedas de ouro para quem capturar essa herege!

Todos começaram a falar nesse momento, mas se calaram ao ouvir um grito se aproximando.

- Quero 100! – disse uma voz conhecida.

Virei-me para trás e reconheci Sebastian em seu cavalo.

- Sebastian... Por onde andou? – perguntou Joseph.

- Isso não é da sua conta. E então? 100 moedas.

- Você está louco! – disse Joseph bufando – Mas vá em frente. Se conseguir ganha suas moedas. – disse com tom de deboche.

Sebastian entrou no meio do pátio principal e ficou frente a frente a mim.

- Já se arrependeu? – perguntou ele.

- Nem um pouco. – respondi.

- Então acho que vai precisar disso. – disse Sebastian tirando o arco das costas e jogando pra mim.

O peguei no ar e o olhei confusa.

- Roubou meu arco?

- Não roubei, só estou te devolvendo. Quero uma luta potencialmente justa aqui.

Dito isso ele tirou duas morning stars das costas.

- Você não era arqueiro? – perguntei.

- Só porque o grupo precisava. Sou péssimo com o arco. Minha especialidade é a morning star. – disse sorrindo.

Nunca havia visto Sebastian sorrir e devo dizer que é algo assustador.

- O que estão esperando? – gritou alguém.

- Comecem logo essa luta! – gritava outro.

- Eles estão pedindo Jamie. – disse Sebastian, agora, com apenas o esboço de seu anterior sorriso.

Rapidamente ele levantou uma de suas armas e começou a rodá-la acima da cabeça. Virou-se para sua vítima e correu para atacá-la.

Joseph assustado pulou do cavalo e tirou sua espada.

- O que está fazendo? – gritou ele.

- Estou, finalmente, acabando com a sua raça! – gritou Sebastian batendo sua clava na espada de Joseph.

- Não fiquem apenas olhando seus medíocres. Ajudem aqui! – gritou Joseph.

Rapidamente Jonathan e seu outro aliado foram para cima de Sebastian. Antes que chegassem lá acertei a parte de trás de seus joelhos para que não pudessem mais andar.

Sebastian olhou para mim rapidamente. Mas logo se voltou contra Joseph que havia se levantado e estava pronto para apunhalá-lo. Atirei em seu ombro antes que o fizesse.

Mais três homens entraram no meio da briga atrás de sua recompensa. Sebastian cuidou de um enquanto os outros dois vinham atrás de mim. Um estava com um machado o outro com uma espada.

Este último foi fácil de derrubar já que ele segurava sem jeito a pesada espada de Conrad, que agora estava morto. O segundo foi um pouco mais difícil, ele me lembrava muito o Hammel, parecia um louco manejando aquela arma sempre na direção da minha cabeça. Mas por sorte minha arma ganha da dele, pois apesar de um machado poder ser comprido, minhas flechas ainda alcançam mais longe. Ele não acertou meu pescoço, mas eu acertei o dele.

Olhei para Sebastian que estava lutando com outro homem miserável que queria sua recompensa. Quando o derrotou virou-se para mim e fez sinal para eu ir atrás de Joseph. Procurei o infeliz que estava fugindo a cavalo. Montei em Larápio e fui atrás dele, mas antes de sair do pátio, numa cega tentativa de me acertarem com uma flecha atiraram na coxa de Larápio.

Joseph já estava na estrada cavalgando o mais depressa que podia. Tentei alcançá-lo. Coloquei a mão em minha aljava e percebi ter apenas três flechas. Forcei Larápio a ir mais rápido. O coitado já não estava agüentando.

- Vamos lá amigo, você consegue.

Larápio foi diminuindo a velocidade. Tinha que atirar em Joseph naquele momento. Peguei uma flecha.

“Segure firme, mire e atire”.

Minhas mãos estavam firmes, a mira estava perfeita agora era só...

- Jamie! – olho para trás. Sebastian vinha depressa em minha direção. – Não perca seu tempo, o canalha está com um tipo de armadura por baixo, você tem que estar mais perto para acertá-lo.

Olhei para Larápio, ele não agüentaria ir mais rápido. Sebastian esticou o braço para mim. O agarrei e pulei para seu cavalo. Olhei para trás, Larápio havia caído no chão.

- Segure firme. – disse Sebastian.

Cavalgamos o mais rápido que podíamos. Até chegarmos bem perto de Joseph.

- Anda Jamie! O que está esperando?!

Estávamos lado a lado de Joseph. Ele tentava desesperadamente fugir e enquanto o fazia virava os rosto rapidamente para nos ver. Mas isso só nos mostrava sua cara de medo e agonia.

- Jamie! – gritava Sebastian.

- Estou indo. – disse pegando o arco das costas.

- Vaaaaaaaai! – Sebastian gritava ferozmente, provavelmente porque estávamos chegando perto de uma divisão da pista, onde Joseph poderia fugir.

Peguei uma flecha e a preparei.

- Anda logo! – agora já havíamos ficado à frente de Joseph.

Apoiei meus pés no cavalo e fiquei agachada em cima dele. Joseph puxou o seu na direção oposta ao nosso. Ficando assim na outra extremidade da estrada.

- Pula Jamie! Pula!

E quando o fiz o tempo pareceu correr devagar. Com o impulso que tive ao pular pude me virar na direção de Joseph passando bem em sua frente e foi nesse momento em que atirei perfeitamente bem no meio de seu pescoço.

O tempo começou a correr normalmente. Sebastian havia parado o cavalo e assistia a cena com ar de justiça. Joseph caíra para trás e seu cavalo continuava a correr. Eu caí para o lado das árvores e logo me levantei. Cheguei perto do corpo de Joseph assim como fez Sebastian. Ficamos olhando para ele em silêncio. Mas não por muito tempo.

- E agora? – perguntei levantando o olhar até Sebastian.

- Bem, acho que você tem que ir à Londres.

- Porque?

- Jamie, você ainda está sendo caçada. Sua cabeça vale muito. É melhor ir para á e resolver isso.

- Você vai comigo?

- Não sei se...

- Por favor.

- Está bem. Mas agora vamos voltar. Deixou seu cavalo mais para trás. Devemos levá-lo de volta à cidade e curá-lo para a viagem.

- Podemos chamar os gêmeos também.

- Aqueles panacas? Porque chamaríamos eles?

- Ora! Quanto mais ajudar melhor.

- Pois é. Ajuda, eles não ajudam em nada!

- Ah! Largue de ser tão rabugento!

- Não sou rabugento, só estou lhe dizendo a verdade.

- Verdade nada...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda de Jamie Carter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.