A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 47
Valores


Notas iniciais do capítulo

Escrito por Mateus Scofild e narrado por Ryan Campbell.
* Frases entre "<" traduzidas do português arcaico.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/135302/chapter/47

– *< ATACAR!>

Gritou o senhor português com a espada na mão, minha visão desviou para cima, Blase continuava imóvel, apenas mirando o arco, olhei-o no fundo dos olhos, via apenas o vazio.

Súbito, um barulho de corpo caindo chão me desperta, Russel havia derrubado um homem, estávamos cercados e sendo atacados, um corte de espada passa e menos de três polegares de mim, ao me jogar para trás sinto minhas costas serem perfuradas superficialmente por um ancinho. Um homem alto e careca soca a barriga de Russel e o deixa caído no chão, me viro para trás e puxo o ancinho da mão do homem que me cortou as costas, três espadachins tentam me atingir enquanto pegava o ancinho mas viro bem a tempo de fazer a parte de ferro da ferramenta como escudo, eles a cortam me deixando apenas com aparte de madeira... Um bastão.

A partir daí a situação estava melhorando, fixei pontos não vitais como abaixo das axilas, parte de cima da coxa, tendões dos calcanhares e no peito e então segui com o que Steve me ensinou: Fixar um ponto, girar o bastão e acertar os alvos.

Saio fazendo vários movimentos em elipse e desviando golpes de espada, acerto o calcanhar de um jovem que cai no chão segurando a perna, outro cai para trás levando mais dois junto após levar uma pancada no peito e ficar sem ar.

Russel tenta se levantar, mas é chutado por um homem negro, o velho que liderava o grupo amarrou as suas mãos. Gritei em seu nome e voltei para ajudá-lo. Em vão.

Alguém acerta minha cabeça, a pancada foi fraca o suficiente para não me matar, mas forte o suficiente para me levar ao chão, um fazendeiro que conheci no burgo sentou sobre as minhas costas e começou a amarrar a minha mão.

– RUSSEL!!! – gritei, ele olhou pra mim.

Um homem de machado veio correndo na direção de meu aliado e levantou a arma.

– RUSSEL!!!

Droga, tudo isso era culpa minha, Russel se envolveu nessa história para me ajudar, ajudar o homem que na noite anterior havia presenciado em silencio o demônio da noite assassinar vários de seus amigos na cidade.

Olho para cima, Blase estava sentado em um telhado apenas apontando a flecha sobre a cabeça do homem com o machado. Deimmem Blase era uma aberração.

O machado desce em alta velocidade, Russel fecha os olhos e então tudo parece congelar na minha frente...

– < PAREM!!!>

Abro os olhos, Russel estava ainda com os olhos fechados. Sua cabeça estava no lugar e todos haviam parado de tentar nos matar. Na frente de Russel estava um senhor de idade caído no chão após ter empurrado o executor de Russel no ultimo instante antes da decapitação. Esse senhor era Simão, o homem que havia me dado abrigo por muito tempo nos últimos dias, o homem que acabara de perder a mulher por nossa culpa e o nome pelo qual os camponeses achavam que estavam lutando.

– < Simão? O que fazeis aqui? Por que abandonaras a sua mulher para proteger esses criminosos que colocam em risco a nossa pequena cidade?>— perguntou um jovem.

– < Criminosos? Que crime cometeram meu jovem?>— respondeu Simão.

Não estava entendendo nada, apenas fiz um esforço para me levantar e o cara sentado nas minhas costas se levantou.

– < Não sei meu senhor Simão, mas isso não importa! Se dermos as cabeças deles a Castélio ele irá parar de nos atacar. Deveria estar nos ajudando depois do que fizeram a sua mulher!>

– < Quem fez? Os dois? Ou foi Castélio? Tolos! Acreditam mesmo que Castélio irá parar de nos atacar? Acreditam mesmo que a atrocidade que Gasper aquele cão de satã fez a minha mulher foi por causa desses dois?Castélio nunca gostou de nos, só estava atrás de uma desculpa para nos aniquilar.>

Aproximei-me se Russel e o puxei, o homem que estava amarrando a sua mão não soltou o laço, apenas fraquejou deixando-o escapar depois de certa insistência minha.

As pessoas preciam meio pensativas, eu não entendia nada do que falavam. Perguntei baixo à Russel o que estava acontecendo, ele disse que estávamos sendo julgados.

– < Mas Simão... Fazem mais de três horas que Castélio passou aqui... Se não dermos as cabeças deles...>

– < O mesmo ou pior haverá de acontecer se entregarmos eles a Castélio, só que com um porem, perderemos dois bravos guerreiros.>

– < Mas Simão...>

– < Cale-se tolo, Sophia era o maior bem de minha vida e Gasper a tomou e a profanou, na minha frente, se tenho ódio de algo é daquele verme de Satã, se devemos cortar a cabeça de alguém que seja de Gasper e seu maldito pai que ameaça, ameaçava e tenho a certeza que continuará independente de qualquer coisa a assombrar e ameaçar a nossa cidade, se devemos colocar a cabeça de alguém numa cesta é a de Gasper e seu pai!>

As pessoas começam a cochichar, um homem forte e de barba levanta a espada.

– < Simão está certo, perdi a conta de quantos cavaleiros Castélio mandou pra derrubar minha venda de frutas. Sempre tinha que reconstruí-la, até que o jovem Campbell e o seu amigo estranho que sempre some apareceram por essas bandas. Castélio sempre esteve contra nos.>

Uma salva de urros seguiram o discurso do homem de barba da loja de frutas, alguns ainda pareciam meio contrariados, mas o calor da ovação estava envolvendo cada vez mais mentes no burgo, me volto para Russel e o questiono, o que estava acontecendo ali?

– Fomos salvos Campbell, Deus zelou por nos.

Os gritos continuavam ecoando alto, olhei para Simão e assenti com a cabeça, ele me olhou no fundo dos olhos e disse algo em português, não sei exatamente o que foi, mas o jeito com que disse e as lagrimas escorrendo pelo seu rosto me responderam melhor do que qualquer tradução perfeccionista de sua língua.

– < É melhor você valer a pena.>

Os homens urravam e a forte confusão causada pela euforia logo tomou a cidade, ainda estávamos todos na praça principal, as idéias de decapitar tiranos nunca haviam sido cogitadas, aquele povo sofrido sentia em seu sangue um valor que nunca haviam imaginado estar em suas mãos. Liberdade.

– < Você>

Ouvi alguém falando algo perto de mim.

– < Mamãe está morrendo de medo escondida em casa por sua causa >.

Olhei para trás e lá estava um garotinho, ele estava falando algo em português, eu não conseguia entender, ninguém estava prestando atenção no garoto.

– < EU TE ODEIO HOMEM QUE NÃO FALA NOSSA LINGUA>.

Não entendia o que ele dizia, ele parecia bravo, mas devido à euforia que o local estava eu não suspeitei de nada. Nisso pude ver Russel gritando algo para mim. Não entendi, apenas continuei ouvindo e tentando entender o que o garoto queria.

– < Se para a mamãe ficar eu preciso fazer isso, eu irei fazer.>

Ouvi Russel gritar de novo e então os homens brandindo as espadas pararam de gritar. Nisso pude ouvir que meu aliado estava tentando dizer.

– CAMPBELL CUIDADO!

Olhei para frente e então fui apunhalado na barriga pelo garotinho, ele me olhou nos olhos e então girou o canivete.

– < NÃO VÃO LEVAR A MAMÃE! NINGUEM VAI MATAR A MINHA MÃE>— gritou o garoto chorando.

Minha vista ficou embaçada, todos olharam pra mim enquanto eu caia no chão. Havia apenas o silencio.

O choro do garoto era o único som até que um grito de mulher ecoou no pátio, em seguida o som de dezenas de cascos de cavalos, a mulher continuava a gritar.

Russel se ajoelhou ao meu lado e levantou minha blusa.

– < Um médico, por favor, um médico!>

Poucos prestaram atenção, apenas ouviram a mulher gritar.

– < É ele, É ele, LORDE CASTÉLIO ESTÁ AQUI!>



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Lenda de Jamie Carter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.