A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 46
A Taberna


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Live Gabriela Woiciekoski ^^ e narrado por Jamie Carter



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– E então? Você vem comigo? – perguntou Sebastian.

– Eu... – olho para cima pensativa, apesar de ser dia o céu estava escuro e logo as nuvens pesadas e acinzentadas clarearam tudo com um relâmpago e um som estrondoso. – Não.

Sebastian me encara e assim continuamos por alguns segundos.

– Vai se arrepender disso garota. – disse sério.

Os ventos nos cortavam e logo a chuva caiu. Forte, intensa, como se estivesse em luta conosco, tentando nos derrubar. Mas como guerreiros que somos ficamos imóveis.

– Sinto muito.

– Vai sentir mesmo. – respondeu Sebastian balançando as rédeas de seu cavalo.

O vi partir e logo entrei de volta à nossa hospedagem. Passando pelo cômodo central encontrei com Flyn.

– Flyn. Você está bem? Como está seu braço?

– Olá Jamie – disse o garoto sorrindo – estou bem, não se preocupe!

– Tem certeza?

– Claro! Dói um pouco, mas poderia ter sido pior. – disse ele se aproximando e me dando um cafuné. – Deus! Você está encharcada.

– É, eu estava lá fora.

– Então que tal se secar? Fitzwilliam está me esperando na taberna junto de Patrick. Venha conosco, será divertido.

Sorri...

– Robin Hood? Jamie é muito melhor do que ele! – dizia Flyn depois de esvaziar sua caneca de cerveja.

– Ora! Não seja tolo! - dizia Patrick.

– Robin Hood é só uma lenda! – dizia um homem que estava sentado conosco.

– Não! Eu mesmo já o vi! Ele me deu pão e depois dançamos juntos na festa da bela Louise!

Todos demos gargalhadas. O som dos trovadores alegrava o local, Flyn estava bêbado como nunca e Fitzwilliam apenas gozava de sua cara.

– Sim, ele diz a verdade. – “defendia” o irmão Fitzwilliam – Lembra-se até que logo depois da dança o lobo da floresta comeu Louise?!

– Mas é claro que me lembro! Aquele maldito lobo! Olhem o que fez ao meu braço! – dizia mostrando a todos os homens do local que davam risada. O taberneiro apenas limpava os copos com cara de negação.

– Pois eu digo que este homem é muito corajoso! – disse uma moça que ao se aproximar da mesa sentou no colo de Flyn.

Patrick cutucou Fitzwilliam com o braço e ficamos quietos esperando a reação de Flyn, mas sua frase foi interrompida por alguns homens barulhentos. Viramos em sua direção, os homens entraram na taberna e dois deles sentaram-se no bar e pediram algo para beber. Um alto e carrancudo e outro baixinho. Os outros dois ficaram na porta. Virei novamente para Flyn que hilariamente tentava encantar a moça.

– ... e eu quebrei todos os dentes dele!

As risadas não paravam por sequer um minuto e cada vez mais gente se aproximava de nossa mesa.

– VIRA! VIRA! VIRA! VIRA! – gritavam todos quando o taberneiro serviu cerveja para Flyn na maior caneca do lugar.

O gêmeo irlandês virou o copo inteiro e todos gritaram e uivaram pelo feito.

– Olá meu jovem, você parece ser uma pessoa bem popular por aqui. – disse um dos homens que havia entrado na taberna acompanhado de outros três. – Será que você sabe onde posso encontrar Jamie Carter?

– Ora, a Jamie é minha amiga, sabia que ela é melhor arqueira que o Robin Hood?

O homem o olhou confuso, mas ao pensar que poderia se tratar de algo da missão me revelei à ele.

– Você é Jamie Carter? – perguntou me encarando com o mesmo olhar confuso que usou anteriormente.

– Sim senhor. Se trata da missão?

– Claro. – disse ele – Por favor, me acompanhe.

Segui o homem carrancudo e ao passarmos pelo bar seu colega se levantou e veio atrás de nós. O olhei atentamente e percebi que era o cara alto e barbudo havia visto conversar com Joseph na noite anterior. Quando o reconheci ouvi duas vozes disputando na minha cabeça.

“– Ontem a noite fiquei atrás de Joseph. E ouvi sua conversa com Jonathan Spencer.

– Um cara alto e barbudo?

– Sim, você o viu também?”

A de Sebastian.

“Deve ser o sócio de Turner, ele havia me dito que teria alguém aqui para nos dar apoio.

Do Joseph.

“A missão na realidade é prender Connor Russel e seus dois filhos, levar a mulher grávida para o feudo e dar a recompensa para Jonathan.”

E por fim a de Sebastian novamente.

Apreensiva, perguntei ao senhor carrancudo que havia me chamado para onde estávamos indo.

– Não se preocupe, não iremos muito longe. – respondeu ele sem nem ao menos olhar para mim.

Passamos pela porta e os outros dois homens nos acompanharam. Seguimos adiante dando a volta na taberna, percebo que a chuva havia parado e ao chegar atrás do local ouço uma voz amiga.

– Joseph?

Ele se vira e com um tom sério na voz diz:

– Me desculpe Jamie. São só negócios. – disse ele me encarando. Logo depois se virou e foi embora.

– O que? Mas o que isso... – fui interrompida, rapidamente um dos homens que estavam atrás de mim colocou um saco em minha cabeça enquanto outro me prendia pelos braços.

Desesperadamente comecei a me debater. Dei uma cabeçada no homem que me prendia.

– É tudo o que pode fazer? – perguntou ele parecendo intacto.

– Não. Não é não.

Nesse instante dei outra cabeçada nele e um chute entre suas pernas. Finalmente ele me soltou. Tirei o saco da cabeça e rapidamente pude ver os outros dois homens vindo em minha direção. Arregalo os olhos.

– Santo Deus.

Um deles agarra um de meus braços e o outro pega o saco do chão para por novamente na minha cabeça enquanto o terceiro tira sarro do que levou as cabeçadas.

Com o braço livre pego minha adaga da cintura e furo a barriga do que segurava meu braço o que o leva ao chão. O homem do saco arregala os olhos e logo tira sua espada e a aponta para mim trêmulo. Ele mais parecia um gatinho assustado. Corro em sua direção o que me aproxima da janela da taberna, consigo ouvir a música tocando. Ele corre para leste e se esconde atrás de uma carroça.

– Volte aqui sua... – olho para trás, o carrancudo está com um pedaço de tronco na mão. Ele levanta a madeira e a desce em minha direção. Desvio para o lado assustada com o barulho que o pedaço de tronco fez ao bater no chão.

– FLYN!!!! – grito na esperança de meu colega me ouvir. Mas ao olhar para a janela vejo que a tentativa foi inútil. O gêmeo irlandês estava desmaiado no chão enquanto seu irmão se engraçava com uma moça.

Olho novamente na direção do carrancudo, ele está perto e zangado. Sua pele estava avermelhada e seu rosto suado. Seu braço era quase tão grande quanto o tronco que ele segurava e usava de arma.

– Volta aqui garotinha. – ele vem em minha direção rangendo os dentes – Eu quero a minha recompensa! – gritava o homem correndo com o tronco na mão.

Corro assustada para trás da carroça e me deparo com o garoto assustado. O analiso bem e tomo a espada de suas mãos sem muito esforço. Era tão magro quanto eu, porém sem nenhuma habilidade.

Novato.

– Saia daqui! – grito com o garoto. Ele não pensa duas vezes antes de fazê-lo.

Ouço um grito alto vindo do outro lado da carroça que logo é jogada para o lado. O grandalhão com o tronco aparece novamente, mas desta vez arremessa o pedaço de madeira. Pulo para trás da carroça que é acertada.

Ouço um barulho de espada. Olho por baixo da carroça e vejo-o se aproximando. Agachada do a volta e me levanto atirando minha adaga no infeliz.

Minha arma bate em seu peito furando. Mas logo ele a retira do corpo e joga de volta. Me abaixo rapidamente e levanto para ver onde está o homem. E vejo apenas seu colega barbudo encostado na parede observando. Olho para trás e me deparo com parte do tronco quebrado vindo em minha direção. Daí fica tudo escuro.

Acordo com o barulho de um trovão. O céu está escuro e eu estou dentro da carroça que havia visto antes. Me levanto e vejo no chão da carroça, além de feno, um pedaço de papel com coisas escritas.

Peguei a folha e a analisei. Havia o carimbo real nela. Me concentrei em lembrar o que Leyla havia me ensinado sobre leitura.

– Peee... Prrrr. Proocu... – Ah, desisto!

Guardei a folha comigo e fiquei esperando algo acontecer. Logo cedo a carroça parou perto de uma cidadela. Os homens com quem havia brigado me encararam e seguiram em direção à cidade me deixando só na estrada.

Procurei pela minha adaga para tentar fugir dali, mas eu não estava com nenhuma arma.

– Maldição.

Esperei pacientemente alguém aparecer por perto e fui recompensada.

– Senhor! Aqui, por favor, me ajude!

O velho assustado gritou:

– Não vou ajudar criminoso nenhum a fugir!

– Não sou criminosa!

Ele arregalou os olhos e fez um careta como quem não acreditava no que eu dizia.

– Por favor. Se não quiser me soltar não solte, mas será que o senhor poderia me ajudar a ler isso? – disse entregando-lhe o papel.

– Eu não sei ler! – disse ele cruzando os braços.

Virei os olhos.

– Está bem então.

– Mas meu neto sabe!

– Graças a Deus! Será que o senhor pode chamá-lo?

– E o que eu ganho com isso? – perguntou o velho.

– Ora! Senhor, por favor!

O velho descruzou os braços e foi em direção à cidadela que eu avistava ao longe. Logo ele voltou com um garoto sujismundo e mal humorado de voz fina e familiar.

O garoto nem me olhou, cabisbaixo, apenas pegou o papel da minha mão e começou a ler.

– Procu---ra-se por óóórdem re-al a fugi-ti-va Jamie Car-ter por fal-as identi-da... – o garoto parou a leitura. Eu e o velho olhamos em sua direção e logo ele levantou a cabeça.

– Jamie? – imediatamente reconheci seu rosto sujo.

– Eric! – sorri para meu antigo colega de pequenos furtos.

Eu estava em casa. Novamente.


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