A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela
Notas iniciais do capítulo
Capítulo escrito por Live Gabriela Woiciekoski ^^ e narrado por Jamie Carter
– E então? Você vem comigo? – perguntou Sebastian.
– Eu... – olho para cima pensativa, apesar de ser dia o céu estava escuro e logo as nuvens pesadas e acinzentadas clarearam tudo com um relâmpago e um som estrondoso. – Não.
Sebastian me encara e assim continuamos por alguns segundos.
– Vai se arrepender disso garota. – disse sério.
Os ventos nos cortavam e logo a chuva caiu. Forte, intensa, como se estivesse em luta conosco, tentando nos derrubar. Mas como guerreiros que somos ficamos imóveis.
– Sinto muito.
– Vai sentir mesmo. – respondeu Sebastian balançando as rédeas de seu cavalo.
O vi partir e logo entrei de volta à nossa hospedagem. Passando pelo cômodo central encontrei com Flyn.
– Flyn. Você está bem? Como está seu braço?
– Olá Jamie – disse o garoto sorrindo – estou bem, não se preocupe!
– Tem certeza?
– Claro! Dói um pouco, mas poderia ter sido pior. – disse ele se aproximando e me dando um cafuné. – Deus! Você está encharcada.
– É, eu estava lá fora.
– Então que tal se secar? Fitzwilliam está me esperando na taberna junto de Patrick. Venha conosco, será divertido.
Sorri...
– Robin Hood? Jamie é muito melhor do que ele! – dizia Flyn depois de esvaziar sua caneca de cerveja.
– Ora! Não seja tolo! - dizia Patrick.
– Robin Hood é só uma lenda! – dizia um homem que estava sentado conosco.
– Não! Eu mesmo já o vi! Ele me deu pão e depois dançamos juntos na festa da bela Louise!
Todos demos gargalhadas. O som dos trovadores alegrava o local, Flyn estava bêbado como nunca e Fitzwilliam apenas gozava de sua cara.
– Sim, ele diz a verdade. – “defendia” o irmão Fitzwilliam – Lembra-se até que logo depois da dança o lobo da floresta comeu Louise?!
– Mas é claro que me lembro! Aquele maldito lobo! Olhem o que fez ao meu braço! – dizia mostrando a todos os homens do local que davam risada. O taberneiro apenas limpava os copos com cara de negação.
– Pois eu digo que este homem é muito corajoso! – disse uma moça que ao se aproximar da mesa sentou no colo de Flyn.
Patrick cutucou Fitzwilliam com o braço e ficamos quietos esperando a reação de Flyn, mas sua frase foi interrompida por alguns homens barulhentos. Viramos em sua direção, os homens entraram na taberna e dois deles sentaram-se no bar e pediram algo para beber. Um alto e carrancudo e outro baixinho. Os outros dois ficaram na porta. Virei novamente para Flyn que hilariamente tentava encantar a moça.
– ... e eu quebrei todos os dentes dele!
As risadas não paravam por sequer um minuto e cada vez mais gente se aproximava de nossa mesa.
– VIRA! VIRA! VIRA! VIRA! – gritavam todos quando o taberneiro serviu cerveja para Flyn na maior caneca do lugar.
O gêmeo irlandês virou o copo inteiro e todos gritaram e uivaram pelo feito.
– Olá meu jovem, você parece ser uma pessoa bem popular por aqui. – disse um dos homens que havia entrado na taberna acompanhado de outros três. – Será que você sabe onde posso encontrar Jamie Carter?
– Ora, a Jamie é minha amiga, sabia que ela é melhor arqueira que o Robin Hood?
O homem o olhou confuso, mas ao pensar que poderia se tratar de algo da missão me revelei à ele.
– Você é Jamie Carter? – perguntou me encarando com o mesmo olhar confuso que usou anteriormente.
– Sim senhor. Se trata da missão?
– Claro. – disse ele – Por favor, me acompanhe.
Segui o homem carrancudo e ao passarmos pelo bar seu colega se levantou e veio atrás de nós. O olhei atentamente e percebi que era o cara alto e barbudo havia visto conversar com Joseph na noite anterior. Quando o reconheci ouvi duas vozes disputando na minha cabeça.
“– Ontem a noite fiquei atrás de Joseph. E ouvi sua conversa com Jonathan Spencer.
– Um cara alto e barbudo?
– Sim, você o viu também?”
A de Sebastian.
“Deve ser o sócio de Turner, ele havia me dito que teria alguém aqui para nos dar apoio.”
Do Joseph.
“A missão na realidade é prender Connor Russel e seus dois filhos, levar a mulher grávida para o feudo e dar a recompensa para Jonathan.”
E por fim a de Sebastian novamente.
Apreensiva, perguntei ao senhor carrancudo que havia me chamado para onde estávamos indo.
– Não se preocupe, não iremos muito longe. – respondeu ele sem nem ao menos olhar para mim.
Passamos pela porta e os outros dois homens nos acompanharam. Seguimos adiante dando a volta na taberna, percebo que a chuva havia parado e ao chegar atrás do local ouço uma voz amiga.
– Joseph?
Ele se vira e com um tom sério na voz diz:
– Me desculpe Jamie. São só negócios. – disse ele me encarando. Logo depois se virou e foi embora.
– O que? Mas o que isso... – fui interrompida, rapidamente um dos homens que estavam atrás de mim colocou um saco em minha cabeça enquanto outro me prendia pelos braços.
Desesperadamente comecei a me debater. Dei uma cabeçada no homem que me prendia.
– É tudo o que pode fazer? – perguntou ele parecendo intacto.
– Não. Não é não.
Nesse instante dei outra cabeçada nele e um chute entre suas pernas. Finalmente ele me soltou. Tirei o saco da cabeça e rapidamente pude ver os outros dois homens vindo em minha direção. Arregalo os olhos.
– Santo Deus.
Um deles agarra um de meus braços e o outro pega o saco do chão para por novamente na minha cabeça enquanto o terceiro tira sarro do que levou as cabeçadas.
Com o braço livre pego minha adaga da cintura e furo a barriga do que segurava meu braço o que o leva ao chão. O homem do saco arregala os olhos e logo tira sua espada e a aponta para mim trêmulo. Ele mais parecia um gatinho assustado. Corro em sua direção o que me aproxima da janela da taberna, consigo ouvir a música tocando. Ele corre para leste e se esconde atrás de uma carroça.
– Volte aqui sua... – olho para trás, o carrancudo está com um pedaço de tronco na mão. Ele levanta a madeira e a desce em minha direção. Desvio para o lado assustada com o barulho que o pedaço de tronco fez ao bater no chão.
– FLYN!!!! – grito na esperança de meu colega me ouvir. Mas ao olhar para a janela vejo que a tentativa foi inútil. O gêmeo irlandês estava desmaiado no chão enquanto seu irmão se engraçava com uma moça.
Olho novamente na direção do carrancudo, ele está perto e zangado. Sua pele estava avermelhada e seu rosto suado. Seu braço era quase tão grande quanto o tronco que ele segurava e usava de arma.
– Volta aqui garotinha. – ele vem em minha direção rangendo os dentes – Eu quero a minha recompensa! – gritava o homem correndo com o tronco na mão.
Corro assustada para trás da carroça e me deparo com o garoto assustado. O analiso bem e tomo a espada de suas mãos sem muito esforço. Era tão magro quanto eu, porém sem nenhuma habilidade.
Novato.
– Saia daqui! – grito com o garoto. Ele não pensa duas vezes antes de fazê-lo.
Ouço um grito alto vindo do outro lado da carroça que logo é jogada para o lado. O grandalhão com o tronco aparece novamente, mas desta vez arremessa o pedaço de madeira. Pulo para trás da carroça que é acertada.
Ouço um barulho de espada. Olho por baixo da carroça e vejo-o se aproximando. Agachada do a volta e me levanto atirando minha adaga no infeliz.
Minha arma bate em seu peito furando. Mas logo ele a retira do corpo e joga de volta. Me abaixo rapidamente e levanto para ver onde está o homem. E vejo apenas seu colega barbudo encostado na parede observando. Olho para trás e me deparo com parte do tronco quebrado vindo em minha direção. Daí fica tudo escuro.
Acordo com o barulho de um trovão. O céu está escuro e eu estou dentro da carroça que havia visto antes. Me levanto e vejo no chão da carroça, além de feno, um pedaço de papel com coisas escritas.
Peguei a folha e a analisei. Havia o carimbo real nela. Me concentrei em lembrar o que Leyla havia me ensinado sobre leitura.
– Peee... Prrrr. Proocu... – Ah, desisto!
Guardei a folha comigo e fiquei esperando algo acontecer. Logo cedo a carroça parou perto de uma cidadela. Os homens com quem havia brigado me encararam e seguiram em direção à cidade me deixando só na estrada.
Procurei pela minha adaga para tentar fugir dali, mas eu não estava com nenhuma arma.
– Maldição.
Esperei pacientemente alguém aparecer por perto e fui recompensada.
– Senhor! Aqui, por favor, me ajude!
O velho assustado gritou:
– Não vou ajudar criminoso nenhum a fugir!
– Não sou criminosa!
Ele arregalou os olhos e fez um careta como quem não acreditava no que eu dizia.
– Por favor. Se não quiser me soltar não solte, mas será que o senhor poderia me ajudar a ler isso? – disse entregando-lhe o papel.
– Eu não sei ler! – disse ele cruzando os braços.
Virei os olhos.
– Está bem então.
– Mas meu neto sabe!
– Graças a Deus! Será que o senhor pode chamá-lo?
– E o que eu ganho com isso? – perguntou o velho.
– Ora! Senhor, por favor!
O velho descruzou os braços e foi em direção à cidadela que eu avistava ao longe. Logo ele voltou com um garoto sujismundo e mal humorado de voz fina e familiar.
O garoto nem me olhou, cabisbaixo, apenas pegou o papel da minha mão e começou a ler.
– Procu---ra-se por óóórdem re-al a fugi-ti-va Jamie Car-ter por fal-as identi-da... – o garoto parou a leitura. Eu e o velho olhamos em sua direção e logo ele levantou a cabeça.
– Jamie? – imediatamente reconheci seu rosto sujo.
– Eric! – sorri para meu antigo colega de pequenos furtos.
Eu estava em casa. Novamente.
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