A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 45
Retorno ao burgo


Notas iniciais do capítulo

Capitulo escrito por Mateus Scofield e narrado por Ryan Campbell.



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O céu estava claro, nuvens passando rapidamente com o forte vento o cortavam enquanto balançava o enorme campo de girassóis, eu olhava para cima enquanto as pétalas caiam no meu rosto. Nesse momento meu pai e minha mãe me chamam. Levanto-me a tempo de vê-los entrar em uma pequena casinha. Sorrio, era muito inocente ainda pra saber que papai só estava em casa, pois lhe haviam retirado a mão em combate, não havia percebido a miséria que ele estar em casa traria a nossa família.

Agora eu estou cara-a-cara com Scurgg Strukker, Um espadachim habilidoso com fúria no coração, uma das maiores lendas de sua época e líder das sete estrelas caídas, um grupo de sete guerreiros famosos que se voltaram contra as outras pessoas por se acharem superiores a elas. Estamos dentro de um estábulo em chamas, ele grita algo comigo enquanto vejo o fogo consumir tudo a minha volta.

Quando abro os olhos novamente estou festejando a minha vitória na batalha das sete estrelas, a derrota de Scrugg e os seis outros guerreiros lendários. Fiz um amigo durante a festa, seu nome é Mark Powell, um caçador de aventuras que se interessou muito pela minha história. Do canto da taberna eu via um homem, na verdade uma lenda viva, a única que se recusou a se juntar às estrelas caídas, Steve Leon, o homem que já levou milhares de almas para o inferno e meu futuro mestre. Nesse dia também notei uma garota me observando, ela tinha apenas doze anos e acompanhava meu novo amigo, ele ria e a abraçava muito, mas sempre que ele virava as costas ela olhava pra mim.

Agora estou de volta no campo florido, Mark está gritando comigo, ele tinha lagrimas nos olhos e meu nariz sangrava, não sabia o que estava acontecendo até que ouvi o que ele dizia.

– Por que você fez isso Campbell? Eu a amava, e você era meu melhor amigo!

Súbito as imagens inundaram a minha mente, eu estava em um estábulo, apenas uma luz de fogueira me iluminava no monte de feno, eu estava com frio e coberto por uma tira de couro. A fogueira crepitava enquanto meus olhos se inundavam, por baixo do couro eu estava nu, eu olhava a brasa até que uma mão delicada toca o meu rosto, me viro para trás, era Leyla. Meu corpo se inundou de culpa e pecado, ela era jovem, eu a estava treinando e acima de tudo, meu melhor amigo a amava.

Estava de volta na cena com o Mark ele estava gritando comigo, eu tentava me explicar sem mesmo ouvir o que eu dizia, eu estava arrependido, mas muitos residentes do inferno também devem estar. E por isso eu fugi, não antes de jurar meu amor a uma garota já não tão mais inocente, afinal muito anos já haviam passado desde que nos vimos pela primeira vez. Foi ai que uma nova pessoa apareceu. Vestida com em roupas masculinas e com os seios escondidos por bandagens ela entrou na água e aos poucos foi se desabrochando em uma linda garota, ela era como uma rosa e havia atingido o meu coração como uma flecha. Ela era Jamie...

Então tudo fica embaçado e sinto saliva junto com bafo de álcool na minha cara, gritos incompreensíveis me acordavam de uma fugaz noite de sono, abro os olhos e vejo um homem pardo careca e barbudo.

– PROFANOS FILHOS DE MERETRIZES! – que este homem estava querendo dizer? – VOU MATÁ-LOS PARVOS MALDITOS – olho pro canto e vejo uma fogueira apagada e ao lado dela Eduardo Russel meu parceiro de fuga acordando lentamente com a bagunça – VOU LEVÁ-LOS DE VOLTA PARO O INFERNO CÃES MALDITOS!

A luz incide na caverna e vejo nas mãos do homem um punhal de bronze, puxo minha capa e a faço de escudo, enrolo a mão dele e o acerto um soco no rosto. O eremita bêbado cai no chão, Eduardo se levanta rapidamente, havíamos adormecido esperando a chuva passar durante a madrugada. A chuva havia cessado, o nível do rio estava mais alto, minha cabeça estava rodando ainda. Eduardo me grita.

– Campbell---

Comecei a pensar no meu sonho, Eduardo grita novamente.

– Campbel o---

Minha mente estava tão avoada que não havia conseguido ouvir.

– Que foi Russ—

– O BURGO.

Súbito toda a situação volta a minha mente, imagens da pequena cidade perecendo em chamas me apunhalam. Ouço o som do velho eremita gritando na caverna e então saio correndo.

Russel vem atrás de mim, começo a pensar onde eu poderia conseguir alguma arma afinal o meu bastão agora estava quebrado, vou entrando cada vez mais mata a dentro até perceber que não sei o caminho de volta para o burgo.

– CAMBELL!!! – gritou Russel ofegante. – Voc...Você...Pre..Precisa... Se... Acal... Mar... – ele se apóia sobre os joelhos, correr logo ao acordar pra alguém com baixo treino militar deve ser difícil.

– Russel, onde estou? Pra que lado está o Burgo? – o local devia estar em chamas agora, ou pior, pintado de rubro pelo sangue dos homens e mulheres do burgo e pelas vitimas feitas pelo Demônio da noite durante o combate.

– Campbell se acalme, está correndo pelo lado mais difícil, o burgo está próximo à margem do rio, se o acompanharmos logo estaremos lá.

– Ce... Ce certo.... Mas... temos que ir logo,eles... Eles já devem estar lá.

– Agora que o senhor mencionou o nosso problema com tempo... Acredito que haja uma alternativa...

Segui o curso do rio a pé ao lado de Russel, depois de alguns minutos paramos em uma pequena cidade onde Eduardo convenceu um amigo dono de cavalos a nos levar até os arredores do burgo. Ele o fez e em pouco tempo já estávamos na parte de trás da colina que dava na cidadela cede do burgo. Havia uma estranha fumaça saindo da praça principal, o desespero tomou a minha mente, Castélio já devia ter chegado. Saltei do cavalo deixando Eduardo e o amigo para trás. Pude ouvir o amigo dizendo que não avançaria a partir dali e Eduardo me gritando mas não parei para prestar atenção, apenas segui para o centro do burgo e no caminho agarrei um pedaço de galho caído no chão.

Ao chegar ao centro vi uma pequena fogueira e acima dela a fumaça que eu havia visto de fora da cidade, as pessoas pareciam meio cabisbaixas mas não haviam corpos, casas em chamas e nem traços de luta pelo lugar.

– O que aconteceu aqui? – perguntei a mim mesmo.

Nisso Eduardo ofegante toca no meu ombro.

– Ca—Mp—Bell, o que... Aconteceu?

– não sei, as coisas parecem... Normais... – olhei para as pessoas do vilarejo, elas olhavam de maneira arredia para nos dois – consegue descobrir algo Eduardo? Não sei falar a língua de vocês.

– Vou tentar...

Eduardo se aproxima devagar das pessoas, pergunta a uma senhora o que havia acontecido. E depois volta pra falar comigo.

– Ryan... Temos um problema...

– Castélio esteve aqui?

– Sim, mas já partiu.

– Oh graças a Deus... Estão todos bem.

– Não exatamente Campbell.

– O que quer dizer companheiro?

– Um senhor aqui... Simão. Ele não parece bem.

– O que aconteceu? – Conhecia Simão, ele era um bom senhor, muito trabalhador. Morava com uma linda e jovem esposa. Já passei dias na casa do casal, eles eram muito queridos por mim por terem me acolhido e alimentado

– Gasper... O filho de Castélio... Ele entrou na casa de Simão decapitou e estuprou a mulher dele.

Algo subiu pela minha garganta, senti vontade de vomitar, uma tontura tomou meu corpo. Desgraçado, monstro repugnante, demônio sem alma.

– ONDE ESTÁ GASPER?

– Senhor Campbell, ele já partiu. – ao ouvir as palavras de Eduardo quebrei o galho em minha mão – Mas, ele deixou uma mensagem senhor.

O vento bateu forte e pude sentir a tristeza que passava por aquela pequena cidade com paredes de simples tijolos de barro.

– Que mensagem?

– Ele disse que voltará de quatro em quatro horas e fará o mesmo com cada mulher na vila até que tenha nossas cabeças numa cesta.

Olhei em volta e então notei a aproximação de vários homens do burgo. Eles carregavam espadas e ancinhos e estavam nos cercando.

– Então é isso Russel? Voltamos para protegê-los e eles se voltaram contra nos? – perguntei ao perceber más intenções nos rostos dos homens da vila.

– Acho que sim Campbell, esse é o único jeito deles pararem os ataques de Castélio ao burgo.

– NÃO! Estão sendo tolos, Se nos matarem Castélio continuará atacando o burgo como fazia antes.

– Mas seria de maneira menos brutal... Pelo menos é o que acreditam... – Respondeu Russel ficando de costas para mim.

Ouvia-os gritando algo incompreensível em português, eles se aproximavam, nunca havia os visto tão bem armados. Estavam fechando a roda a nossa volta. Sentia o ódio em nossa direção.

Um mais jovem se adiantou e correu com uma adaga na minha direção, bloqueei o movimento dele e lhe roubei a adaga, chutando-o para a multidão.

O circulo de ódio se juntou a nossa volta, eu e Eduardo derrubarmos todos eles seria impossível, na verdade acho que seria difícil sair dali mesmo com a ajuda de Steve, um dos maiores cavalheiros de todos os tempos.

– Campbell?

– O que?

– Vamos atacá-los?

– O que?

– Vamos morrer de qualquer jeito, mas se ficarmos parados não iremos machucá-los o que será bom se um dia resolverem se voltar contra Castélio. Então... Vamos atacar?

Parei para pensar no assunto quando notei que o circulo apesar de não atacar estava perigosamente a menos de cinco passos de nos. Eduardo continuava perguntando.

– Vamos atacar?

Podia ouvir o som de o meu coração ao bater e foi nisso que olhei para cima, lá estava Blase observando tudo com uma frieza enorme apenas apontando o arco pra cabeça de um senhor que me encarava com uma espada.

– CAMPBELL! Vamos atacar?

Blase puxa a corda do arco.

– CAMPBELL.

Um senhor mais velho um pouco a frente do grupo em circulo levanta a espada aos céus.

– CAMPBELL!!!!!!!!!!!!!

O senhor desce a espada e grita algo em português:

– ATACAR!


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