A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 44
A Verdade


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Live Gabriela Woiciekoski ^^ e narrado por Jamie Carter.



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– Parem! – disse Joseph.

Neste momento os cavalos relincharam ao levarem uma bela puxada da corda que lhes prendia. O vento passou forte e barulhento por entre nós.

– O que foi Jose... – ele me interrompeu.

– Acho que vi algo.

Ficamos um minto em silêncio observando tudo em volta. Aquela cena era bem familiar.

– Blase está aqui. – disse.

– O que? Daimmen Blase? – perguntou Fitzwilliam assustado.

– Estamos mortos! Oh Deus! Vamos morrer! – disse Flyn.

– O que está dizendo Jamie? Blase aqui? – perguntou Patrick.

– Eu não sei. É que isso é muito familiar... Eu sinto muito. Talvez seja apenas coisa da minha cabe...

E antes mesmo de eu terminar a palavra uma flecha foi na direção de Fitzwilliam e o acertou no braço esquerdo.

– Corram! – gritou Joseph.

No mesmo instante os cavalos relincharam, mas desta vez mais alto do que na ultima. Cavalgamos depressa pela estrada.

– O que está acontecendo? - gritou Flyn ao ver o irmão ferido.

Olhei para trás e não vi ninguém nos seguindo. Não havia mais flechas.

– Está tudo bem. Não era o Blase.

– Como pode saber? – perguntou Patrick.

– Se fosse, Fitzwilliam já estaria morto. – respondi.

Nos entreolhamos em silêncio. Flyn desceu de seu cavalo e foi ajudar o irmão. Ficamos todos atentos para o caso de mais um ataque surpresa, menos Sebastian, ele me encarava com seus olhos castanhos até decidir perguntar:

– Já encontrou com Blase?

– Sim.

– Então me diga... Porque você está viva?

– Eu... Ah, eu... – a verdade é que eu não sabia a resposta para aquela pergunta.

Sebastian tinha razão. Porque eu estava viva? Encontrei com Blase ao menos duas vezes em batalha e nas duas saí levemente ferida. Olhei para Sebastian e ele continuava a me encarar.

– Eu acho que... Tive sorte. – respondi.

– Sorte?

– É, eu acho que não morri porque meu mestre estava comigo. Talvez ele o tenha enfrentado.

– E ele morreu?

– Não! Ele...

Sebastian continuava a me encarar.

– Ele... Eu não sei.

Oh Deus! Será que?! Quero dizer, eu nunca mais soube dele e... Ryan...

– Jamie? Está tudo bem? – perguntou Joseph se aproximando.

Fiz que sim com a cabeça.

– O que disse a ela Sebastian?

Ele não respondeu apenas continuou me encarando.

– O que fez a ela seu bastardo?! – gritou Joseph o empurrando para fora do cavalo.

– Eu não fiz nada! – disse Sebastian peitando Joseph.

Logo ele o empurrou e montou novamente em seu cavalo. Saiu andando na frente. Joseph se aproximou e tocou meu rosto.

– O que houve Jamie querida?

– Nada! Porque fez isso com ele?

– Ele a fez chorar, não podia deixar que...

Parei de ouvir e toquei meu rosto. Estava molhado. Levei a água até minha boca. Eram lágrimas.

–... Sempre foi um brutamontes. Mas não se preocupe isso não ficará assim.

Apertei as rédeas de Larápio e fui atrás de Sebastian.

– Hey! Espere! – gritei.

Mas Sebastian nem ao menos olhou para trás. Me virei e vi que os outros estavam a caminho então continuei com Larápio à uma velocidade em que não ficava nem com o grupo, nem com Sebastian.

O vento estava forte aquela tarde, e só piorou à noite. Por sorte já estávamos perto de Selsey, nosso destino e por esse motivo não paramos para dormir. Chegamos à cidade que festejava a boa colheita e a chuva que estava por vir. Achamos um lugar para passarmos a noite e já fomos aos bares perguntar por Connor Russe. Descobrimos que o homem era um fazendeiro de um pequeno pedaço de terra fora aos arredores da cidade.

– Bem, se quiserem podem ir a suas acomodações. – gritava Joseph para o grupo. O barulho da taverna o obrigava a gritar.

Flyn e Fitwilliam foram embora assim como Patrick. Eu fiquei fazendo companhia por um tempo a Joseph.

– Muito cansada querida?

– Um pouco, mas ficarei mais um tempo por aqui.

– Encha, por favor! – pediu ao garçom apontando para seu copo de cerveja vazio. – Está bem. Você quer algo? Um chá talvez?!

– Não obrigada. Só gosto de ouvir a música. – disse me virando em direção aos artistas que alegravam o local.

– Há! Então você gosta de música?

– Bem, sim. Acho muito bonita apesar de tê-la ouvido poucas vezes.

Joseph me puxou sorridente pelo braço.

– Venha, vamos dançar! – disse ele.

Nesse momento minha memória começou a funcionar...

“- Não, não, não! Oh Deus! Que desastre! Que desastre! Jamie! Você tem de ter passos delicados e elegantes! Não pode pisar como um elefante no meio do baile!

– Leyla... Isso é mesmo necessário?!

– Absolutamente! Trate de dar mais de si! Não entendo como uma mulher pode ser tão... Tão... Você!

Virei os olhos.

– Agora se apresse! Ou terá de voltar para o treinamento de flechas com o Sr. Webb!

– Mas... Ele...

– O que?

– Tem treinamentos muito puxados.

– Ora! Ninguém mandou você se vestir de garoto. Agora agüente!

– Não! – eu já estava farta de ouvir Leyla mandando em mim.

– O que você disse? – ela se aproximou e tirou a adaga de suas cintas encostando-as em meu pescoço – Você sabe que posso te entregar e fazer com que usa vida vire um inferno, certo?!

– Porque faz isso?

– Ora! E ainda tem a ousadia de perguntar?! Escute aqui menina, eu fui a única alunA de Campbell e isso não era para mudar. Mas infelizmente, eis que você apareceu. Por amor e respeito a ele cumprirei o que me pediu. Que a treine. Mas não pense que sou sua amiga, não pense que pode me desafiar. Está me entendendo?

Fiz que sim com a cabeça.

– Muito bem. Agora dance direito! Ou ninguém vai querer você... E isso só faria com que ficássemos mais tempo juntas... ”

– Vamos Jamie! Dance! – disse Joseph.

– Eu não sei dançar.

– Ora! Que besteira! Todos sabem dançar. Confie em mim. – pediu estendendo a mão.

Decidi tentar, e durante alguns minutos consegui alguma coisa e estava até me divertindo. Quando errava algo Joseph dava risada e eu ria junto. Mas logo a dança foi interrompida.

– Só um minuto Jamie querida. – disse Joseph olhando para trás de mim.

– O que houve? – olhei para a mesma direção. Vi um homem de barba comprida nos olhando.

– Já volto. Deve ser o sócio de Turner, ele havia me dito que teria alguém aqui para nos dar apoio.

Joseph me soltou e foi em direção ao homem. Eles se cumprimentaram e saíram da taverna. Os segui com os olhos e no caminho encontrei Sebastian, que seguiu os dois até o lado de fora.

Fui até a janela do local e pude ver os dois homens indo em direção as árvores enquanto Sebastian os acompanhava de longe e sem ser percebido. Fui atrás.

Tentei atravessar o salão que estava lotado, mas estava difícil.

– Olá belezura. – disse um homem.

– Mas que belos olhos senhorita. – disse outro.

Eles atrapalhavam minha passagem. Desviei e quando finalmente consegui chegar ao outro lado do salão abri a porta de entrada e saí do local. Estava bem escuro lá fora. Mas fui andando na direção que havia visto os três indo anteriormente.

Quando cheguei perto da parte mais densa daquela pequena floresta descidi voltar e pegar uma tocha na taverna. Foi o que fiz, e quando voltei ao mesmo lugar, silenciosamente, fui pega de surpresa.

– Jamie! Querida, o que faz aqui? – era Joseph, ele percebera que eu me assustara e pediu desculpas por isso. – Vamos, isso não é lugar para uma dama como você.

– O que foi fazer lá?

– Só tratar de negócios. Não se preocupe com isso. O que acha de voltarmos à nossa dança?

– Não acho que seja boa idéia.

– Quer ir para nosso alojamento então?

Fiz que sim com a cabeça. Ele sorriu e me segurou pelas costas.

– Vamos, está muito frio aqui fora. – disse tirando seu casaco e o colocando sobre minha capa e meu capuz.

Chegamos ao alojamento que não foi suficiente para todos.

– Sinto muito, Jay querida. Queria ter conseguiso um quarto só para você. Mas não foi possível.

Fiquei quieta o encarando.

– Não se preocupe, fique com a cama. Dormirei no chão num monte de feno e pano. Agora lhe darei privacidade para se aprontar. Volto em alguns minutos. – disse saindo do quarto e fechando a porta.

Fiquei meio sem reação no começo. O que havia acontecido na floresta afinal? Será que eram apenas negócios? E onde Sebastian estava?

*toc toc toc* - Jay?! Está pronta?

– Só um minuto. – disse.

Tirei minha capa e a coloquei numa cadeira. Logo mais tirei minhas botas e a minha segunda blusa. Deitei na cama que era bem confortável e me cobri com uma colcha de retalhos.

– Pronto.

Joseph entrou sorrindo e foi em direção à lareira onde era mais quente.

– Está frio não?!

– Parece.

– Se não se importa... – disse ele tirando sua blusa de algodão – Me desculpe a indelicadeza, mas é minha peça favorita, não quero estragá-la no meio desse feno todo.

– Tudo bem.

Ele dobrou a blusa e a fez de apoio para a cabeça. Levantou-se e apoiou seu braço na parte de cima da lareira. Pude ver sua silhueta.

– Boa noite, Jay querida. – ele veio em minha direção – Durma com os anjos. – disse após beijar minha testa e sorrir. – Você é linda.

– Boa noite. – respondi e virei para o lado.

Não pude ver, mas sei que ele sorriu. Então voltou para seu lugar e deitou-se, para ter uma boa noite de sono...

“- Jamie, levante-se!

– O que? – perguntei coçando os olhos.

– Jamie! Sou eu! Venha comigo!

– Ryan?

– Vamos! – abri os olhos lentamente e o vi em minha frente, estava como da ultima vez que o vi, como me lembrava...

– Ryan! – levantei rapidamente e pulei em seu pescoço dando um grande abraço. Não agüentei, lágrimas escorreram de meu rosto ao ver meu mestre novamente – Oh! Graças a Deus está de volta!”

Abro os olhos e percebo que aquilo tudo era um sonho, Campbell não havia voltado. E eu continuava naquele quarto.

Olho em volta e procuro por Joseph, mas ele não estava. Me levantei e me vesti, logo fui à procura dos outros. Entrei no quarto dos garotos, mas apenas Sebastian estava lá. Ele estava sentado no chão de costas para a porta. Parecia estar amarrando algo.

– O que você quer? – disse ele.

– Como sabia que eu estava aqui?

– Não estou te vendo, mas posso te ouvir, além disso, você tem passos tão suaves como os de um elefante.

– É, já me disseram isso... O que está fazendo?

Ele levantou e pude ver que o que parecia estar amarrando era uma bolsa. Veio em minha direção e ao passar por mim disse:

– Estou indo embora.

– O que? Por quê? – perguntei o seguindo.

– Não me leve a mal garota, mas eu é que não vou participar disso.

– Disso o que?

– Do joguinho do Joseph.

– Joguinho, mas do que você está falando?

– Sempre soube que aquele bastardo estava tramado alguma. Aquele desgraçado...

– Sebastian! O que é?!

– Ontem a noite fiquei atrás de Joseph. E ouvi sua conversa com Jonathan Spencer.

– Um cara alto e barbudo?

– Sim, você o viu também?

– Vi rapidamente, Joseph ia falar com ele. Disse que era um sócio que iria nos ajudar na missão.

– Mas que cara de pau. Jamie isso aqui é tudo um jogo de ganhos e mesquinharia! Eu ouvi toda a história. Turner não quer que prendamos uma família qualquer. Connor Russel não é casado com uma francesa. Ele é casado com a prima de Louise. Filha de uma baronesa.

– Louise? A filha de Turner?

– Exato. Louise não pode ter filhos, mas sua prima sim, e está grávida. Ele quer o bebe da moça para fingir ser o de Louise, dando assim um herdeiro para o casamento dela e de Christopher, o filho de Bennet. Claro que este não sabe de nada disso.

– Só um minuto. É muita coisa para se acreditar...

– Acredite em mim. Eu ouvi tudo.

– Joseph estava falando com Jonathan, certo?

– Sim.

– Mas ele não é o cunhado de Russel?

– Turner está lhe dando dinheiro para isso. A missão na realidade é prender Connor Russel e seus dois filhos, levar a mulher grávida para o feudo e dar a recompensa para Jonathan.

– Isso... Não pode ser.

– Eu também fiquei surpreso, mas sempre soube que havia algo errado. Há tempos conheci Connor e sua mulher em uma viagem. São pessoas boas, sabia que não tinham feito nada de errado. Só vim junto para descobrir qual o plano de Turner.

– Mas, Joseph... Quero dizer. Ele não faria uma coisa dessas!

– Faria por dinheiro, ou você acha que ele não vai receber nada por isso?

Fiquei estática olhando desconsolada para o chão. Sebastian se aproximou e tocou meu ombro.

– Sei que é difícil de acreditar, ainda mais Joseph te tratando tão bem. Mas acredite Jamie, ele faria qualquer coisa por dinheiro. Sei que todas as vezes que recebemos um valor mais baixo pela missão foi por culpa dele. Não duvido que tenha nos roubado.

Olhei para ele enquanto ajeitava suas coisas e subia num cavalo.

– Aonde você vai? – perguntei.

– Vou fazer a coisa certa. – disse me encarando, então virou olhou na direção de Larápio e depois para mim novamente - Porque não faz o mesmo?


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