A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 43
A caverna


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Mateus Scofield e Narrado por Ryan Campbell
Dessa vez sem traduções do português arcaico =P



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Apesar de ainda estarmos na metade do dia o dia estava escuro, a chuva se intensificava os pingos ao atingirem a água ricocheteavam e faziam a água pular, o rastro de sangue na água ia aos poucos sendo diluído enquanto eu subia o rio com Eduardo nas costas. Não a muitos passos eu via uma pequena caverna na encosta da montanha.

Eduardo parecia cansado, conseguiria andar sozinho, mas eu o ajudava, andar poderia agravar a sua situação.

Ao entrar na caverna joguei meu aliado no canto da caverna e olhei no seu rosto, a dor lhe transparecia.

– Saco, cadê o Smith quando agente precisa dele? –disse ao lembrar do amprediz de Mark, um guerreiro com aspirações medicas do meu antigo grupo.

– Me deixe aqui Campbell, irei te atrasar. Os homens de Castélio vão vir atrás de você, se ficar aqui tem mais chance de ser pego!

Olho para o rosto pálido e cheio de expressões de dor de meu aliado.

– Já me apresentei a você?

– Sim, já, Ryan Campbell certo?

– Em partes – um raio cai do lado de fora da caverna, a chuva se intensifica. – Sou Ryam Campbell, aprendiz de Steve, um dos mais nobres cavalheiros da Inglaterra, filho de Harry Campbell, um herói nacional negligenciado pelo governo que jurou proteger. Não vou deixar ninguém para trás.

– Hum, não pedi sua história, ai, eu apenas disse que já tinha se apresentado.

Dei um sorriso e olhei em volta, haviam algumas madeiras e pedras, alem de uma fogueira apagada, pelo visto algum eremita vivia por lá.

Enquanto atritava as pedras em busca de uma chama para acender a fogueira olhei para Eduardo.

– E você? Qual sua história Eduardo Russel?

Ele sorriu enquanto retirava a camisa ensangüentada.

– Nada do que me orgulhar. Filho de camponeses sem nada de excepcional, militar de baixa graduação, nenhuma batalha memorável, e ...ai, essa merda dói como o cão ... Bom, me orgulho de ter derrotada sozinhos três cavalheiros uma vez.

– Hum, interessante – na verdade não, bem chato no final das costas – Mas porque está aqui em Portugal e não na Inglaterra?

Ele coloca a mão sobre a ferida nas costas e faz uma cara de dor, nisso me responde.

– Uma coisinha maluca chamada amor.

Virei a cabeça na direção dele.

– É casado senhor Russel?

– Não meu caro aliado, vim pra me apresentar à minha garota.

– Só pode ser brincadeira! E quem é essa tal garota? Por que viés de tão longe por ela?

– O senhor a conheceu Campbell, bem, na verdade quase isso. A viu.

– Vi? Não me lembro de ter reparado em nenhuma garota desde que o resgatei da lâmina do filho de Castélio.

– Tem certeza? – disse Russel com um olhar meio sinistro quando consegui acender a fogueira – Olha senhor Campbell, se tem algo que um homem apaixonado pode notar é quando outro homem olha na direção de sua amada, e vi você olhando diretamente nos olhos dela...

Parei e tentei me lembrar de todas as aldeãs, não me lembro de ter olhado diretamente pra nenhuma, não me lembrava do rosto de nenhuma, aquela história estava estranha demais, por que um homem se lançaria pelo mar em nome de uma camponesa? Onde ele havia visto essa mulher? Camponesas não viajam de navio, pelo menos nunca conheci uma que o tivesse feito.

– Desculpe senhor Russel, mas não olhei para nenhuma garota, no Maximo olhei para aquela garota dentro da carruagem de Castélio mas acho que você não estaria—

Olho para ele, retribui-me com um olhar fixo.

– Não acredito! Você está apaixonado pela nobre que estava com Castélio?

– É a filha dele.

Isso respondia algumas perguntas, faz muito mais sentido ele ter visto uma filha de lorde na Inglaterra e depois te-la seguido até aqui, apesar de ser uma das maiores insanidades que já ouvi, mas quem sou eu pra falar? O cara que atravessou o oceano em busca de uma maneira de mudar o mundo!

– Você sabe que isso nunca daria certo não é Russel? Por que veio mesmo assim? Nobres não casam com camponeses.

– Mas casam com militares.

– Você tava pensando em se alistar por aqui?

– O que for possível para ficar perto de minha Marieane.

– Acho que agora suas chances estão bem desgastadas.

– Não diga isso camarada, Deus está certo em todos os seus caminhos, de um jeito ou de outro eu e Marieane ficaremos juntos, é o nosso destino.

Me levantei e caminhei para a entrada da caverna. Virei o rosto para trás e então perguntei:

– Como sabe que é isso o que ele deseja?

– Apenas sei.

Olhei para a chuva.

– Tem uma pasta de ervas na minha mochila, em um recipiente verde, use-a na sua ferida, vai queimá-la, em um dia haverá apenas uma cicatriz, talvez a sua garota até ache sensual.

– Hum- ele olhou sério para mim -  parece amargo Campbell, por que está cara? Não acredita no amor?

Olhei na direção do rio, as gotas da chuva continuavam a cair fortemente, a água dos céus ricocheteava na do leito, as folhas das árvores balançavam.

– Digamos que a vida não tenha me ajudado muito nesse ponto.

Enquanto o tempo passava comecei a me preocupar com a chegada do dono da caverna e de como a nossa presença ali poderia incomodá-lo, os pinos continuavam ininterruptos, sair da caverna seria loucura, principalmente com Russel naquele estado, e deixá-lo para trás não estava entre as opções. Olhei para o homem enquanto ele queimava as feridas com a pasta de ervas. Os gritos eram abafados pela simples força de vontade.

– Você seria um bom militar Russel.

Ele olhou pra mim.

– Obrigado.

Conversamos mais um pouco, o tempo foi passando mas a tempestade continuava intensa do lado de fora, a noite caiu.

– E então Campbell? Onde está alojado atualmente? Você que mora nesta caverna? Se nos sobrevivermos será bem vindo em minha casa.

– Não senhor, moro no burgo.

– Ó! Aquele lugar é assustador, um belo cenário para um conto de terror.

– Vejo nele um brilho de revolução.

– Não faço a mínima do que você ta falando e não entendi nenhuma palavras, mas... Um brinde a isso.

– Um brinde a isso.

Batemos as mãos como se estivéssemos brindando algo.

– Hey Campbell, você não teme?

– Temo o que?

– Está aqui cuidando de mim enquanto deveria estar cuidando da sua família no burgo.

– Minha família está em Londres, mas... Como assim temer? Temer o que?

– Castélio está nos caçando, e sabe que você não é da nossa cidade, alem disso tem total ojeriza por aquela terra de ninguém, acho que seria o primeiro lugar em que ele iria vasculhar, e pode ter certeza que com a raiva que ele deve estar não serão poucos homens que irão com ele.

Minha mente entrou em êxtase, não havia pensado nisso até o momento, a tempestade que eu esperava estava bem ali, minhas atitudes acabaram por colocar o burgo, o símbolo da liberdade que procuro, em perigo. Se Castélio o destruísse seria culpa minha, eu teria acabado com este lugar com tanto potencial de revolução, eu seria responsável por manter o sistema.

– Droga, Russel, acredito que não vai haver problema pra você ficar aqui sozinho, as tropas de Castélio devem estar te procurando no burgo, irei partir, tenho que defender aquela terra.

– Campbell, olha esta tempestade, não pode sair assim, está escuro, não há chama que resista a aquilo ali fora, só o vento já poderia acabar com qualquer tocha sem nem mesmo precisar da chuva. Vai morrer.

– Mas eu... Preciso...

– Casma Campbell, você será mais útil enquanto estiver vivo, deve esperar a chuva cessar ou o sol surgir.

– Mas Castélio—

– Castélio não irá sujar as botinhas nessa tempestade, e pode ter certeza que ele vai querer estar presente na derrocada do burgo.

Me sentei no canto da caverna e coloquei a mão na cabeça, Castélio podia estar destruindo o burgo neste exato momento, e se Blase estivesse lá seria um massacre para ambos os lados, e independente da vitória as pessoas abandonariam o lugar, droga, eu preciso de ajuda. O que Steve faria? O que irei fazer?



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