- Jamie, acorde. – disse Joseph suavemente – Temos trabalho hoje.

Havia duas semanas que não recebíamos trabalho nenhum, claro que para mim o dinheiro não fez falta, já que nunca o tive, mas os garotos já estavam estressados.

- Bom, fui falar com Turner e ele os dará setenta moedas de prata para cada um de nós para caçarmos Connor Russel e sua família. Pelo que Turner me disse ele mora agora em uma cidade perto de Selsey. Temos de viajar até lá e trazê-lo de volta.

- Mas o que ele fez para ser perseguido assim? – perguntei.

- É um devedor além de traidor. Casou-se com uma francesa e fugiram para cá junto de seus dois filhos e seu cunhado Jhonatan Spencer. Logicamente estes são seus nomes falsos.

- Bom por setenta moedas de prata eu pergunto. O que ainda estamos fazendo aqui? – disse Fyn com um enorme sorriso no rosto.

- Vamos à cidade buscar cavalos. – disse Patrick.

- O meu está aqui. – disse Joseph – E você Jamie, precisa de um?

- Não, não. Larápio está aqui perto.

- Está bem então. Providenciarei comida e água para a viagem. – disse Joseph aos outros que já estavam de saída.

O ajudei a preparar tudo e encontramos com os outros na saída do feudo. Viajamos da hora em que o sol estava no pico à hora de ele se por. Então paramos para dormir. Joseph queria que estivéssemos dispostos para a “caçada” como ele dizia.

- Não está com sono Jamie? – perguntou-me ele percebendo que meus olhos permaneciam abertos.

- Na verdade não. Você não acha que seria melhor avançarmos mais para chegarmos mais cedo ao local?

- No meio de uma guerra? Com invasores por todos os lados? Seria arriscado demais. Somos bons Jamie, mas não somos como sua antiga equipe. Steve é um líder estupendo, Mark um cavalheiro honrado e Campbell é o jovem que sempre surpreende todos. Nós somos só um grupo que sabe uns truques com lâminas e flechas.

Fiquei quieta.

- Melhor dormimos, seguiremos viagem assim que o sol raiar.

- Certo. Mas posso lhe perguntar algo antes?

- Mas é claro Jay querida.

- Bom, você sempre elogia bastante meus antigos colegas e mestres menos um deles. Hammel. Porque?

- Eu não gosto de falar disso Jay. Mas só porque é você quem perguntou posso te afirmar que ele não é tão bom cavaleiro.

- Como assim? Sei que ele é meio...

- Maníaco? Impiedoso? Cruel?

- Na verdade eu ia dizer...

- Jamie, aquele monstro destruiu a família de uns amigos meus, claro que não o culpo por tudo, estava só seguindo ordens, mas se ele soubesse que foi na casa errada antes de matar a pessoa... Eu seria ainda seria casado.

- Oh, eu... Sinto muito.

- Eu também, mas isso agora já passou. Só o lamento ter errado o lugar e matado a única mulher que amei na vida... Megan. Ela era linda, possuía olhos esverdeados como esmeraldas, sua pele clara lhe destacava os compridos cabelos cacheados e escuros. Porém era muito magra e por ser diferente assim me conquistava. Sabe Jamie, você me lembra muito a Megan.

- Ah. Obrigada.

Ele sorriu.

- Bom, vamos dormir agora. – disse ele – Boa noite Jamie.

- Boa noite.

Acordamos algum tempo depois de o sol raiar e seguimos viagem. O dia foi cansativo mas nos divertíamos ouvindo as histórias de Patrick e Joseph e as piadas que os gêmeos faziam. Apenas Sebastian ficava calado. Cavalgando sempre à nossa frente.

Uma hora o alcancei.

- Olá.

- O que você quer?

- Nada eu só...

- Se não é nada por que veio?

- Eu só pensei que poderíamos conversar...

- Não se iluda garota, não sou seu amigo. Deixe-me em paz.

Diminui a velocidade de Larápio e deixei os outros passarem por mim. Não entendia Sebastian, não mesmo. O que será que ele escondia? Quem era aquela pessoa quem em um momento parecia ser tão fria e em outro parecia se importar?

Fiz Larápio andar mais rápido e o alcancei novamente. Cavalguei ao seu lado. Ficava encarando-o enquanto ele acelerava. Nossa velocidade aumentou até ficarmos bem à frente dos outros.

Ele me olhou apenas uma vez e foi o suficiente para perceber que eu queria algo. Sebastian mexeu nas rédeas de seu cavalo e o fez ir mais rápido ainda. Felizmente seu cavalo já era velho enquanto que Larápio era um alazão em mais do que sua perfeita forma. O ultrapassei e parei em sua frente.

- Sebastian... Quem é você?