A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 22
Os Motivos de Blase


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por: Mateus Scofield e narrado por Ryan Campbell



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Andamos por horas, o sol subiu o horizonte devagar, as árvores se impunham grandiosas no caminho, Blase caminhava sem olhar para trás.

Em alguns minutos chegamos a um rio, ele tinha águas claras e era calmo, a luz do sol transformava sua suave cor azul em tons de branco em grande parte de seu curço.

Caminhamos por seu leito até chegarmos à uma cachoeira.

Ela era alta, a água desaparecia ao chegar na parte de baixo. Blase colocou a mão na água e passou no rosto. Observei tudo enquanto ele retirava as botas e faixas.

Retirei também as botas e coloquei os pés na água, senti os peixes passarem pelos meus dedos e então olhei para o lado, Blase estava nú.

- How, se era isso que queria me mostrar tenho que te dizer que não sou fã dessa fruta ai não.

Ele permaneceu em silêncio. Olhei para frente, aquele francês branco desprovido de pelos, peladão usando apenas um colar com uma pedra verde do meu lado era uma visão deveras aterradora. Ah, sinto falta da Jamie tomando banho nessas horas, MUITA falta.

Ele se joga na água e começa a lavar as feridas, as águas claras começam a pegar tons vermelhos, o sangue começa a formar desenhos disformes, Blase sangrava, o demônio da noite se esvaia na água, o demônio da noite era um humano.

Minhas roupas sujas começavam a cheirar mal, o sangue tinha um cheiro terrível, pulei na água ainda de roupa e lá comecei a lavá-las, depois de limpas as retirei e limpei o corpo, aquele lugar era perfeito, me fazia lembrar de Jamie a cada minuto, sentia a sua falta, queria poder voltar para ela o mais rápido possível.

- Suas feridas, limpe-as. - Disse Blase.

- O que?

- Oui, é perigoso deixá-las assim, limpe as.

- Nem faz diferença. - Disse tentando parecer indiferente à presença do assassino de sangue frio do meu lado.

- Limpe-as - Disse Blase chegando mais perto.

- Não se aproxime.

- Limpe-as!

Blase avança sobre mim e enfia a mão em um buraco de flecha na minha barriga. Sinto a dor lancinante e então seguro a mão dele, aos poucos vou sentindo que algo estava saindo de minha barriga.

- Pronto. - Disse Blase com uma ponta de flecha na mão, ele havia retirado-a de minha barriga, eu sangrava muito. - Amarre isso antes que perca muito sangue.

- Por que fez isso?

- Você não pode morrer agora.

- Não faz sentido, por que se importa? Somos de países rivais.

- Você nunca entenderia.

Pulo para fora da água e dou uma olhada em todas as minhas feridas, vejo se pelo menos a minha calça esta seca e a visto, enrolo minhas feridas com ataduras. Blase sai da água começa a pegar sol, aquele lugar era muito frio para se estar sem roupa, mas Daimmem parecia não se importar.

- Por que não me mata Daimmem? Sério, você já tentou antes, naquela emboscada, depois veio para um combate de igual para igual e agora isso. Você tem total capacidade para me matar a qualquer momento, e teve várias chances, por que não termina logo? Foi pra isso que veio para o meu país não é? Matar guerreiros Ingleses.

- Você não me conhece Campbell.

- Não mesmo garoto e quero muito saber o que esconde, por que não me mata aqui e agora?

- Pourquoi ne pas défier, seria muito fácil.

- Não pareceu tão fácil me matar ontem enquanto lutávamos.

- Estávamos ambos machucados, agora você está em um estado pior que o meu, seria injusto começar uma Battle.

- Para de ser estranho! Sua missão é matar gente como eu, ingleses, por que não faz logo o que tem que fazer? Por que não faz o que seu rei lhe pediu?

- Por que não acredito em nenhuma dessas tolices, reis, generais, países, deveres, estou acima de todos eles, são apenas desculpas para que eu faça o que preciso fazer, superar todos os limites.

- Limites de que?

- Do meu rival, irei superá-lo em breve, e o mundo voltará os olhos para mim.

Aquilo era estranho, nunca havia conhecido ninguém assim, alguém que visse além de todo aquele sistema, alguém que visse que tanto os reis quanto os generais eram apenas homens, e que países fossem apenas pedaços de terra, nunca havia conhecido alguém que visse o mundo por esse lado, exceto por mim.

- Um rival? Quer dizer que existe outro como você?

- Meu irmão Pierre, ele tem sido escondido pelo rei da França como uma arma secreta, o garoto é bom, eu mesmo ensinei a ele como usar um arco.

Passamos um tempo sem falar nada, existia outro Blase? Isso era terrível. O sol começava a esquentar o gélido local, as pontas de meus dedos começavam a aquecer, meu corpo começava a sentir os primeiros raios de calor oriundos da esfera fumegante que subia sobre o horizonte, as árvores balançavam em volta e a cachoeira fazia barulho.

- Naquela emboscada, por que não nos matou?

- Já disse várias vezes Campbell, seria muito fácil me esconder no mato e matar menos de dez guerreiros lutando com espadas. Ci-dessous de mes capacites.

- Tínhamos um arqueiro.

- Bom?

- Bem...

- É, eu sei. E antes que pergunte, não matei nenhum de vocês até agora, pois precisava de ajuda, precisava que se livrassem do resto do mon time para que apenas eu e uma testemunha sobrássemos, agora que seu amigo irritado fez a parte dele eu e um idiota que mandei caçar coelhos antes de lutar com você poderemos seguir com a minha missão. Aliás, seu amigo ainda está vivo, os cortes no corpo dele não são profundos o suficiente para matar e o veneno que coloquei no corpo apenas lhe dará alucinações.

- Vocês vão nos matar?

- Pas, não agora, seria muito pouco para mim, além disso, tem algo de diferente em você guerreiro. Quero te enfrentar de novo, mas da próxima vez você estará junto de um exército, e eu matarei a todos, você será um dos últimos, mas também morrerá.

- Você feriu um amigo, não posso deixá-lo partir, principalmente sabendo que vai voltar.

Ele parou e então caminhou até uma árvore, La pegou em uma bolsa de couro. Depois de mexer um pouco nela retirou um pote.

- Dê isso ao seu amigo, mande-o tomar deste pote um gole em todo crepúsculo, as flechas que usei nele são feitas de açúcar e chumbo, assim que isso dissolver o chumbo o sangue cuida do açúcar, vai levar algum tempo, bastante aliás mas ele vai sobreviver.

- Se importa com ele tanto assim para dar-lhe de novo a vida?

- Pas, mas se você insiste tanto em ter a presença dele em sua derrota irei deixá-lo vivo para você.

Peguei o pote e coloquei próximo de minhas roupas que secavam. Blase pegou as suas roupas e começou a se vestir, por último pegou o arco e a aljava, o sol estava brilhando forte contra a água cristalina que deixava todo o local claro e branco, vi Blase se mexendo bem devagar, os braços, as mãos, o sol batia das costas dele para frente, uma nuvem passa diante no céu e cobre rapidamente o brilho claro da bola de fogo celeste, o desenho de Blase ganha cores e formas, ele estava com o arco mirado na minha direção, uma flecha apontada na minha testa, eu estava desarmado e ele não sorria.

- Vai me matar francês? Acredito que não, não deveria perder seu tempo tentando me assustar.

- Não me chame de francês.

- Por que não? Você é inglês? Isso explicaria o fato de falar a minha língua. - Me levanto e coloco o meu dedo na ponta da flecha. - Você conseguiu o que queria Daimmem, agora vejo o mundo como gostaria que eu visse e sei que não vai me matar aqui, pois não ganharia nada com isso, apenas um homem que manda em um pedaço de terra do outro lado do mar se daria bem, e não é o que você deseja certo?

- Oui, você aprende rápido Campbell.

- Pois é.

- Você deve partir, seus amigos devem estar te procurando.

- Pode deixar.

Blase caminha em direção à cachoeira, não o acompanho com os olhos.

- Oui, se prepare Campbell, pois nos veremos de novo... Em breve.

Vou até a água e vejo o meu reflexo, olho no fundo dos meus olhos e vejo quem tenho sido até agora, sempre fui contra o que todos diziam ser o sistema divino, reis mandando em camponeses mesmo ambos sendo pessoas, toda aquela loucura me enojava, desde que dispensaram o meu pai e o abandonaram no ócio ocasionado pelos serviços prestados ao próprio rei, desde a revolta das sete estrelas caídas e destruição de quase uma vila inteira.

Blase estava certo, nada daquela loucura poderia existir, todo aquele sistema estava errado. Toda a minha vida olhei ele crescer e se desenvolver a minha volta, fui apenas um espectador. De joelhos, as margens do rio, olhei para o meu reflexo, vi meus cabelos cumpridos ainda com um pouco de sangue e lama, com uma faca cortei-os.

Me embrenho pelo mato em direção a clareira onde deixei Hammel, tinha que encontrá-lo para podermos ir atrás de Steve e os outros, não poderia ficar ali parado, Blase saiu do sistema para poder quebrá-lo, estou velho demais para fazê-lo, mas posso fazer algo melhor, quebrá-lo de dentro.


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