Crônicas de Sieghart escrita por xGabrielx


Capítulo 6
Colônia de Gosmas 6 — Surpresa




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O grupo acabara de chegar à colônia das gosmas. “Grande coisa. Vai ser a mesma chatice: matar gosmas.”

Quando o comandante começou o discurso, Mer Ellot deu um pulo, como se tivesse levado um grande susto e logo disse, sumindo no emaranhado de pessoas:

— Uh... vou indo, gente... boa sorte, Sieghart, Laethel!

Laethel levantou o braço e acenou, sorrindo. Sieghart só o observou enquanto se distanciava. Trilel continuava a falar:

— ...devido ao tamanho da colônia enquanto unida, precisaremos separar as gosmas uma das outras. Por sorte, a colônia, como podem ver, não é tão estável, então para separá-las basta... assustá-las. Portanto, nós iremos “acordá-las” bruscamente fazendo com que elas se separem. Este som – Trilel bateu duas espadas entre si de modo que os cortes das lâminas não se encontrassem – é particularmente efetivo para tal objetivo. Basicamente, vamos nos reunir em volta da colônia e faremos barulho com metal. Assim elas se separam. Lembrem-se que apesar de o adversário serem gosmas, ainda podem causar ferimentos como queimaduras ou intoxicação. Não se afobem durante o ataque. Por fim, não se esqueçam de checar seus equipamentos. Tomaremos posições em vinte minutos.

O único preparativo de Sieghart, averiguar sua espada, já havia sido feito e Laethel já havia checado sua armadura no braço direito, de modo que os dois estavam agora sentados lado a lado, virados em direção ao grande emaranhado de gosmas. Quando a maioria dos soldados já haviam se preparado e se acomodado e esperavam o momento do ataque, alguns sentados em um enorme tronco de árvore caído e todo o resto na relva verde, podia se observar que ao redor de Laethel e Sieghart um círculo vazio se formado, a grama alguns metros em volta deles estando livre de qualquer pessoa. ‘‘Vinte? Da última vez foram só dez!’’ reclamou Sieghart, pensando no tempo de espera. Realmente, os outros soldados pareciam mais inexperientes que os da última vez: muitos estavam ainda bastante inseguros desde que viram a forma enorme que era a colônia de gosmas. “Mas vinte?! Ninguém leva tudo isso de tempo para se preparar...” Não havia muito a temer, porém: depois de separadas, eram apenas gosmas. Morreriam em apenas um ou dois golpes.

Finalmente, depois de um bom tempo em silêncio, e vários soldados tendo sentado no chão ao esperar o tempo passar, com Sieghart e Laethel entre eles, Laethel comentou:

— Novo amigo?

— Hã?

— Mer Ellot. — explicou .

— Ele provavelmente só tá interessado nos Kriewalt.

Sieghart olhou para o lado, como se quisesse evitar continuar a conversa. Laethel perguntou depois de um tempo, tentando retomá-la:

— Então, é por isso que você correu daquele jeito no calabouço? A Highlander?

Não houve resposta.

— Acha mesmo que essa lâmina encantada existe?

Embora o tom de voz de Laethel não mudasse, a pergunta soou como um insulto a Sieghart, que respondeu grosseiramente:

— Não precisa acreditar. Quando eu a obtiver, você poderá vê-la com seus próprios olhos.

— Não digo que ela não exista, — corrigiu Laethel, — mas, se ela realmente estiver lá, será que a lâmina te aceitaria como “um guerreiro digno de manuseá-la?” — perguntou, entonando a pergunta como se citasse alguém ou algum texto.

Essa dúvida, que remoia o interior de Sieghart desde o fracasso no Calabouço dos Oaks, foi trazida à tona: ‘‘e se eu nunca conseguir achar a Highlander? E se quando eu a encontrar, ela não me aceitar? E se tal arma realmente não existir e for somente uma lenda, afinal?”.

Os minutos passaram sem mais nenhuma palavra ser dita entre os dois:

— Muito bem, soldados. Chegou a hora de tomarmos posições. — avisou o comandante.

Todos se levantaram e alguns já haviam retomado a confiança, lembrando que o inimigo que eles enfrentariam ‘‘são só gosmas’’.

Alguns momentos depois, já era possível se observar vários soldados em volta daquela enorme forma verde e translúcida, agitada, mas sempre no mesmo lugar. Eles estavam divididos de modo que formavam duas linhas circulares em volta da gosma e alguns pontos na parte mais periférica. Na linha mais central estavam somente os com fita roxa. Na segunda linha, haviam alguns com fita e vários ‘‘novatos’’. Os pontos eram constituídos pelos arqueiros, entre eles Linea e Mer Ellot; Sieghart e Laethel estavam na segunda linha.

Com um aviso do líder, os soldados começaram a bater suas espadas nos escudos, cada qual causando um tinir das espadas absolutamente suportável para cada ser humano que ali estava, mas não para o emaranhado de gosmas: imediatamente, a turbulência no interior do enorme ser disforme pareceu aumentar e em poucos segundos, ‘‘pedaços’’ estavam saltando do ‘‘corpo principal’’ em direção à causa do distúrbio sonoro no local — os soldados.

Os primeiros alvos foram os que constituíam a primeira linha: a maioria ergueu seus escudos para bloquearem os projéteis. Alguns desviaram e deixaram passar para a segunda linha. Sieghart deu um forte golpe na vertical em uma das gosmas que passaram e ela explodiu. Quando ele baixou a mão esquerda que colocara em frente ao seu rosto para se proteger, sua expressão, assim como a de Laethel, era de surpresa:

— Ela... explodiu? — perguntou Sieghart.

Todas as vezes que Sieghart matou ou viu gosmas serem mortas o que ocorreu com elas foi que, como se perdessem a sustentação, seus corpos se espalhassem pelo chão como algum líquido não mais viscoso que lama.

Mas não haveria tempo nem adiantaria pensar nisso. A surpresa foi a mesma para todos os outros soldados que cortavam as gosmas e elas não paravam de sair da colônia.

Os pedaços soltos eram idênticos à colônia, com a diferença de serem extremamente menores e não parecer ter uma turbulência em seu interior. Se moviam em uma velocidade relativamente alta em relação ao que se esperaria de uma gelatina viva rastejante e atacavam comprimindo-se para o solo e impulsionando para cima, basicamente saltando em quem fosse o indesejado no local. Elas não pareciam ter um ponto excepcionalmente fraco: era possível enxergar através de todo o seu corpo e não havia nada que parecesse ser algum órgão ou núcleo.

Arqueiros já estavam atirando flechas que quando acertavam as gosmas, ou passavam por dentro delas e se fincavam no chão, retendo uma parte do corpo gelatinoso quando a gosma se movesse ou a flecha não atingia o chão e era então carregada pela gosma. Mer Ellot já havia tentado atirar bolas de fogo, que eram disparadas da ponta do cetro, onde o rubi esférico estava, mas surtiam muito pouco efeito contra elas. ‘‘É muita umidade...’’ pensou o mago ‘‘...e também gasto muita magia para queimar o ar...’’. Como não sabia nenhuma magia de congelamento, resolveu procurar alguém ferido para curar. Linea quase não viu Mer Ellot se distanciando, mas percebeu a tempo de ir atrás dele.

As duas linhas circulares de soldados já haviam se dissolvido durante a batalha contra as gosmas, com Sieghart e Laethel entre elas. O primeiro segurava sua espada de ferro hora com duas mãos e hora com somente sua mão direita e golpeava as gosmas com rapidez, mas pouca cautela. Suas mãos ardiam um pouco pois estavam descobertas e alguns respingos das gosmas que explodiam eram inevitáveis. Laethel, que segurava sua espada na mão esquerda, dava vários golpes na horizontal e diagonal e se defendia das investidas das gosmas com a armadura de seu braço direito.

A luta se estendeu por algum tempo e muitos dos atacantes já estavam com várias queimaduras. Sieghart olhou para um canto após golpear uma gosma e pular para trás, escapando da explosão, e viu um grupo de pessoas fora do campo de batalha. Agora os mais inexperientes haviam se retirado, seja por feridas ou cansaço, entretanto não havia sinal algum de a quantidade de gosmas terem diminuído, mas sim aumentado.

— Sieghart... — chamou Laethel.

Sieghart se virou para o companheiro e ao se olharem os dois perceberam que pensavam o mesmo: “algo está errado”...


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