Crônicas de Sieghart escrita por xGabrielx


Capítulo 4
Colônia de Gosmas 4 — Calma




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A trilha que o grupo seguia era feita de pedras encaixadas uma nas outras, mas já estava bastante gasta, com terra e grama cobrindo grande parte dela. Ainda era bastante visível o trajeto graças à falta de objetos no caminho, apesar de que pela altura e abundância de folhas nas árvores, fosse possível ver apenas alguns feixes de luz, mesmo em plena manhã. Isso atribuía à floresta um clima de suspense, graças à penumbra que reinava a floresta.

À medida que o grupo adentrava este ambiente, de atmosfera pesada devido à tensão dos soldados, ‘‘Certamente mais relaxante sem eles’’ pensava Sieghart, mas ainda assim suavizada por um fresco aroma que podia se sentir em qualquer parte da floresta, a altura das árvores aumentava, e alguém de olhos mais atentos poderia observar que apesar da escuridão que envolvia o local, em todo canto haviam várias mudas de árvore crescendo. Estas ainda não haviam desenvolvido nenhuma folhagem, mas se a curiosidade levasse a querer saber como ficariam, bastava somente andar um pouco mais para dentro da floresta e a pessoa encontraria as mesmas espécies em estágios mais avançados: já possuindo a altura de um homem normal e agora com algumas folhas em seu topo.

Por mais estranho que fosse, o excesso de somente um tipo de árvore não causava tédio, mas acalmava, ‘‘Ao menos para mim’’. Mas ele não estava sozinho: muitos dos que iam para a floresta pensavam na visita como um descanso para a mente.

Em contrapartida, quase não era possível ouvir o canto de pássaros, pois os que lá morassem estariam no topo das árvores, a duzentos ou mais metros do chão, onde as gosmas não alcançavam. O viajante deveria contentar-se com farfalhar das folhas, fruto de algum vento mais forte que conseguisse penetrar o extenso teto verde formado pelas árvores.

— Você não parece estar apreensivo. — notou Mer Ellot, comparando seu companheiro de viagem ao resto do grupo.

Sieghart olhou para o mago e percebeu também que ele estava tão calmo quanto antes. Até mais interessado, talvez.

— É que eu já vim outras vezes. — respondeu Sieghart.

— Sério?! — exclamou Ellot, surpreso — Mas então... todos aqueles ossos quebrados... contra as gosmas?

— Oh, não! — corrigiu um dos soldados de fita roxa que estava escutando a conversa — Esse pequeno Furacão Humano aqui – olhando, com um sorriso, para Sieghart, que começara a tensionar seus ombros, de nervosismo — já chegou à terceira parte do treinamento, mas acabou falhando e teve que voltar para a primeira parte. Prazer, Laethelin Lethus. Responsável por Sieghart. — estendendo a mão para Mer Ellot — Mas pode me chamar só de Laethel. — acrescentou, dando um aperto de mão vigoroso.

O soldado que se aproximara era mais alto, e embora bastante jovem, aparentava mais idade que Sieghart. Possuía sua espada guardada na bainha, que era adornada com vários tipos de pedras preciosas. ‘‘Uma turmalina, talvez?’’ pensou Ellot ao observar a pedra azul no pomo de sua espada. No braço esquerdo havia somente uma ombreira de ferro, enquanto somente o braço direito estava fortemente protegido com uma grossa armadura. Seus olhos castanho-claros combinavam com o cabelo castanho-escuro, cor de terra, que chegavam até os ombros.

— Sou Mer Ellot! — disse, alegre por mais alguém se juntar à conversa. — mas voltar da terceira para a primeira fase do treinamento não é um pouco exagerado? — perguntou após ponderar sobre o assunto.

— Também acho, mas não creio que nossa opinião conte muito para o alto escalão... — e continuou, em um tom de voz normal, dirigindo-se a Sieghart. — além do mais, ninguém mandou você correr daquele jeito para dentro do calabouço.

O jovem soldado se defendeu prontamente, como se já esperasse a repreensão. Seu tom de voz contrastava fortemente com o de Laethel, pois era como o de alguém que acabasse de levar uma enorme bronca, soubesse que não deveria argumentar e mesmo assim quisesse falar.

— Eu... não sei o que deu em mim, tá?! Às vezes eu perco consciência da situação, e... eu sei o que estou fazendo, mas... só penso em atacar e atacar e... foi mas forte daquela vez...— sua voz foi sumindo.

Após mais algum tempo de caminhada, como se finalmente tivesse se decidido entre perguntar sobre o calabouço ou a perda de consciência de Sieghart, Mer Ellot escolheu a primeira e perguntou logo após passarem por cima de um enorme tronco de árvore verde caído:

— Que calabouço?

Laethel logo respondeu:

— Calabouço dos Oaks. Era a nossa missão da terceira parte. Dizem que há vários tesouros guardados em seus confins, mas ninguém conseguiu chegar até o final. — após uma pausa, continuou — Ainda assim, é difícil acreditar que os Oaks criaram tantos túneis... e a quantidade de ouro encontrado pela última expedição... dizem que poderia se comprar comida o suficiente para Canaban inteira por até dois anos!

— Dois anos?! – gritou Mer Ellot, chamando momentaneamente atenção de outros em volta.

— Naturalmente, trazer todo o ouro de volta é outra história, já que precisaríamos de dias para carregar tudo...

— Também dizem que entre os tesouros mais valiosos no calabouço, está a Highlander! — acrescentou Sieghart — Ela quase custou a vida de doze dos mais poderosos magos da época para ser encantada e só os guerreiros mais fortes podem segurá-la, porque... — então viu grupo inteiro de soldados à frente virado para ele, percebendo o quão alto estava falando e começando a corar — mas é só uma lenda, então... — e sua voz voltou a morrer.

Sieghart voltou a andar cabisbaixo, enquanto Mer Ellot conversava com Laethel.

Durante o caminho, Ellot soube que cada soldado com a fita deveria acompanhar e aconselhar o outro pelo qual era responsável ate que este passasse no terceiro teste, sendo esse o primeiro requerimento para muitas ocupações no exército.

— Deve ser o primeiro de uns vinte testes — comentou Laethel, sorridente — mas se esse Furacão Humano aqui conseguisse se controlar melhor nas batalhas, tenho certeza de que já estaria nas linhas de frente no exército contra as forças de Cazeaje faz tempo.

— Cazeaje? Mas a última batalha contra ela não foi há mais de dois anos? — contestou Ellot. — A guerra já não... sabe...?

— Bom... estaria qualificado para estar no exército. E a última batalha pode ter sido há dez anos, mas até que ela seja derrotada, a guerra não cessará. Alguma hora, ela certamente voltará a atacar Vermécia.

— Bem, seria mais fácil acabar com ela se toda vez que perdesse uma batalha ela não saísse fugindo para algum canto!

Laethel não respondeu à exclamação, mas mudou bruscamente o assunto, voltando a falar sobre Sieghart, sussurrando de modo que somente Mer Ellot pudesse ouvir:

— Quando estávamos no calabouço, tentando alcançá-lo, passamos por uns duzentos metros de túneis cheios de goblins mortos e quando finamente encontramos Sieghart, ele estava desacordado e caído no chão envolto de uns dês Guerreiros Oak. Nós logo estacamos o sangramento e o levamos de volta para a cidade, mas os alquimistas disseram que com seus ferimentos e a quantidade de sangue perdido, era um milagre ele ter sobrevivido!

Mas antes que Ellot pudesse expressar sua surpresa, o grupo parou e pôde se observar que havia uma enorme clareira e em seu centro uma massa de cor verde-transparente constantemente se remexendo, como se houvesse algo de aspecto pegajoso dentro que quisesse sair. Se transformado em uma esfera, todo aquele volue tomaria uns vinte metros, pensou o mago.

Após parar, o tenente Trilel avisou:

— Chegamos. — se virando para o grupo — À colônia das gosmas.


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Notas finais do capítulo

Colônia das gosmas!!! Será que sobreviverão!??



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