"Eu te amo tanto que te deixo partir"

A chuva caia cálida. Sakura estava sentada olhando para a janela do quarto de Sasuke. Ele dormia tranquilamente, seu peito subindo e descendo regularmente. Parecia normal para quem o visse, mas Sakura sabia como ele estava mais pálido do que o normal.

Ela estava o matando.

Com um soluço baixinho ela olhou para a chave, a cruz de prata com o rubi em seu centro. Não importava o quanto ela se alimentasse, não importava o quanto ela lutasse, seu tempo estava se esgotando. Será que era justo ela estar tomando o de Sasuke também?

Com mais um soluço ela se aproximou da cama do menino e percorreu com o dedo por seu tórax coberto pela camiseta do colégio. Como ela o queria, como ela podia não ter percebido ainda? Estava louca por ele! Desde quando? Ele parecia ser parte de tudo que ela lembrava, como se sua vida tivesse começado quando ele chegou.

Como uma cura.

Ou uma doença.

Ela arrancou os lençóis da cama e se enfiou com ele, se cobriu e abraçou o menino que ronronou como um gato. Sakura deu um sorriso, como ela gostava quando ele fazia isso. Mas as coisas tinham que acabar ali, ela sentiria falta de tudo aquilo.

O menino se revirou na cama. Ele abriu os olhos só para se deparar com uma coisa cor-de-rosa agarrada a si mesmo. Ele identificou os longos cabelos de Sakura dispersados pela cama inteira. Ela repousava, o rosto pálido tranqüilo, os olhos se movendo por baixo das pálpebras – inquietos.

Tocando o rosto da menina de leve ela abriu as grandes orbes verdes rapidamente. Se colocou sentada na cama com um uivo e então jogou a cabeça para frente e agarrou com as mãos.

- Sonho ruim? – perguntou Sasuke.

Sakura se virou para ele e confirmou com a cabeça.

- Muito ruim – disse com a voz esganiçada e então se pois de pé e arrumou a roupa desalinhada – Acho que eu já vou indo então.

Mas ele não deixou que ela partisse, agarrando o pulso da menina ele a forçou a se virar para ele.

- Sakura – começou, ela ergueu uma sobrancelha cética. Como se a doce garota tivesse morrido com o pesadelo que tivera a pouco – Eu sinto muito por ter, ummm, desmaiado.

- Tudo bem, o gosto não estragou.

Sasuke franziu as sobrancelhas.

- Imagino que não, e então, nós estamos juntos?

Sakura se soltou e colocou as mãos nos quadris, deu um sorriso debochado.

- O que quer dizer?

- Bem, eu me declarei para você – ele encarou as próprias mãos – E imagino que você sinta o mesmo...

Sakura soltou uma gargalhada alta, como um relincho e então puxou uma mecha do cabelo para trás da orelha.

- Sentir o mesmo? Não me faça rir Sasuke! Por favor, você é apenas meu refrigerador portátil. – Sasuke ergueu as sobrancelhas.

- Sakura, o que você esta falando? Por que esta sendo tão...

- Má? – Sakura completou a frase e jogou um olhar superior – Bem, é assim que eu sou. Sou má, eu mato pessoas e as como no café da manhã – ela soltou mais uma gargalhada com a piada – Na verdade eu logo acabaria com você se você não viesse com essa bobagem de "ai eu estou apaixonado por você e blá blá blá" – dando um olhar cruel ela terminou – Bem, eu acho que isso é um adeus.

E ela se virou e foi embora, ela foi o mais rápido que pode para que Sasuke não notasse como ela estava desabando ali mesmo.