"O fogo engole tudo que ele encontra"

- Bom – começou o professor colocando seu caderno em cima da mesa – Hoje eu vou passar um trabalho para vocês, em duplas eu quero que vocês pesquisem sobre lendas urbanas. Eu quero isso para amanhã, afinal o festival esta chegando e queremos esse projeto logo – o professor olhou para Sasuke que parecia perdido – Senhor Uchiha, o festival da escola esta se aproximando e nossa sala será responsável por lendas urbanas, por isso estou pedindo o trabalho.

- Ah. – foi a única coisa que ele respondeu.

- Bem, já que é um novato, vou te por com uma das minhas melhores alunas. Hinata? – o professor olhou para a morena na primeira carteira, ela corou bruscamente.

- Na verdade... – começou Sasuke – Eu posso escolher minha parceira? Nada contra, mas eu gostaria disso.

O professor piscou atônito.

- Claro, por que não. – respondeu.

Sasuke então cutucou Sakura, ela se virou para ele.

- Sakura, gostaria de ser minha parceira?

A menina mais uma vez corou, talvez por que nem ao menos sabia do que estavam falando, ela estava distraída demais, mas como um robô ela confirmou.

- Bem, por que vocês não se reúnem e começam aqui?

A sala foi invadida pelo som de carteiras sendo arrastadas, Sakura virou a sua e cruzou as pernas. Ainda estava meio vermelha, ela puxou seu cabelo para trás e então encarou Sasuke e seus lindos olhos piche.

- Bom Sasuke-san... por onde quer começar? – ela se sentia ridícula por nem ao menos saber de que trabalho estavam falando.

- Do começo, imagino – e então ele deu um sorriso torto, meio malicioso e sarcástico. O coração de Sakura deu um grande pulo – Lá em Hong Kong haviam muitas lendas.

- Ah! – então era do projeto do festival que estavam falando! – Bem, imagino que uma lenda de fora seja realmente interessante.

- É... lá na minha terra, nós costumávamos acreditar que as pessoas nasciam sobre signos sabe? – Sakura desviou o olhar e apertou os olhos – Signo de fogo, vento, terra e água.

- Incrível. – ela disse, apesar de não achar nada incrível. Ela sabia o quanto aquilo estava ligado com a realidade, não só pessoas, mas espíritos também.

- Sim, minha família foi sempre conhecida por ser associada ao fogo, lá em casa há muitos livros com essas estórias, talvez deveríamos ir lá depois da aula começar o trabalho.

Sakura voltou a olha-lo. Ele parecia acanhado de convidar a jovem. Ela sorriu doce.

- Acho uma ótima idéia.

E o sinal bateu.

A casa de Sasuke na verdade era uma mansão. Ela tinha o estilo oriental em toda parte, desde o teto até os dragões no jardim.

Sakura retirou os sapatos timidamente e então seguiu o moreno que andava com as mãos no bolso da calça.

- Você mora aqui sozinho? – ela perguntou querendo puxar assunto, o moreno virou em um corredor.

- Sim. Imagino que seja estranho uma casa tão grande e eu morando sozinho.

Os dois pararam quando Sakura começou a rir, ele se virou para ela.

- Me desculpe – ela disse corando – Eu ri por que eu também moro sozinha em uma casa bem grande, não tanto quanto a sua, mas ela caberia uma família de dez pessoas sem problemas.

Sasuke franziu as sobrancelhas, aquilo parecia ser sua marca registrada. Ele então se virou e continuou andar, até que os dois entraram em uma enorme biblioteca.

O menino então fechou a porta atrás de Sakura e abriu as janelas para que o Sol entrasse.

- Sinta-se a vontade para ver qualquer livro que quiser – ele disse – Eu não venho muito aqui então não sei aonde os de lendas estão, de qualquer forma, vamos ao trabalho.

A jovem confirmou e começou a percorrer com o dedo sobre os títulos dos livros. Alguns pareciam realmente velhos, com suas capas de couro surradas e os nomes apagados. Outros eram mais modernos, Sakura reconheceu o nome de um ou outro enquanto vasculhava.

Ela retirou um das estantes.

Era enorme, e pesado, mas ela carregava como se fosse uma pluma. Abriu a capa e olhou para as páginas amareladas, estava tudo em chinês.

- Hey Sasuke – ela chamou, o menino se aproximou com alguns passos rápidos – Você pode ler isso pra mim?

Ele tomou o livro e fez uma careta com o peso.

- Er... vamos ver, está escrito "Sobre os espíritos chineses" – ele falou e então recitou uma frase em chinês – Algo sobre os signos que eu te falei antes. Uau, você fez uma boa escolha.

Sakura sorriu sem-graça e então os dois começaram a ir em direção a mesa, mas a menina parou no meio do caminho. Ela ficou como uma estátua e então virou-se bruscamente para a porta fechada da biblioteca, como se alguém estivesse chamando.

- Sakura? – falou Sasuke. A menina voltou a olha-lo.

- Ah! – e então ela abriu sua mochila e pegou rapidamente sua chave – Sasuke, aonde é o banheiro?

- Segunda porta a direita no corredor – ele disse – Quer que eu te mostre?

- Não. – ela disse e então foi em direção a porta, a fechou com um baque e sussurrou seu pequeno feitiço.

Água, caia nesta terra ensolarada; Vento, traga nuvens e esconda esse sol que queima; Fogo, dê-me força para o que acontecer a seguir e Terra, protege-me com sua força, ou então fecha-te sobre mim.

A chuva começou a cair, ela então balançou a cruz que traçou a linha azul turquesa pelo longo corredor. Ela a seguiu sem pestanejar. Até que por fim ela chegou até um quarto.

Abrindo a porta sem hesitar, ela ficou a cruz no chão e chamas começaram a lamber todo o aposento, uma enorme raposa de fogo surgiu, seus olhos e boca - buracos da onde labaredas azuis e verdes gritavam.

Sakura pegou a chave e ela se tornou em uma foice.

- Alma atormentada, do signo do fogo, eu lhe abençoou e lhe entrego a paz – ela então se jogou para a raposa que voou para outro canto. Sakura grunhiu e foi zumbido mais uma vez para a raposa.

A fera continuou quicando com a menina atrás dela. Sakura soltou um xingamento baixo quando sua perna foi atingida pelo fogo, causando uma queimadura grave.

Com um gemido ela parou e seus olhos se tornaram vermelho sangue, e antes que a raposa pudesse fazer alguma coisa, a foice passou por seu corpo de fogo e uma chuva de fagulha coloridas explodiu no quarto.

- Amém.

A menina então soltou a foice que voltou a ser apenas uma chave, ela examinou a perna queimada em carne viva.

- Maldição. – disse sem fôlego, a besta dentro de si começou a gritar.

- Sakura?

Não!

Mas antes que a menina se desse conta ela já havia agarrado Sasuke e enfiado seus dentes no pescoço dele.