Um Sonho - Capítulo Três

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- Então, você costuma passear por Las Noches vestindo apenas uma toalha de banho, mulher? – perguntou Ulquiorra de um modo debochado, para Nelliel.

A bela garota de seios fartos e dotada de um corpo escultural, ficou sem reação. Ulquiorra havia deixado ela sem saída, sem idéia do que responder. As únicas palavras que ela conseguiu pronunciar, agora já com o rosto enrubescido, foram:

- N-não! Na verdade eu estava vindo tomar banho, mas como você já estava aqui, eu não quis incomodar... Por isso, eu já vou ind... – Nelliel mal terminou de explicar-se e já estava recuando em direção à porta de saída.

- Espere, mulher! – gritou o 4° Espada, paralisando qualquer movimento que Nelliel pensou em fazer.

- Quer dizer que você simplesmente vai desistir do que havia planejado, por causa da minha presença aqui? Se ficar mais confortável para você, eu posso ficar de costas... – disse Ulquiorra agora de uma maneira estranhamente gentil...

-N-não é isso! Eu só não queria incomodá-lo Ulquiorra-san!

- Não está me incomodando... Entre logo, ou vai ficar resfriada. Está frio aí fora. – o modo que ele usou essas palavras fez Nelliel acreditar que ele se preocupava um pouco com ela.

- T-tudo bem, então eu vou entrar... – dizendo isso, Nelliel dirigiu-se a fonte termal, delicadamente, e com o rosto levemente rosado.

- Ahhh... A água está tão quentinha... É perfeita para relaxar... – comentou Nelliel.

Ulquiorra virou-se de costas para ela, ignorando totalmente seu comentário.

"Que cara estranho... Ele pareceu ser tão gentil agora a pouco, e do nada me ignora completamente!" – pensou ela.

- Ulquiorra... – chamou Nelliel com sua doce e suave voz.

- O que você quer mulher? – respondeu o Espada, ainda de costas, de uma maneira desinteressada.

- Porque você é assim desse jeito frio com todos que tentam se aproximar de você? Você nunca teve nenhum amigo para te fazer mais feliz, mais alegre? – perguntou Nelliel com um pouco de irritação em suas palavras.

- Sou desse jeito porque quero, não preciso de amigos para me sentir melhor, estou muito bem sozinho. Depender de pessoas, amizade, sentimentos, isso só gera fraqueza... – Desta vez, ele não ficou de costas, virou-se de lado e ficou encarando Nelliel nos olhos enquanto falava de um modo indiferente.

Apesar da resposta de Ulquiorra, Nelliel não intimidou-se, e retribuiu a resposta dele.

- Fraqueza? Pra ter tanta certeza do que diz, então é porque você já passou por alguma experiência desse tipo, não é mesmo? Como poderia afirmar algo que você nunca experimentou, nunca viveu ou conheceu? – perguntou ela, agora com uma voz triunfante.

- Não é necessário viver algo para conhecer como é, se fosse inteligente, perceberia que o exemplo dos outros que estão a nossa volta, já mostra tudo claramente. – respondeu ele, com um ar de superioridade.

- Você tem medo, não é? – perguntou ela agora com um olhar de ternura para Ulquiorra.

- Medo? Você está louca mulher? Do que eu teria medo? – perguntou ele, agora surpreso com a pergunta da 3° Espada.

Ulquiorra surpreendeu-se tanto com a pergunta de Nelliel, que seu corpo virou-se de frente para encará-la, de uma maneira quase que automática.

Nelliel sentiu o olhar penetrante dele em seus olhos, que era como duas esmeraldas, que mesmo com pouca luminosidade, era inevitável não olhar para eles.

- Você tem medo. Medo de se apegar em alguém, de criar laços, tanto de família, como de amizade. Porque você não quer ser dependente da existência de alguém que seja importante. E eu acredito que é por isso que você afasta todos que tentam se aproximar, porque talvez, você também não quer que essas pessoas dependam de você. Não é mesmo? Ulquiorra? – concluiu Nelliel com um olhar de compreensão voltado para ele.

- Já disse, eu não preciso de ninguém. Isso é pura idiotice. Se você é assim, o problema é seu, não tente me comparar com o modelo que você acha que é certo ou errado. – respondeu Ulquiorra friamente, sem demonstrar nenhuma mudança de expressão no rosto.

Nelliel já estava ficando irritada com a atitude dele, então levantou-se e começou a caminhar em direção a ele. A distância que os separava era de apenas 5 metros. E ela estava determinada a ultrapassar esse limite.

- Aonde pensa que vai mulher? – perguntou ele, ainda sentado embaixo d'água.

Ela ignorou-o e continuou a caminhar dentro da fonte em direção a ele. Ela queria mostrar que ele estava errado em escolher isolar-se de todos.

Agora a distância que os separava era de apenas 2 metros.

- Espere! Cuidado por aqui tem uma ped... – gritou Ulquiorra tentando impedi-la de avançar mais a frente.

Seu esforço foi inútil...

- A-a-aahh! – Nelliel gritou quando seu pé trombou com a pedra escondida debaixo d'água.

Ela teria caído, mas com um rápido movimento, Ulquiorra estendeu os braços para segurá-la...

Nelliel estava com os olhos fechados, esperando pela queda que não ocorreu. De repente sentiu que algo havia lhe segurado. Os corpos dos dois estavam tão pertos, que ela conseguia sentir a respiração dele em sua orelha, o calor do corpo dele agora aquecia o seu corpo. Como se tivessem se tornado um.

Ulquiorra podia sentir as batidas do coração dela, que estava disparado por causa do susto da queda. Pela primeira vez, ele esteve tão perto de alguém, e pela primeira vez, ele não quis separar-se dela, queria que aquele momento durasse um pouco mais. Era o que os dois queriam. Conhecer juntos essa nova sensação que estavam passando.

Após alguns segundos, o rosto de Nelliel ficou vermelho como pimenta, e as maçãs de seu rosto ficaram quentes como fogo. Ulquiorra, mesmo tendo a pele pálida, também ficou vermelho quando viu a maneira que estava segurando Nelliel... Uma de suas mãos estava segurando um dos macios seios de Nelliel, e a outra estava segurando o quadril... (*Instantes para imaginar a cena*)

Silêncio...

...Estado de choque...

...Recobrando a consciência...

Cada um deles saltou para um lado da fonte, confusos com o que aconteceu. Não conseguiram dizer nada, nem se olhar no rosto...

Ulquiorra se levantou e dirigiu-se a porta, dizendo:

- Da próxima vez, preste mais atenção por onde anda. Mulher distraída... – disse ele friamente, mas com algo que parecia um tímido sorriso.

Nelliel curvou a cabeça para baixo, se sentindo culpada pelo que aconteceu.

- Perdoe-me Nelliel-san. – disse Ulquiorra antes de sair totalmente do local.

Ela surpreendeu-se com esta última frase dita por ele.

- Ulquiorra...

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Quando Ulquiorra saiu das sala das fontes termais, ele sentiu a presença de um outro Arrancar, que estava escorado ao lado da porta por onde ele havia acabado de sair, com um sorriso largo e forçado no rosto.

- Estava espiando alguém de seu interesse? Ou apenas perdeu o sono? – perguntou Ulquiorra ao Espada a seu lado.

- Pode-se dizer que perdi o sono, e achei que seria divertido ver o que acontece a noite aqui em Las Noches... – respondeu o Espada.

- Conseguiu se divertir, Nnoitra Jiruga? – perguntou Ulquiorra.

- Não tanto como você, não é mesmo? Ulquiorra? – respondeu Nnoitra ainda sorrindo debochadamente.

Ulquiorra ignorou o comentário feito pelo 8° Espada, e retirou-se para o seu quarto. Nnoitra fez o mesmo, e em seguida Nelliel retornou ao seu também tentando esquecer o que havia acontecido.

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Raiva... Ódio... Fúria...

Nnoitra guardava esses sentimentos dentro de si a muito tempo, e após ter visto a cena de romântica entre Nelliel e Ulquiorra, esses sentimentos vieram à tona.

Ele caminhava de um lado a outro dentro do quarto, não entendia direito, mas estava furioso com ela, tomado por ódio. Ele não sentia tanta raiva de Ulquiorra do mesmo modo que sentia DELA.

"Mas o que ela fez de errado? Ela é solteira e livre pra ficar com quem quiser! Porque estou me importando com o que ela faz? Quem sou eu pra me intrometer?" – pensava Nnoitra sem entender o porquê de tanto rancor. Mas... Bem no fundo de seu coração orgulhoso, ele sentia que devia impedir que ela se aproximasse de outro Espada, sentia que era o ÚNICO capaz de protegê-la contra tudo e todos, sentia que só ele e apenas ele iria amar ela de verdade.

"Amar? Amor é pra fracos! Não preciso dela, e muito menos estou interessado por ela... Até parece... amar? De onde tirei isso? Que idiotice..." – pensou Nnoitra desiludindo-se e lutando contra a verdade.

Mentir é fácil, difícil é assumir a verdade.

- Aaaahh! Eu ODEIO ela! Aquela vadia! – gritou Nnoitra em seu quarto tentando liberar um pouco de toda a raiva que estava sentindo.

"Eu não posso ficar assim! Preciso mostrar a ela o quanto ela é insignificante para mim! Ela quer me provocar, é? Então eu também vou entrar nesse joguinho dela... Hahahaha! Espere só pra ver... Nelliel..." - pensou Nnoitra deitado em sua cama tentando acalmar-se após sua explosão de sentimentos voltados para Nelliel.

(...)