Suicídio escrita por maribocorny


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

- lafayette, 2432, ou a pensão -



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A rua Lafayette ficava na periferia da cidade, perto das docas, e fedia a peixe. As ruas eram sujas, e as poucas pessoas que estavam na rua naquela hora pareciam ser mais sujas ainda. Grafitis e pixações decoravam os muros como uma arte decadente e em estado de putrefação por causa do mofo e das infiltrações causadas pela umidade e maus cuidados.

- Tem certeza que você vai ficar aqui, moça? - O taxista perdera o tom engraçadinho, mas não parecia se importar muito com a resposta.

- Sim, é aqui. - Leah falou com mais confiança do que sentia quando o carro parou na frente do número 2432. Era um grande edifício de tijolos, mas com uma aparência decadente. O 3 só era identificado pela sombra de sujeira que havia ao redor do número antes dele cair.

Ela pagou o motorista, sem gorjeta. Ele saiu resmungando, mas Leah já havia se acostumado a ignorá-lo. Empurrou Rube para fora do carro e o segurou mais uma vez, colocando o braço do rapaz ao redor de seus ombros e o segurando pela cintura.

- Que tipo de inferninho é esse que você mora, Rube? - Leah murmurou para o jovem desacordado.

Precisou lembrar a si mesma que já havia morrido e encarado a própria morte nos olhos mais vezes que podia se lembrar antes de reunir a coragem para bater na porta do número 2432.

Rube sacudia a cabeça com uma frequência diferente, o que fez Leah pensar que ele poderia estar acordando. Já era hora, o ombro dela estava completamente adormecido.

Bateu mais uma vez, dessa vez com mais força, mais decidida.

Uma mulher abriu a porta. Devia estar próxima dos quarenta anos, os cabelos escuros, presos em um coque nada firme, caiam sobre o rosto pálido. Vestia uma camisola azul, puída e gasta pelo uso. O ar cansado dela, no entanto, não era o bastante para reprimir a irritação.

- Que merda é essa? – A mulher gritou. – Que diabo você quer numa hora dessas?

- Meu amigo disse que morava aqui... – Leah ensaiara mentalmente o que diria ainda no táxi. Mas ainda não estava acostumada a falar com outras pessoas, sua voz saiu mais fraca do que imaginou.

A mulher segurou o rosto de Rube afim de identificá-lo.

- Que filho da mãe! – Ela disse. – Quem iria imaginar que ele estava falando sério, hein? Você que é a irmã dele?

- Irmã? – Leah foi pega desprevenida.

- Ele disse que a irmã iria passar um tempo com ele.

- Ah. – Leah precisou pensar rápido. – Na verdade, somos primos, mas fomos criados juntos, sabe como é?

A mulher ergueu uma sobrancelha, desconfiada. Leah acrescentou um sorrisinho nervoso para dar credibilidade à mentira. Se não acreditou, a mulher não deu importância à mentira. Ela colocou o outro braço de Rube ao redor de seus próprios ombros e ajudou Leah a carregá-lo.

- Ele tá morando aqui na pensão faz alguns meses. – A mulher declarou. – Quarto 6, fica ali perto da escada. Porra, o que foi que ele tomou?

- Eu não sei direito. – Leah já estava mais à vontade e improvisou. – Ele nunca foi muito forte pra bebidas.

- É o que parece. – A mulher disse enquanto elas carregavam o inconsciente Rube até o quarto 6. – Eu sou Naide, a propósito, se precisar de alguma coisa.

- Ah, certo, prazer. – Leah sentiu o coração bater mais rápido, nervosa. Deveria se apresentar também? Poderia ela dizer seu verdadeiro nome.

- Bem, aqui tem uma cópia da chave. – Naide não estava interessada, e Leah se sentiu agradecida por isso. A mulher colocou a chave na fechadura e girou até abrir a porta. – Você pode ficar aí com ele por uns dias, tem uma cama extra, sabe? Daquelas que ficam embaixo da cama, de puxar e armar. Ele tem uma geladeirinha, deve ter café ou qualquer coisa. O resto eu não sei, é coisa dele.

- Certo. – Leah colocou Rube na cama desarrumada. – Obrigada.

- Só... – Naide bocejou. – Não façam barulho e me deixem dormir.

Naide bateu a porta e deixou Leah sozinha com o inconsciente Rube mais uma vez. Leah puxou a cama de armar debaixo da cama dele e desabou ali, alheia ao resto do pequeno e sujo quarto.


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Notas finais do capítulo

nem sei, gente... aconteceu, hehe. ^-^
tô sem ideia para alternativas, mas me digam o que vocês gostariam que acontecesse que eu fico feliz. :o)