Vnc! Verde no Castanho. escrita por flipward


Capítulo 2
(mini) Livro dois.


Notas iniciais do capítulo

Narração: Paul.



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            Naquela noite o campinho estava diferente, ou era apenas eu. Olhei para aquele lugar que eu tanto amava, seria a última vez que eu o veria; olhei para a lua, que de onde ficávamos era incrivelmente linda. E olhei para a menina que estava comigo; seus cabelos castanhos estavam soltos aquela noite, com os cachos bem definidos voando ao luar. Seus olhos num castanho quase amarelado maravilhosamente lindo me encaravam com certa raiva e um pingo de dor.

            _ Por favor, Lizzie. Não me olhe assim. – Falei e percebi que a dor que eu sentia saiu em minha própria voz. – Você sabe que não gosto de ficar brigado com você.

            _ Queres que eu fique como? Você vai embora, Paul, vai me deixar e esquecer de mim.

            _ Eu não vou esquecer você, Lizzie. Não mesmo. Poxa, você é a minha melhor amiga. – Falei olhando em seus olhos.


            Ela não respondeu, simplesmente começou a chorar. Sim, chorar por mim. Já vi Elizzie chorar muitas vezes por minha culpa, quando eu batia nela ou quando ganhava em algum jogo, mas nunca dessa forma ou por um motivo assim. Eu estava sem reação. Ela continuou parada chorando enquanto eu a observava. Como era linda. Cheguei mais perto e em minha inocência de dez anos de idade a abracei timidamente, dei alguns tapinhas em seus ombros, sem jeito.


            _ Não chora, vai. – Falei sem saber como agir.

            _ Eu não quero que você vá. – Disse entre choros.

            _ E eu não quero ir, Lizza. Quero ficar por sua causa. Mas tenho que ficar com minha mãe, sou o homem da casa agora.

            Sentamos embaixo de uma árvore como de costume, e ficamos olhando a lua.

            Meu relógio marcou 5hrs da manhã, tínhamos que ir para casa antes que notassem nossa falta. Nos levantamos e olhamos mais uma vez para o sol que estava nascendo.

            _ Em pensar que nunca mais verei isso. – Falei olhando para longe.

            _ Você está preocupado por nunca mais ver o campinho? Puxa Paul, eu estou chorando porque nunca mais vou te ver. – Tanto sua voz, quanto o seu olhar era triste.

            Enquanto nossos olhos se encontravam, senti um enorme aperto em meu coração ao ver algo no olhar de Elizzie que na época eu não consegui notar o que era. Hoje, crescido e mais velho, sei que era dor. Segurei suas mãos pequenas, menores que do que as minhas, e disse com um sorriso triste.

            _ Eu nunca vou esquecer você, Lizza. Nunca.

            Ela tentou sorrir para mim, porém como chorava seus lábios tremeram sobre os dentes. E da mesma forma, achei aquilo lindo.

            Sem saber muito o que estava fazendo e até hoje não sei o porque de ter feito isso, talvez fosse o instinto, ou no fundo eu sabia que no futuro aquilo significaria alguma coisa, aproximei meu rosto do dela e encontrei seus lábios.

***


            A hora de despedida não poderia ser pior. Me lembro perfeitamente de como me senti naquela tarde. Eu era muito novo e muito ingênuo, mas isso não me impediu de sentir aquele turbilhão de sentimentos. Senti medo, tristeza, angustia, dor e amor. Na hora eu não sabia que era isso, mas hoje sei. Sei que ao ver Elizzie chegando para se despedir de mim, senti amor. Senti tristeza ao abraça-la, tristeza por saber que nunca mais a veria. Angustia por ao entrar no carro e ver a figura de Lizza, acenando para mim do lado de fora da janela com lágrimas em seu rosto bonito diminuir. Senti medo por não saber no que daria, medo do novo. E dor, muita dor, por está deixando toda a minha vida para trás. 

             Durante o ano que se passou, sempre que possível eu escrevia para Elizzie como prometi. Por um tempo, o que me ajudava a ficar menos triste naquele País desconhecido, era o fato de que uma hora ou outra, uma carta de Lizza chegaria.

                                                                                  Rio de Janeiro, 23 de agosto de 1999.


            Capitã,

            Faz uma semana que eu saí daí, e acredita que ainda não me acostumei com o Brasil? Sim o lugar é lindo e tudo mais, só que não tem o nosso campinho e nem tem você. Não tenho nenhum amigo por aqui, além do meu primo, Brian, lembra dele? Pois é, estamos morando na casa dele por uns tempos. Mas mesmo assim, eu sinto sua falta. Quem diria, não acha? Que eu sentira a falta de uma gorda, chata e mandona?

            Sabe Lizza, eu queria muito que tudo isso não tivesse acontecido. Não queria ter saído de New Island, eu gostava daí, gostava da escola, do lugar, das pessoas... eu gostava de estar com você. Mas enfim, agora eu sou o homem da casa, como já te disse antes e tenho que ficar aqui para cuidar de minha mãe, mas nunca esqueça que eu nunca vou te esquecer.

Beijos, Liz.

                                                                                                                                 Paul.


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