A Mulher da Casa escrita por sisfics


Capítulo 7
Capítulo Sete: Etapa Dois - Emmett Cullen




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Isabella Pov

- O feitiço se virou contra o feiticeiro. - Rose gritou antes de dar uma gargalhada.

Os olhos de Alice fulmegaram de ódio, eu poderia ter morrido carbonizada naquele instante. Sorri sem graça, acompanhando timidamente o escândalo de Rosalie, desejando não ser posta para fora de casa pela baixinha.

- Não exagera. - catuquei a loira com o pé.
- Oh, me desculpem, eu precisava dessa libertação. Sinto-me mais leve.
- Quem ri por último ri melhor. Se esqueceu que o próximo na lista é Emmett?
- Ela disse que desistirá do plano.
- Pobre surda. Ela disse que está pensando em desistir. Não é, Isabella? - as duas me olharam inquisitoramente.
- Voltando ao assunto de ter te usado como inspiração, peço mil desculpas, Allie. Mas a idéia pareceu esplêndida.
- Tirar sarro da minha cara na frente de Rosalie também. - cruzou os braços e fez bico.
- Nada mais justo. Você tirava da minha.
- Concordo com Rose. - sussurrei.

Alice quicou na poltrona e fez com os ombros como se não se importasse.

- Eu sou mesmo capaz de conquistar qualquer homem. - disse para si mesma nos fazendo rir.
- Disso não há dúvidas, baixinha. Mas, bem, não contei antes por medo da sua reação, gostei de não ter se importado. Mas como disse antes: desisti de Jasper porque não me vi com forças para dar continuidade. Tenho olhos de irmã para ele.
- Ao que parece não é recíproco. - Rose atiçou.
- Não tentou me beijar claramente. Só foi uma idéia que deve ter passado por sua cabeça incitada pela proximidade. Agora vejo que ele só agiu dessa maneira comigo porque eu o estava estimulando. A primeira etapa está mais do que completa. Depois de um mês Jasper Cullen está fora da jogada de Edward.
- Conversará com ele amanhã? - Allie perguntou.
- Sim, espero ter forças para isso.
- Viu, Rosalie? Ela disse que desistiu de Jasper. Não de Emmett.
- Claro que ela desistiu dele, Alice. Percebeu que foi feito para você.

- Trocarão farpas a noite toda? Que inferno! - me levantei e fui para o meu quarto dormir.


No dia seguinte, acordei e fui para a mansão. Enquanto estávamos no parque no dia anterior, Jasper dissera que eu não precisava dormir na mansão só por causa de Nessie, já que a febre se fora. Então fiquei na cidade para contar as novidades as meninas.

Quando cheguei, concluí rapidamente minhas tarefas da manhã. Preparei o café, arrumei a mochila de Nessie, a ajudei a fazer a cama e arrumei a mesa.
Só Jasper havia descido e nos encontrou na sala de jantar conversando.

- Bom dia. - desejei.

Ele sorriu em resposta e se sentou.

- Hey, você disse ontem quando foi para a cidade que ia trazer Bella pra dormir essa noite aqui em casa e não cumpriu sua promessa. Está me devendo uma. - ela disse autoritária.
- É bem abusada mesmo. - Jasper murmurou revirando os olhos - Eu disse que pediria para ela dormir aqui, mas a sua tão querida Isabella além de arrumar sua bagunça ainda está num segundo emprego na cidade e ela precisava descansar. - Nessie fez bico.
- O Edward é mais bagunceiro que eu. Pára. - não segurei a gargalhada.
- Nisso eu concordo. - Carlisle disse ao entrar na sala, seguido de Edward com a mesma cara de insatisfeito de sempre - Só não entendi a parte do segundo emprego. Que história é essa?
- Bem, doutor, é que uma das minhas amigas que trabalha no restaurante torceu o pulso e não pode fazer esforço. Por isso, resolvi dar uma força para o dono e estou servindo as mesas a noite e aos domingos, enquanto ela fica na cozinha.
- Não pode trabalhar desse jeito, Isabella. Deve ter um tempo para descansar e cuidar de você mesma. - Edward riu e interrompeu o movimento de se sentar na mesa.

Seu pai também se interrompeu quando ele engoliu em seco, olhou para Carlisle por baixo dos cílios e curvou os lábios em outro sorriso amargo. Tive medo, pois via claramente que ele estava se segurando para não gritar.

- Olha quem fala, o bom samaritano.
- Pode nos poupar de todo seu sarcasmo logo pela manhã, Edward?
- Só estou curioso, papai. Contratou essa garota para cuidar da casa porque pensou em melhorar as coisas por aqui ou foi só para se livrar de vez de nós?
- Já chega. - Carlisle rosnou.
- A mandou descansar, mas e você doutor? Qual sua hora de lazer? Qual sua hora de cuidar das crianças? Quando não está no hospital, está no voluntariado. Cuida mais das enfermidades dos outros do que a da própria filha. Vai esperar ela ter uma convulsão da próxima vez para aí sim vir para casa?

Seu pai segurou firmemente na borda da mesa, controlando aos poucos sua resposta.

- Eu jamais deixaria que alguma coisa acontecesse a sua irmã. A situação estava sobre o meu controle. E sobre o meu trabalho, duvido muito que um rapaz como você que não sabe sequer o que é ter responsabilidade pode dizer uma vírgula sobre o que eu faço.
- O que você faz? Ignorar a verdade, papai? Sim, realmente, eu não sei nada sobre isso. Perdi a fome, com licença.
- Edward, fique. Você tomará o café com sua família.
- Não quero estragar seu auto-controle.
- Sente-se agora. - pela primeira vez a voz tão calma de Carlisle me fez tremer - Ficará conosco.
- Mande Isabella sentar no meu lugar. Ela precisa mesmo descansar. Não fará tanta diferença. - saiu batendo pé.

Edward, ao passar pela sala, chutou o sofá com tanta força que chegou a empurrar o pesado móvel. Ele apanhou o capacete sobre o aparador e saiu. Onde estava com a cabeça? Não podia sair dirigindo descontrolado daquele jeito. Meu coração subiu a garganta cogitando algum acidente. Poderia bater de frente com uma árvore ou um carro tudo por uma briga estúpida.

- Com licença. - sussurrei deixando a família.

Não entendi o medo que me tomou por vê-lo tão arredio. Também não queria ficar na sala para assistir aquele conflito de família. Me sentia culpada pelo início da briga, então me escondi na cozinha até que todos foram embora.

[...]

Minhas mãos percorriam seus fios do alto da cabeça até as pontas. Não era a primeira e nem seria a última vez que Rennesme pedia para conversar antes de dormir por estar sem sono, então eu ficava lá sentada pensando em todos os meus problemas enquanto fazia malabarismos para fazê-la dormir.

Finalmente seus pequenos olhos verdes se fecharam, sua expressão se tornou serena e a mão não apertava mais a colcha entre os dedos com tanto temor. Relaxei, respirando mais fundo e, depois de esperar cinco minutos para ter a certeza que dormia, me levantei.

Soube que não tinha motivos para me assustar, ainda assim foi tudo muito rápido e não deixei de pular ao ver Edward parado na porta do quarto nos observando. Levei a mão até o coração o sentindo palpitar, agradeci por ter sido controlada o suficiente para não gritar, olhei para Nessie que continuava dormindo, então o encarei com raiva.

Ele sequer se mexeu. Fui até ele, o pressionei para dar um passo para trás e fechei a porta. Ainda assim estava próximo demais, eu sentia o calor que emanava de sua pele, o cheiro do perfume e do cigarro.

- Por favor, não acorde sua irmã. Ela custou demais para cair no sono. - sussurrei.

Ele me fitava daquela maneira novamente. Aquele verde tão assustador quanto caloroso. Pretendia sair dali, mas segurou meu braço, me posicionando de novo entre ele e a porta.

- Porque cuida tanto assim dela?
- Sou a babá. O que eu deveria fazer?
- Se afastar. - rosnou.
- Concordamos nisso. - debochei.
- Eu te assustei?
- Essa é a função dos fantasmas.
- Falei sobre hoje de manhã. Não se faça de idiota.
- Não se preocupe comigo. Se não tivesse estômago forte para aguentar crise de criança mimada, eu nunca me candidataria a uma vaga nesse tipo de emprego. Com licença e boa noite. - fiz força para me soltar e consegui.

Desci as escadas com medo de cair já que minhas pernas não paravam de tremer sem motivo, só voltei a respirar no quarto. Era melhor trancar a porta essa noite.

Dias depois

- Não fui eu que joguei o carro deles da ribanceira e mesmo assim ganhei um castigo, sua idiota. - Vanessa rosnou.

- Você prometeu que nunca iria embora. Você nunca mais vai me ver, Bella. Nunca mais vai me encontrar. Estou perdido. Perdido. - Willian gritou chorando, então outro chute acertou meu rosto, me fazendo rodar na lama.

- Não vá em frente. - levantei o rosto, encontrando Edward parado ao meu lado.

Um ódio subiu queimando pela minha garganta, então como nunca pensei que pudesse, me levantei e despejei dois socos em seu peito. Mas ele agarrou meus pulsos, olhando dentro dos meus olhos. Joguei meu peso para trás, chutei a terra aos meus pés tentando me desprender.

- Me solta. Me deixe ir. - gritei.
- Mas você não quer.
- Larga meu braço.
- Não vá em frente, Bella. Por favor? - me puxou num solavanco, colando meu rosto ao seu - Não vá, por favor.

Me virei, expulsando o ar roucamente pela boca e, por causa do cobertor enrolados nos meus pés, acabei caindo da cama. O baque foi alto e a dor na clavícula me fez gemer. Estava praguejando maldições para todas as gerações futuras quando bateram na porta interrompendo meu desabafo.

- Isabella? - era a voz de Emmett.
- Er... oi. - gritei ainda lutando com os panos.
- Você está bem?
- Sim. - olhei para o relógio na cabeceira - Já vou sair para fazer o café de todos. Desculpem o atraso.

Me ergui, jogando os panos sobre a cama e fui para o banheiro. Me arrumei o mais depressa que pude, achando que todos estavam na sala me esperando, mas ao sair de dentro do quarto só Emmett estava na cozinha preparando café para ele mesmo. Quando me viu, deu um leve aceno e continuou o trabalho.

- Er... me desculpe ter atrasado?
- Você não está atrasada para nada, Bella. Eu que acordei muito cedo. Queria sair para andar na margem do rio, mas a tempestade que está caindo não deixou. Desculpe ter batido na sua porta, mas você estava gritando. - corei com vergonha dos meus pesadelos.

Fui até o armário, tirei de dentro tudo que precisaria para preparar a refeição. Fiz o mesmo na geladeira, deixando tudo sobre a mesa, nunca encarando Emmett. Estava envergonhada, não somente por tê-lo incomodado com meu desespero idiota e infantil, mas porque era a primeira vez dele em casa desde que eu decidira cancelar meus planos com Jasper e eu ainda não tive a mesma certeza com ele. Na verdade, nem pensei nisso durante a semana.

- Era um pesadelo? - perguntou me expulsando dos devaneios.
- Do que está falando?
- Daquele barulhão no seu quarto. Olha, todo mundo já acordou gritando no meio da noite por causa de alguma coisa. Não precisa ficar vermelha desse jeito. - murmurou dando leves risadas.
- Não é engraçado. - rosnei sem sentir.

Voltei a fazer tudo que precisava roboticamente, talvez ele tenha entendido como aborrecimento, mas na verdade eu não estava dando importância alguma para o que disse. Só me sentia incomodada por acordar todas as vezes com o mesmo maldito sonho. Desde os nove anos sendo importunada pelos mesmos fantasmas era no mínimo cansativo.

- Isabella?
- Pois não?
- Não queria te ofender, nem tocar num assunto que não me interessa, desculpe? - olhei pela primeira vez em seus olhos, forcei um sorriso e dei de ombros.
- Não precisa se desculpar, não há problema algum.

Ele me observou ainda desconfiado até que sua presença começasse a me atrapalhar no manuseio do fogão e da pia, então Emmett se retirou. Preparei tudo rapidamente, arrumei a mesa e esperei que todos descessem. Jasper e Edward vieram rapidamente e o mais velho me contou que Carlisle saiu às quatro da manhã de casa com uma emergência no hospital. Ele também sairia logo e pediu uma carona para Emmett que arranjou uma visita a cidade com um amigo. Jasper explicou que estava empolgado com uma idéia que tivera. Em seguida, piscou para mim, a tal idéia era sobre algo que eu tinha lhe falado sobre seu futuro.

- Vamos logo, Jas? Quero passar numa loja no centro antes de me encontrar com Paul. - se levantou com o prato na mão.
- Eu tiro a mesa. - tomei a frente.

Logo saíram de casa no grande jipe verde de Emmett. Torci para Jasper avançar mesmo na idéia de ser escritor. Quando voltei para a mesa, Edward já estava se levantando, mas Rennesme ainda não tinha descido. Esperei alguns segundos, dando dianteira ao zumbi. Quando já não corria risco de encontrá-lo no corredor, subi até o quarto da pequena para chamá-la para o café.

Ela estava completamente enrolada no cobertor. Suas pernas estavam curvadas, seus cachos soltos pelo travesseiro formando uma grande auréola castanha em volta do rosto. Passei a mão em seu cabelo e sorri.

- Nessie, hora de acordar. - sequer se mexeu - Vamos, sua preguiçosa. É sábado, você deve se levantar logo e aproveitar o dia. Fiz panquecas.

Notei a gota de suor que se formava em sua testa. Toda a pele de seu rosto estava úmida.

- Nessie?! - me assustei ao pousar a mão em sua testa, pois a menina estava pegando fogo - Meu Deus. - a sacudi forte algumas vezes, mas ela não queria acordar.

Fui até a caixa de remédio guardada no armário embaixo da pia da suíte e procurei o termômetro como uma louca. O achei, e logo levei até Rennesme. Tirei todos os panos em volta dela, ainda assim não acordou, depois medi sua temperatura. Tomei um grande susto ao ver o resultado. A criança estava com quase quarenta graus. A única pessoa em casa com nós era Edward. Por isso, sem pensar demais corri até seu quarto e bati na porta várias vezes chamando seu nome.

Na terceira tentativa, imaginei que talvez estivesse me ignorando de propósito, então entrei sem hesitar. O encontrei deitado na cama com fones de ouvido. Chegando mais perto, arranquei os pequenos fios brancos, o que o fez dar um pulo na cama.

- Você está louca, garota? O que faz no meu quarto? - gritou.
- Sua irmã, Edward. Venha. - peguei sua mão e o puxei.

- O que? - não entendeu nada, mas ainda assim permitiu ser puxado.
- Acabei de medir sua temperatura e a febre está muito alta.
- Ah, merda, de novo não. - quando entramos no quarto, ele logo parou ao lado da cama e a tocou - Quanto?
- 39,8. Vou ligar para...
- Não, espere. - se sentou na cama, passou a mão pelo rosto dela e sussurrou - Nessie, acorda. Pelo amor de Deus, Nessie, acorda. - depois de um tempo insistindo, Edward conseguiu fazer com que ela abrisse os olhos - Isso, minha pequena, o que você está sentindo?

Ela negou com a cabeça, sem forças nem para explicar o que estava acontecendo.

- A Bells vai cuidar de você e eu vou te levar para o papai, tudo bem? Você vai me obedecer e vai ficar acordada? - ela assentiu - Muito bem, essa é minha garota. - ele a fez ficar sentada - Bella, lave o rosto dela e a agasalhe. Vou vestir uma camisa, ligar para Carlisle. Você sabe onde Jasper guarda a chave do carro dele? - neguei - Vou ligar para ele também.
- Posso procurar no quarto dele.
- Primeiro: cuide dela. - saiu correndo, então fiz tudo o que mandou.

Depois de estar com Nessie pronta, a peguei no colo e fui até o quarto de Jasper. Vasculhei em tudo, mas não encontrei. Apareci no corredor então o vi ao telefone.

- Não me importa. Largue a merda que está fazendo e vá avisá-lo agora. - desligou o aparelho e parou na minha frente - Já procurei a chave do Mercedes na cozinha, na sala e já liguei para Jasper vinte mil vezes mas ele não atende. Vamos de moto mesmo. - me empurrou para descer a escada.
- Vamos? Moto?
- Você terá que segurá-la, tudo bem? - gaguejei, mas assenti.

Fomos até a garagem. Ele me pôs sentada na moto, ajeitou a menina no meu colo e pegou um capacete sobre o armário e de tão nervoso decidiu vestí-lo em mim, por isso passou a mão pelos meus cabelos.

- Eu sei, eu sei, Edward. Eu faço. Não fique tão nervoso. - vesti a proteção e a abracei.

Ele se sentou na minha frente, agarrou minhas mãos e me fez abraçá-lo.

- Por favor, não se solte. - logo arrancamos.

Fomos rápido demais, mas Edward não parecia se importar e acelerava a cada reta. Eu agarrava sua camisa e prendia a respiração a cada curva. Rennesme não parava de tremer entre nós dois, comecei a pensar que vir de moto tinha sido uma péssima idéia, mas em menos de vinte e cinco minutos estávamos no hospital de Carlisle, o que talvez fosse impossível para um carro.

Edward estacionou na primeira vaga que achou e tirou seu capacete. Ele me ajudou a tirar o meu, então apoiou a mão no rosto de Nessie e chamou seu nome. Notei que ainda agarrava sua camisa, por isso corei envergonhada e prendi minhas mãos firmes embaixo das pernas da menina.

- Está se sentindo melhor? - ele perguntou.
- Estou com frio, Edward. - ela murmurou, mas quase não entendemos pois seu queixo não parava de tremer.

Ele me ajudou a descer da moto, então com o braço ao redor de nós duas fomos andando até a porta do hospital. Chegando lá, me lembrei da mesma cena de tempos atrás. A dor agoniante que sentia no abdômen, o gosto de sangue na boca, o latejar dos cortes no meu rosto. Me lembrei do desespero que senti ao ouvir a conversa de Carlisle com o outro médico sobre quem eu era e sobre a visita do conselho tutelar.

Foi tão difícil fugir daquele hospital e agora mesmo eu estava andando com pressa e ansiedade até a porta. A mesma pontada de medo daquela noite me atingiu. Eu jamais poderia entrar ali.

Me lembrei do sonho daquela noite, Vanessa e Willian que me condenavam e Edward que me pedia para não seguir em frente. Minhas pernas congelaram. Ele me olhou assustado, cobrindo Nessie com suas mãos.

- O que aconteceu? - perguntou, mas não respondi - Vamos logo, Bella, Carlisle está nos esperando. Vamos.
- Eu não posso. - sussurrei.
- O que?
- Não posso entrar aí. - estava repetindo para mim mesmo.

Apesar de meu coração me mandar ficar junto de Rennesme, minha consciência sabia que era errado. Minha hesitação irritou Edward que puxou a criança do meu colo com violência.

- Não era de se surpreender.

Edward Pov

- Avise seus irmãos que ela está bem assim que chegar em casa.
- Tudo bem.
- Caso aconteça alguma coisa, eu aviso. Vou ficar cuidando dela. - eu assenti e Carlisle caminhou na direção do quarto.

Antes eu não confiaria muito, mas avaliando a maneira como deu atenção a Nessie desde que chegamos ao hospital, sabia que cuidaria da minha pequena. Se não Carlisle, as enfermeiras o fariam. Além disso, não tinha mais o que fazer ali, pois se ficasse com minha irmãzinha só a deixaria mais nervosa.

Meu peito apertava toda vez que algo acontecia a ela. Apesar da grande diferença de idade, Rennesme era a mais próxima de mim naquela família, e, mesmo não querendo admitir, acho que a que tinha a mentalidade mais parecida também. Ri sozinho do meu próprio pensamento e saí do hospital caminhando apressadamente até a vaga em que parara a moto.

Ao chegar, vesti meu capacete e o outro que Bella usara deixei preso na garupa. Usei a saída lateral. Logo estava na rua principal, olhei para os lados vendo se vinha algum carro. Foi quando distingui claramente sua silhueta parada no ponto de ônibus de braços cruzados e cabeça baixa. No fundo, fiquei tão aborrecido pelo modo como travou na porta do hospital que seria capaz de passar direto por Bella e não me importar. Mas fiz o contrário. Atravessei as duas pistas, parando com a moto no meio-fio.

Bella se assustou e deu um pulo para trás com o barulho do motor, assim como a senhora e as enfermeiras sentadas também fizeram. Peguei o capacete atrás de mim, joguei na sua direção que conseguiu agarrar com certa dificuldade e fiz um sinal com a cabeça para que subisse comigo. Parecia receosa, mas depois de pensar um pouco assentiu.

Ela prendeu os cabelos num coque, por um segundo me prendi a visão de seu rosto, então precisei abaixar a cabeça. Soltei o ar com dificuldade, sem entender nem um pouco as reações exageradas que vinha tendo. Bella se sentou logo atrás de mim, segurou minha camisa pelas costas.

Não sei de onde veio o impulso da brincadeira, mas assim que a senti bem segura, arranquei com toda a velocidade, cantando pneu e empinando a moto na roda de trás. O grito de Bella foi abafado pelo barulho do motor, ainda assim sorri quando ela me agarrou com todas as suas forças. Um braço firmemente na minha cintura e o outro passando pelo meu peito até  meu ombro.

Fomos assim até chegarmos em Forks. A moto era a melhor forma que eu tinha de relaxar, pois correndo com ela conseguia esquecer todos os meus problemas. Até meu receio com Rennesme diminuiu no caminho para casa. A única sensação que não me abandonou todo o percurso foi o formigamento que o calor do corpo de Bella causava nas partes do meu que tocava. Minhas costas pegavam fogo com ela assim tão próximo.

Quando já estávamos na estrada em frente à mansão, me surpreendi com um sentimento de pesar que me tomou por saber que ela logo se afastaria.

Entramos na garagem, fechei o portão com o controle e tirei o capacete, o apoiando entre minhas pernas. Ela continuava lá agarrada como se disso dependesse sua vida. Toquei seu braço de leve, ela respirou demoradamente e um segundo mais tarde se afastou ainda aos poucos. Senti quando tirou o capacete, então me entregou. Esperei que descesse da moto, para que eu voltasse a pensar racionalmente e sentisse ódio dela de novo, mas me surpreendi quando tocou minhas costas de leve com os dedos.

- Me desculpe? - sussurrou.

A olhei por cima do ombro, tentando identificar o sentimento em sua voz, mas encontrei seus lindos olhos castanhos cheios de lágrimas.

- Como?

- Me desculpe ter... ficado sem ação daquele jeito. Não queria... atrapalhar você e Rennesme.

- O que está dizendo? - perguntei um segundo depois.

Deu de ombros, piscou deixando transbordar mais uma lágrima por seus longos cílios. Nunca a vi tão nervosa, nem mesmo com o assalto que armei, nem mesmo com todas as minhas brincadeiras idiotas, ela estava completamente desamparada.

- Sei que não vai acreditar nem um pouco em mim, na verdade nem eu acreditaria, mas queria muito ter entrado e ficado ao lado de Nessie porque sei que ela confia e gosta de mim independente de qualquer coisa. Ela é um anjo. Mas não consegui, sabe? Me senti traindo todo o carinho que ela tem por mim, na verdade todo o carinho que também tenho por ela, pois gosto de Rennesme assim como do meu irmãozinho que deixei sozinho em casa quando vim para cá. - respirou um fundo, tentando se acalmar.

Aproveitei a brecha e soltei da moto, ela também se virou para mim, mas ainda sentada e tentou continuar, mas não achou palavras. Conforme suas palavras eram processadas, eu conseguia entender um pouquinho daquele carinho que via nos olhos de Bella com a minha Nessie. Era o mesmo carinho que ela tinha por esse tal irmão, mas porque nunca a ouvi falando dele antes?

- Jasper me disse que essas febres dela são na verdade um problema emocional. Ela é muito frágil por causa de... tudo. - assenti.
- É mais difícil para ela. - sussurrei.
- Não queria tê-la deixado sozinha assim como fizeram antes. Eu... me desculpe? - abaixou o rosto corando.

Não pensei nas conseqüências, apenas apoiei uma mão nas costas de Bella, a abraçando, e com a outra ergui seu queixo para que me encarasse.

- Você não tem compromisso nenhum com Nessie. Não precisa se sentir culpada. Tenho certeza que ela reconhece o quanto a ajudou e ajuda sempre. Só tenho a agradecer por estar aqui, Bella. - não devia ter me aproximado tanto assim.

Agora não conseguia soltá-la, deixar de tocar seu rosto e ver o quanto era linda. Depois de respirar fundo consegui me afastar e antes que dissesse algo corri para meu quarto atordoado.

Isabella Pov

- Que susto me deu, menininha. - a abracei forte.

Nessie riu baixinho, ainda de olhos fechados se aconchegou mais no meu colo, e seu pai suspirou cansado.

- Por favor, Bella leve Nessie lá para cima. Vou preparar alguma coisa gostosa para minha menina e levar na cama.
- Eu posso preparar, doutor. Também deve estar exausto. Talvez um banho. - já passavam de uma da manhã.
- Faria isso?
- É claro. - ele agradeceu, então subimos até o quarto.

Eu a pus sentada em sua cama e tirei seus sapatinhos.

- Foi a primeira vez que andei de moto, Bells. Você também? Sabe, o Edward nunca deixou, mas vou pedir para ir de novo. É legal, não é?
- Não, não é. Agora deite-se. Precisa continuar descansando.
- Foi o que eu fiz o dia todo no hospital. Já é hora de criança estar dormindo? - assenti - Mas não estou com sono. Eu perguntei para o meu pai porque você não tinha ficado para cudiar de mim, mas ele disse que você tinha que vir para casa porque era mais importante cuidar do Edward, ele é mais irresponsável. - dei uma risada fraca concordando. - Papai cuidou de mim, Bella. - vi orgulho em seus olhos e, por incrível que pareça, consegui entender o seu sentimento.
- Agora eu vou cuidar. Fique bem quietinha e deitada e eu trarei um mingau delicioso para você, tudo bem? - ela sorriu, a cobri e saí.

Preparei um prato não muito cheio de mingau, fiz com que esfriasse mais rápido e o levei na bandeja para seu quarto. Quando abri a porta, me surpreendi ao encontrar Edward deitado na cama com Nessie aninhada em seu peito. Seus esmeraldas me fitaram por um milésimo de segundo logo se prendendo de novo nos cabelos da irmã. Meu coração palpitou descompassado, minhas bochechas coraram violentamente e minhas pernas tremeram.

- Com licença. - consegui dizer ao por o prato na mesa de cabeceira.

Estava tão envergonhada pelo modo como agi hoje de manhã. Havia me exposto para o homem que mais me desejava mal.

Logo na frente de Edward fui chorar, falar do meu irmão e lamentar não ter entrado no hospital. Eu tinha o deixado me olhar, me tocar e afetar. Era uma perfeita imbecil.

- Está bom? - Nessie perguntou e eu disse que sim - Mas você provou?
- Tudo que eu faço é uma delícia. - me fingi de ofendida.
- Tudo bem, então me dá na boca? - engoli em seco por ter que ficar mais tempo perto de Edward, mas até que ele estava silencioso.

Nessie se sentou, puxando os braços do irmão para que ficassem a sua volta e ele apoiou o queixo no alto de sua cabeça enquanto me observava. Sentei-me na beirada da cama e lhe dei a comida. Alimentando também sua manha.

- Hey, Bells, ele vai me deixar andar na moto de novo. - Edward revirou os olhos e sorriu.
- Eu disse que ia pensar.
- Mas vai deixar, sei que vai. Você me ama.

Ele murmurou algo como "convencida", então dei uma das últimas colheradas. Logo estava terminado, me levantei para sair do quarto com o prato e a bandeja na mão.

- Fica, Bella. Não vai me fazer dormir? - sussurrou - O Edward não sabe fazer carinho-de-cosquinha. - corei com a forma que os dois me olhavam.
- Só um pouquinho. - avisei, voltando a me sentar.

Senti seu interesse não se desprender nenhum segundo do meu rosto, me queimando como quando estava sentada na moto e ele segurava meu rosto, mas não ergui os olhos para encará-lo. Segurei a mão de Nessie, passando a ponta das unhas levemente em movimentos circulares sobre sua pele. Não se passou muito tempo até que ela caísse no sono pesado, sendo embalada como um bebê pelo irmão.

Peguei de novo a bandeja e o prato que deixara no chão e saí sem me despedir. Talvez tenha sido até mesmo exageradamente fria, mas só queria me proteger. Não sabia exatamente do quê, mas conversaria com Alice e Rosalie na primeira oportunidade. Prometi a mim mesma que na manhã seguinte ligaria para as duas e colocaria logo Emmett fora do meu caminho. Diferente do conselho de Edward no sonho, eu seguiria em frente.

Ao acordar no dia seguinte, preferia ter continuado meus pesadelos do que me deparar com o frio congelante. A tempestade da manhã anterior fizera a temperatura cair até ficar insuportável.

Corri da cama até o chuveiro, esquentando meus ossos com a água fervente. Vesti roupas quentes, mesmo sendo difíceis de achá-las entre as blusas decotadas que Alice colocou na minha bolsa. Usei uma camisa de mangas cumpridas branca e um sueter azul da minha amiga.

Decidi mandar uma mensagem para a baixinha que já devia estar chegando ao Adam's para preparar o café-da-manhã.

"Bom dia! Pensei em ficar na mansão esse domingo. Espero que não tenham problemas no restaurante. Precisam de mim?"

Alice respondeu: "Sem problemas, Bells. Cuido de tudo. Porque vai ficar?"

"Nessie passou mal ontem de manhã. Tive que levá-la ao hospital às pressas com Edward. Não quero me afastar da baixinha. Prometo que durmo amanhã a noite no apartamento. Além disso, quero tirar Emmett do meu caminho ainda hoje. Não vou esperar mais uma semana."

"Oh, espero que ela esteja bem. Vai tentar mesmo seduzí-lo? Bella, com Jasper foi uma boa idéia, mas está pronta para Emmett?"

"Dou meu jeito, Alice. Depois te conto o que passa pela minha cabeça. Vou fazer o café-da-manhã dos Cullen."

"Vou fazer o café-da-manhã do Adam's. Droga. Ligue mais tarde."

Ri com sua última mensagem e guardei o aparelho na gaveta da cômoda. Fui para a cozinha e preparei tudo. Carlisle não se importou por eu ter ficado, ele até se sentiu mais descansado e disse que levaria o café de Nessie na cama. Edward não desceu e Jasper quase engoliu a comida.

Estava sozinha com Emmett, mas apesar de querer não tive coragem para fazer nada. Por isso, só recolhi a louça quando terminou e fui para a cozinha.

- Bella? - me chamou da porta um tempo depois.
- Sim?
- Quando terminar, pode subir até meu quarto para me ajudar. - a sorte virou.

- Sim, eu subo assim que puder. - sorri me virando de novo para a pia.
- Obrigado, Bells.

Lavei a louça e guardei tudo o mais depressa que pude. Corri até meu quarto de novo, busquei o celular e mandei outra mensagem para Alice.


"Emmett acabou de pedir que eu vá no quarto dele pois quer minha ajuda numa coisa. É minha chance, Alice. Olha, não conta nada para Rose. Ela pode ficar aborrecida."


Esperei dois minutos, mas a resposta só chegou quando eu já tinha guardado o aparelho de novo dentro da gaveta. A pressa de subir logo ao quarto dele me fez ignorar o barulhinho baixo e irritante e correr até a escada.

O terceiro andar era o lugar mais isolado e frio da casa. O ateliê de Esme não era mais usado, o escritório de Carlisle estava sempre fechado e o quarto do primogênito só tinha utilidade aos finais de semana. Bati na porta duas vezes, ele gritou de lá de dentro que eu podia entrar, então empurrei a maçaneta e o esperei.

Emmett logo saiu do banheiro com uma espécie de necessaire nas suas mãos que jogou sobre a cama. Cobrindo todos os móveis do quarto estavam roupas, malas e até lençóis.

- Que bom que está aqui. Posso te pedir um favor? - fiz que sim - Pode dar uma olhada nas roupas lavadas e nas passadas para ver se tem alguma coisa minha por lá.
- Nas sujas também?
- Não, lá não tem nada meu com certeza.
- Tudo bem, eu já subo com o que achar.

Voltei para a área de serviço e vasculhei em todos os armários roupas que achava ser de Emmett. Eram tantos homens naquela casa, eu sempre me confundia as peças de um com as de outro. Minha sorte era que Emmett era bem maior que Jasper e o estilo de Edward era bem diferente dos outros.

Consegui achar umas sete ou oito peças que dobrei, empilhei e levei de volta para o quarto dele. As apoiei sobre a cama e o observei agachado no chão procurando algo embaixo do armário.

- Estão aqui. - chamei sua atenção.
- Que ótimo. Agora vou precisar de outra ajudinha sua.

- Diga.

- Antes disso, lembra-se de ter visto um colar com um pingente prata. É um brasão, igual ao que Jasper tem e também Rennesme. - vagamente me lembrava do objeto que descreveu, mas não limpei seu quarto ontem e nem me lembrava da última vez que o fizera.

- Não.

- Bem, deixe para lá. Mais tarde eu acho. - foi até a pilha que separei e tirou dela duas camisas - Essas são de Edward.

- Levo mais tarde para seu quarto. Então, qual ajuda queria?

- Preciso colocar todas essas coisas na mala pelo menos até a hora do almoço. Se não for incômodo, se não não for abuso, poderia me ajudar?

- Claro. - dei de ombros - Mas até a hora do almoço, será meio impossível. É muita coisa.

- Não se tiver ajuda. - esfregou uma mão na outra e sorriu - Pode começar dobrando esse lençóis em cima da mesa, eu vou buscar mais algumas coisas no banheiro. - apontou para um lugar atrás de mim.

- Tudo bem, Emmett. - comecei a fazer o que acabara de me pedir.

Ele saiu por um segundo, mas logo voltou e começou a arrumação da grande mala que acabara de apoiar sobre o colchão. O observei atenta por uns segundos, me perguntando porque estava fazendo aquilo. Ele notou, corou e gesticulando bastante resolveu explicar.

- Pareço idiota, não é? - deu de ombros - Só estou ansioso para terminar minha mudança de vez.

- Se mudar de vez? Quer dizer que não vai mais visitar sua família aos finais de semana?
- Não, não é isso. - se apressou em explicar - Vou continuar vindo para cá sempre, menos nos finais de semana que preciso estudar para alguma prova ou algum trabalho. É só que ter minha vida dividida me cansa. Gosto de vir para cá, tenho a necessidade de ver sempre minha familia e minha casa, mas minha vida agora está quase toda lá, então prefiro deixar tudo que é meu no apartamento do que ficar levando e trazendo um pouquinho a cada semana.
- Hum... - terminei de dobrar o primeiro lençol que o entreguei e o vi arrumar na grande mala - É legal? Quero dizer, a faculdade.
- A melhor coisa da minha vida. Não tem vontade de tentar, Bella? Você já tem vinte anos, não é mesmo?
- Prefiro não tentar, não vou ter mesmo dinheiro para pagar.
- Pode tentar bolsa.
- Também não sei o que fazer. - dei de ombros.
- Você e Jasper combinam.

Sorri sem graça e lhe entreguei o outro lençol. Ele logo guardou mais aquela peça e continou dobrando algumas roupas sobre a cama. Emmett parecia estar pensando em alguma coisa, até que sorriu e depois sacudiu a cabeça.

- O que está pensando? - ele me olhou assustado - Se é que eu posso saber. Desculpe? Sou mesmo intrometida assim.
- Não, tudo bem. Eu estava pensando sobre minha transferência.
- Transferência?
- Sim, vou para Dartmouth no próximo semestre. - sorriu sozinho, mas então pareceu cair na realidade e arregalou os olhos - Por favor, não conte para o meu pai, ele não pode ficar sabendo disso. Em hipótese alguma conte para ele.
- Tudo bem. Mas qual o problema em Carlisle saber?

- Eu fiz a prova sem que ele soubesse e sei que vai implicar por ser tão longe. Vai dizer que eu não tenho cabeça suficiente para morar sozinho na outra ponta do país e vai encher meus ouvidos. Meu pai não confia muito nos próprios filhos, sabe?
- Um dia vai ter que contar.
- Um dia eu penso o que dizer. - lhe entreguei o outro lençol e sorri.

- New Hampshire? É mesmo longe.
- Um pulo até New York, baby. - estalou os dedos e piscou, me fazendo soltar uma gargalhada.

Acho que ficou tão surpreso comigo que corou, colocou as mãos nos bolsos da calça e deu de ombros.

- O que mais quer que eu faça?
- Vou te dando umas pilhas de camisas e você vai colocando dentro da minha mala. - cheguei mais perto da cama e fiz o que pediu.

Continuamos conversando sobre Dartmouth. Parecia mesmo muito empolgado com a idéia e tentou fazer minha cabeça para tirar um tempo para os estudos. Para manter a minha mentira, disse que ainda não sabia o que escolher e que preferia juntar algum dinheiro antes de ter que me preocupar com isso, a verdade é que eu ainda nem terminei o ensino médio. Por um segundo, senti saudade da minha antiga escola

Ele continuou dizendo que eu poderia voltar para a casa dos meus pais e estudar na Califórnia, para não ser antipática disse que pensaria na possibilidade. Depois de enchermos uma mala, vimos que não daria todas as camisas e a envaziamos para arrumar melhor fazendo das roupas pequenos rolinhos.

- Sabe o que Jasper está fazendo? - me perguntou.
- Não, porque saberia?
- Vocês são amigos. Não foram no cinema outro dia? - escondi meu rosto atrás do cabelo para responder.
- Er... sim, fomos. Quero dizer, eu pedi para ir com ele numa sessão de filmes antigos em Port Angeles. Também gosto desse tipo de coisa.
- Ah, que legal. Minha mãe também gostava. - terminei de enrolar a última camisa, então ele resolveu encher o resto da mala com calças.
- Eu acho que Jasper está seguindo o seu conselho.
- Que conselho?
- O que acaba de dar para mim. Talvez esteja estudando para alguma prova. Talvez tenha descuberto o que quer fazer.
- Seria quase um milagre. Bella, pega para mim ali dentro daquela gaveta outras calças? - fui até lá e as peguei.

Foi quando vi embaixo da pilha uma luva feminina branca.

Fiquei curiosa, mas não alarmei Emmett. Entreguei a ele o que pedira e ajudei a guardar. Em seguida, o celular tocou e ele foi até a varanda atender seu amigo Paul. Ainda me mordendo de desejo para ver de novo a luva, caminhei pelo quarto não chamando sua atenção e parei do lado do armário.

A peguei, me virei de costas para a janela e analisei o objeto. Parecia ser de cetim. Tinha um perfume gostoso, apesar de estar com um pouco de mofo na ponta dos dedos. Abri um sorriso ao vestí-la. Parecia estar certinha no meu braço, só sobrava um pouco de pano nos meus dedos. A tirei devagar para não agarrar nenhum fio na minha unha ou no meu anel.

- O que você está fazendo? - dei um grito e um pulo.

Emmett acabara de fechar a porta da varanda e entrava no quarto vindo na minha direção.

- Onde achou? - perguntou a tirando da minha mão.
- Na sua gaveta. - respondi com um nó se formando na garganta.
- Mesmo? - olhou para o armário, depois para dentro da gaveta uma última vez e sorriu.

Relaxei por um segundo ao ver seu sorriso, mas depois voltou a olhar para mim aborrecido.

- Não deveria ter mexido. Poderia ter rasgado.
- Desculpe-me, Emmett? - fiz cara de piedade - Não sabia o que era, fiquei curiosa. - fez um sinal com a cabeça para que eu não ligasse para sua irritação, então foi andando até a mala.

Segurava a luva nas mãos passando o dedo pelo tecido, a levou até o rosto e sentiu o perfume.

- Faria um favor?
- Claro.
- Vou deixar essa luva aqui com você. Pode lavá-la para mim com o maior cuidado, tirar esse mofo e depois guardá-la?
- Tudo bem.
- Mas Jasper não pode saber disso, tudo bem? Vai me zuar para o resto da vida. - disse essa última parte para si mesmo.
- Porque te zuar?
- Porque sou um imbecil. Deixarei ela guardada aqui. - colocou sobre a mesa de cabeceira, então me pediu para continuar lhe dando mais e mais peças de roupa até que enchessemos duas malas e todo o quarto estava arrumado.

- Viu? Demoramos muito menos do que esperava.
- Acho que estou atrasada para o almoço. - ele deu uma careta. - Quer ajuda para colocá-las na mala do carro?
- Claro que não. Você já fez demais. Estão bem pesadas, deixe que Jasper faz isso para mim amanhã de manhã. Além do mais, se meu pai vir isso agora vai encher meus ouvidos. Ele também não sabe que estou levando minhas coisas.
- Quantos segredos.
- Só estou preservando a paciência dele. Já se cansou ontem com a história de Nessie. Deixe que se preocupe com isso amanhã quando eu já estiver entrando no carro para ir.
- Se incomoda se pegar uma vassoura e passar aqui?
- Não, tudo bem. Vou entrar agora no chuveiro. Você pode ficar aqui no quarto.
- Tudo bem. - o deixei sozinho para entrar no banho e desci para pegar uma vassoura.

A história da luva ainda me parecia muito mal contada, mas deixei para lá. Antes de subir, deixei um pouco de macarrão cozinhando para fazer no almoço, então voltei para o quarto e varri tudo.

Achei o brasão de Emett embaixo da cabeceira e pus ao lado da luva. Terminei de ajeitar o quarto e voltei para terminar o almoço. Emmett desceu quando eu já estava arrumando a mesa na sala de jantar.

- Ah, obrigado por ter arrumado o quarto.
- Viu o colar?
- Sim, trouxe aquela coisinha para você. Posso deixar no seu quarto ou invés da lavanderia?
- Vem aqui. - me seguiu - Me dê a luva.
- Shii. Fale baixo. - o tecido era delicado, então deixei de molho para lavar mais tarde.
- Posso te perguntar que luva é essa?
- Longa história. - resmungou saindo, mas segurei seu braço.
- Ah, poxa Emmett, arrumei seu quarto, vou guardar o segredo de Dartmouth, porque não me conta o que é isso?
- Porque não lhe interessa.
- Se não me responder minha cabecinha vai começar a criar possibilidades e vou sair daqui achando, por exemplo, que ela é sua e você se veste de mulher. - ele fez uma careta.
- Engraçadinha. - rosnou, enquanto eu gargalhava.

- Desculpe-me? Sei que sou muito abusada e irritante, mas me satisfaça e eu te deixarei em paz.
- Ah, é de uma garota. Saciei sua curiosidade? - tentou sair de novo.
- Não, ainda não. Como a conseguiu?
- É uma recordação de uma noite legal. Não vou dizer mais nada, agora me deixe.
- Porque esta com a luva e não com a garota? - começava a ligar os pontos.
- Porque ela fugiu de mim. Isabella, a comida vai queimar. Sirva logo o almoço que eu preciso sair.
- Vai para a cidade?
- Vou.
- Me dá uma carona?
- Só se me prometer...
- Não falarei mais das luvas. - torci os dedos - Palavra de escoteira.

Ele resmungou alguma coisa inaudível. Voltamos para a cozinha, despejei a macarronada e todo o molho de carne numa grande travessa e servi o almoço. Emmett chamou seu pai, que veio com Nessie para a mesa, em seguida Jasper também apareceu. Só quando todos já estavam terminando a refeição, Edward chegou na sala, fez um prato e voltou para o quarto.

Depois de lavar a louça e guardar as sobras, avisei a Carlisle que voltaria para a cidade. Disse que era para ajudar a minha amiga do pulso torcido. Ele disse que eu precisava descansar, mas não se opôs. Me despedi dele e de Nessie, busquei no meu quarto uma bolsa com algumas roupas e esperei Emmett descer.

Nós entramos no jipe, ele me ajudou com o cinto de segurança complicado e fomos para a cidade.

- Então. - recomecei - Me conte sobre a garota.
- Isabella, você prometeu que não tocaria nesse assunto.
- Eu disse que não falaria mais da luva, estou perguntando sobre a dona dela. Quem é?
- Eu não sei.
- Ora, vamos, eu não conto para ninguém. Quer minha palavra de escoteira?
- Sei o valor da sua palavra de escoteira.
- Se chegarmos na cidade não poderá mais me contar.
- Acho que vou acelerar. - resmungou.
- Ah. Vamos, Emmett, mulheres adoram histórias românticas.
- Romance?
- É, você guardou a luva dela. Isso para mim é um sinal.

- Um sinal de que precisa ser menos fofoqueira.
- A conheceu na faculdade? - ele bufou - Então, foi na escola. - algo dentro de mim me dizia que estava certa.
- Vou te jogar para fora do carro.
- Isso é um sim. Então, me conta porque guardou a luva e não o telefone? Poxa, você podia pelo menos admirar minha persistência. - os primeiros sinais da cidade começavam a passar por nós - Pode me deixar no Adam's?
- Claro, é para lá mesmo que estou indo. - estava ficando melhor do que eu poderia pedir.

- Vai me contar?
- Você é muito chata.
- Meu Deus, é só mover os lábios e deixar as palavras fluirem. Tenho certeza que não dói, é mais fácil do que pensa. Ora vamos, estou com os ouvidos bem abertos.
- E a boca também. Nunca mais te dou papo desse jeito, você acaba se empolgando. - fechei a cara, mas sabia que ele estava de brincadeira - É algo do passado, Bella. Você não vai acreditar em mim, mas conheci uma garota no meu baile de formatura, nós ficamos uma noite e nunca mais a vi. Na verdade, não sei quem ela é e só o que me restou foi aquela luva. Final da história, nada de especial, nada do que você esperava. - era bem mais do que isso.

Emmett guardara a luva de Rose. Bem, ela não tinha me falado que deixara alguma coisa com ele, muito menos que sua história fosse assim tão "Cinderela". Mas quando me descreveu a roupa naquela ocasião, ela disse que usava um par e só podia ser ela a menina da qual o grandalhão ao meu lado falava com aquelas feições abestalhadas.

- Viu? Não caiu nenhum pedaço. - resmunguei o assistindo fazer uma careta.

Nós já estávamos quase em frente ao Adam's.

- O que veio fazer aqui?
- Meu amigo vai almoçar e vim para fazer companhia. Conversar um pouco.
- Tudo bem. Pode ficar comigo durante meu almoço enquanto seu amigo não chega? - assentiu com um grande sorriso - Obrigada, Emmett. Vou sair do carro para você estacionar.

Ele parou em frente ao restaurante, desci e ele arrancou. Em seguida, peguei o celular na bolsa.

"Está aí?"

A pequena respondeu: "Hora do almoço no Adam's. Não posso te dar atenção, mas viu minha mensagem? É melhor não continuar com essa história, Bella. Se Rose descobrir, não quero imaginar."

"Tudo bem. Só te peço um favor: quando eu entrar aí, siga a maré e impeça caso Rose queira fazer uma besteira (o que acho muito difícil). Confia em mim, Allie."

"O que?"


Não respondi a última mensagem, pois estava desamarrando o cadaço do tênis com o outro pé. Emmett se aproximava, girando a chave do jipe no dedo indicador, parou ao meu lado com um sorriso enorme, então indicou com a cabeça para que entrássemos. Andamos lado-a-lado até o ponto que fingi tropeçar e me joguei para frente.

- Droga. - gemi quando me segurou pela cintura.
- Uau, Bella, você está bem?
- Não, virei o pé. Meu cadaço estava solto. Aiin, está doendo. - segurei a perna e mordi o lábio fazendo cara de choro.
- Quer ajuda para andar?
- Só até estarmos numa mesa. - ele sorriu, me puxou para seu peito e passei um dos braços ao redor de seu pescoço.

Fingi mancar até entrarmos no restaurante. Sabia que Rosalie e Alice olhariam para porta ao ouvir o som do irritante e familiar sininho pendurado logo acima da minha cabeça.

Rose estava no balcão, anotando um pedido ainda com seu pulso envolto em ataduras e Allie estava na mesa mais próxima da saída conversando com um cliente. As duas arregalaram os olhos ao me verem entrar abraçada a Emmett, mas nos olhos da minha amiga loira havia algo mais. Que Deus um dia me perdoe por isso, mas no final valeria a pena.

- Está melhor? - Emm perguntou vendo que não mais mancava.
- Acho que sim. É um milagre. - nos separei, me sentei em um dos reservados e o assisti se sentar logo na minha frente.
- Você é meio maluquinha. - disse para si mesmo.
- Ah, conseqüências. Acho que vou pedir meu almoço. - levantei o cardápio, me escondendo só para espiar Rosalie que aborrecida ia para a cozinha.

Passei o plano rapidamente na minha cabeça e engoli em seco. Alice veio atender nossa mesa um minuto depois, encostou sua barriga no tampo de madeira e chutou minha panturrilha por debaixo da mesa.

- Boa tarde. - rosnou me encarando.

- Er, boa tarde. - Emmett disse desconfiado.

- O que vão querer?

- Para mim somente um café. E você, Bella?

- A especialidade da chef. Bife com fritas.

- Eu volto num segundo. - resmungou da mesma forma.

Fiz uma careta quando estava longe o suficiente, fazendo assim Emmett soltar uma risada.

- O que houve?

- É impressão minha ou você e sua amiga estavam prestes a se jogar num ringue de lama ou coisa parecida?

- Impressão sua. Só espero que minhas roupas não voem pela janela essa noite. - disse essa parte para mim mesma - Mas conte-me a história por completo.

Ele hesitou ainda um pouco, mas decidiu por bem terminar antes que minha curiosidade voltasse ainda pior com suas perguntas indiscretas.

- Bem, foi como eu disse. Baile de máscaras, nos encontramos por uma coincidência na parte de fora da quadra e conversamos. Ela era encantadora. Ficamos juntos a noite toda até quase o final da festa, mas quando perguntei seu nome ela fugiu. Me senti num filme. Depois disso contei com a ajuda de um amigo e de Jasper para tentar procurá-la, mas logo em seguida veio a faculdade e nunca nenhum resultado. Eles começaram a achar que eu estava mentindo, e eu comecei a achar que estava delirando. Com o tempo desisti de procurar a garota dos olhos verdes e só me restou a luva que escapou de sua mão quando tentei segurá-la.

- É uma história bonita. - sussurrei.

- Só mesmo a história é bonita. - ele se lamentou.
- Porque não o resto? Diga-me o que há de errado. Estou disposta a ouvir.
- Não vou te importunar.
- Ah, já começou, então porque não terminar? Conte-me porque não manteve contato com ela.

- Foi um baile de máscaras. Sequer vi seu rosto, mas ela colocou cores na minha noite. Só que no final de tudo fugiu. Saiu correndo de mim sem que pudesse saber seu nome.
- Se você tivesse uma pista, iria atrás dela?
- Está brincando? Levantaria na mesma hora. Mas, isso é impossível. O que já a procurei e não tive nenhuma resposta. Acho mesmo que nunca mais terei essa segunda oportunidade. E se foi imaginação minha?
- Que imaginação fértil. - ele riu sem humor.

- Me pergunto porque fugiu.
- Como você era na escola?
- Como assim? - se debruçou ficando mais perto de mim.
- Te dou cinco opções: o atleta garanhão, o popular bonitão, o nerd, o compra-briga ou o fantasma? - pensou por um tempo - É difícil de entender, Emmett? Por exemplo, eu era a fantasma. Ninguém sabia quem eu era e ninguém vai nunca lembrar de mim.
- Não, eu entendi. Só estou indeciso entre as duas primeiras opções.
- Convencido!
- Mas é verdade. Não posso fazer nada.

- Então, vamos analisar as opções. Se você era um garoto popular, interessante, o tipo garanhão que chama a atenção de todas as garotas, talvez essa menina tenha ficado assustada. Quero dizer, dependendo de quem você é, não é todo dia que o cara mais legal da escola começa a reparar em você. Talvez tenha pensado que você estava brincando com ela.
- Não sou assim. Meus amigos eram, mas jamais agi assim com uma garota.

- Mas talvez ela não soubesse disso. Diga-me com quem andas e te direi quem és.
- Pelo menos o nome e onde morava.
- Esperava que ela dissesse o que? P. Sherman, 42, Wallaby way, Sydney, Austrália.
- Vou esconder o dvd do "Procurando Nemo" de você. - nos encaramos mais um tempo até cairmos na gargalhada.

Alice parou ao lado da mesa com os nossos pedidos. Primeiro serviu meu prato ainda me encarando daquela maneira, por isso resolvi inserí-la no papo, talvez assim me defendesse quando Rose viesse com suas grandes e afiadas unhas vermelhas direto no meu pescoço.

- Você acha que é apaixonado por essa menina mascarada do baile de formatura? - Alice abriu a boca assustada e soltou a jarra de café que bateu na mesa e caiu no colo de Emmett.

- Droga. - gritou, ficando em pé rapidamente no curto espaço entre o banco e a mesa para fugir da possível queimadura.

Alice se desesperou vendo a besteira, logo levantou de novo a jarra e correu até o balcão voltando com um pano que limpou a mesa. Ela pediu desculpas tantas vezes seguidas que era difícil de entender o que estava falando. Emmett tentou acalmá-la, mas eu sabia que não era o olhar aborrecido de Adam na cozinha que a preocupava e sim a novidade que contei.

Antes de voltar para seu lugar, ela virou o rosto na minha direção e sibilou algo como "você está morta", mas revirei os olhos e fiz um sinal com a mão para que despachasse logo dali.

Emmett voltou a se sentar com um sorriso sem graça estampado no rosto.

- Não fique assim. Alice é tão destrambelhada quanto eu, mas você não corre mais risco de vida.
- Não estou assim por causa do acidente. Foi sua pergunta. - sorri empolgada.
- Então, acha que tem uma resposta para ela ou terei que pressionar outra vez?
- Na verdade, nunca parei para pensar nisso por esse lado. Quero dizer, sempre pensei que fosse só curiosidade minha, mas agora analisando bem.
- Então, acho melhor começar a pensar nisso. - enrugou o cenho, mas cortei o assunto quando comecei a comer - Pode pedir um refrigerante para mim, Emmett? - ele assentiu atordoado e pediu mesmo de longe para Alice que me trouxesse uma bebida.

Peguei novamente meu celular e enviei:


"Faça com que Rosalie atenda a mesa."

Comecei a saborear o belo prato na minha frente antes que as coisas ficassem confusas demais para tal.

- Quando seu amigo chegar, eu pego meu prato e termino o almoço na cozinha. Não vou incomodá-los.

- Não, Bella, imagina. Pode ficar o quanto quiser. Você não incomoda. - dei de ombros e sorri.

Sem que percebesse, escorreguei pelo banco de couro vermelho estilo anos 60 até a beirada da mesa, projetando uma saída estratégica na cabeça. Olhei na direção da porta da cozinha e vi que Alice tinha certo trabalho ao empurrar Rose e sua bandeja pelas costas para que viesse nos atender. Com um último solavanco, conseguiu cuspir a loira para o salão. Ela cambaleou e parou um instante ajeitando a saia.

- Hey, Emmett, posso ver seu colar que achei essa manhã. - assentiu e abaixou a cabeça para tirá-lo - Bem, tenho uma última pergunta. Acha que se olhasse nos olhos dessa garota do baile uma última vez conseguiria a reconhecer mesmo que estivessem num uniformezinho de garçonete por exemplo?

- É claro que sim. Mas não sei se pode dar certo ficar encarando tudo quanto é mulher no meio da rua. Fiz isso naquela época e não funcionou. - respondeu chateado.

Rose caminhava a passos lentos até nós. Ele terminou de tirar o pequeno brasão pela cabeça e estiquei o braço pela mesa para pegá-lo. Toquei sua mao, enquanto avaliava o pequeno pingente e sorri como se estivesse flertando. Minha amiga parou chocada no meio do caminho e avaliou a situação, seu olhos piscando insistentemente e suas bochechas ruborizando.

- É lindo demais. - sorri.

- É o brasão dos Cullen. Todos temos um. Minha mãe mandou fazer e adorava nos ver usando.

Num rompante, assim como eu esperava que fizesse, Rosalie tomou ar e voltou a andar só que dessa vez em passos largos e apressados.

- Er, pode vir aqui comigo um instante? - pedi aproveitando nossas mãos unidas para puxá-lo para fora do reservado.

Minha amiga já estava próxima e rápida demais para parar. Foi inevitável o choque. A bandeja esbarrou no braço de Emmett, ela tentou evitar a queda e por isso inclinou seu corpo para frente perdendo completamente o equilíbrio. Ele soltou minha mão e seu brasão, se virou rapidamente a puxando pela cintura e a colando em seu peito para que não caísse. Foi quando Rosalie levantou o rosto e ele olhou dentro de seus olhos.

Etapa Dois completa.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora, meninas. Prometo não ficar mais tanto tempo sem postar.