A Mulher da Casa escrita por sisfics


Capítulo 6
Capítulo Seis: Etapa um - Jasper Cullen.




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Isabella Pov

- Eu vou levá-la para a escola.

- Não, o Edward. - Nessie insistiu, mas mal sabia ela que Edward já tinha saído de casa.

- Porque você não gosta de mim, hein?! Eu que te fazia dormir quando você era pequena e a mamãe estava cansada demais. - Jasper a pegou no colo.

 - Sem chantagens emocionais, Jasper. - ela riu, dando um beijo estalado na bochecha do irmão.

- Quanta ingratidão. - me intrometi ao passar por eles na direção da mesa e fiz cócegas em Nessie.

Jas abriu um grande sorriso para mim, e depois retribuiu o beijo estalado na bochecha da irmã que corou e depois bagunçou os cabelos loiros e lisos dele. Ele pegou a pequena mochila cor-de-rosa dela, passou pelas costas e segurou a lancheira em uma das mãos.

- Pegou todas as suas coisas? Materias, livros, cadernos, o lanche?

- Sim, preocupação em pessoa. Está tudo aí dentro. A Bellinha conferiu.

- Jasper, você vai almoçar em casa hoje?

- Sim, Bella. Na verdade, não vou trabalhar, então vou só levar Nessie para escola e volto.

- Ah, sei que é muito abuso, mas você poderia me dar uma carona até a cidade para fazer compras? Teria feito antes de vir para cá, mas tinha que pegar dinheiro com seu pai e fazer o café de vocês.

- Tinha que ser explorada mais um pouquinho, entendo. Busque suas coisas. Eu te levo sem problema algum. - sorri, mas depois o contive mordendo o lábio e fugi de seu olhar.

Dica de Alice: seja a frágilzinha. Precisava ser tímida como ele, demonstrar interesse sem demonstrar interesse. Eu já sabia que aquilo podia não dar certo desde o início, mas precisava ser forte e continuar a mentira. Bem, viver uma não era tão difícil, nem tão atípico assim para mim, por isso respirei fundo e fui até o quarto de empregada. Coloquei um casaco e peguei a bolsa, ambos que Alice me emprestaram. Prendi os cabelos, com alguns fios caindo no rosto, e belisquei as bochechas para parecer mais saudável. Os dois já me esperavam no carro.

Ele deixou a porta do carona aberta para mim, eu entrei, pus o cinto e antes que ele saísse da garagem, me virei para ver se Nessie tinha prendido também o cinto de segurança. Eu o puxei para ver se estava bem afivelado, o que a fez retorcer suas bochechas numa enorme careta, me fazendo rir.

- O que houve, mocinha?
- Eu sei prender o cinto. - resmungou brava.
- Eu disse que você não sabia? Só queria ver se seu cinto era tão bom quanto o meu. Posso também ver o seu, Jasper? - ele assentiu sem firmeza alguma.

Também puxei o seu, vendo suas bochechas corarem e depois sorri vitoriosa para Rennesme.

- Viu? Eu não estava te tratando feito criança, até porque você já é uma mocinha.
- Mas é claro. - Jasper confirmou ainda envergonhado, enquanto fechava a porta da garagem com o controle - Não sei de onde ela tirou essa idéia, não é Bella?!
- É mesmo. - voltei a olhar para frente, então tive que segurar uma risada que ele queria acompanhar.

Em quinze minutos estávamos na porta do colégio dela, que logo pulou do carro com o material nas duas mãos e correu adentrando ao portão. Suspirei um pouco mais tensa, ele esperou que ela entrasse no prédio e depois arrancou também.

- Você tem um jeito incrível com essa garota, como consegue?
- Prática. Meu irmão era um capetinha.
- Sente muita falta dele? - precisava mudar de assunto rápido.
- Como se meu coração estivesse em outro lugar que não no meu peito, Nessie me ajuda com isso. Mas tenho certeza que ele está bem em casa, é um garoto muito esperto. Às vezes até demais.
- Assim como a minha pequena.
- É. Você não se importa com essa preferência da Nessie pelo Edward, não é? - me encarou com uma sobrancelha erguida, me fazendo rir, mas o fiz de forma tímida, fugindo de novo de seus olhos e dessa vez ele percebeu.
- É tão idiota assim querer socar o meu irmão por achar que ele rouba a minha caçulinha?
- Não, não é tão idiota assim. Só um pouco.

Quando notei, já estávamos dentro do estacionamento do supermercado.
- Obrigada, Jasper. Eu prometo que chego a tempo de fazer seu almoço.
- Está brincando? Vou entrar com você.
- Não é preciso, você pode voltar para a mansão. Eu...
- Não, tudo bem, eu prometo que empurro o carrinho sem reclamar. Não posso deixar que volte para casa de ônibus com várias bolsas de compras pesadas. Deixe-me ser um cavalheiro.
- Tudo bem então.

Nós descemos do carro, mas Jasper reclamou que eu não o deixara abrir a porta para mim. Nós estramos no supermercado, ele pegou o carrinho e mais rápido do que imaginara terminei de fazer todas as compras, tendo que aguentar as piadinhas dele dizendo que eu parecia uma barata tonta as vezes. Mas em menos de meia hora terminara a lista da semana e era algo de se orgulhar. Fomos até o caixa, passamos as compras, embalamos e ele não me permitiu levar nenhuma das sacolas até o carro.

- Cavalheirismo não implica em machismo. Posso carregar algumas.
- Abra a mala para mim, já estarei bem satisfeito.
- Mas eu não.
- Ora, vamos, pare de reclamar. - me entregou a chave.

Abri o porta-malas, o ajudei a colocar a bolsa arrumadas ali de forma que nenhuma comida ficasse amassada, então ele correu para abrir a porta para mim e me provocar. Voltamos para casa conversando, assim que chegamos na mansão, me pediu que pegasse o controle da garagem dentro do porta-luvas.

O peguei, abri o portão e o guardei de volta, mas antes vi um pequeno panfleto azul falando sobre uma sessão de filmes antigos que aconteceria no domingo. Teria uma sessão de "Cantando na Chuva", "O Picolino", "Papai pernilongo" e "O pecado mora ao lado."

- Marilyn Monroe? - perguntei - Muito interessante.
- Eu já tinha dito que gostava de filmes antigos. Você também gosta?
- Posso dizer que sim. - minha mãe adorava.
- Então venha comigo. É na sua noite de folga e eu te prometo que te deixo em casa. - não precisei pensar duas vezes.
- Eu adoraria. - murmurei quase sem voz, timidez a chave mestra.
[...]

- Alice, preste atenção, não vou usar isso nem que você o encaixe no meu corpo a força. Já te deixei usar esse troço no meu olho, mas isso não.
- Esse troço é o deliniador e isso é apenas um vestido. Pare de reclamar, Bella. Jasper já vai chegar e você precisa estar pronta.
- Mas posso estar muito bem pronta com uma calça jeans e uma camiseta. Tem noção do frio que faz lá fora?
- Não te mandei colocar a meia-calça? - perguntou para si mesma.
- Ah, não, isso já é demais. A última vez que usei esse treco foi numa apresentação de balé na academia da minha mãe quando eu tinha quatro anos.
- Own, você devia ser tão fofa. - Rose suspirou.
- Vocês não estão nem me ouvindo, não é mesmo?
- Ignorando completamente. - Alice disse passando um grande e largo pincel nas maçãs do meu rosto.

Fechei os olhos, suspirei exasperada. Se não estivesse tão idiotamente cega de vontade de me vingar de Edward, jamais aceitaria aqueles absurdos. Estava me sentindo como um animal de laboratório ou qualquer outro tipo de cobaia enquanto dois pares de mãos passavam algo não-identificado no meu cabelo e me maquiavam.

- Terminei. - Rose pulou da cama.
- Eu também. Pegue o vestido para mim, por favor?
- Não vou usá-lo. - resmunguei inutilmente, pois as duas já estavam puxando o roupão do meu corpo, o que me fez dar um pulo e um grito - Aí já é demais, eu visto, mas saiam do quarto.
- Ela é tímida. - Alice concluíu sorrindo - Então até que combina com Jasper.
- Saiam, por favor, faço o que me pediram.

Me entregaram a peça, depois deixaram o quarto para que me arrumasse sozinha. Até que o vestido não era curto, ou chamativo, mas o decote estava me fazendo suar. Chamei as duas assim que terminei, então voltaram ao cômodo com enormes sorrisos, especialmente, Alice que era a dona da roupa.

- Você está linda, Bells.
- Meus peitos estão no céu. Droga. - gemi.

Elas se entreolharam, reviraram os olhos, então Rosalie foi procurar um casaco para mim.

- Isso é coisa da sua cabeça desmiolada. Esse vestido é super comportado até porque precisa fazer parte dessa coisa de ser tímida. Na verdade, foi minha mãe que me deu, jamais seria algo [i]provocante[/i].
- Mas não estou acostumada.
- Claro, você só usa camisas de manga cumprida fechadas até o pescoço. - protestaria, se Rose não tivesse entrado no quarto com um casaco para mim - Mas isso é uma coisa que faremos depois com você, Bella. Assuntos para posterioridade. Vista o casaco e coloque a sapatilha. Quanto a meia-calça, já que é tão teimosa, lhe rogo que sinta um frio congelante nas pernas durante a sessão.
- Calada, Alice. - me cobri com o lindo casaco azul claro, quando o interfone tocou na cozinha e Rosalie saiu correndo para atender.
- Parece que sua vítima número um acaba de entrar na armadilha. Viu como Rose se animou? No fundo, ela está adorando a idéia. Toda mulher queria estar no seu lugar. - será mesmo?

Fomos até a sala, e nossa outra amiga ainda falava ao telefone, logo desligou e voltou para nós.

- O porteiro mandou avisar que um Mercedes preto acabou de parar aí na frente. Não sabia que ele tinha um Mercedes.
- Não sabia que você era interesseira. - rosnei, já indo na direção da porta.
- Hey, espere dois minutos e desça. Deixe-o na expectativa, dessa forma assim que descer ele já estará olhando ansioso para a portaria e poderá admirar de longe o nosso trabalho, até você se aproximar.
- Nosso trabalho, Rosalie? - perguntei.
- Na verdade, trabalho meu e dela. - Alice explicou antes de me dar uma careta.
- Ha-ha, vocês são tão engraçadinhas. Só estão me deixando mais nervosa.
- Cruzes, Bella, até parece que esse é seu primeiro encontro. - engoli em seco.

Merda. Esse era meu primeiro encontro, como não pensei nisso antes?

- Posso dizer que é o primeiro que estou com essa nova personalidade. Quero dizer, moldada para esse dia, entendem? Não estou sendo eu mesma. - assentiram, parecendo cair na minha mentira.

- Ai, acho que já passou tempo o suficiente. - Alice me empurrou porta a fora - Boa sorte, Bella. E não saia da linha. Estaremos te esperando acordadas, provavelmente.
- Boa noite, meninas. - resmunguei com pesar.

Desci pelo elevador, parei na entrada desejando boa noite ao porteiro que liberou o portão de ferro para mim e deu um aceno, então saí, batendo o portão atrás de mim, descendo os poucos degraus. A noite estava realmente fria, por isso praguejei um xingamento a Alice. Apesar da garoa que sentia molhar minha bochecha, o céu estava com estrelas o que era um milagre para aquela cidade chuvosa que tropeçou no meu caminho.

Quando voltei a olhar para frente, notei que Jasper me olhava de forma diferente. As faria pagar pela humilhação que estavam me obrigando a passar, na verdade eu é que estava fazendo isso comigo mesma, mas elas não precisavam ter exagerado. Ele engoliu seco quando parei, então se ajeitou ainda encostado na porta do carona, sorriu e corou quando abriu a boca, mas nada dela saiu.

"Eu devia ter me olhado no espelho antes de sair de casa." - pensei - "Elas devem ter me pintado como uma palhaça."

- Oi. - consegui falar.
- Er... oi, Bella. - seus olhos me percorreram da cabeça aos pés - Poxa, você está diferente... muito bonita. Er... quero dizer, você já era bonita antes, mas... agora está diferente... - ergui uma sobrancelha - De um jeito bom. - completou - Acho melhor eu calar a boca. - abriu a porta do carona para mim e me deixou entrar.

Jasper deu a volta, entrou, depois arrancou. Parecia mais nervoso que o normal. Afivelei o cinto, me recostei, também tentando relaxar. É claro que quando fizera o convite para me levar até Port Angeles não fora algo do tipo "encontro mesmo", mas eu e as meninas transformamos a oportunidade conforme a necessidade e agora era claro para ele o que eu queria que fosse.

Enquanto pegava a estrada, aproveitei para agachar o rosto e me olhar no retrovisor. Eu estava linda demais.
[...]

- Ela queria me transformar na próxima Ginger Rogers, como se com esse meu jeito de pata conseguisse dançar como ela.
- Ela quem? Sua mãe ou Ginger Rogers?
- Minha mãe - concluí.
- Com licença. - a garçonete interrompeu - Vocês vão querer mais alguma coisa?

Pela primeira vez, olhei em volta. O lugar estava quase vazio. Quando chegamos à cidade vizinha, Jasper e eu fomos para o cinema e assistimos 'O Picolino' em preto e branco. Só depois dos primeiros minutos de sessão é que conseguimos nos acostumar com a presença um do outro e começamos a conversar.

Pelas duas horas de filme, consegui esquecer que estava tentando me vingar e por incrível que pareça ficava mesmo tímida perto de Jasper. Não que fosse a pessoa mais descolada, extrovertida e linguaruda da face da Terra. Na verdade, Vanessa sempre me dizia que eu era tão irritante quanto meu pai, que o silêncio era meu melhor amigo.

Ela também dizia que a única mulher que conseguiria se casar com ele seria minha mãe, pois onde o silêncio imperasse lá estava a matraca de dona Renne para romper as barreiras. Antigamente, falava disso com amor, como uma brincadeira, mas depois que os dois morrerram e minha tia se tornou aquela mulher amarga, ela continuou falando, mas com rancor.

Assistir aquele filme, assim como minha mãe costumava fazer, não me deixou muito alegre, mas Jasper estava lá, mais animado do que o costumava ver e mais disposto a conversar também.

- Pensando em quê? - perguntou, me fazendo caguejar.
- Na garçonete que deve estar querendo nos expulsar. Já é tarde. Como não vimos isso antes? Acho que é hora de ir.
- Claro, ainda temos uma viagem pela frente. Vou pedir a conta. - ele o fez e logo estavamos saindo do restaurante.

Quando paramos no carro, abri minha bolsa para pegar o celular que vibrava, mas deixei tudo cair no chão, Jasper agachou e me ajudou a catar os cacarecos.

- Obrigada. - sussurrei.

Ele sorriu, depois enrugou o cenho e corou um pouco. Estava dando muito certo.
[...]

- Bom dia, Bells. - disse ao entrar, e passando por mim pousou a mão no meu ombro.
- Bom dia, Jasper. - resmunguei, segurando a bandeja no colo, saindo da cozinha.

Andei até a sala, arrumei toda a mesa do café-da-manhã e voltei. Ele estava mexendo em algo na lavandeiria que fez bastante barulho. Parei na porta, mesmo sabendo que precisava levar a segunda bandeja com comida para a mesa de jantar antes que Carlisle e seus filhos descessem, queria ver que besteira estava fazendo dessa vez.

Jasper agachado no chão, vasculhava o armário de roupas secas com um pedaço de madeira. Tentei não rir, mas foi meio que inevitável, então chamei sua atenção com uma tosse forçada. Ele levantou o rosto e sorriu sem graça.

- Estou procurando uma coisa. - explicou com a sobrancelha erguida.
- Seria mais fácil sem a madeira.
- Acredite: não seria, não. - rimos.
- Quer ajuda?
- Não, obrigado, só estou procurando uma camisa preta.
- Gola v, tecido leve, com capuz e um desenho cinza nas costas? - ele assentiu - Está na roupa de pilha passada, não aí.
- Vou te dar um troféu por cuidar dessa casa inteira sozinha e por ter boa memória. - dei de ombros, mas não fiquei para conversar mais.

Não estava fugindo de Jasper como na primeira semana que ficava tímida ao seu lado, fugia de seu olhar e sorria sem graça. As meninas me disseram para tratá-lo completamente diferente de antes. Ainda um pouco introspectiva, concentrada no meu "papel", mas passado uma semana completa do domingo que saímos juntos, elas me pediram para tentar ignorar o fato e tentar agir naturalmente. Segundo Alice: mais hora, menos hora, se algum interesse tivesse mesmo aflorado, Jasper me procuraria sem indiretas, como já tinha acontecido duas vezes.

Eu estava esperando, não ansiosa, somente anestesiada com a situação, como se não quisesse mesmo que ele viesse conversar sobre aquilo comigo. Não era a reação que eu esperava de mim para o meu primeiro encontro, mesmo sendo de mentira.
Depois de colocar toda a mesa, me surpreendi com Emmett se sentando na cadeira ao lado da do pai. Ele costumava ir embora no domingo logo após o almoço, mas ainda estava ali com seu cabelo emaranhado, duas margens negras embaixo de cada olho e os ombros caídos.

- Emmett? Você por aqui? - ele negou com a cabeça e murmurou algo como "ainda estou dormindo", enquanto enchia uma xícara com café.
- Percebe-se.
- Ah, também estava com saudade de você. - sua voz embargada parecia a de um urso o que me fez rir alto - Me verá aqui mais do que qualquer outra vez desde que trabalha para nós. Só volto para a faculdade quarta-feira. Tive um maldito problema na minha conta, estava passando fome no alojamento. E você jamais vai querer me ver com fome.
- Acredito em você. E seu pai não poderia resolver isso para que não perdesse aula?
- E meu pai tem tempo? - ri de novo com sua careta.
- Seus irmãos. - dei de ombros.
- Sinto muito, menina. Você não tem futuro como comediante. Se um dia precisar de um rim, é mais fácil encontrar no mercado negro do que esperar uma doação de um dos dois. - gargalhei.

Jasper entrou na sala, vestido com a camisa que estava procurando e olhou para nós dois com a sobrancelha unida. De repente, algo na sua expressão fez uma idéia brotar e de início pareceu realmente brilhante. Pedi licença aos dois e fui até o quarto de empregada nos fundos. Achei o celular que Carlisle me dera e passei uma mensagem para Alice que estava no Adam's.

"Acho que essa história de conquistar Jasper, Emmett e Edward para me vingar vai demorar muito. Não seria mais fácil se enquanto um racionaliza, eu já vou avançado para o outro? Emmett estará na cidade até quarta. Posso fazer ciúmes em Jasper para que ele seja mais rápido e já deixar tudo quase pronto para o segundo."
Esperei até que respondessem.
"Isabella, nem pense nisso. Oi. É a Alice. Desculpe, a Rose viu a mensagem primeiro. Olha, fazer ciúmes não é assim tão má idéia, mas é melhor que não o faça. Administrar um já é difícil o suficiente. Dois então, nem queira imaginar. Tenha paciência. Beijos."
Dei de ombros, já que minha idéia era assim tão estúpida largaria de mão. Voltei para a sala que já estava cheia. O último a aparecer foi Edward que me deu um sorriso debochado ao se sentar, o mesmo sorriso que também estampei o fazendo dobrar o nariz. Assim que todos terminaram, foram para seus afazeres. Carlisle para o hospital. Edward 'para escola' e levou Rennesme e Emmett subiu para se arrumar pois ia para a cidade.
Levei toda a louça suja de volta para a cozinha. Antes de começar a limpá-la, fui até meu quarto para procurar uma presilha de cabelo e me surpreendi com o celular piscando com uma nova mensagem. Era de Alice e dizia assim:
"Posso te pedir um favorzinho? Essa noite venha para o apartamento. Vamos precisar de sua ajuda."
"Em que?" - enviei.
"Bem, é que Rosalie se machucou no restaurante. Mas não foi nada sério, não precisa se preocupar. Só queríamos uma pessoa para ajudar já que terei que cuidar dos remédios."
Pediram para não me preocupar, mas só fiquei mais afobada com isso e liguei imadiatamente para as duas. Rosalie torceu o pulso na primeira mesa que foi atender. Uma criança deixou o pote de mel cair no chão e ela escorregou e caiu sobre o braço. Disse que as esperaria em casa e desliguei. Acabei me esquecendo de procurar a presilha e voltei para a cozinha ainda imaginando a cena.
Jasper me esperava lá. Corei ao vê-lo e fui logo para a pia.
- Quer ajuda? - se ofereceu.
- Não, obrigada. Faço tudo sozinha.
Lavei rapidamente os poucos talheres e xícaras. Ele se manteve ao meu lado avaliando minha expressão, enquanto comecei a secar tudo.
- Precisa de algo, Jasper? - estava me incomodando.
- Er, não exatamente. Eu só estava pensando sobre umas coisas.
- Que coisas? Talvez possa te ajudar.
- Na verdade, é a única que pode me ajudar. - sorri abaixando o rosto.
- Pode dizer.
- Er, bem, eu andei pensando muito e tentei de outras vezes, er, falar com você. Mas. - enrugou o cenho como se sofresse para falar.
- Mas?
- Eu estava indeciso. Queria apenas tirar uma dúvida com você.
- Pergunte então. Se puder, responderei. - mordi o lábio contendo um sorriso.
- Bem, eu queria saber, se você gostou de quando saímos juntos. Quero dizer, se foi bom o tempo que passamos.
Quis explodir de felicidade naquele momento, finalmente o sentia caindo na minha armadilha. Já não era sem tempo, afinal não podia passar meses com cada um. Eu não tinha tanto tempo assim porque queria sair dessa cidade antes de completar dezoito anos e queria partir com boas lembranças.
Escondi o rosto com os cabelos, para que Jasper não visse o largo sorriso que escancarei.

- Porque esse tipo de pergunta? - perguntei um tempo depois, levantando o rosto, mas não o encarando diretamente.

Senti que minhas bochechas estavam quentes, mas não por timidez. Acho que foi pelo largo sorriso que dei, ou por imaginar que meus planos estavam mesmo dando certo. Apesar do motivo principal ser horrível, eu estava mesmo adorando a idéia de voltar hoje para o apartamento na cidade só para contar para as garotas o que acontecera e planejar meu próximo passo.

Não soube de imediato se Rosalie gostaria ou não de discutir isso na sua situação, mas da forma que sua animação e apoio começavam a surgir nos últimos dias, talvez ela quisesse mesmo ao menos saber as últimas.

- É só uma curiosidade minha. - tentou não gaguejar. Jas engoliu em seco e continuou: - Er... é que eu ia perguntar antes, mas não vi oportunidade...
- Ah. - coloquei todos os talheres na gaveta e me levantei - Eu acho que sim. Quero dizer, gostei muito daquela noite. Há muito tempo não via aquele filme. - ele enrugou o cenho.
- Sim, mas além do filme. Você gostou de tudo?
- Claro. - dei de ombros de costas para ele.
- Então, você se importaria se eu... - depois de alguns segundos, Jasper ainda não tinha terminado a frase.

Até achava fofo aquela gagueira e o nervosismo, mas não sei de onde tirei a idéia, só comecei a agir como uma pessoa que conhecia.

- Você quer dizer que quer sair de novo? - perguntei de costas, tamborilando nervosamente com os dedos no mármore da pia.
- Er.. si-
- Eu adoraria. - soltei num jato, mas depois encolhi os ombros - Quero dizer, seria legal. - Alice ia me decaptar por a estar imitando, mas que Deus seja minha testemunha, Jasper adorou.

Seu sorriso iluminou a cozinha, a casa, o dia e todo o resto.

- Então, pode ser esse final de semana. Na sua folga de novo se já não tiver qualquer outro compromisso marcado.
- É claro que não. Eu te espero.
Alguns dias depois.

Adam gritava comigo e Alice por não termos colocado os pratos lavados dentro do armário debaixo do balcão já que estavamos conversando. Confesso que nos distraímos, mas aquele homem era muito estressado.

- Pare de reclamar, patrãozinho lindo. A Bella nem deveria estar aqui, está trabalhando para cobrir a Rose.
- Não estou reclamando. - eu disse ao ver a veia de seu pescoço subir e descer, mas me surpreendi quando o homem gigantesco fez um muxoxo e pediu desculpas.

Rose no balcão cantarolava uma música, enquanto nos via trabalhar, ainda com o pulso enfaixado, por isso nas noites que voltava da mansão, eu passava antes no restaurante para ajudar Alice que estava tomando conta de tudo quase sozinha, já que Rose só podia cozinhar e fazer esforço com o pulso bom.

- Continue contando. - Alice ordenou.
- Entrei em seu quarto de rotina para guardar as roupas limpas e vi aqueles papéis impressos. Eu juro que não era minha intenção, mas, meninas, as primeiras linhas eram tão maravilhosas que precisei continuar e agora sinto a necessidade de contar isso para ele. Jasper é um escritor. Está mais do que na cara, toda a leitura, a introspecção, na verdade ele é só observador. Observa a relação da família, a personalidade das pessoas que estão em volta dele, e - parei um segundo me apoiando na bancada - ... o mundo. Quero dizer, ele ainda não descobriu o que quer fazer porque ninguém nunca pegou esse material e leu. Ou não, sou muito leiga para falar dessas coisas.
- Já contou isso para ele? - Rosalie perguntou.
- Domingo passado quando saímos pela segunda vez ainda não tinha lido, então conversamos sobre outras coisas. Foi legal. Ele brigou com Carlisle e não veio almoçar todos os dias em casa esses dias por isso não falei, nem combinamos de fazer nada amanhã, mas vou comentar segunda.
- Sabe o que eu acho? - Alice disse.
- Que é sábado a noite e estamos definhando aqui? - Rose sugeriu.
- Não, acho que você está tomando a decisão errada, Bells.
- Decisão errada?
- É. Está na cara que você gosta do Jasper. Como amiga, antes que você diga qualquer coisa. Deveríamos encerrar esse plano. Vai fazer quatro semanas amanhã. Antes que aprofunde demais as coisas, melhor parar.
- Espere. - Rose apoiou o braço bom no balcão, passou suas pernas por cima e logo estava na cozinha - Alice Brandon dizendo que Bella esqueci o sobrenome deve desistir? Morri e estou no céu.
- Ah, pare, sua chata. - Lice jogou panos de prato sobre a loira - Você também estava bem animadinha até ouvir o nome Emmett. Só estou pensando no bem de todos.
- Li, termine de se explicar.
- Olha, não consigo mais ver ódio em você, a menos quando fala de Edward, e pensando bem ele foi o único que te infernizou de verdade, aliás continua infernizando.
- Sim, ontem entrou em casa com uma bicicleta cheia de lama, sujou o chão do primeiro andar até seu quarto e ainda me mandou um beijinho.
- Olha, nem com Emmett enxergo mais rancor em você. Talvez fosse hora de você repensar esse plano.
- Como assim?
- Talvez você devesse apenas se tornar amiga deles dois e depois pedir que ficassem ao seu lado e te protegessem da implicância de Edward.
- Pensando por esse lado, também concordo. - Rose murmurou.
- Você poderia abrir o jogo completamente, dizer que descobriu o que faziam, tentar se desculpar e até contar para Carlisle.
- Concordo.
- Você não precisaria ficar agindo de caso pensando cada passo que dará só para chamar atenção de um ou de outro.
- Concordo.
- E Rosalie ficaria mais tranquila sem concorrência com o bonitão do baile.
- Conc- Hey, não concordo. - gritou de repente.

Rimos, mas logo fiquei com a cabeça longe pensando no que Alice dissera. Terminamos de guardar todas as louças lavadas, arrumamos as mesas para o café-da-manhã de domingo e fomos embora para o apartamento.

Fui dormir pensando seriamente sobre a nova proposta de Alice. Vingança era tão importante para mim?
Na manhã seguinte, levantei, me arrumei com a ajuda de Alice que depois do meu primeiro encontro com Jasper fazia questão de dar opinião sobre tudo que eu vestia, além de me maquiar sempre que sobrava tempo pela manhã e me dava dicas e sugestões, e fomos para o Adam's, ajudar o dono a abrir.

Como sempre nos domingos de manhã, algumas famílias vinham inteiras para tomar o desjejum. Alice que tinha mais experiência ficou atendendo as mesas e eu atendi os solitários do balcão. Estava pegando um pedido de um senhor com uma longa barba branca, quando me jogaram algo na cabeça. O homem se assustou, enquanto eu gemia e protestava. Ele apontou para trás de mim, quando olhei vi que fora Rosalie que tacou um porta-guardanapos vazio.

- Qual seu problema? - rosnei.
- Não era pra acertar na cabeça, flor. Desculpa? Mas olha ali. - em seguida apontou com a mão enfaixada para a porta do estabelecimento onde me surpreendi com Jasper parado, as duas mãos no bolso da calça, olhando em volta até parar os olhos em mim.

Ele acenou, respondi, mas depois voltei minha atenção para o homem na minha frente. Destaquei o pedido do bloco, o levando até a cozinha, onde Rosalie estava.

- O que será que ele faz aqui? - perguntei.
- Tirou as palavras da minha boca. Oh, ele está sentando no balcão, vá atendê-lo.
- O que eu faço?
- Haja naturalmente. Faça o que faz sempre.

Fui até seu banco, parando de frente para ele, com as mãos no bolso do avental. Sorri sem graça, ele também, então deu de ombros.

- Oi. Tudo bem? Veio tomar o café?
- É vim. Não queria ficar em casa, então... vem cá, porque está com dois empregos?
- Ah, estou só cobrindo minha amiga que trabalha aqui e está com a mão machucada. É por pouco tempo.
- Não vá se cansar demais.
- Não se preocupe. Eu me conheço. Então, parece exausto.
- Nessie passou mal essa noite. Não dormi direito preocupado.
- O que houve?
- Só um pouco de febre. Acalme-se, Bella. Coisas de criança.
- Ah, que ótimo.
- Seria melhor se eu não soubesse o motivo dessa recaída dela.
- Recaída? - fiquei curiosa.
- Briguei essa semana com meu pai. - abaixou o rosto envergonhado - Você deve ter ouvido, nem sei porque estou falando isso. E bem, Nessie viu, então ficou frágil de novo. Quando as coisas não vão bem, ela cai doente. Sistema nervoso. Ela perguntou por você ontem a noite.
- Então, durmo hoje na mansão para ficar com ela. Só esperar o restaurante fechar. - ele sorriu torto.
- Você não existe. Obrigado.
- Então, quer alguma coisa?
- Um café bem forte, por favor, e panquecas se ainda estiver em tempo.
- Claro, café-da-manhã só acaba às onze. Eu já venho trazer.

Anotei o pedido, levei para Rosalie e depois separei vários pratos numa bandeja para Alice que deixei sobre o balcão. Servi duas pessoas e voltei para a cozinha para ajudar Rosalie que mais atrapalhava do que ajudava Adam, mas mesmo assim não admitia parar de trabalhar por causa do pulso. Quando o pedido de Jasper ficou pronto, o levei para ele que agradeceu muito educado como sempre, e disse que me esperaria até a hora de sair.

Concordei, pois não faltava muito tempo, só meia-hora. O restaurante foi esvaziando, ajudei Alice a limpar as meses já que todos estavam comendo, foi quando lembrei que não tinha contado para ela que usara um pouco da sua personalidade nos momentos que estava com Jasper. Aquilo me deu uma idéia de talvez zuar Alice mais tarde com ele, assim como ela fazia com Rose e Emmett, só para que provasse um pouco do próprio veneno, mas desisti, pois gostava demais do meu pescoço.

Quando tudo estava terminado, só havia mais dois clientes e já preparavam a cozinha para o almoço, deixei o avental e saí com Jasper para andar.

- Então, queria mesmo falar com você.
- Sobre? - perguntou intrigado.
- Não sei se ficará chateado por ter feito isso, mas queria te dizer que não era minha intenção de início, mas outro dia li uns papéis sobre sua mesa e gostei muito.
- Pa-pa-péis? - corou.
- Desculpa, não devia ter metido meu bedelho onde não sou chamada.
- Er... mas o que leu exatamente?
- Tudo. - respondi num jato, o fazendo apertar os olhos e sorrir sem graça - Fala alguma coisa ou vou achar que está querendo me matar.
- Não é isso. É que tenho vergonha. É tudo uma grande besteira que faço quando tenho tempo livre. Aliás, todo o meu tempo é livre.
- E é por isso que eu queria falar com você. Quero dizer, eu gostei muito mesmo do que li e juro que se fosse um livro compraria.
- Livro? - desmereceu.
- Sim, não acha que tem potencial? - negou - Você lê tanto, é tão observador, achei maravilhoso tudo que escreveu. Poderia se empenhar mais nisso. Talvez seja o que te falta para não ter mais tempo livre. Poderia fazer faculdade com algo relacionado, letras, literatura, jornalismo, ah não sei bem. Não acho que seja feliz trabalhando naquele escritório.
- Está tão estampado assim na minha cara?
- Não é bem isso. - corei violentamente por tê-lo deixado triste - Só gostaria de te ver mais animado. Você já me fez alguns favores. Porque não poderia agradecer? - deu de ombros.
Caminhamos mais alguns minutos em silêncio, sabia que estava apenas pensando no que eu dissera mas sem rancor ou achando que eu estava me metendo em sua vida.
- Sabe, algumas vezes, quando estamos insatisfeitos com certas coisas é difícil demais mudar, mas basta um pouquinho de força de vontade. Quando se tem apoio é bem melhor e queria que soubesse que eu posso exercer esse papel. - ele sorriu e corou.
- A idéia não parece de todo mal.
- Então não pare de pensar. - tentei não demonstrar toda a minha animação, mas foi impossível.
- Realmente, já estou até meio cansado de pensar numa maneira de mudar tudo que quero.
- Então não é besteira o que estou dizendo. Espero que não. - chegamos a um pequeno campo com uma grande árvore que dava sombra para todo um parquinho repleto de crianças.

Nos sentamos em um banco mais afastado de todos. Jasper não se pronunciou por longos minutos ainda ouvindo o ressoar das minhas palavras, mas depois deu um sorriso tímido e me encarou.

- Não sei quem é mais louco. Você por ter dito ou eu por estar cogitando a idéia.
- Continue cogitando. Pense com todo amor no que eu disse, se quiser continuou falando. - dei um grande sorriso empolgada, o que o fez gargalhar.
- Não sei se meu pai... ah, esquece.
- Diga.
- O que ele vai achar? Não sei se pode parecer bom o suficiente para ele.
- Não deve ser bom para o seu pai, Jasper. Deve ser bom para você. Se te fizer feliz, também o fará. Confie em mim. Se tentassem conversar, veria que ele confia em você para tomar uma grande decisão como essa.
- Pelo visto, não sou o único observador. - pensou por longos minutos, então assentiu: - Continuarei cogitando.
Fiquei tão animada com a idéia de ajudá-lo que o abracei. Ele congelou com a proximidade, mas depois riu nos meus cabelos, enquanto eu murmurava "que ótimo, que ótimo, que ótimo" sem parar.

Naquele momento, o que senti foi como se um peso fosse tirado das minhas costas por estar no caminho certo. Não queria seduzir, magoar, me vingar. Pelo menos, não de Jasper. No fundo, era um rapaz tão bom com todos, até mesmo comigo. Já fui capaz de perdoar tantas pessoas que cometeram erros grandes comigo. Percebi finalmente que ele não tinha culpa de nada, então o perdoaria também.

Talvez na próxima vez que estivesse com Emmett, conseguisse sentir o mesmo, mas por enquanto era só uma idéia na minha cabeça. Agora, já se tratando de Edward nada mais brotava além de ódio e vontade de vê-lo pagar por ser do jeito que é.

Finalmente, tinha percebido que criara laços também com aquele loiro tímido que me abraçava, gostava tanto dele quanto a um irmão e não era justo enganá-lo. O contra-ataque estava cancelado. Conversaria com Jasper, não agora, e seguiria o conselho de Alice. Diria que tinha ouvido a conversa dele com Edward naquele dia por um pequeno acidente, que tinha ficado muito magoada, mas que não me importava e na verdade só queria sua ajuda para que seu irmão não tornasse meu trabalho insuportável.

Decidi também ainda durante o abraço que não contaria sobre o plano que fiz com as meninas. Era coisa demais, tinha certeza que ficaria magoado.

Eu o soltei, ainda sorrindo bem mais leve. Jasper estava próximo, me olhou nos olhos, passou a mão pelos meus cabelos, segurou minha nuca e encarou minha boca. Sabia o que poderia acontecer em seguida, precisava cortar agora antes de ser tarde demais.

- Você é um grande amigo. Acho que o melhor que já tive. Você me lembra o meu irmão, sabia?. - ele corou e se afastou.
- Eu que devo agradecer.
- Me paga um sorvete e estamos quites. - agora sim estava no caminho certo.

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