A Mulher da Casa escrita por sisfics


Capítulo 5
Capítulo Cinco: Contra-ataque




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Isabella Pov

- Bella?! - Alice chamou.

Girei na cama, descobrindo a cabeça só para olhá-la e sorri tentando confirmar que estava bem, mas eu não estava nem um pouco. Ela deu de ombros, como se desculpasse por estar vindo pela milésima vez no meu quarto, então entrou e veio se sentar na beira da cama.

Já considerava Alice e Rosalie minhas amigas, pois eram completamente amáveis, mas aquilo de ter uma pessoa que não fosse Carlisle se preocupando comigo era novo e irritante.

- Bem, é que a Rosalie chegou agora do curso e sentiu sua falta. Ela alugou uns filminhos. Você quer ver com a gente?
- Acho que vou ficar aqui.
- Tem certeza que não quer conversar? - respirei fundo e me sentei.

Minha cabeça pesada meneou de um lado para o outro. Meu domingo estava sendo o pior desde que chegara naquela cidade. As palavras de Edward não paravam de ressoar na minha cabeça, não queria mais conviver com ele um minuto sequer, pois sentia que sua presença criava algo estranho dentro de mim que não sabia o que era e tinha medo daquilo.

Tentava me decidir sobre que posição tomar amanhã quando chegasse bem cedo na mansão dos Cullen, mas toda vez que pensava no mais sensato que era me demitir, além do receio de passar mais tanto tempo de novo sozinha na rua como fiquei no último ano, havia também um sentimento novo como um laço apertado que não queria me afastar de Rennesme ou de Carlisle.

Eles eram como um pai e uma irmã para mim, algo que eu não tinha há muito tempo. Em contrapartida, sabia que aquele sentimento era errado e para completar as palavras de Edward voltavam como zumbidos na minha cabeça, fazendo daquilo um ciclo irritante.

- Sim, tenho. - respondi sem vontade.
- Se quiser fazer companhia para nós, estaremos esperando na sala, tudo bem? - se levantou e saiu.

Fiquei sozinha só por mais alguns minutos pensando. Era mais do que errado nutrir familiaridade. Além disso, quanto mais cedo partisse, mais difícil seria de alguém me encontrar. Toda aquela história de ter fugido do hospital ainda atormentava Carlisle com os diretores. Se ele não tivesse o que esconder, não teria com o que se preocupar.

Levantei da cama, troquei minhas roupas e joguei as outras poucas que ficavam no armário sobre meu travesseiro. Teria que arrumar uma boa bolsa de viagem para levar tudo embora já que o amigo de Edward tinha me roubado. Fiz uma lista mentalmente para checar mais tarde. Na ordem seria: me demitir; não me despedir de Rennesme; deixar o suficiente para cumprir minha parte nas despesas do apartamento por dois meses na geladeira e ir embora sem falar com Rosalie ou Alice.

A facilidade com que os tópicos pareciam se desenrolar era animador, mas ao colocar em prática seria bem diferente. Só continuaria me enganando pela noite de hoje para não sofrer por antecipação.

Se aquela seria minha última noite em Forks, me dei a chance de aproveitar um pouco com as garotas como se fosse uma despedida. Então respirei fundo, fechei o zíper do casaco e fui para a sala. Rose tirava suas botas, sentada no sofá, enquanto Alice agachada perto da tv e colocava o dvd para funcionar.

- Ainda querem companhia? - perguntei me sentando.
- É claro. - Rose disse sorrindo.
- Que bom que saiu do isolamento. Eu estava me sentindo muito sozinha em casa hoje. Ai, essa droga não está funcionando. - deu petelecos no controle remoto.
- Devem ser as pilhas. Tem na gaveta. - Lice se levantou e as foi buscar.

Rose desfazia o grande coque dourado quando me lembrei do comentário de sua mãe no dia que eles jantaram lá sobre ela já ter se envolvido com Emmett.

- Rose, você disse que me contaria mais tarde aquela história de ter namorado o Emm. Mas você não disse nada.
- Ah, eu sabia que ela não ia me deixar na mão e colocar essa história de novo para debaixo dos panos. Eu te amo, Bellitcha. - Alice gritou de algum lugar.

Rose corou violentamente, abraçou as pernas e riu. Só me restou gargalhar das duas.

- Não pensei que fosse tão sério.
- E não é. - rosnou - Alice que faz questão de importunar com esse assunto idiota. Aconteceu faz muito tempo. Bem, eu posso até contar, mas você vai me prometer que nunca mais tocará nesse assunto, principalmente com ele. - nunca mais as veria mesmo, então prometi com sinceridade - É uma longa história e vou tentar resumir. O Emmett é coisa de dois anos mais velho do que nós duas. Ele estava no terceiro ano, nós duas no primeiro e o segundo filho, o mais quieto, esqueci seu nome.
- Jasper.
- Sim, o Jasper era do segundo ano. O Emmett sempre foi um cara popular, cheio de garotas, ele jogava no time de basquete e desde a primeira vez que a Alice o viu cismou que eu teria que dar em cima dele. Foi uma idéia fixa por muito tempo na cabeça dessa garota. Até que chegou o baile de formatura deles, então eu fui convidada por um idiota chamado Mike Newton.
- Ele era péssimo. - Alice disse entrando na sala.
- Mas, pelo menos, eu seria a única garota do primeiro ano no baile de formatura. Então, fui e lá o destino fez o favor de nos juntar.
- Conta isso direito, Rose. - Alice deu play no dvd, depois se sentou ao lado dela para completar a história - O baile era de máscaras, Rose conseguiu dar um perdido no palerma do seu acompanhante e encontrou Emmett do lado de fora.
- Mas ele não tinha acompanhante?
- Emmett Cullen nunca teve acompanhante, querida. - Rose murmurou.
- E vocês ficaram?
- O resto da noite juntos. - Alice completou com os olhos brilhantes - Mas no dia seguinte, ela não o procurou para dizer que era ela. Essa imbecil.
- Hey, ele não sabe que era você? - Rose assentiu envergonhada.
- E minha mãe só ficou sabendo dessa história porque tinha a irritante mania de fuçar meu diário.
- Ela ainda tem essa péssima mania.
- Isso me parece filme. - comentei admirada.
- É o que dá quando se faz um maldito baile de máscaras. Que idéia estúpida dessas líderes de torcida organizadoras de porcaria nenhuma. Eu preferia não ter ido àquele baile.
- Pare de besteira, Rose. Lá vem você com essa história de cão arrependido. Carpe Diem. Se arrependa só daquilo que não fez, okay?
- Alice, odeio suas filosofias de vida. Elas me dão arrepios.
- Ah, Rose, dessa vez tenho que concordar com ela. Você gostou? - assentiu corando - Pois bem, esquece essa coisa de arrependimento. Ele beija bem?

Ela balançou os braços, parecendo agora com um pimentão e insistindo em não contar.

- Não vou entrar em detalhes.
- Pois eu entro. - Alice deu de ombros - Ela disse que beija muito bem e tem mãos bem abusadas.
- Alice?! - ela gritou escondendo a cara com as almofadas.

Desistimos de assistir o filme que ela trouxera porque o assunto estava muito mais interessante. Aprendi com Alice aquela noite que fazer com que Rosalie corasse era mais divertido que qualquer show de comédia.

Quando todas nós ficamos cansadas para ir dormir, nos despedimos e cada qual foi para o seu quarto. Eu sempre acordava mais cedo que as meninas, então considerei aquela a última vez que as veria. Guardaria bons momentos com as duas. Pelo menos, tinha um lado bom: na próxima noite dos pais eu não teria que me preocupar em inventar uma nova mentira.

[...]

O Sol brilhava penetrando em nossas bochechas, mas não havia calor de qualquer modo.

- Em San Diego fritamos ovos na calçada no verão. - Nessie arregalou os olhos.
- E depois vocês comem?
- Claro que não. Só por diversão. Fiz muito isso quando tinha sua idade. O Sol queimava, ardia nossa pele, o mínimo que saíssemos de casa.
- E porque saíam?
- Porque dentro era bem pior. - ela riu.
- Mas Bella ainda estamos no final do inverno, esse Sol é um milagre para Forks até para dias de primavera, quanto mais agora. - deu de ombros - Sente falta de casa? Você não gosta daqui, não é mesmo?
- Quem colocou isso na sua cabeça?
- Ninguém. Eu não queria que você também fosse embora como minha mãe foi. Tem sido legal conosco. Até com Edward.

Me deitei no deque, sentindo meu coração apertar. O rio atrás da mansão era uma ótima opção para distrair Nessie. Nós ouvíamos o gorgolejar e sentíamos alguns respingos voarem para nossos pés.

- Se tenho sido tão legal, porque acha que eu vou? - ela também se deitou.
- Não sei. Só tenho medo de que não fique.
- Meninas como você não devem ter medo.
- Como eu?
- SIm, meninas fortes. Entendeu?
- Tudinho. - ela sorriu.

Não queria decepcioná-la, mas também não prometi que ficaria. Aliás, comprei uma mochila nova na cidade pela manhã e já tinha arrumado minha mala para ir embora.

Nessie não queria mais conversa, então só ficamos deitadas até que o Sol se foi. Talvez ficar e fazer meu lar para agradecer de alguma forma a amizade dos Cullen nem fosse tão má idéia, mas as perguntas aumentariam com o passar dos dias e os problemas também.

Quando os primeiros chuviscos caíram, corremos para dentro e nós decidimos brincar. O jantar já estava quase todo pronto, apenas Jasper estava em casa trancado em seu quarto lendo, então não vi mal nenhum em me despedir também de Nessie.

Seus olhinhos brilharam quando apoiei a idéia de brincarmos de pique-esconde. Ela girou seu vestido, antes de correr para dentro da casa e eu fiquei na cozinha de olhos fechados contando até cem. Assim que acabei minha contagem, me levantei e fui procurá-la.

Primeiro olhei toda a sala de estar, dentro dos armários, atrás do sofá e atrás de um grande vaso de planta. Nessie era bem pequena, poderia se esconder em qualquer lugar, por isso me arrependi de ter aceitado a idéia quando também não a achei na sala de jantar.

Ela também não estava em seu quarto, no de seu pai ou no terceiro andar. Procurei em todos os lugares possíveis, atrás de cortinas, dentro de armários. Passei mais de meia-hora a procurando e nada. Foi quando tive a maldita idéia de infringir a única lei que tinha obedecido até hoje. Nessie sabia que eu não entrava no quarto de Edward, sua inocência não saberia distinguir o porquê, então aquele era o melhor lugar para ela se esconder. Edward chega tarde todas as noites, bem depois do pai, então não seria mal nenhum.

Abri a porta cuidadosamente, espiei e chamei por Rennesme que não respondeu. Bati a porta atrás de mim, então vasculhei os lugares mais óbvios como a varanda, embaixo da cama e da mesa, mas nada de Rennesme.

- Que droga! - reclamei comigo mesma.

Ouvi o barulho de uma porta no final do corredor se abrir, só podia ser ela entrando em seu quarto. Fui até a porta correndo, parei com a mão na maçaneta quando ouvi Jasper gritar:

- Edward, não entre ainda. Preciso conversar com você.

Prendi a respiração, sentindo o nó na minha garganta aumentar. Ajoelhei, espiando pelo buraco da chave Edward no meio do corredor se virando para a porta do quarto de Jasper.

- O que quer? - perguntou ríspido.
- Ouvi sua moto entrar. Acho que precisamos conversar.
- Vá encher a paciência da mãe, Jasper. Me deixe em paz.
Não podia sair do quarto ou seria só mais um ótimo motivo para Edward me infernizar. Mas eu sairia mesmo daquela casa hoje, porque não enfrentá-lo uma última vez? Seria delicioso responder e quebrar sua cara ao menos para guardar uma doce recordação dos seus olhos verdes pegando fogo.

- Que porra. - ele gritou - Estou sem humor hoje para qualquer coisa, então sai do meu pé. Vai molestar um livro, imbecil. - voltou a andar em direção ao quarto.

Mudança de planos. Pensei em me esconder debaixo da cama, pular da varanda, mas preferi o banheiro. Engatinhei o mais depressa que pude, entrei e tranquei a porta. Logo Edward metia o pé na porta com toda a violência parecendo um furacão prestes a acabar com a minha raça. Fiz o mesmo que fizera antes no quarto e comecei a espiar pela fechadura. Ele jogou o capacete com toda a força no chão, tirou a jaqueta de couro e a fez voar até a parede.

- Aquela cadela. - rosnou para si mesmo.
- Você está louco? - Jasper entrou no quarto.
- Não, é você quem quer me deixar louco. Antes que representemos a história bíblica de Caim e Abel é melhor sair do meu quarto. - Jas fechou a porta e se aproximou do irmão.
- Não antes de você me explicar o que a mochila da Bella estava fazendo no armário de ferramentas da garagem.
- Vai proteger a sua vadiazinha em outro lugar. Vocês pediram. Vocês tiveram. - deu de ombros e tirou a camisa.
- Vocês pediram? - abaixou o tom de voz - Foi Emmett que concordou com essa história de apoiar as suas armações para tirar Bella daqui. Esse planinho idiota de colocar fogo na máquina de café, fazer festinha com os amigos de madrugada, até aí bastou para mim. Só que mandar alguém assaltá-la. Como você pôde pensar nisso? Aliás, como Emmett pôde concordar com isso? Poderiam ter colocado a vida dela em risco. Se são tão egoístas, pensem em vocês mesmos, afinal se Bella tivesse mesmo feito o boletim de ocorrência poderia ter sido o seu pescoço numa forca.
- Moralistazinha de merda, não me enche. Pelo que eu me lembro naquele dia que vocês dois vieram ao meu quarto para dizer que também acreditavam que essa insuportável está tendo um caso com o papai tão adorado de todos nós não foi só o Emmett que concordou com a idéia.
- Eu não disse nada. - apontou o dedo na cara de Edward.
- Quem cala consente. - resmungou antes de tirar o jeans.

Eu estava mais afundada na lama do que poderia imaginar. Edward não era o único vilão da história, mas sim o único que tinha coragem de colocar a cara à tapa. Emmett e Jasper eram tão deploráveis quanto o mais novo. Ainda para piorar tinham o pensamento sujo de que eu estava me envolvendo com Carlisle. Mas de onde tiraram tal imbecilidade?

Tive que tapar a boca com as mãos para não gritar de ódio e acabar revelando meu esconderijo. Desejei profundamente que fosse um pesadelo, enquanto continuava assistindo a discussão.

- Uma coisa é calar por consentimento e outra é se calar por não ter como impedir.
- Eu tenho mesmo cara de quem vai acreditar em você, Jasper? Faça-me o favor. Vocês disseram que aceitariam qualquer plano meu para tirá-la daqui. Já abri concessão te deixando perto da máquina de café para você apagar o fogo. No dia da festa, eu prometi a você que só ficaríamos até ela acordar e foi o que eu fiz. A infernizei, o que era meu serviço, o que mais pode querer?
- Dignidade, talvez. Só um pouquinho para variar seria bem interessante.
- Blá blá blá.
- Na noite que trouxe aquelas pessoas aqui, você estava tão bêbado que mal conseguia andar. Como posso acreditar mesmo que você fez o que prometeu?
- Vamos acabar com o lenga-lenga? Bella já sabe que fui eu que mandei assaltá-la, ela reconheceu o meu amigo na festinha e eu não estava assim tão bêbado. Faça um favor para mim? Confie no seu irmãozinho uma única vez: essa garota pede para sair ainda hoje.

Jasper o observou vestir um novo jeans, um outra camiseta e descer. Assim que pude, fui embora chocada demais para pensar.
[...]

Quando abri a porta do apartamento, Alice e Rosalie correram para a porta assustadas e depois pularam sobre mim. Mas ficamos naquele abraço triplo só por alguns segundos antes de Alice começar a gritar comigo.

- Que história é essa de ir embora, Isabella? Você tem noção do susto que nos deus? Colocou um bilhete na geladeira "estou partindo e deixo a grana" e some desse jeito. Estávamos quase ligando para a polícia porque na casa dos Cullen disseram que você tinha saído mais cedo hoje. Você não está indo mesmo embora, está?
- Não sei, meninas. Só voltei porque precisava de colo. - abracei Rose que estava mais próxima de mim, então Alice amoleceu o coração e passou a mão na minha cabeça.
- O que aconteceu?
- Tudo de pior.
- Estamos sempre prontas para ouvir uma história longa. Só pode dizer antes onde estava até agora? - Já eram quase meia-noite, mas eu precisava andar e pensar se aquilo mesmo que queria fazer era o melhor.

Quando saí da casa dos Cullen aquela tarde, sem me despedir, sem ter para onde ir, a única idéia que martelava na minha cabeça não era ir embora para nunca mais voltar, mas a de voltar para onde eu queria que fosse meu lar e planejar uma grande vingança para aqueles três idiotas. Rose e Alice me levaram até a sala, onde estavam juntas no sofá, com um dvd passando para as paredes.

- Vocês se dariam melhor se eu não tivesse voltado. - apontei para a tv.
- Estávamos só tentando não pensar em você. Não queríamos perder outra colega de quarto. É claro, Jéssica foi embora por ter engravidado de Mike, mas você não tem motivos nenhum para não querer ficar aqui, certo?
- O mesmo Mike? - perguntei curiosa e Rose assentiu.
- O que aconteceu? - Lice perguntou.
- Acho que é uma longa história, espero começar da forma certa para não magoar vocês, mas preciso admitir que menti um pouquinho quando vim morar aqui. - eu continuaria não contando a história toda, mas precisava contar todos os meus motivos para elas.
- Como assim? - Rose perguntou.
- Eu não saí da casa dos meus pais só porque quis, sabe? Saí também porque minha vida era um inferno com a tia que falei. Vanessa.
- E onde ela entra nessa história toda de fugir de Forks e de nós?
- Ela entra na minha vinda para Forks e na minha vontade de não sair.
- E na sua vontade de sair? Quem entra? - Alice perguntou brava.
- Edward Cullen.
- Tinha que ser. - Rose rosnou.
- Deixem-me terminar. Não contei para vocês nem sei porque, mas se lembram do assalto que disse que sofri? - assentiram - Pois bem, na verdade, Edward foi o mandante e só descobri porque na sexta de madrugada ele levou uns amigos para casa para prolongar a festinha, estava bêbado, e eu reconheci um dos assaltantes como um dos seus amigos.
- Por isso chegou tarde? Foi na delegacia denunciar.
- Não, eu estava andando por aí porque hoje ouvi uma conversa entre Jasper e Edward que não gostei. Eu estava brincando com Nessie de pique-esconde, fui procurá-la no quarto dele, Edward chegou e precisei me esconder. Então, o ouvi conversando com Jasper sobre o acidente com a máquina de café, o assalto e a festinha que tive que encobrir fazem parte de um plano que Edward criou para me obrigar a me demitir porque os três acham que eu estou tendo um caso com Carlisle.
- Um caso? - Rosalie deu uma gargalhada.
- Pode rir mesmo. Eu estou vivendo uma piada. Trabalho para um tapado com três monstros como filhos.
- Esse garoto passou de todos os limites. Como ele pode ser tão idiota a esse ponto?
- Ele não é o pior, Alice. Jasper e Emmett apoiaram a porcaria do plano. Logo Jasper que eu confiava e gostava. Ele sempre foi tão legal comigo. E Emmett foi o mais receptivo quando Carlisle me apresentou a família. O pai deles está definhando sobre duas pernas, acorda quase todas as noites para ir até o ateliê da esposa e eles acham que ele estava tendo um caso comigo. Uma garota mais nova que todos os filhos dele. - percebi que tinha falado besteira, mas elas não notaram.
As meninas ficaram em silêncio por um tempo, eu tirei meus sapatos, meu casaco e peguei o controle remoto sobre a mesa o dando para Alice.

- Coloca o filme. Quero me distrair.
- Bella, isso é sério demais. Você não pode voltar para a mansão dos Cullen enquanto os três estiverem fazendo isso com você, quero dizer eles podem ultrapassar ainda mais o limite.
- Eu sei. - rosnei - Acho melhor colocar o filme.
- Bella, você não entendeu. Precisa se demitir, contar para Carlisle e denunciar Edward. Não adianta engolir esses sapos, dizer que vai embora e...
- Não vou embora. Vou ficar e muito bem. - a tigela de pipoca estava em cima da mesa.

Joguei o cobertor sobre nossos pés e peguei um punhado de pipoca nas mãos enquanto Alice apertava o play do dvd.

- Ele disse mais alguma coisa? - perguntou.
- Não só toda essa baboseira de me tirar do sério. Mas esse acidente de entrar no quarto dele veio a calhar, sabia?
- Porque? - perguntou, pegando a vasilha das minhas mãos.
- Já planejei meu contra-ataque.
- Contra-ataque? - arregalou os olhos.
- Sim, já entendi o esquema desses três. Eles querem me tirar daquela casa para que voltem a fazer a vida de Carlisle um inferno. Pobre homem! Tão bom com três filhos que mais parecem três demônios.
- Quanto exagero!
- Tem razão. Só Edward é o demônio. - bufei.

Alice deu uma risada e voltou o filme ao início.

- Mas qual será o "contra-ataque"? - Rose perguntou aborrecida.
- Se eles estão tão unidos dessa maneira para me tirar daquela casa, eu os farei ficar um contra o outro.

Ela arregalou os olhos.

- Porque simplesmente não desisti desse emprego?
- Porque eu preciso do dinheiro, Alice. Carlisle me paga quase o triplo que eu ganharia em qualquer outro lugar. Agora vocês sabem o quanto preciso dele pelos próximos meses até eu me livrar da sombra daquela bruxa que eu chamava de tia.
- Tudo bem. Isso eu posso entender. Só me tira uma dúvida?
- Diz. - balbuciei com a boca cheia.
- Como vai jogá-los um contra os outros?
Dei um sorrisinho malicioso quando pensei no meu plano.

- Vou fazer brigarem por algo que os homens simplesmente não conseguem ignorar.
- O que?
- Mulheres. E no caso: eu.

Alice parou o filme repentinamente pois ainda não tinha voltado totalmente ao início.

- Lice, adianta mais para eu assistir. A menos que me conte a história.
- Pára. - Rosalie gritou - Isso é impossível, é besteira e idiotice.
- Não, não é. É minha doce e tão esperada vingança. Você mesma disse que não posso engolir sapos assim e é exatamente o que vou fazer. Vou dar em cima de um por um, fazer com que se apaixonem por mim e depois jogá-los um contra o outro.
- Você vai fazer Edward Cullen se apaixonar por você, garota? - Alice perguntou - Como?
- Terei ajuda. - resmunguei, cruzando os braços e inevitavelmente fazendo um bico.

Rosalie demorou uns segundos, mas foi mais rápida que Alice, por isso se levantou e negando com a cabeça foi para a cozinha.

- Não vamos te ajudar, Bella. Se você quiser mesmo fazer isso terá que ser sozinha. Pode ter meu total apoio se for até a delegacia e colocar um ponto final nessa história também quando pegar seu último pagamento na mão de Carlisle, mas se tornar promíscua, infantil e se igualar aos tais imbecis dos quais você quer tanto se vingar, então não conte com a minha participação.
- Ela não precisa se tornar promísuca, infantil ou se igualar a eles. Eu ajudo. - Alice cruzou os braços e piscou.
- E como não faria isso?
- Tenho uma idéia coçando na língua. Bella pode simplesmente conquistá-los, mas sem um toque, um beijo, ou um ato de promiscuidade como você está imaginando. Ela pode simplesmente ganhar a confiança deles e concretizar a vingança.
- Você parece estar mais animada do que eu. - sussurrei.
- Isso e porque ela é uma louca. - Rose gritou da cozinha.
- Ah, Rose, vamos lá. Uma amiga precisando de ajuda. Você viu o que Edward fez para Bella no Adam's antes de conhecê-la. Imagine agora.
- Não é que eu não queira ajudá-la. Quero sim, mas acho errado. - andou até nós com um copo d'água na mão e se sentou de novo na poltrona.
- Tão errado quanto pedir um amigo que coloque uma arma na minha barriga e leve a minha mochila com a única foto que tenho do meu irmãozinho? Tão errado desse jeito, Rose?

A fiz pensar por uns minutos. Tinha tocado no ponto principal, o mais importante deles que era a minha integridade física e moral, eu não podia deixar barato assim. Rose suspirou vencida depois de se ajeitar várias vezes impacientemente. Percebi que ela ficara balançada quando falei no meu irmão, eu também tinha ficado, mas queria antes convencê-las a me ajudar de alguma maneira.

- Deve haver outro modo, não acha? Bella, se Carlisle descobrir o seu planinho idiota é o seu emprego que você tanto preza que corre sério risco de se acabar. Ele parece um homem direito, acha que vai gostar de saber que a empregada que agora é seu braço direito e em quem confia tanto está tentando seduzir seus três filhos e jogar um contra os outros? Acho que ele não quer assistir uma cena de Caim e Abel. - Jasper e Edward tinham dito aquilo aquela tarde, e lembrar da conversa deles só me fez ficar ainda mais com vontade de acabar com a dignidade de um por um.
- Eu não vou matá-los, Rose. Eu só quero fazer com que aprendam a lição de que não devem mexer comigo. - e quando minha missão for cumprida, eu vou embora.
- Acho que pode haver outro jeito para isso.
- Não, não há. - Alice me apoiou - Só há dois órgãos do corpo humano que os homens sentem dor. É no bolso e na cabeça. A de baixo, é claro. Bella, você pode ter certeza que a minha ajuda você já tem. - segurou minha mão sorrindo - Eu posso te ajudar com dicas, roupas, assuntos, qualquer tipo de pergunta e até álibis se precisar.
- Você é louca, pequena. - nos abraçamos, então, Alice olhou para Rosalie de forma inquisitora.
- Quero uma resposta. - insistiu.
- Tá, tudo bem, eu ajudo você, Bella. Mas vou logo avisando: isso nao vai dar certo.
[...]

- Como foi hoje? - Lice perguntou se sentando sobre a cama.
- Edward ficou muito surpreso quando entrei pela porta da casa atrasada e me desculpando pela demora. Vocês deviam ter visto a cara dele, meninas. Pensou mesmo que eu não voltaria, coitado, tive até pena. - Rose bufou.
- Acha que as brincadeiras dele vão acabar só porque você vai começar a colocar seus planinhos em ação? - perguntou.
- Mas é claro que não. Deixe-o vir quente, estarei prontinha para ele. Nenhuma brincadeira agora vai me abalar.
- Tudo bem, cansei de advertir. - se jogou na cama ao meu lado.
- Gente, olha, eu sou muito inexperiente com essas coisas, então não sei por onde começar.
- Temos que pré-determinar graus de dificuldade. Acho que o de grau número três é Edward. O mais orgulhoso, cabeça-dura, rebelde e agressivo.
- Você também esqueceu imbecil, mimado, bêbado, sujo, desbocado.
- Chega. - as duas estavam rindo - Aula um: vamos pelo mais carente. Esse será mais fácil de conquistar. Qual dos dois? Emmett ou Jasper?
- Tanto faz. Estou com ódio dos dois do mesmo jeito. Mas acho que Jasper é o mais carente, mais fragilizado, não sei se será tão fácil assim como você está pensando, Lice. Ele é muito introspectivo, fechado, eu até mantenho um bom convívio com ele. Almoçamos juntos, conversamos, ainda assim é muito tímido.
- O que ele gosta de fazer?
- Ler. Filmes antigos. Ler mais. Ainda está se decidindo sobre a faculdade. Ele parece ser o mais ligado à irmã mais nova apesar de Nessie gostar mais de Edward. Está na cara. Coitada.
- Pare de falar nele. Você já me irritando. - Rose riu.

Eu estava falando tanto nele assim? Sequer notara.

- Tudo bem, então vocês podem sair os três juntos. Nessie, Jasper e a sua futura nunca namorada. - Rose gargalhou com a denominação de Alice - O que eu disse de errado?
- Você é toda errada. Errada da cabeça. - ela gritou.
- Voltando ao assunto: descubra o livro que ele está lendo. Leia também. Puxe assunto, faça-o cuidar de você. Peça ajuda.
- Uma coisa de cada vez. Ou terei que pegar um caderninho para lembrar mais tarde. Como assim "faça-o cuidar de você"?
- Seja a garota ideal, a frágilzinha, a que ele pode se reconhecer e se tornar mais forte para querer cuidar de você. Para mim esse menino precisa se conhecer melhor. Se você o ajudar nisso, pode ganhar ainda mais sua confiança.
- Acho que entendi.

Forcei a mente a lembrar o nome do livro que Jasper estava lendo. Eu o tinha visto com ele embaixo do braço mais cedo, enquanto pegava o casaco e as chaves do carro para ir trabalhar na cidade. Talvez um dia desse na semana eu poderia pedir carona para compras ou coisa parecida. Amanhã mesmo começaria a ler o livro que ele estava lendo. E talvez se eu conseguisse fazer com que se abrisse, eu podria ajudá-lo com seus problemas da faculdade, do relacionamento com o pai.

Pensando bem, eu não estaria me vingando, estaria só ajudando Jasper. Não era o que eu queria. Precisava arranjar um jeito de ganhar sua admiração sem gestos tão grandiosos assim. Ou talvez, gestos como esses só fariam com que todo o processo fosse mais rápido e nem pesassem tanto assim na balanço final.

- No que está pensando? - Alice perguntou.
- Em como colocar tudo o que me disse em ação. Tenho algumas coisas passando pela minha cabeça. Me parecem interessante. Só precisam ser moldadas.
- Esse deve ser um trabalho seu para que você não fique fake demais enquanto estiver com ele.
- Concordo. E agora? - perguntei mais animada.
- Vamos partir para o daddy's little boy de dificuldade grau 2. Emmett Cullen. O másculo, sarado, popular, canastrão e sua futura conquista. Acho que para ele, você vai precisar de uma forcinha extra do tipo... - ela chutou a perna de Rosalie - Do tipo a sua, Hale. E não pense em se fazer de desentendida.
- Ah, não, não. Posso ajudar com Jasper, mas com Emmett é completamente impossível.
- Não é não. - cantarolei - Você já o beijou, já o tocou. Você já foi a garota mascarada dele, a que ele jamais esquecera, a aventura do baile. Já se apaixonou por ele.
- Não me apaixonei. - quase gritou.

Eu e Alice nos entreolhamos, tentando segurar um sorriso, partilhávamos o mesmo pensamento, talvez a mesma suspeita. Rose se sentou, cruzou os braços e começou seu discurso de que tudo o que acontecera naquela noite do baile de formatura tinha sido passado e não tivera importância nenhuma para ela e muito menos para ele, mas eu a Alice mal demos atenção para sua tagarelice e só engatinhamos na cama ficando uma na sua frente e outra nas suas costas. Fizemos uma espécie de gaiola para que não escapasse quando começássemos a falar.

- Ah, Rosalie, já ouvimos esse discurso antes.
- Eu apenas uma vez, mas juro que parece a milésima. - apoiei o queixo em seu ombro.

Ela me olhou de rabo-de-olho, depois encarou Alice.

- Não faço por mal, mas é que você insiste nessa história e agora que foi contar para essa outra cabeça-de-vento só arrumei mais um problema para ter que ficar contornando.
- Será que o problema é esse mesmo? - questionei.
- Ou será que você está se importando com Bella dar em cima de Emmett por puro ciúme.
- Ha-ha. - forçou demais a gargalhada, ficaria rouca - Eu com ciúmes? Não me basta ter que ouvir as asneiras de uma louca que quer conquistar três homens ao mesmo tempo e de outra que apóia a idéia e ainda quer dar aulas, ainda tenho que ouvir que estou com ciúmes de Emmett? Já passaram tantos caras depois dele, faz tantos anos, isso é coisa da cabeça de vocês.

Ela tentou pular da cama, mas a gaiola funcionou e nós a seguramos.

- Fica, mocinha. - Alice ordenou - Vamos fazer assim: Bella e eu não tocamos mais no assunto de Emmett estar incluído em seus planos na sua frente e nem insuamos mais que você está com ciúme, mas você vai parar de falar que estamos loucas.
- Tudo bem. - rosnou, depois de pensar por uns segundos.
- Bom e agora vamos ao daddy's little boy grau mil de dificuldade.
- Edward não é tão durão assim. Ele não consegue se esconder de mim por tanto tempo.
- Como assim? - Rose perguntou.
- Ah, não importa. - dei de ombros.
- Qualquer coisa à essa altura do campeonato importa, Bells.
- Bem, às vezes quando olho de verdade em seus olhos, não parece o bad boy que tenta aparentar. Uma vez, é besteira me lembrar, mas quando estávamos voltando da delegacia no carro do pai dele, houve um segundo em que ele me olhou e parecia tão indefeso quanto qualquer animal acuado. - as duas me olhavam intrigadas, pareciam não acreditar que eu estava dizendo aquilo.

Na verdade, eu não estava acreditando que dissera aquilo. O momento que Edward pegou na minha mão era para ser enterrado e não exposto dessa maneira, onde estava com a cabeça relembrando aquela troca de olhares? Antes que uma das duas dissesse qualquer coisa sobre o que contei, pulei da cama e me corrigi o mais depressa que pude.

- Talvez eu possa usar isso contra ele. Acho que assim seu grau de dificuldade deve cair alguns centos, não é mesmo? - forcei uma risada.

Não responderam, também não aprofundaram mais o assunto, assim me senti mais aliviada para respirar e continuar a planejar meus atos. Alice me deu mais algumas dicas com Jasper, me ensinou mais algumas coisas para usar com Emmett quando Rose foi ao banheiro, mas nenhuma das duas quis me ajudar com Edward. Na verdade, elas não sabiam o que dizer para um garoto como ele, além de "fuja".

Antes de sair do quarto delas e ir para o meu para cair na cama e dormir, Rosalie pediu que eu ouvisse uma recomendação sua com muita atenção.

- Pode dizer, Rose.
- Bem, faça o que quiser, haja o que houver, mas nunca, jamais, deixe-os se aproximar demais. Você deve afetar e não ser afetada. Quando ficar difícil demais, se afaste para não cair na própria armadilha. E em hipótese alguma, Bella, beije um dos três. É a porta de entrada para o fim da sua vingança.

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