Aquela noite passou como um flash de luz... Todos corriam contra o tempo, não sabiam quanto tempo tinham.

Assim que Brass e Sofia entraram na delegacia uma equipe da SWAT estava com metralhadoras de mira laser apontadas para o rosto de Sofia, Brass discretamente sacou sua arma e encostou nas costas da loira.

A reação de Sofia foi inesperada, nada de cara de susto, nada de medo, gritos histéricos, negações... Um sorriso, seguido por uma gargalhada... Ela viu por cima do ombro de um dos policiais Grissom lhe encarando, lhe chamando de doida com o olhar... Um olhar que ele desferira anos antes para Natalie Davis, um olhar não somente de desprezo, mas principalmente de nojo e pena.

Um policial qualquer a algemou e a levou embora para algum lugar, um lugar que Grissom poderia conviver muito bem sem seu conhecimento.

Brass lhe olhou, o homem grisalho apenas acenou com a cabeça e saiu cabisbaixo do local encarando o chão.

~♥~
Raymond tinha o cenho franzido e um olhar indagador para Catherine.

-Vamos procurar o que afinal? Não acharam bomba alguma por aqui nem nas ambulâncias.

-Vamos saber quando encontrarmos, Doutor...

~♥~

Era a vigésima sétima vez que Archie repassava o vídeo.

Sara estava virada de costas apoiada com as mãos na mesa encarando aquelas listas de nomes.

-Eu já vi esse vídeo mais de mil vezes. - Ele socou a mesa pausando as imagens, levantando-se e indo até Sara.

-Estamos esquecendo de algo, algum detalhe. Um mínimo, um mísero! - Ela suspirou e olhou para o nada. Voltou a respirar fundo, precisava se organizar. Saiu da sala sem dizer nada e voltou alguns minutos depois com um quadro médio e um três lápis de cores distintas.

-Para quê isso?

-Linha de tempo.

-Linha de tempo? Por quê?

-Porque não sabemos de nenhum 'porque'.

Sara segurando uns papéis traçou uma linha negra no quadro e colocou seu primeiro ponto de azul e sua data.

4 meses – Morte da mãe. 

-A mãe dela morreu?

-Sim.

-Então?

-Então ela tirou férias uma mês e começou a ser uma terrorista aspirante a serial killer. - Sara foi ríspida, estava com a cabeça cheia e Archie lhe fazendo perguntas não estava ajudando. -Archie faça um favor para si mesmo, deixe de andar com o Hogdes.

Sara voltou a olhar os papéis, mas adiante na linha ela marcou as datas das explosões e os lugares. Quanto mais encarava aqueles papéis mais sentia que esquecia de alguma coisa. Sentou-se em uma cadeira acolchoada negra e voltou a ler o óbito:

“Enterro procedido sem méritos, foi irrelevante o fato do policial estar em campo, os relatórios apontam...” 

Sara se viu com um momento de epifania, aquela frase tinha lhe aberto as portas do esclarecimento, sua memória de curto prazo foi ativada lhe recordando do que leu a alguns segundos atrás na lista de nomes.

-Archie dava para você me dizer de quem era a jurisdição dos méritos da morte da mãe da Sofia? - O moreno minimizou a página do vídeo, digitou algumas coisas em algumas páginas e segundos depois obteve a resposta.

-Do Xerife. - A iluminação tinha sido certeira.

Sara pegou outra lista de nomes que estava na mesa, dessa vez em relação ao hospital, o nome dele voltava a se repetir.

-Archie pensa comigo, minha mãe morreu, ela merecia ter ganhado pelo menos um mérito por ter morrido em campo, o homem que nega que isso aconteça é o mesmo que me tirou do meu emprego como perita que por sinal estava no auge e quando eu me restabeleço como policial sou transferida por essa mesma pessoa. Eu sentiria vontade de matar esse homem?

-Você não só sentiria vontade de matar, mas como também de explodi-lo. 

-Exatamente.

-Mas por que o deserto e o hospital? Nick e Greg não tinha nada haver com isso.

-Nick e Greg não, mas os peritos do diurno sim. Eles não se importaram com a saída dela. Se é para jogar uma maçã podre, tem que se jogar todas. E no hospital... - Sara pega outro relatório e outra lista de nomes. -Na lista de pessoas que estavam lá...  Ele reaparece, estava fazendo um exame.

-Por que só estamos sabendo disso agora?

-Ele é o xerife. E... - Sara esboçou um pequeno sorriso no canto do rosto. - Como todo mundo aqui, acho que ele não gosta do Ecklie. Eu me lembro de um vez que Grissom, Catherine, Nick e eu estávamos em uma reunião sobre promoções junto com parte do diurno, ele não  conseguia olhar para cara do Conrad... Tenho certeza que ele não foi promovido por causa do Xerife, por mais que o convite tenha sido dele.

-O que, você acha que ele não falou nada até agora para ferrar com o Ecklie?

-Tenho quase certeza... Deixa a 'bomba explodir', com alguém incompetênte para desarmá-la seria bem mais simples encontrar culpados.

Archie dá um sorriso de deboche.

-Tudo se encaixa perfeitamente. Primeiro ataque, o subsolo do departamento de polícia, no mesmo dia da reunião de interesses onde o xerife estava. Segundo ataque, uma explosão nenhum pouco comum de frente a uma lanchonete e um hotel que estava tento uma festa de segurança pública municipal, xerife de novo. O diurno foi quem fez a perícia dos dois eventos. No terceiro ela se livrou deles, Nick e Greg foram o efeito colateral. Mas o principal ainda não tinha acontecido, o xerife ainda está vivo e vai se consultar no prédio que estão internados suposto alvos de um terrorista.

-Fim perfeito... Se tivesse acontecido.

-Ela queria que salvássemos o Nick o Greg por isso ligou para o Grissom, por algum motivo ela achou que só tiraríamos o Nick e o Greg do hospital. Ou então ficou muito divertido ficar do outro lado e ela queria brincar com o Grissom, prefiro acreditar na primeira.

-Sara, você acredita que pessoa mudam?

-Grissom já lhe respondeu isso... "O que somos nunca muda, mas quem somos está sempre em evolução".