Capítulo 2 – Finally Friends

"Muito freqüentemente, nós subestimamos o poder do carinho, de um sorriso, uma palavra amável, um ombro amigo, dar ouvidos, um elogio honesto, ou o menor ato de dedicação, pois todos têm o poder de transformar uma vida."
(Leo Buscaglia)

Eu não estava acreditando que eu tinha conseguido um amigo, um amigo que não se importasse com a minha cegueira. Eu estava quieta e calma por fora, mas por dentro estava dando pulos de alegria, estava exultante. Finalmente alguém fora da minha família que realmente queria ser meu amigo. Edward era uma das pessoas mais doces e amáveis que eu conhecia. Quando bateu o sinal ele começou a juntar suas coisas sem interromper nossa conversa, com total atenção em mim.

- Vamos? Temos aula de Geografia Geral agora.

- Tenho que esperar meu irmão, se eu não tiver aqui ele vai ficar preocupado.

- Então vamos esperar por ele na porta. Vem que eu te guio.

Caminhamos até a porta para esperar o Jasper, que apareceu menos de um minuto depois.

- Bella! Vim te buscar para sua próxima aula. Quem é esse garoto que está do seu lado?

- Esse é Edward Cullen, meu novo amigo. Edward esse é meu irmão Jasper Swan.

- Prazer Jasper, sua irmã me falou muito bem de você.

- Prazer é meu, mas pode me chamar de Jazz. Você é parente do Dr. Carlisle Cullen?

- Sim, ele é meu pai. Vamos caminhando para não nos atrasarmos?

- Claro, vamos sim. Bella tem uma consulta com ele semana que vem.

- É, ela me falou.

- Jasper, olha que outra coincidência, Edward e eu temos os horários iguais.

- Quer saber de outra coincidência? Conheci Alice Cullen e também temos os horários iguais. Bella eu contei a ela sobre você e ela está louca para te conhecer.

- Podemos nos sentar todos juntos no almoço, aposto que Rosalie e Emmett adorariam conhecer vocês. – disse Edward contente.

- Adoraríamos Edward. – disse eu – O que você acha, Jazz?

- Acho perfeito. Então, nos vemos no almoço. Cuide bem de minha irmã, hein? – disse Jasper quando chegamos na sala.

- Pode deixar, não deixarei ninguém importuná-la, a não ser que ela queira.

- Pode ter certeza que é um número restritíssimo. - disse eu, com um sorrisinho no rosto.

Não sabia como, mas eu sabia que Edward tinha sorrido com meu comentário.

- Tchau pessoal! Até a hora do almoço!

- Tchau Jazz! – dissemos eu e Edward, juntos, o que nos fez rir.

- Bella, posso te fazer uma pergunta? – disse Edward, meio apreensivo, enquanto entrávamos na sala e nos sentávamos.

- Claro.

- Não querendo ser intrometido, mas, você pode me dizer que pessoas tem permissão de importuná-la?

Para minha surpresa eu ri em vez de ficar envergonhada.

- Bom, o Jasper é uma, provavelmente Alice, Emmett e Rosalie serão e você. – para não perder o costume quando falei que ele tinha permissão para me importunar eu fiquei envergonhada.

Parecia que eu podia ouvi-lo sorrindo, pois eu tinha certeza que ele tinha um sorriso lindo no rosto. Ele tocou minhas bochechas com o polegar e acariciou.

- Você fica linda corada.

Com certeza depois desse comentário eu corei mais ainda. Pude ouvir um riso dele quando o professor de Geografia Geral entrou na sala, fazendo um estardalhaço.

- Bom dia turma! Como é bom estar de volta para mais uma aula com essas pessoas maravilhosas!

Depois desse discurso eu tive que rir. Depois disso infelizmente ele reparou em mim.

- Vemos que temos uma aluna nova aqui e que pelo visto já está bem entrosada com a comunidade masculina dessa escola, ou pelo menos com um representante dela.

Não preciso dizer que eu queria um buraco para me enterrar?

- Desculpe esse professor louco que agora dá aula para você. A senhorita deve ser Isabella Swan, nos foi comentado a sua entrada. Prazer, meu nome é Chandler Campbell, mas pode me chamar de Chandler, nada de professor, queremos um tratamento informal, ok? Seja bem vinda a nossa escola. Bem, sem mas delonga, vamos iniciar a aula para os sedentos de conhecimento!

Chandler parecia ser bastante divertido, o que de fato era. Mas, de repente, senti Edward estremecer ao meu lado e logo me dei conta que desde que ele me tocou pela primeira vez não nos desencostamos mais.

- O que houve Edward? Senti você tremer agora...

- Lauren Mallory não tira os olhos de nós e eu senti alguma coisa maligna vindo dela.

- Mas por que ela não gostaria de mim se ela nem me conhece?

- Vou te contar uma coisa que nem minha irmã sabe. – ele chegou mais perto de mim e sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar. – A Lauren tenta namorar comigo desde os 15 anos, mas eu nunca dei chances. Quando eu me interessava por alguma garota ela fazia de tudo para acabar, como humilhações em público, mentiras e intrigas. – ele respirou fundo e disse com a voz um pouco triste. - Eu tenho medo por você, tenho medo que ela invente alguma mentira que faça afastar você de mim.

“Ele realmente gosta de mim!” eu gritava por dentro, mais feliz impossível. Controlei minha voz e respondi:

- Fique tranquilo, Edward, eu nunca vou me afastar de você, se é isso que você quer.

- Eu quero que você nunca se afaste de mim, te quero ao meu lado o tempo todo. – disse ele com uma intensidade na voz que me fez estremecer. – E você? Quer-me ao seu lado?

- Para sempre. – respondi sem pensar. Ouvi-o arfar e me abraçar, me dando um beijo na bochecha. Senti-me quente, mas de uma forma gostosa, agradável. Era a primeira vez que eu tinha um contato com alguém que não fosse da minha família, era tudo muito novo pra mim, eu não entendia na época, mal sabia que pouco tempo depois eu descobriria que eu estava apaixonada.

A aula havia passado tranquilamente, com Edward e eu de mãos dadas. Pois nenhum dos dois havia se importado de soltar. Quando bateu o sinal do almoço senti um frio na barriga e Edward percebeu meu nervosismo.

- O que houve, Bella?

- Eu estou com medo de sua irmã e seus amigos não gostarem de mim.

- Tenho certeza que eles vão gostar. Só te conhecer um pouco mais que eles vão perceber que você é a pessoa mais maravilhosa do mundo.

Fiquei envergonhada de novo, já havia perdido as contas de quantas vezes havia ficado sem graça naquele dia.

- Vamos, estou ansioso para te apresentar para eles!

Ele segurou minha mão caminhamos o mais rápido que eu conseguia para o refeitório.  Quando entramos eu ouvi Jazz gritando meu nome.

- Bella! – gritou ele, vindo em minha direção. – Está tudo bem?

- Tudo ótimo Jazz, por quê?

- Eu não canso de me preocupar com você, Bellinha. Eu sou seu irmão e isso nunca vai mudar. Eu já comprei meu almoço e vou comprar o seu agora. – disse ele pra mim, para depois se virar para Edward. – Você a leva até a mesa?

- Claro, Jasper, você está sentado com a Alice?

- Sim, com ela, a Rose e o Emmett.

- Ótimo, assim eu já vou apresentando-a para eles.

- Ok.

Caminhamos poucos passos e Edward me guiou até uma cadeira.

- Pessoal, essa é Bella Swan, irmã do Jasper. – ele me apresentou, depois me guiou para apertar a mão de cada um que estava na mesa. – Essa é Alice Cullen, minha irmã, essa é Rosalie Hale e esse é Emmett McCarty, eles são namorados.

- Prazer Bella, eu estava muito ansiosa para conhecê-la, seu irmão falou maravilhas de você. – disse Alice.

- O prazer é meu, Alice, seu irmão também disse maravilhas de você.

- Meu irmão me ama, eu sei.

Ri do comentário dela, parecia que ela tinha um ótimo senso de humor.

- O que a Alice disse é verdade, Bella, seu irmão fala de você com tanto carinho que eu me surpreendi, nunca vi um irmão ter tanto carinho por uma irmã, nem mesmo o Edward com a Alice. – disse Rosalie.

- Jasper é uma das pessoas mais maravilhosas que eu conheço, ele é o melhor irmão do mundo.

- Não duvido mesmo. – disse Rose.

Ficamos conversando sobre banalidades. Quando chegou o assunto música logo me empolguei.

- Você gosta de música Bella? – perguntou Edward.

- Muito, adoro música clássica, rock indie, alternativo e new metal. Também adoro blues. Gosto muito de bandas mais antigas como Cream, The Beatles, The Runaways, Genesis, entre tantas outras. Até consigo tocá-las, apesar de serem mais complicadas. Também gosto de algumas bandas novas como Linkin Park, Muse, Paramore, Kings of Leon, etc.

- Espera aí. Você toca instrumentos? – perguntou Emmett. Deu para ouvir o tapa que alguém deu nele, provavelmente Rosalie.

- Toco sim, Emmett. – disse sem me importar com a pergunta. – Sei tocar violão, guitarra e piano.

- Desculpe o Emmett, Bella, ele não pensa antes de falar. – desculpou-se Rosalie.

- Não tem problema, Rose.

- Eu também sei tocar e por coincidência são os mesmos instrumentos que você, mas o meu favorito é o piano. – disse Edward.

- O meu favorito também é o piano.

- Gostaria de te ouvi tocar um dia.

- Será um prazer.

- Onde vocês moram? Quem sabe eu apareço para visitar...

- Espera um pouquinho que eu já anoto. – disse Jasper.

Jasper anotou o endereço em um papel e entregou a Edward.

- Saint Petersburgh Mews Street. – disse Edward baixinho. - Por acaso é perto do Hyde Park?

- Sim, por quê?

- Eu moro na Caroline Street, é perto.

- É bem perto mesmo, dá para ir a pé.

- Quando menos esperarem eu vou aparecer para uma visita.

- Nós vamos aparecer. – corrigiu Alice.

- Vamos adorar recebê-los.

Depois o assuntou mudou completamente. De música fomos parar em beleza. Alice começou a falar sobre os atores que ela achava que eram bonitos, fiquei feliz quando Edward disse que não tinha uma personalidade famosa que realmente chamasse sua atenção. Logo depois Alice falou das pessoas mais bonitas da escola.

- Eu acho que meu irmão se encaixa nesse perfil de mais bonitos da escola.

- Como você pode saber, Bella? – perguntou Rose.

- Eu tenho meu próprio jeito de achar as pessoas bonitas fisicamente.

- Como? – perguntou, realmente curiosa.

- Tocando no rosto das pessoas e elas me dizem qual é a cor dos olhos e dos cabelos. Como eu já enxerguei é fácil imaginar. Eu fiz isso com o Jazz. É o meu jeito de “ver” as pessoas.

- Você gostaria de me “ver”? – perguntou Rose, delicada.

- É claro, mas eu não saio pedindo para as pessoas isso, às vezes elas não reagem muito bem.

- Você já pediu para alguém?

- Sim, quando tinha seis anos, eu era uma criança, não entendia a rejeição ainda.

Isso me fez recordar de uma época não muito boa, mas impossível de controlar.

#Flashback#

Tinha pouco tempo que eu havia perdido a visão, ainda estava me acostumando, às vezes caía no choro por não poder ver minha família. Meus pais resolveram que era melhor me matricular na escola para ver se eu fazia alguns amigos e me esquecia de como eu era. Logo no primeiro dia as professoras me receberam muito bem e me colocaram sentada ao lado de um garoto. Na ânsia de não me sentir sozinha tentei fazer amizade com o menino.

- Oi! Meu nome é Bella, qual é o seu?

- Ethan. – disse ele de mau humor.

Não desistindo continuei tentando.

- Posso te ver?

- Você não está me vendo?

- Não, eu não consigo, eu sou cega. – disse estendendo minhas mãos para ele.

- Sai para lá sua maluca! Não fica perto de mim sua alienígena! – disse o garoto com nojo.

Debulhei-me em lágrimas e saí correndo. Ouvi uma das professoras brigando com o Ethan e a outra me seguindo e chamando meu nome. Como não enxergava, eu tropecei e caí. Acabei ralando o joelho e chorando mais ainda. Depois daquele dia eu só me interava com as professoras, ficava no meu canto isolado na sala só ouvindo o que os outros diziam.

#Fim do Flashback#

Controlei-me e voltei minha atenção para Rose.

- Eu não me importo, se você quer me ver, eu deixo! – disse Rosalie e eu pude ouvir o som de uma cadeira se arrastando.

- Hei! – ouvi Edward reclamar.

- É só um instante, Edward, depois você volta pro lado da sua Bella. Pronto Bella, pode me ver.

Respirei fundo e me virei para a direção dela. Toquei em seus cabelos e perguntei:

- Qual é a cor dos seus cabelos e de seus olhos?

- Meus cabelos são loiros e meus olhos são azuis.

Os cabelos de Rose eram compridos e incrivelmente sedosos. Fui para seu rosto e passei levemente meus dedos em sua pele, que também era muito sedosa. As feições de Rosalie eram perfeitas, eram extremamente fácil imaginá-la.

- Rose você é muito linda! É muito fácil te imaginar e o jeito que eu te vi você parece uma princesa! – exclamei.

- Você também parece uma princesa de tão linda. – disse Rosalie sorrindo.

- Você quer me ver também Bella? – perguntou Edward.

- Se você deixar... – disse eu. Na verdade ele era o que eu tinha mais vontade de ver, desde a nossa primeira conversa na aula de Literatura.

- É claro que eu deixo. – ele se sentou na cadeira e chegou mais perto de mim.

Respirei fundo mais uma vez e fui com minhas mãos em direção a Edward. Quando minhas mãos encontraram seus cabelos parecia que o choque havia voltado à tona. Seus cabelos eram macios e meio desalinhados, dava vontade de mexer neles sempre.

- Quais são as cores dos seus cabelos e dos seus olhos?

- Meus cabelos são cor de bronze e meus olhos são verde-esmeraldas.

Desci minha mão pelo seu rosto e ofeguei. A combinação de seus cabelos cor de bronze, olhos verde-esmeraldas e feições angulares e perfeitas o deixavam como um príncipe, simplesmente deslumbrante.

- Edward! Você parece um príncipe de tão lindo! – consegui falar, ofegante.

- Você é que é uma princesa, Bella, uma linda princesa! – disse ele, abraçando-me. Eu sentia calor irradiando de todos os lados, era agradável, como se eu fosse amada e aquele calor era o amor que eu estava sentido emanar dele. Por mim eu não sairia nunca mais daqueles braços. Depois ele me soltou e me deu um beijo na bochecha.

- Bella, se você quiser me ver também eu não me importo. – disse Emmett.

- Eu também não me importo. – disse Alice. No momento após ela ter falado o sinal tocou.

- Pelo visto vai ter que deixar pra amanhã, Allie. – disse Edward.

- Não tem problema, amanhã você vê a mim e ao Emmett, tudo bem, Bella?

- Claro Alice.

Edward e eu fomos andando de braços dados até a aula de Cálculo. Quem visse pensaria que éramos namorados, na verdade ele estava me guiando até nossa sala, mas eu não podia deixar de gostar daquela sensação de ter alguém do meu lado, que não fosse da minha família, que gostasse de mim pelo o que eu sou, e não se afastasse por causa da minha deficiência.

O resto do dia foi tranquilo, durante qualquer intervalo de tempo Edward e eu conversávamos sobre todos os assuntos, descobrindo que tínhamos muito em comum.