Uma Luz no Fim do Túnel escrita por Clarissa Cullen Potter Mellark


Capítulo 1
Capítulo 1 - Changes


Notas iniciais do capítulo

Amores, essa é a minha primeira fic no Nyah!, espero que gostem dela. Beijos!!



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Minha vida nunca foi um mar de rosas, muito pelo contrário, sempre tive mais dificuldades que ajuda, mas sempre tive ao meu lado meus pais, Renée e Charlie, e meu irmão, Jasper. Quando tinha cinco anos contraí meningite. Depois de semanas internada no hospital, o tratamento fez efeito, porém não saí ilesa, tive um descolamento de retina e perdi a visão. Fui a inúmeros médicos, todos com medo de me operar, dizendo que era uma cirurgia delicada e que não eram capazes de realizar uma cirurgia assim. Passaram-se os anos e não recebi nenhum tratamento, porém meu irmão, um ano mais novo que eu, completamente viciado em internet, pesquisou e descobriu um médico altamente renomado em Londres, que segundo ele poderia resolver meu problema. Já tinha perdido totalmente a esperança de um dia voltar a enxergar, mas graças a Deus minha família não.

É claro que eu tinha meus momentos que eu esquecia tudo, esquecia da falta de visão, das humilhações feitas por outras pessoas pelo fato de ser cega, e o que me fazia esquecer era a música. Aos quatro anos minha mãe me matriculou em uma escola de música, onde comecei a aprender violão e piano e, mesmo depois de cega, fiz questão de não largar, conseguindo aprender, óbvio que com mais dificuldades, mas mesmo assim conseguindo.

Enquanto estávamos no avião eu ia perguntando a Jasper se íamos demorar.

- Não Bellinha, pelo que a mamãe disse falta menos de uma hora.

Jasper, apesar de ser mais novo que eu, era meu único e melhor amigo. Sempre estudamos na mesma escola e ele sempre me protegia dos idiotas que tentavam me fazer cair colocando o pé na minha frente ou me empurrando. Eu às vezes me sentia egoísta por ele não ter amigos normais, mas ele sempre dizia que não gostaria de ser amigo de pessoas que gostam de ver as outras sofrerem e que se tinha minha amizade para ele era suficiente. Jasper sempre foi a pessoa mais doce e perfeita da face da Terra, eu sempre dizia que se ele não fosse meu irmão me casaria com ele, a mulher que conquistasse seu coração seria a mais sortuda do mundo.

Meus pais também eram os melhores do mundo. Minha mãe, até eu ficar cega, trabalhava na Washington University como professora do curso de História, mas depois largou para cuidar de mim. Meu pai era professor de Física da mesma universidade, porém ele não largou pois, mesmo com a herança que meus avós maternos, Mary e John, nos deixaram, ele era orgulhoso e dizia que era dever dele manter a família. Tínhamos uma vida confortável, mas sem muita extravagância. Há poucos meses meu pai havia mandado um currículo para a Imperial College London e, por causa do bom currículo e experiência com turmas universitárias em menos de três semanas foi respondido que seria um prazer tê-lo na universidade. Ele era um bom pai, um pouco superprotetor demais, mas um bom pai.

Estava ficando impaciente quando eu ouço a voz do comandante pelo auto-falante:

- Atenção senhores passageiros, estaremos aterrissando no Heathrow Airport London em menos de quinze minutos, favor se acomodem em suas cadeiras e prendam seus cintos.

Controlei minha ansiedade e me sentei corretamente. Não sentiria falta nenhuma de Forks, aquela cidade só me trouxe tristeza e depressão. Quando vivia lá não tinha um dia que Jessica, a patricinha dominante da Forks High School, não me importunava me chamando de cegueta ou me machucando. Esperava que Londres fosse diferente, mas naquela época eu não sabia o quanto iria ser.

****

- Mãe! Vamos logo! – gritei da sala, onde Jazz e eu esperávamos minha mãe para nos levar para a escola.

- Já estou indo Bells. – ela disse. – Pronto! Já estou aqui.

Havíamos conseguido uma boa casa em Notting Hill, um dos bairros mais famosos de Londres, e a minha escola não era longe, mas minha mãe insistia em nos levar. Tentamos demovê-la da decisão, mas ela disse para não tirarmos o prazer dela de levar e buscar os filhos na escola.

- Vamos logo que eu não quero chegar atrasada no primeiro dia de aula.

- Tudo bem filha. Vamos Jazz.

Durante o caminho fomos tentando ouvir música, pois o Jazz toda hora mudava de estação, até que eu ouvi uma música que eu gostava.

- Jazz para nessa! É Eric Clapton!

- Claro.

Mark Knopfler, Eric Clapton, Sting, Phil Collins - Money for Nothing

http://www.youtube.com/watch?v=5-2ThFddglk

(N/A: não reparem, a autora gosta muuuiiito de Eric Clapton)

- Nem parece que você só tem dezessete anos, filha, gosta de coisas tão antigas.

- Nem sempre as coisas novas são boas e as coisas velhas são ruim, eu acho que tem mais velha boa do que nova, embora algumas novas estão arrasando.

- Concordo com a Bella, mãe. Tem coisas novas que dá vontade de vomitar só de ouvir.

- Se vocês continuarem assim não vão arranjar amigos da idade de vocês.

- Mãe, você quer que a gente escute Justin Bieber? (N/A: NADA contra quem escuta, ok?)

- Não filho, só estou falando para vocês escutarem coisas mais atuais.

- Mãe, quem quiser ser nosso amigo tem que gostar da gente do jeito que somos e não pelos nossos gostos.

- Falou bonito Bellinha!

- Ok, vocês venceram, eu desisto! – disse minha mãe entre risos. – Pronto, chegamos! Querem que eu vá com vocês até a secretaria?

- Não precisa, mãe, o Jasper me ajuda.

- É mãe, não precisa. Pode deixar que eu vou com ela na secretaria e depois a deixo na sala de aula e a busco em todas as aulas.

- Isso, meu filho, cuide de sua irmã, não deixe que nada de mal aconteça a ela. – disse minha mãe dando um beijo em nossos rostos. – Boa aula, mais tarde eu estarei aqui para buscá-los.

- Tchau mãe! – Jazz e eu dissemos juntos.

- Vamos Bellinha! – Jazz disse me conduzindo. Andamos poucos passos e já tínhamos entrado em um local mais quente e seco. Era inverno, nos mudamos no meio do ano letivo devido a urgência da universidade onde meu pai trabalhava. Eu ouvia um som de dedos batendo em o que parecia ser um teclado.

- Bom dia Sra. Bronwen, nós somos os alunos novos. – disse Jasper.

- Ah sim. Vocês são Jasper e Isabella Swan.

- Sim senhora.

- Bom, aqui estão seus horários, Isabella no segundo ano e você no primeiro, com o número das salas ao lado de cada matéria e também um mapa da escola. Sejam muito bem vindos!

- Obrigada Sra. Bronwen! – respondi a senhora muito educada.

- De nada meus queridos, espero que gostem da escola.

Jasper me guiou até meu armário e após até minha sala e no caminho me dizia as aulas que eu teria hoje.

- Agora você vai ter Literatura, seguido de Geografia Geral e logo depois é o almoço. Depois do almoço você vai ter Cálculo e Biologia.

- Ok, me passa o papel, Jasper?

- Por quê?

- Vou tentar ler o que está escrito. Você sabe, através das mãos, vou tentar sentir as letras.

- Tudo bem. Chegamos a sua sala, quer que eu te deixe na frente ou atrás?

- Na frente, assim eu posso ouvir melhor. Já tem muita gente na sala?

- Mais ou menos, mas o professor já está, embora ainda não tenha batido o sinal. – ele disse me levando para a mesa. – Tchau Bellinha, venho te buscar para a próxima aula. – disse ele me dando um beijo no rosto.

- Tchau Jazz, até daqui a pouco.  – disse eu, já abrindo minha mochila e pegando meu livro em braile.

- Bom dia, você deve ser a aluna nova, senhorita Swan, não é?

- Sim senhor.

- Bom, meu nome é professor Bromberg, sou seu professor de Literatura Inglesa. Seja bem vinda! Nós paramos na leitura de O Morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë, conhece?

- É claro, já perdi as contas de quantas vezes li esse livro. Meus pais sempre compram ou encomendam pra mim livros em braile para que eu possa ler.

- Você me parece ser bem inteligente apesar da sua deficiência, não querendo ser rude.

- Eu me esforço mais do que o normal já que tenho essa dificuldade, por isso sempre consigo acompanhar os outros alunos que não tem deficiência. Não se preocupe o senhor não foi rude. – no mesmo instante que eu acabei de falar o sinal tocou.

- Bom, logo vamos começar a aula. – naquele momento eu ouvi muita gente entrando na sala. Quando todos estavam sentados eu ouvi alguém ofegante entrando na sala.

- Desculpe professor Bromberg, acordei atrasado.

- Não tem problema senhor Cullen, sente-se aqui ao lado da senhorita Swan. – era inevitável, afinal eram cadeiras duplas, alguém sentaria ao meu lado. No momento que ele se sentou me veio um cheiro delicioso, parecendo aroma de alfazema.

- Você deve ser nova aqui. Prazer, meu nome é Edward Cullen.

- O prazer é meu, Edward, meu nome é Isabella Swan, mas pode me chamar de Bella.

- Por que você não apertou minha mão? – estranhei seu jeito direto, as poucas pessoas que eram gentis comigo não eram dão objetivas.

- Desculpe é que eu não sabia que estava com as mãos estendidas. – virei-me e estendi minha mão e ouvi um arfar de surpresa. É agora que delicadamente ele se afastaria de mim, afinal ele viu que no meio dos meus olhos não havia uma pupila preta como o da maioria e sim branca.

- Desculpe-me! Não sabia que você era cega. Perdoe-me! – disse ele pegando minhas duas mãos. No momento que me tocou senti uma corrente elétrica desde onde ele apertou minhas mãos até o resto do meu corpo, nunca havia sentido isso, não entendia, mas não soltei sua mão, seria muito rude, até porque não era uma sensação ruim, muito pelo contrário.

- Não tem problema, já estou acostumada – disse eu, abaixando o rosto, já esperando a desculpa para ele ficar longe de mim.

- Mas mesmo assim foi rude, prometo de recompensar. E se... eu pagasse seu almoço?

- Não precisa. Sério, eu não me importo.

- Tudo bem, mas eu vou arranjar um jeito de me desculpar decentemente. Mudando de assunto, não precisa me responder se eu estiver sendo rude de novo, mas, por que você abaixou o rosto quando me respondeu?

Eu fiquei pasma. Como um garoto pode ser tão observador? Senti meu sangue subir para o meu rosto, obviamente estava ficando envergonhada.

- Não precisa responder, já vi que fui rude de novo, me desculpe.

- Não, você não foi rude. É que, normalmente, quando as pessoas percebem que sou cega ou dão desculpas delicadas para ficar longe de mim ou começam a me azucrinar e me humilhar e eu já estava esperando por uma das duas coisas.

Ele bufou audivelmente. – Eu nunca faria isso com você ou com qualquer outra pessoa, não costumo julgar as pessoas pelas suas deficiências e você me parece ser uma garota encantadora.

Se é que era possível fiquei ainda mais envergonhada. Senti uma das mãos dele se soltando das minhas e de repente tocando meu rosto. Para a nossa sorte o senhor Bromberg ainda não havia começado a aula.

- Não fique envergonhada. Pelo visto você não está acostumada a receber elogios...

- Acertou, pelo menos não desse tipo.

Quem olhasse para nós pareceríamos um casal de namorados, uma das suas mãos sendo segurada pelas minhas mãos e sua outra mão em meu rosto.

- Vou poupar você de mais constrangimento. Vamos mudar de assunto. – disse ele, tirando a mão de meu rosto para devolvê-la para minhas mãos. – Qual a sua próxima aula?

- Deixe me ver. – com a chegada de meu novo amigo me esqueci completamente das minhas outras aulas, me esqueci até onde eu estava. Peguei o papel e coloquei cobre a superfície lisa da mesa e passei o dedo delicadamente sobre as letras. – Geografia Geral.

- É a mesma que a minha, se você quiser, eu posso te levar. – disse ele pegando delicadamente o papel das minhas mãos. – Que coincidência, temos todas as aulas juntos, inclusive as dos outros dias da semana. Tenho outra dúvida, você conseguiu ler o horário só passando o dedo pelo papel?

- Quando perdemos um dos sentidos os outros ficam mais apurados, como se para compensar a deficiência daquele, principalmente quando se perde a visão. Meus sentidos mais apurados são o tato e a audição, o mais comum entre as pessoas cegas. Quando passei o dedo no papel pude sentir o relevo das letras escritas.

- Fascinante! Realmente incrível! Se meu pai visse isso iria ficar pasmo do quão apurado é seu tato.

- O que seu pai faz?

- Meu pai é médico oftalmologista.

Parece que naquele momento deu um clique na minha cabeça. O médico que Jasper havia encontrado se chama Dr. Carlisle Cullen. O nome do Edward era Edward Cullen. Claro, Edward era filho do meu médico.

- Seu pai se chama Carlisle Cullen?

- Sim, por quê?

- Porque eu me mudei para a Inglaterra para me consultar com ele. Seu pai é muito conhecido.

- Caramba, que coincidência incrível! Mais uma coincidência.

Naquele momento o professor Bromberg se levantou e começou a aula. Parecia que tínhamos ficado horas conversando, mas na realidade ficamos apenas 10 minutos.

- Bom dia turma, hoje vamos continuar a leitura de O Morro dos ventos uivantes, quem me pode dizer onde paramos?

- Paramos na parte em que Heathcliff volta ao Morro dos ventos uivantes depois de três anos fora. – respondeu Edward.

- Muito bom senhor Cullen. Vamos continuar a leitura. – e o professor começou a leitura. Desde o momento que nossas mãos se tocaram não se desgrudaram mais, parecia que nenhum dos dois queria separá-las.

- Parece que você gosta de estudar... – disse eu, baixinho para que o professor não ouvisse.

- Gosto mesmo, eu quero ser médico igual ao meu pai, só não sei ainda a especialização, embora eu goste muito da oftalmologia também, devo decidir quando estiver na universidade.

- Eu também gostaria de ser médica, mas tudo depende de eu recuperar minha visão.

- Você vai recuperar, se bem conheço meu pai ele vai fazer de tudo para que você volte a enxergar.

Ficamos conversando a aula inteira, sempre baixinho para que o professor não escutasse. Falamos de tudo, da família dele e da minha, falei do meu irmão, dos problemas de nunca ter amigos fora meu irmão, sobre os únicos amigos que ele tinha, que se chamavam Rosalie e Emmett, sobre a irmã mais nova dele, Alice, que está na mesma série que o Jasper. Parecia que eu realmente tinha encontrado alguém que não se importava com o fato de eu ser cega. Definitivamente Londres era muito melhor que Forks.


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Notas finais do capítulo

E aí?? Gostaram?? Não esqueçam de deixar reviews!! Beijos!!