Eu prendi a respiração e sem poder me mexer, eu fiquei ali, presa em seus olhos e , conseqüentemente o prendendo no meu.

De repente, eu já não sabia mais porque estava com raiva.

_____________________________________________

Eu não sei quanto tempo ficamos presos no olhar um do outro, eu sei que Edward se recuperou primeiro e abriu a boca, fazendo menção de falar, mas então eu escutei passos perto dali, e o cheiro de Jasper estava ficando forte.

Eu desviei meus olhos dos de Edward e sai correndo dali em direção a minha casa.

Enquanto corria eu fiquei pensando no que acontecera ali. Nada ,não acontecera nada realmente.

Aconteceu sim. – Novamente, aquela pequena parte de mim que queria ser madura e racional debochou de mim em meus pensamentos.

Eu bufei sozinha, talvez eu realmente ainda fosse a idiota que se derretia toda vez que via Edward, mas eu não podia simplesmente ter externado isso e ter virado aquela poça de Bella no meio da campina.

Eu só podia ser muito idiota pra deixar ele me afetar assim, e muito mais ainda por achar que isso ia dar certo de algum modo.

Furiosa, subi as escadas o mais rápido que consegui, peguei uma das malas enormes que tínhamos sob a cama de casal inútil do quarto e comecei a simplesmente enfiar minhas roupas lá dentro.

Em alguns segundos minhas duas malas originais estavam cheias, eu peguei alguns objetos pessoais e algum dinheiro, deixando os cartões de credito para Jasper , já que tínhamos uma conta conjunta.

Deixar Jasper seria difícil, mas não podia simplesmente ficar e assistir ele fazer isso com a gente. Com ele mesmo.

Eu respirei fundo e peguei as malas em uma só mão, enquanto segurava minha bolsa na outra.

Uma coisa da qual eu tinha certeza, era que não conseguiria superar de novo, não suportaria ser deixada outra vez. Então eu não iria esperar Jasper me abandonar, não iria simplesmente sentar e ficar observando enquanto ele tomava esse tipo de decisão. Uma decisão que deveria ser nossa,tomada em conjunto.

Eu estava prestes a sair da garagem quando Jasper chegou, abrindo minha porta, e me puxando de dentro do carro.

— Mas que diabos você esta fazendo?- perguntei, me desvencilhando dele, já na sala de casa.

— Mas que diabos você está fazendo!?- ele rebateu, passando a mão pelo cabelo e respirando fundo, tentando se acalmar.- Porque fugiu?- perguntou mais calmo,os olhos dourados brilhando.

Eu olhei para o outro lado da sala , uma antiga foto nossa que praticamente gritava pra mim que, se não fossem os Cullen, nós ainda seriamos felizes daquele jeito.

—Eu não fugi...- comecei, mas Jasper soltou uma lufada de ar sonoramente, me olhando com os olhos magoados.

— Você correu daquela sala de aula como se fosse capaz de matar todos ali dentro se ficasse.

A raiva voltou com tudo, me fazendo ficar na defensiva.

— E seria mesmo, se eu ficasse mais um segundo ouvindo aquelas merdas que você estava pensando, eu provavelmente teria feito uma carnificina!

Jasper apertou a ponte do nariz entre o polegar e o indicador de olhos fechados, e quando os abriu de novo, seus olhos queimavam de raiva.

— Você não tinha nada que ficar tentando derrubar minhas barreiras, se eu as fiz, é porque estava pensando sobre algo que você não devia saber!

Soltei uma risada irônica.

— Não devia saber? Jasper eu achei que éramos irmãos! Que tomávamos decisões juntos! Você estava planejando criar um tipo de... armadilha pra mim, porque você sabe que eu não superei totalmente, assim como você também não superou, mas isso não significa que temos que nos arrastar aos pés deles e pedir perdão! Se você quer se humilhar Jasper, vá enfrente, eu tentei te impedir mas não vou mais! Eu desisto, mas não me meta nisso, não me faça me humilhar junto com você.

Me virei para ir embora, mas Jasper segurou meu braço com força. Se eu fosse humana, meu osso já estaria em pedaçinhos.

— Nós não acabamos ainda.- disse firme, eu puxei meu braço com força, mandando a ele uma onde de eletricidade. Jasper me largou rapidamente, fechando os olhos e agüentando a descarga, que era baixa de propósito.

Eu não queria incapacitá-lo, só fazê-lo largar meu braço.

— Sim, nós acabamos.- eu disse friamente, mas antes que eu chegasse a porta, Jasper estava escorado nela, dessa vez ele me olhava triste.

— Porque, afinal, nós estamos brigando Bella?- perguntou torturado. Eu suspirei.

— São os Cullen Jazz, eles só nos fazem mal... antes disso tudo, nós estávamos perfeitamente bem.

Jasper balançou cabeça.

— Não são os Cullen, são nossos sentimentos por eles.- ele olhou pra baixo e suspirou, então olhou em meus olhos.- Olha Bells, eu sei que ainda dói, e que nós não somos os errados... Mas eu realmente acho que vale a pena dar uma segunda chance.

Eu estava à beira do choro, aquele choro seco que eu sempre evitava.

— Mas Jazz, como podemos ter certeza de que eles não vão nos deixar de novo? Nos machucar de novo? Quem nos garante que agora, eles realmente nos querem e nos amam como nós os amamos?

­— Edward tinha um motivo...- ele respondeu mas eu o cortei

— Não estamos falando de desculpas ou motivos, estamos falando de ações. Motivos surgem a todo momento. Vamos falar de um caso hipotético. E se eu e Edward voltarmos e os Volturi me descobrirem? Eles não podem me rastrear, não há nenhuma maneira deles me acharem se eu me esconder sozinha. Edward vai me amar os suficiente para enfrentá-los comigo? Ou vai simplesmente me abandonar e fazer todos os outros fazerem o mesmo, dizendo que será melhor se eu ficar sozinha e que eu estarei segura? Ele vai embora de novo Jazz, eu sei que vai. Cedo ou tarde, se eu der essa segunda chance, ele vai embora de novo e eu vou acabar me machucando de novo.

A esse ponto, eu já estava soluçando. Jasper me segurava junto ao peito, beijando meus cabelos e murmurando para que eu me acalmasse.

— Ele não seria idiota de repetir o erro.- disse, segurando meu rosto e olhando dentro dos meus olhos. Eu funguei.

— Não pretendo pagar para ver.- resmunguei, me soltando e me jogando no sofá.

Jasper suspirou.

— Tudo bem, vamos fazer do seu jeito.- ele disse por fim, levantando minhas pernas para sentar no sofá, e as colocando em seu colo.

— O que quer dizer?- perguntei confusa, ainda me recuperando da crise.

Ele suspirou e apoiou a cabeça no sofá, me olhando.

— Vamos dar a entender que nós estamos juntos, mas sem contar mentiras, sem ter que nos contradizer mais tarde. E se não der certo, nós não vamos estar enganando eles nem nada...- ele olhou pra baixo, então sussurrou.- isso deixa minha consciência mais tranqüila.

Eu respirei fundo, então me sentei puxando Jasper para ficar de frente pra mim.

— Vai dar tudo certo, você vai ver. No final desse ano vamos estar bem, como estávamos á algumas semanas atrás. – eu engoli em seco.- e... se você quiser voltar a ser um Cullen, eu não vou te impedir.- dei um sorriso fraco.

Jasper abriu a boca para falar, mas eu já tinha me levantado e o puxava para a porta.

­— Vem, nós já perdemos um período.- eu disse, sem deixá-lo falar.- O último que chegar come pizza de chocolate.- desafiei e sai correndo. Jasper riu e correu atrás de mim.

Enquanto corríamos de volta para a escola, eu inevitavelmente comecei a me perguntar o que foi aquilo na clareira. O que Edward estava fazendo ali? Porque ele ficou parado me encarando? Porque EU fiquei parada o encarando? Porque eu não conseguia me mexer? Como eu não ouvi o chegando?

Mas eu mesmo tempo em que eu pensava nisso, eu pensava em Jasper, e no que seria de mim se ele realmente retornasse aos Cullen, se ele resolvesse que queria voltar com Alice e achasse melhor voltar a morar com eles.

O que seria de mim sozinha? Como eu viveria desse jeito?

Eram tantas perguntas que rondavam minha cabeça, que mesmo sendo vampira e tal, eu mal vi quando passava do terreno da escola, e Jasper teve que correr mais rápido e me puxar para que eu não acabasse indo para o Canadá.

Eu estava distraída, coisa que não acontecia á uns bons 100 anos, eu acho, mas não era como se eu pudesse evitar, eu estava com medo, com tanto medo como eu não sentia há anos.

Respirei fundo e Jasper me olhou estranho, e um pouco antes de sairmos da floresta e entrarmos no estacionamento, ele me puxou pelos ombros e me fez olhar pra ele.

— Bella, seja o que for, independente de qualquer coisa que acontecer, você tem que saber que eu te amo, e nunca, jamais vou te deixar, ta me ouvindo?- ele disse serio, eu assenti emocionada.

Aquilo era tudo que eu queria ouvir, tudo o que eu precisava para me sentir segura de novo.

Eu suspirei e o abracei, enterrando meu rosto em seu peito.

— Eu também te amo Jazz, pra sempre.- sussurrei.

— Para sempre.- concordou.