POV Edward

A verdade arrastava-se em meus pensamentos. Ela tentava penetrá-los, mudar meu ponto de vista, e para a minha raiva, estava funcionando.

Bella vai morrer.

Era tão simples... Seria rápido, em menos de meses... Em menos de um ano a razão de minha existência iria morrer.

É claro que, então, eu iria também.  Mas, soava tão ridículo... Um vampiro com um século, conseguindo dar origem á uma vida. O que alguns chamariam de milagre, era, para mim, algo monstruoso, uma abominação.

Não era natural.

Mas, se eu ignorasse isso, pensasse naquela coisa como um filho meu... Deus! Eu mal conseguia!

Bella realmente não tinha o menor senso do que era perigo de verdade! Carregar algo, que provavelmente era sedento de sangue...

Aquilo iria matá-la... Era tão óbvio, claro! Eu não entendia como Bella não podia ver que a sua vida estava em risco por nada!

É claro que eu sabia que Carlisle tentaria me convencer de que Bella poderia sobreviver... Mas como ele poderia saber? Casos assim eram raríssimos, geralmente a humana morria no processo de reprodução!

E o pior de tudo... O pior era que eu seria o responsável pela sua morte. Eu que seria o seu assassino.

Hey... Você parece preocupado. Quer conversar?

A voz de Emmett me arrancou de meu devaneio. Ele carregava uma bandeja com uma quantidade absurda de alimentos. Eu trinquei os dentes quando vi ovos mexidos no meio daquilo. A coisa já sabia do que gostava.

“Não, obrigado.”

Cara... Ele parece bem mal... Preciso falar com ele. É o meu irmão, droga.

Dei um leve sorriso ao ver que pelo menos uma pessoa sabia em qual estado eu me encontrava.

“Edward... Olha... Eu sei o que você acha que vai acontecer, mas, analise as coisas. Bella sobreviveu  a James. Mesmo com todas aquelas fraturas. Se ela passou por aquilo tudo, e uma quase transformação... Eu não entendo por que você esteja tão desesperançoso. Ela vai ficar bem e o bebê também.”

Meus olhos se estreitaram ao som da palavra “bebê”.

“Emmett. Aquilo é um monstro. Eu achei que pelo menos você fosse entender isso... Mas vejo que errei...”

Seu rosto ficou incrédulo.

“Tenha um pouco de fé uma vez na sua vida!” me repreendeu.

Eu dei um sorriso amargo e desci as escadas.

Realmente não me importava se Carlisle queria conversar comigo ou não, eu já sabia todas as coisas que ele diria. Sabia dos falsos confortos, sabia de que ele, mesmo sendo como um pai para mim, iria tentar me encorajar a fazer. Ah, eu tinha conhecimento de tudo aquilo, e me conhecendo tão bem, sabia que no fim acabaria com a mesma coisa: Bella morrendo e eu sendo o seu assassino.

Quando abri as portas de vidro de casa, Alice me esperava lá. Ela havia se certificado de deixar sua mente vazia, portanto, não a ouvi antes.

“Belo truque que aprendeu... Para mim é impossível não pensar em nada.” Falei sarcasticamente.

Ela somente me encarou, o rosto sereno. Alice estava brava comigo. Até mais do que eu esperava.

“Diga-me um dos motivos para que eu não tenha que estraçalhar o seu rosto agora, Edward Cullen.”

Ergui as sobrancelhas com a rispidez em sua voz.

“Sou seu irmão. Você me ama.”

Ela suspirou, exasperada.

“Que merda, Edward!”

Minha face ficou mais surpresa ainda, abri a boca para falar, mas Alice ergueu uma mão.

“Olhe... É de Bella que estamos falando. Sua esposa. Como você acha que ela irá reagir quando souber da sua fé nela?”

Engoli em seco.

“Ela vai entender. Ela sabe que irá morrer, você viu o estúpido pacto que ela fez com Rosalie...”

“Não importa!” retrucou “ME ESCUTE!”

Até agora, eu estava encarando o chão, mas fui forçado a olhar para o rosto de minha irmã.

“Isabella Marie Swan Cullen. Esse nome pertence à mulher que você ama. A única dentre várias que conseguiu o seu coração... Agora não ouse pensar que tudo vai acabar tão facilmente! Ela vai viver, e o beb- -“

“Não é um bebê! É um MONSTRO!”

Sua face se retorceu, como se eu houvesse lhe dado um tapa.

“Cale essa boca. Não sabemos o que é, mas até agora Bella está bem, então, lave a sua boca antes de falar de seu filho!”

Ficamos os dois, silvando baixo um para o outro, até que suspiramos simultaneamente.

“Me desculpe” falamos juntos.

Eu abracei Alice.

          “Você sabe como eu fico ao pensar na morte dela. Você a ama também, deve saber como é.”

“Eu sei... Se isso te deixar feliz, eu concordo que no momento em que... Aquilo se tornar perigoso, vamos tirá-lo de Bella.”

Nós nos soltamos.

“Obrigado. E, por favor, perdoe-me por ter gritado com você. A coisa toda me deixa... Tonto.”

Ela sorriu.

“Eu entendo. Vá até o rio... Talvez você fique mais calmo se esfriar a cabeça.”

Assenti para ela, e fechei os olhos.

“Ah, Carlisle disse que vai fazer todos os exames possíveis... Então, por favor, pelo bem de Bella... Pelo bem de nossa família... Tenha um pouco de esperança.” acrescentou.

Suspirei, e quando abri os olhos, já estava na floresta, escura, rica em cores novas.

Afinal, um espaço para pensar.