Desci até o hall de entrada, e notei uma movimentação maior ali. Passei analisando todos, e olhando atentamente para ver se Justin estava ali no meio. Mas nenhum sinal dele. Fui andando até uma das piscinas, haviam casais, familias, jovens e crianças correndo por todo o lado. Sentei-me em uma das espriguiçadeiras apenas observando. Peguei meu celular, e enviei uma mensagem para Mari, assim como combinado.

“Amiga, acabei de chegar no hotel, a viagem foi ótima. Estou aqui na piscina tomando um pouco de sol. Beijos, te amo.”

Não esperava que ela fosse me responder tão rápido. Ainda era cedo em Nova Iorque, Mariana devia estar dormindo. Mas, não demorou muito para que ela me respondesse:

“Oi amiga, que bom que chegaram bem. AAAAA QUE INVEJA, AQUI ESTÁ FRIO! ):  te amo, saudades.”

Li a mensagem e ri comigo mesma. Não respondi, mais tarde entraria no msn para que nos comunicássemos melhor. Continuei ali sentada. As pessoas pareciam felizes, levantei-me em seguida e fui caminhar um pouco. Passei pelas várias piscinas naturais e fiquei encantada com absolutamente tudo. Parei em frente a uma ponte sobre uma piscina natural, e fiquei apoiada observando os peixinhos. Eram todos coloridos e pareciam estar se divertindo. Joguei um pedacinho de pão que estava no chão para eles. Atacaram aquele mísero pãozinho como se não comessem a tempos. Sorri, até sentir uma bola me acertar, AI – gritei.  Como sempre fui cabeça quente, fiquei enfurecida e xinguei o menino que havia jogado a bola de tudo quanto foi coisa, ele pareceu-me timido, e logo pediu desculpas. Senti pena por ter sido tão rude com ele e sorri constrangida. Como o sol estava ficando forte, senti minha garganta seca e fui até o bar:

- Um suco de laranja, por favor. – pedi com educação ao garçom.

- É pra já! – respondeu ele simpático. Apenas forcei um sorriso e continuei a observar as pessoas. Aliás, umas das coisas que eu era craque, – observar as pessoas -. Sempre fui assim, desde pequena eu ficava parada analisando tudo. Encontrando defeitos como diz Mariana. Tenho que concordar um pouco ela, sempre fui detalhista demais, e isso assustava as pessoas. Talvez esse seja o motivo de eu não ter tantos amigos.

- Aqui está seu suco senhorita. – disse o mesmo garçom de antes, que soltava um olhar suspeito, e sorria de orelha a orelha.

- Obrigada! – sorri e paguei o suco. Fiquei ainda ali sentada, e senti meu celular vibrar, olhei no visor e vi que era papai. Levantei-me com cuidado, e segui para o hall do hotel. No caminho, um garoto de aproximadamente uns 12 anos veio até mim.

- Oi, qual é o seu nome? – disse ele timido.

- Olá, Isadora e o seu? – sorri sendo simpática.

-  Pedro. – disse ele. - Posso te dizer uma coisa? - disse de cabeça baixa.

- Claro, me diz.

- Você é muito linda. – ele sorriu corando um pouco.

- Aw, obrigada. Você também é muito lindinho. – disse a fim de confortá-lo, dando lhe um beijo na bochecha. O garoto saiu correndo feliz, ao encontro de outros meninos. Achei estranho, e fofo da parte dele. Não que eu não me achasse bonita, mas sentia-me envergonhada quando era elogiada. “Fiz uma pessoa feliz!” sorri e voltei a andar. Senti meu celular vibrar novamente, e apressei meus passos ainda tomando o suco.

- AAAAAAAI MERDA! – falei ao esbarrar em alguém que estava correndo e cai. – COMO EU SOU BURRA! – falei olhando-me e vendo que havia tomado uma banho de suco. A pessoa em que eu esbarrei, nem se quer olhou pra mim ou se ofereceu para ajudar. Olhei para trás tentando encontra-lo e só vi um garoto correndo. Eu o conhecia de algum lugar. Seu jeito de correr parecia-me familiar. Suas roupas eram a mesma que Justin usava. Será que ele esbarrou em mim e nem se ofereceu para ajudar? Levantei-me passando a mão na minha saia branca. Pedro, o mesmo menino que me elogiou veio me ajudar, e seus amigos vieram atrás.

- Você está bem, linda? – ele disse preocupado.

- Estou sim. – sorri. – obrigada.

- Aquele Justin Bieber é um grosso mesmo. Se acha só porque é famoso. – disse um menino loirinho, um pouco menor que ele.

- AQUELE QUEM? – falei com os olhos brilhando. Meu coração acelerou só de escutar seu nome.

- O Justin, aquele cantor. – o menino respondeu.

- Você não o conhece? – perguntou Pedro.

- Ah, conheço sim. Eu sou super fã dele. – respondi sorrindo. Minhas suspeitas haviam se confirmado.

- Ham, não sei como você pode gostar de alguém que nem liga para suas fãs, e se acha por causa da namoradinha.  

- Ele liga sim, ta? – falei irritada. Eu odiava que falassem mal do Justin. Para mim ele era perfeito, e se tinha defeitos eu os ignorava.

- Ah, liga tanto que deixou você aí no chão caida, e nem se quer se importou.

- É. – senti-me derrotada. Meu celular vibrou novamente e despedi-me dos meninos. Será mesmo que Justin pudesse ser tão ignorante ao ponto de me derrubar e nem se quer me ajudar, ou voltar atrás e perguntar como eu estava? Será, que aquele garoto perfeito que eu sonhava todas as noites, tinha se transformado em um monstro? Meu principe tinha virado sapo. Ou ele sempre foi um sapo, mas nunca notei. Eu estava cega pelo amor que sentia por ele. Era tudo muito forte.

Cheguei ao hall do hotel e meus pais estavam lá. Me olharam preocupados, perguntando o que havia acontecido. Expliquei tudo, e peguei o elevador até a suíte. Ao chegar no quarto, fui direto tomar um banho, eu estava toda melada e se demorasse mais um pouco viraria alvo perfeito para formigas. Liguei o chuveiro, e deixei a água percorrer meu corpo. Fiquei pensando no que tinha acontecido, e me entristeceu lembrar daquela cena. Fiquei com raiva dele não ter me ajudado. Ele que sempre pareceu simpático com suas fãs, com paparazzis, com todo mundo. Ah, mas que se dane. O encanto já tinha se desfeito mesmo. Sai do banheiro, e coloquei um short curto, uma batinha rosa e minhas havainas rosas também. Penteei meu cabelo, e fiquei sentada no sofá que havia ali. Comentei com meus pais, que descansaria um pouco, depois os encontraria para o almoço. Liguei a tv a fim de encontrar algo legal. Deixei no canal de celebridades.

“Justin Bieber foi visto hoje muito sorridente no hotel Atlantis Resort, enquanto curte férias com os amigos..”

Não esperei terminarem de falar, desliguei a tv, e liguei o notebook. Precisava falar com alguém que me entendia. Como pode parecer tão simpático na tv, sendo que pessoalmente era tão frio.. tão mesquinho... tão... Não havia mais palavras para serem usadas. Eu estava decepcionada. Não apenas com ele, mas comigo mesma por deixar-me envolver por um astro do pop, e por achá-lo perfeito. As lágrimas comeceram a escorrer, a medida que lembrava-me dos diálogos e ceninhas que eu havia imaginado. Toda aquela histórinha tinha ido por água a baixo.