Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 19
19 - dois lados




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Athena se sentou arfante na própria cama. Havia corrido pelo Olimpo todo até chegar ao seu templo. As pessoas estavam acordando naquele momento, enquanto Atlântida era destruída pouco a pouco, rocha por rocha, concha por concha.

Por que ninguém faz nada?!

E o que é que ela estava pensando? Que iria resolver e deixar as coisas como antes? Aquilo não era de sua conta, pelos deuses!

Mas eu tenho que ajudar.

Como ela ajudaria? Anfitrite iria atacá-la se a visse de novo, e Poseidon provavelmente não ficaria feliz por ver alguém comprando sua briga.

Mas ele se acalmou quando a viu.

Pura sorte. Ele estava surpreso. Talvez até em choque.

Era uma briga de casal que estava afetando todo o mundo mortal e mitológico.

Ela era a deusa da justiça, por que não conseguira? Ela deveria tê-lo ajudado.

Sua consciência se pesava cada vez mais, deixando-a confusa.

Era ou não era para ela ajudar? Ele ficaria furioso ou agradecido?

Poseidon agradecido, como se fosse possível. Puf puf.

Anfitrite com certeza não ficaria nem um pouco feliz.

Mas quem se importa?

Por mim ela poderia explodir em um milhão de pedacinhos.

E o dia estava apenas começando. Como pode?

Sem contar que, por mais que quisesse, não conseguia deixar de pensar naquele bebê. O bebê que tivera com Poseidon. Parecia algo tão surreal, tão distante, e no entanto ele estava ali, tão perto dela, sofrendo tanto.

Ela, Athena, a deusa da sabedoria, a qual todos temiam, estava sendo traída pela própria mente.

Isso é possível?

Não sabia mais a diferença entre o certo e o errado. Poderia estar fazendo o certo quando foi contra seu pai, algo nunca feito antes, para ajudar Poseidon? Ou na verdade Zeus é quem estava certo ao dizer que ela não deveria interferir?

Naquela guerra havia os dois lados.

De um, havia Poseidon, tentando tomar Atlântida de volta, havia sua vontade de ajudar, e haviam as dúvidas.

De outro, havia Anfitrite, havia Zeus tentando alertá-la, havia sua consciência, sem falar nos outros deuses que não poderiam ajudá-la.

Ah, onde foi que você se meteu, Athena?

Ela estava dentro disso em todos os aspectos. Como deusa da guerra, da justiça, da sabedoria, como olimpiana, como a pessoa que passou os últimos dias de paz de Poseidon junto dele.

.

.

.

- Athena, pelo amor dos deuses, você sabe que não deveria ter feito isso – disse Afrodite nervosamente enquanto andava pelo corredor ao lado dela, praticamente correndo até a Sala dos Tronos. Ela estava realmente fora de si.

- Não me venha com isso, Afrodite – disse Athena, igualmente nervosa. – Você mesma quebrou as ordens dele, por favor. – ela relanceou um olhar à outra. – Pensei que iria me apoiar.

- Eu apoio! – ela exclamou, ainda mais nervosa. – Não entenda tudo errado, Athena, eu apoio a relação de vocês mais do que qualquer outra pessoa, mas-

- Que relação?!

- ...você sabe como seu pai é, como os olimpianos são – ela continuou, como se nem tivesse sido interrompida. – Apesar de serem irmãos, os Três Grandes há muito tempo não se dão bem, eles acabaram se desentendendo, e tudo piorou quando chegou a hora da divisão dos territórios. Olimpo, Atlântida e Mundo Inferior. Foi uma briga horrível. Seu pai não vai deixá-la ajudar Poseidon, ele mal o considera da família, forçá-lo não vai adiantar nada.

- Mas eu não pretendo forçá-lo, sei que não vai fazer diferença. Eu só quero ajudar, eu sinto isso.

- Sei que sente, Athena – Afrodite balançou a cabeça como se desaprovasse algo. – Zeus não tem o direito de proibí-la a nada, mas você é a coisa mais preciosa que ele tem, é a filha mais querida. Ele só quer protegê-la.

- Ah, você também? Deuses, e eu pensando que você iria concordar comigo!

Afrodite parou bruscamente, encarando-a com os olhos escurecidos e revoltados.

- Eu concordo – disse ela, com os dentes cerrados. – E só digo o que digo porque é a verdade! Será que você não entende? Ele tem medo de perdê-la para Poseidon! Ele sabe o que houve, Athena, sabe que vocês tiveram um filho! E está com medo de que seu irmão a leve e a desaponte.

Afrodite terminou de falar com a voz mais baixa do que antes, como se tivesse medo de que pudessem ouvi-la, o que era bem possível, já que ali tudo tinha ouvidos.

Athena ficaria ofendida e até magoada, se não estivesse em choque.

- Por que não me contou? Por que ele não contou?

- Porque ele não queria desenterrar algo de milênios atrás. Zeus não vive do passado, ele não tem esse direito, tem de estar atento ao presente e ao futuro, não pode se dar ao luxo de ficar remoendo o que já aconteceu. Ele é um homem muito ocupado, Athena, ele é o senhor dos deuses, se algo de ruim começar a aparecer, direta ou indiretamente, a culpa será dele. E você, não tem o direito de culpá-lo.

- Que seja. Ele não tinha o direito de me esconder isso – murmurou Athena, voltando a andar rapidamente.

- Ficar com raiva não vai fazer diferença. Por favor, Athena, não piore as coisas, a situação já está bem crítica para isso.

As duas pararam em frente às grandes portas luminosas.

- Eu não vou fazer nada – disse a deusa da sabedoria, seca.

Afrodite suspirou e olhou o céu, ainda estava nublado e deprimente. Ela não sabia como ajudar sua amiga, sentia que tinha feito o certo quando contara a verdade, alguém tinha de contar.

Por mais impossível que pareça, Afrodite rezou para a última pessoa que lhe restava.

É bom que Métis tenha conselhos sábios para dar a sua filha, pensou ela, segundos antes de colocar o salto rosa dentro do salão, deixando Zeus iniciar o Conselho de Guerra.


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