Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 20
20 - conselho de guerra


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, as provas e a internet não colaboraram.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/132995/chapter/20

Afrodite se sentou no trono, olhando diretamente para Athena, pouco ligando para o discurso que Zeus começava a fazer.

Por incrível que pareça, Athena não aparentava tensão, estava calma e concentrada, como sempre. Não havia nenhum vestígio da preocupação que a assombrara minutos antes, mas, não importava o que ela poderia fazer, Afrodite nunca cairia naquilo; pois ela sabia que era fingimento.

Athena ouvia atentamente o que seu pai dizia, mas estava ainda mais interessada na presença inesperada de Poseidon, que parecia abatido e expressava, simplesmente, nada.

Não havia como saber se ele estava concentrado, sério, ou até mesmo, triste, o que Athena pensava ser algo improvável.

- Poseidon – disse Zeus, encarando seu irmão pela primeira vez naquele dia. – É a melhor saída. A única saída. Se não fizer isso, Atlântida vai cair, e você sabe disso. E quando cair, o Olimpo pode ser o próximo.

Não era normal Zeus falar com calma esse tipo de coisa, muito menos para Poseidon, que sempre era vítima do mau-humor do senhor dos deuses.

Era certo que, se até mesmo ele estava mudado, com certeza o Olimpo seria afetado se algo acontecesse, ou melhor, não acontecesse.

Por não ter prestado atenção na última reunião, Athena não sabia o que Zeus estava tentando obrigar Poseidon a fazer, mas como antes, ele estava ficando furioso.

- Eu não vou fazer isso, Zeus, nem por um bem maior. Você não sabe o que é isso – ele dizia, com os punhos cerrados. – Não sabe o que é ser obrigado a isso. Pense em si mesmo, Zeus, que é o que mais você faz. Seria capaz de algo assim? Seria capaz de sucumbir a isso só porque alguém está mandando? – Poseidon disse “mandando” cheio de repugnação e incredulidade.

- Eu já disse uma vez e vou repetir: É a única saída, Poseidon. Terá de se unir a ela novamente, só assim teremos paz!

- Eu. Não vou. Me casar. Com aquela infeliz! – disse Poseidon, alterado, começando a se levantar.

- Já tivemos essa discussão antes – disse Hera, com aquela superioridade de sempre. – Não adianta nada ficarmos aqui, sem chegarmos a alguma conclusão. Atlântida precisa de Poseidon, Zeus.

- Eu cheguei a uma conclusão – disse ele, olhando ameaçadoramente para a esposa, o que não fez surgir nenhum efeito. – Ele só tem que aceitá-la agora.

- Poupe-me disso, Zeus. Não vou ficar perdendo o meu tempo para ouvir besteiras. Há inocentes morrendo no meu reino enquanto não posso fazer nada.

- Poderia fazer algo se se casasse com Anfitrite. Ela pode ter mudado.

Aquelas com toda certeza eram palavras muito estranhas para Zeus.

- Você acha mesmo que, depois de milênios, ela resolveu se tocar e mudar a postura? Eu a conheço melhor do que você, Zeus, conheço o temperamento dela. Não há como reverter isso.

- Case-se então!

- Já chega! – gritou Hera. – Vocês dois. Parem com isso, agora. Não somos mais crianças. Não vou abençoar nenhum casamento que não seja por amor, Zeus. E duvido muito que Anfitrite vá concordar. Ela está destruindo Atlântida, com certeza não aceitaria viver ali, como se nada tivesse acontecido. Ela acha que Poseidon a traiu, mas eles não estavam mais juntos. Ela está errada. Ela tem que mudar. Poseidon não tem culpa de ter se casado com um monstro. Na verdade, ele nunca teve muita facilidade para distinguir mulheres de verdade de vadias desequilibradas.

Apolo arqueou as sobrancelhas, surpreso com as palavras da madrasta. Geralmente, Hera quem brigava com os outros por causa do ‘vocabulário sujo’, como ela apelidara.

- Você está defendendo ele? – disse Zeus, perigosamente.

- Não, eu estou colocando as cartas na mesa. Se vamos discutir sobre isso, é melhor que todos os fatos sejam apresentados.

- Você só pode estar brincando, Hera. Isso já foi discutido. Poseidon terá de aceitar – disse ele, virando-se para o deus dos mares, que revirou os olhos.

Athena, com sua “inteligência avançada”, juntou os pontos na hora em que começaram a discutir.

Zeus queria forçar Poseidon a se casar novamente com Anfitrite, assim ela voltaria ser rainha legalmente, ele poderia salvar Atlântida e assumir o trono, a guerra não chegaria ao Olimpo e todos estariam salvos.

Apesar de saber que Poseidon odiava ser pressionado ou obrigado a algo, ela percebia que não era aquilo que o incomodava. Tinha algo a mais, e ela podia ver isso.

Ele não queria voltar com Anfitrite por algum motivo, não era só porque ela era temperamental, traíra e todo o resto de adjetivos horríveis que Athena conseguia pensar naquele momento.

Mas, como sempre, ela não poderia ficar quieta.

- Já chega – ela falou, autoritária; nem precisou elevar a voz para obter atenção. Ela estava calada até aquele momento, o que não era, de fato, normal. – Zeus está certo, Poseidon, é a única saída.

Poseidon abriu um sorriso torto, mas que parecia um pouco falso, como se estivesse tentando disfarçar algo.

- Eu já deveria saber que você iria apoiá-lo, era só uma questão de tempo.

- Isso não tem nada a ver com o fato de ele ser meu pai. Estou concordando porque é a única coisa que podemos fazer para ajudar. Que você pode fazer.

- Você não entende – murmurou ele, jogando-se no trono.

- Quem não entende é você. Não vai demorar e Atlântida irá cair. Faça isso por todos os olimpianos, ou espere a guerra chegar até aqui. Então, quando começarem a destruir nossos tronos, você vai entender. Anfitrite não quer apenas acabar com o seu reino, ela quer vingança, e não só sua, ela também quer se vingar de mim e de Afrodite. Não há dúvidas. Quando ela conseguir acabar com o que resta da sua vida, ela virá atrás de nós, olimpianos.

Athena disse tudo lentamente e em baixo tom, fazendo com que aquilo soasse mil vezes mais aterrorizante.

Todos os olhares se concentravam nela, até o próprio Zeus parecia abalado. Todos pensavam em suas vidas e no quão elas seriam insignificantes se Poseidon não agisse rápido.

Eles se sentiam diminuidos, excluídos, tristes. Como se a possibilidade de Poseidon não fazer nada por eles, fosse ele quem fosse, poderiam deixá-los magoados mais do que ficariam se fosse outra pessoa qualquer; eles ficariam abalados como o universo família.

- Esse daí é mais um imprestável mesmo! – exclamou Deméter. – São todos iguais. Zeus, Hades e agora o Poseidon! Vocês têm mesmo a quem puxar!

- Deméter, essa não é uma boa hora – disse Hades, que viera por ‘questões urgentes’ especificadas por Zeus.

- Ah, nunca é uma boa hora para se ouvir umas verdades! – ela continuou, apontando o dedo para o irmão.

Para deixar o clima ainda mais tenso, Poseidon se levantou em seus seis metros de altura e encarou Athena de um jeito superior que dizia ‘eu sou um dos Três Grandes e você não é capaz de me enfrentar’. Novamente, ela teve medo.

Ela não entendia, por que aquele medo repentino?

Ela nunca fora de se deixar abalar... Por que?

Athena também se levantou, e se limitou a olhá-lo imponente, novamente na mira dos olhares curiosos e intimidadores.

- Nós precisamos conversar – disse ele, sério, com a voz grave. – Em particular.

Foi o suficiente para fazer Zeus começar a se preocupar, fazendo com que apertasse ainda mais os dedos em volta de Raios.

Ela arfou.

Os olhos azuis elétricos de seu pai passavam de um para o outro, desconfiados, tentando, em vão, entender.

Athena franziu os lábios, temendo o que quer que fosse que estava por vir, seus olhos se encontrando por frações de segundos com os do senhor dos céus.

Novamente, ela encarou Poseidon, que ainda a olhava intensamente, desconcertando-a.

Ela não poderia dar pra trás justo naquele momento.

- Claro.

Ele assentiu, movimento que passou quase despercebido, e lhe deu as costas, entrando numa ante-sala, praticamente escondida pelos tronos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocês não perdem por esperar *muahahahaha*