Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 18
18 - tentativa falha de ajuda


Notas iniciais do capítulo

Pequeno.



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Athena estava molhada, com o vestido branco grudado ao corpo e os saltos, de repente, mais pesados. Ela não sabia o quão difícil era movimentar-se debaixo d’água, aliás, ela não se lembrava. Havia ido ali o quê? Uma ou duas vezes, no máximo?

Assim que os pés tocaram o mármore polido da escadaria, a deusa começou a tossir. Ela sabia nadar, claro, não estava se afogando, apesar de não saber respirar ali. Quando inspirou, tanto água quanto oxigênio a invadiram. Era como se aquele lugar fosse projetado para se adaptar ao tipo de ser vivo que vivesse ali. No caso, uma pessoa.

Levou alguns minutos até Athena estabilizar a respiração calma novamente, já que teve de se acostumar com o ar rarefeito.

Seus olhos tinham parado de arder e ela pôde ver à sua volta com clareza.

Aonde ela se lembrava de ter visto lindas flores da última vez, ardia fogo grego, com suas chamas esverdeadas que davam a impressão de ser superficial.

Algumas mulharas feitas de conchas estavam caindo, despedaçando-se, quebrando-se.

Havia ciclopes por ali, chorando lágrimas enormes, abraçados a cavalos marinhos.

A trilha de seixos que passava por todo o reino estava se desfazendo em fumaça, pouco a pouco.

E ainda tinha a própria água, que levava uma cor mais escura e densa. Não se podia mais avistar os portões altos e imponentes daquele lugar, como antes era possível.

As portas do palácio estavam escancaradas, como se tivessem sido abertas a força.

A deusa experimentou subir mais degraus, e o barulho de seu salto entrando em contato com o mármore ecoou, fazendo-a estremecer.

Onde está a vida desse lugar?

Ela entrou no palácio escuro e seguiu por um corredor comprido, as tochas e os candelabros estavam apagados, deixando tudo com um tom mais sombrio.

Depois de alguns passos, Athena quase trombou com uma porta larga, cheia de desenhos pretos e contorcidos, que seriam até bonitos se não estivesse tudo escuro naquele momento, a não ser por a luz fraca que conseguia se projetar pelas frestas, assim como duas vozes.

- ...ir embora.

Ela reconheceu como sendo a voz de Poseidon, grossa e alterada, ela própria podia imaginá-lo furioso, os olhos verdes escuros e sombrios, os punhos cerrados.

- ...não...voltar...Olimpo...Zeus.

Só dava para pegar partes da conversa, nada muito intrigante, mas o nome de seu pai havia sido mencionado, e aquilo já era alguma coisa.

Era uma voz feminina, que ela reconheceria em qualquer lugar. Apesar de ter visto Anfitrite apenas uma vez, conseguia se lembrar daquela voz irritante tão claramente como a ouvia agora.

Mimada. Superior. Arrogante.

Eram os três adjetivos com quais ela descrevia Anfitrite. O irônico era que ela sabia que, por muitas pessoas – incluindo o próprio Poseidon, era descrita assim. A filhinha mimada de Zeus, que se achava superior a tudo e a todos, e que sempre dava um jeito de ser arrogante.

Essas pessoas nunca devem ter conhecido Anfitrite.

Estava tão envolvida com os próprios pensamentos que não percebeu que as vozes haviam cessado.

Apenas quando as portas se abriram com um estrondo foi que ela se deu conta de estar encarando um par de olhos arroxeados e furiosos, que se escureceram mais ainda ao vê-la.

- Volte aqui, sua... Nossa conversa ainda não terminou!

Poseidon apareceu atrás de Anfitrite e, para deixá-la mais assustada e surpresa, sua expressão se suavizou, apesar de ficar confusa. Sua presença o havia acalmado. E aquilo era muito estranho, tinha de admitir.

- Poseidon, eu... – Athena balançou a cabeça, não sabendo o que dizer. O que exatamente ela estava fazendo ali, mesmo?

Seus olhos se encontraram com os de Anfitrite novamente, que ficava cada vez mais alterada, e com mais vontade de pular em cima de Athena.

Então, foi como um estalo.

- Meu pai tinha razão – ela disse, para depois encarar Poseidon novamente. – Isso não é da minha conta. Eu não deveria ter vindo – ela fechou os olhos por alguns segundos. – Não tenho o que fazer aqui.

Foi quando ela deu as costas para eles e voltou pelo mesmo caminho que tinha vindo, desaparecendo em uma coluna de chamas logo em seguida.


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