PDV Hannah

Eu realmente não queria ir dormir. Estava com medo do que eu poderia sonhar hoje... Já devia ser meia-noite e meia, e eu, Bia e Bruno ainda estávamos acordados. Eu estava lendo um livro e ouvindo musica as alturas no meu celular. Com fones de ouvido, claro. De repente uma almofada acertou meu rosto.

-Quem foi? – Eu perguntei tirando os fones de ouvido e colocando os Rai-Bans, pois mesmo com os fones, deu para ouvir os chiados de cobra.

- Eu. Você não me respondeu. – Bia disse fazendo um bico. Meu cabelo, digo, as cobras do meu cabelo se acalmaram.

-O que é? – Eu perguntei escondendo um bocejo.

-Você ta nervosa com alguma coisa? – Ela perguntou sentando ao meu lado. Eu ia dizer que não, mas ela foi mais rápida – Não minta pra mim, sou sua melhor amiga. Eu contei aos dois o sonho.

-Faz ideia do que pode ser?  - Bruno me perguntou.

-Realmente não... Passado não pode ser, futuro também não... – Eu disse tentando pensar.  -Eu tenho certeza que eu tenho um livro sobre sonhos inexplicáveis... 

-Existe um livro disso? – Bia perguntou.

-Sim...  Eu estava pensando em contar a Nix sobre o so... – eu comecei a falar mais fui interrompido

-Contar pra mim o que?  - A voz de Nix ecoou. Eu me virei para encará-la. Ela usava a maquiagem de sempre, Jens detonados, um casaco roxo e uma blusa preta do Panic! At The Disco. (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=31640970&.locale=pt-br)

-Nix! – Eu disse me levantando e dando um abraço nela.

-Como vão? – Ela perguntou sorridente.

-Mais ou menos...  – Bia disse virando de cabeça pra baixo.

-Por quê?

-Anni sumiu, temos que ir pra uma missão e ver nossos pais. –Bruno disse bufando.

-Poxa, que coisa legal em! – Ela disse irônica.

-E eu tive um sonho estranho de ontem pra hoje e antes de ontem pra ontem. – Eu disse a ela.

-Ah... Então era isso que você queria me contar. – Ela disse estalando os dedos. Um dos divãs foi até Nix e ela se sentou. Eu contei a ela o meu sonho. Ela pareceu tensa, nervosa.

-O que você acha? – Eu perguntei.

-E-eu... Hum... Eu n-não sei. – Ela disse.

-É mesmo é? – Eu perguntei erguendo a sobrancelha. – Eu sei que você esta mentindo! - Eu estalei os dedos e o vendo a empurrou para a parede.  

-Me conta a verdade Nix.

-Ta parecendo você quando vocês eram de... – Ela se calou antes de terminar.

-Éramos o que? – Bruno perguntou.

-Nada...                                                         

-Nix... – eu adverti. Percebi que Bruno e Bia já estavam de saco cheio.

-Ok... Vocês já foram deuses. –Ela disse.

-Ahã... E 21 de maio é o final do mundo – eu disse rolando os olhos.  

-É sério! Quer ver?  - Ela disse pegando o meu braço. Ela começou a murmura algo e meu braço começou a doer.

-PARA! – Eu gritei. Ela parou e a dor instantaneamente passou. No meu pulso, havia uma espécie de tatuagem em formato de cobra envolvida nele e um morcego.

-Se olhe no espelho. – Nix disse sorrindo. Eu peguei um espelho de mão que minha irmã deixava na sala. Meus cabelos estavam presos em duas tranças, que viravam uma só depois, meus olhos estavam verde oliva (o cor que minha mãe disse que meus olhos tinham quando eu nasci), mas a pupila era praticamente uma fenda, como as de cobra, minhas orelhas estavam pontudas como as de elfos e morcegos. Eu abri a boca e vi que os dentes caninos estavam grandes e pontudos e minha língua estava bifurcada.

-Que droga é essa? – Eu perguntei a Nix.

-Você quando fez catorze anos, quando se tornou uma deusa de verdade, a deusa dos animais noturnos. – Nix disse – Porque você acha que você sempre gostou de morcegos, cobras e corujas?  

-Sei lá... Porque eu sempre fui anormal? – Eu perguntei. Ela rolou os olhos e foi até Bruno. Ela fez a mesma coisa que fez comigo, e em seu pulso apareceu uma gota de fogo. Seus cabelos começaram a queimar e viraram chamas em sua cabeça.

-AAAA! – ele começou a gritar com o fogo, mas viu que não estava queimando-o e entendeu o que era. Percebi que em seus olhos havia gotas de fogo, pereciam duas bolas com chuvinhas de meteoro.

-Cabeça de fósforo... – Eu disse sorrindo sarcasticamente pro Bruno. Bia tinha se transformado e nós nem tínhamos visto. Acho que ela conseguiu aguentar mais que nós. Bom, não me admira, ela não sente dor tomando vacina. Ela tinha os cabelos flutuando no ar, como se existisse uma brisa que só soprava nela. Seus olhos mudavam de cor, as vezes marrom,as vezes azul, depois ele ficou laranja avermelhado e depois verde. Mas eu juro que vi seus olhos ficarem magenta, depois vermelho-sangue. Ela tinha uma espécie de assas, eu acho. Suas roupas mudavam de cor e comprimento. Em seu pulso, havia uma espiral, como aqueles trequinhos de ilusão de ótica.

-Ana Beatriz, deusa da ilusão e das miragens... Era muito útil. – Nix disse a ela. Ela estalou os dedos e voltamos ao normal, mas nossos pulsos ainda tinham a marca.

-Ãh... Nix? – Eu disse olhando meu pulso.

-Que é? – Ela perguntou prendendo os longos cabelos negros e ondulados com pequenos pontinhos pratas.

-Esse treco não saiu. – Eu disse apontando para meu pulso.

-Não sai. – Ela disse ajeitando o casaco.

-COMO ASSIM NÃO SAI?!- Eu,Bia e Bruno gritamos.

-Não saindo, dãã. – Ela disse desaparecendo.

-Ótimo! Como vamos esconder isso? – Bia perguntou.

-Boa pergunta... – eu disse me jogando no sofá.