Ive Never Been Anywhere Cold as You. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

obrigada por lerem e pelas indicações *-*



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Dezesseis.



Haviam se passado vários meses que Brendon havia voltado para casa, morando com Spencer, e que Ryan não dava o braço a torcer. Desde quando Brendon se decepcionou com Ryan, nenhum contato além do profissional, nenhuma palavra além do necessário estava sendo trocada entre eles. Brendon Urie estava sendo rude com o maior e isso estava fazendo bastante efeito, porque Ryan Ross estava se sentindo incomodado com o silêncio do menor. Ryan Ross já não era o ídolo intocável, ele era o amado ex-namorado e o homem que mais o tinha ferido.


A monografia de Brendon estava pronta e ele sua formatura seria exatamente naquele dia e, embora Ryan tivesse afirmado com todas as letras possíveis e improváveis que ele não iria – e Brendon supostamente havia convidado por educação e não porque ele era apaixonado e a presença de seu orientador seria a mais importante de todas para ele - Ryan ajeitava bem a gravata enquanto pensava e se realmente valia a pena.


Valia. Ponderou assim porque o clima no trabalho estava cada vez mais pesado e isso com certeza faria o menor sorrir.


Na festa de formatura, Ryan ficou bem no fundo. Não queria sequer ser visto por Brendon ou chamar sua atenção. (Brendon feliz não sua consciência não funcionava bem e ele poderia tentar beijá-lo ali. Ryan não estava disposto a isso porque ainda não havia perdoado Brendon Urie). Mas na verdade, Spencer discretamente apontou para Brendon onde Ryan estava e o formando decidiu não dar à mínima, mas na verdade, ele não conseguiu esconder o quão radiante estava por aquela presença.


“Hey” Butch se aproximou, suspirando de leve. “Posso sentar aqui.” Apontou a cadeira perto de Ryan.


“Hey.” Respondeu sem emoção, sem sequer dirigir o olhar para o mais velho. Ross batucava ansiosamente sua coxa com as duas mãos. Butch observava atentamente, com um olhar clínico.


“Você conhece alguém daqui?” Butch falou, tentando puxar conversa. Ryan assentiu. “Eu conheço o Brendon Urie. Conhece?”


O tempo parou, porque realmente soava mais agradável falar que não, mas ele estava tentando amenizar o clima com o ex-namorado em seu local de trabalho. Talvez seria a hora de chamar Brendon de volta para a sua casa. Então ele disse, baixinho.


“Conheço.” Forçou o sorriso, perguntando com um leve tom ciumento, quase imperceptível, mas para um psicólogo nada é imperceptível. “Por quê? Você é namorado dele?”


“Não, não.” Respondeu Butch sorrindo. “O namorado dele é um tal de Ryan. Eu só queria parabenizá-lo.”


“Entendo.” Disse sem emoção.


“Butch Walker.” Se apresentou entregando a mão para o outro que ponderou antes de qualquer atitude. O mais velho manteve o gesto e um adorável sorriso sincero e então Ryan apertou a mão dele num gesto completamente arredio. “Sou um dos melhores amigos de Brendon.”


Todos eram os melhores amigos de Brendon, até mesmo se ele os conhecesse há meia hora.


“Ryan Ross.” Sorriu forçado. “Chefe e orientador do B.”


“É bom conhecê-lo.” Sorriu fracamente e o outro apenas assentiu. Foi então que os olhos de Brendon contemplaram a cena. Butch e Ryan conversando educadamente, embora Ryan estivesse completamente tenso em sua cadeira e sempre dava respostas curtas. A expressão de Ryan não era das melhores, mas Butch era um profissional. Então Urie sentiu os familiares lhe acolherem com doçura. Agora sim tudo estava completo.


Psicologos eram treinados para fazer com que as pessoas desabafassem. Era tudo uma questão de tempo e Ryan precisava de amigos. Amigos como Butch.


“Você quer ir cumprimentar o Brendon?” Ryan perguntou ao olhar Brendon ser abraçado por um de seus irmãos.


“Quero.” Assentiu. “Mas eu estou com preguiça.”


“E-eu vou contigo.” Pensou alto, mas Butch ouviu e assentiu. Havia passado toda a colação de grau longe de Brendon e agora na festa, queria ao menos parabenizá-lo por ter conseguido o diploma. E havia passado a formatura inteira procurando um motivo para poder abraçar Urie.


Butch sorriu fraco e se levantou, sendo seguido por Ryan. Os dois foram até Urie que não conseguiu conter o sorriso nos lábios. Abraçou primeiro a Butch que murmurou qualquer coisa em relação à sua formatura, Brendon assentiu e agradeceu baixinho o fato de ele ter conversado com Ross e conseguido estabelecer uma (pseudo) relação de amizade e aquele gesto de ir à formatura, de prestigiá-lo, já ruía toda a decepção que B guardava no coração. Deixou um beijinho em seu rosto, amistoso, em forma (feminina, vale dizer) de agradecimento. E em seguida foi à vez de Ryan ser abraçado com força.


“Achei que você não viria.” Disse Brendon, baixo no ouvido de Ryan que sentiu um arrepio correr por sua espinha. Brendon ainda se mantinha saudosamente abraçado ao maior. “Muito obrigado por vir.”


“Eu achei que você não faria tanta questão da minha presença.” Falou Ryan, lembrando-se da forma – cheia de descaso – que Urie o convidou pra formatura. “E de qualquer forma, eu sou seu orientador, não sou? Mereço uma parte dessa glória.”


“Você é mais que meu orientador, Ryan.” Urie falou, deixando um beijinho na bochecha de Ryan, completando a frase: “Infelizmente.”


Mesmo com ar decepcionado do momento – que logo foi substituído pelo ritmo empolgado de B – começou a conduzir o maior até cada familiar que estava ali presente. Todo mundo ficou sabendo quem era Ross e, como Bden não escondia nada de ninguém, todo mundo sabia o quanto Urie o amava. Urie contava – com um brilho no olhar – que não haveria formatura se não houvesse Ross e fora por causa dele que escolheu Arquitetura e Urbanismo.


Ryan corou adoravelmente.


Minutos após, toda a família de Brendon e a de Spencer foram para um clube alugado para a comemoração mais intima. Butch e Ryan foram para a festa e ficaram numa mesa afastada, conversando sobre coisas banais. Ryan não sorria, era antipático, mas mesmo assim, Butch sorria fraco e tinha um quê de simpatia que nada podia tirar. Em algumas sessões, Brendon dizia que Ryan não o amava, que era vão qualquer sacrifício seu, mas Ryro não tirou os olhos do seu formando. Estava ali sem saber que era observado com olhos clínicos e esses mesmos olhos clínicos também conseguiram perceber o quanto Brendon estava errado.


Butch fingiu que ia ao banheiro e puxou Brendon para um canto que Ross não pudesse ver. Explicou-lhe que Ryan tinha mesmo Anorexia, mas que ele não era desprovido de sentimentos, ele só não costumava – estava condicionado a (não) – demonstrar seus sentimentos. Brendon nunca poderia ter recebido um presente de formatura maior que o que Butch estava lhe dando.


Urie sempre fora hiperativo desde criança, então para conter seu jeito “ativo” de ser, seus pais o fizeram tocar todos os tipos de instrumentos, mas na verdade, seu grande hobby era desenhar casas. Por isso – e por Ryan – se tornara arquiteto. O menino foi até a banda, enquanto Butch caminhava em passos preguiçosos em direção a Ryan que franziu o cenho para o formando enquanto fumava. Ryan sabia que havia tido algum tipo de conversa entre Butch e Brendon, mas o que mais lhe surpreendeu foi o fato de Brendon caminhar em direção à banda que tocava naquele lugar.


Ao encarar o microfone colocado em sua frente, em um pedestal preto, Brendon deixou um sorriso feliz se formar. Os pais do garoto se abraçaram, afinal, haviam muitos anos que o filho sequer tocava absolutamente nada. Urie deu algumas notas aleatórias, para confirmar que ainda lembrava como se tocava aquele instrumento. Ele lembrava, então seu sorriso tentou rasgar mais ainda o seu rosto e o frio Ryan Ross soltava a fumaça de seu cigarro, não conseguiu conter um vestígio de sorriso ao ver a felicidade do outro. Seus pensamentos voavam entre o ajeitar as coisas com Brendon e o chutar de vez. Algumas das palavras de Butch sobre deixar os momentos fluírem em histórias aleatórias ficaram em sua cabeça.


“Faz tanto tempo que eu não pego em um violão que eu nem sei como vou fazer esse aqui funcionar.” Brendon sorriu, sua platéia riu, menos Ryan. “A música que eu vou tocar é uma antiga, mas que eu gosto. Na verdade, quero tocar essa música por causa do que ela representa na minha vida, nesse atual momento. Espero que apreciem e que eu consiga cantar. E, antes que eu me esqueça, ela vai especialmente pro Ryan.”


Ross corou, quase engolindo a fumaça do cigarro, o que fez Butch ter uma pequena crise de risos. O mais velho apertou o ombro de Ross em um apoio e nessa hora, Ross percebeu que podia contar com um amigo. E aquele amigo o entenderia sempre e não o pressionaria. Psicólogos servem pra isso, certo?


“Smile an everlasting smile, a smile can bring you near to me. Don’t ever let you find you gone, ‘cause that would bring a tear to me.”


Todos ali sabiam a opção sexual de Brendon. Ninguém mais o recriminava, porque perceberam que ele não mudaria, exceto se ele se apaixonasse eventualmente por uma garota – o que provavelmente não ia acontecer. Haviam se cansado de tentar trazer Urie pro “caminho certo”.


“This world has lost it’s glory, let’s start a brand new story now, my love. Right now there’ll be no other time, and I can show you how, my love.” Ao verem o brilho dos olhos que Brendon exibia com orgulho tiveram certeza que aquele Ross havia conseguido conquistar o coração de Brendon como nenhum outro havia sido capaz. “You think that I don’t even mean a single word I say. It’s only words, and words are I have to take your heart away.”


Brendon só deixou de lado quando acabou de tocar toda a música. Ross não sabia se escondia seu rosto debaixo da mesa – porque era tímido – ou se curtia a sensação pseudo-nova que ele tinha: coração disparado, lábios secos e falta de palavras. O formando caminhou até seu ex-namorado que segurou a mão dele e entrelaçou seus dedos. As famílias começaram a incentivar a atitude de Brendon enquanto o outro colocava a mão livre no rosto do menor, saudoso. Ele recuou, tentou soltar a mão do menor, mas era tarde demais. Urie já havia juntado os dois lábios e agora dizia:


“Me deixa te amar de novo?” Brendon mantinha o tom baixo e apesar de todo o barulho, o maior ouvia com nitidez. “Eu sei que disse que ia desistir, mas a quem eu to enganando?”


“Você deixou de me amar em algum momento?” Ryan afastou, reabrindo os olhos para esperar a resposta da pergunta. Não havia expressão nenhuma no rosto de Ryan, mas seu coração pulava à esperada daquela resposta que ele já conhecia. Brendon sorriu e negou com a cabeça. “Então não precisa de autorização pra isso.”


E se afastou, mas novamente, Brendon puxou-o para perto e o beijou. As palavras de Butch lhe davam esperança e não importava o quanto Ryan relutasse, Brendon entendeu que não precisava de autorização, ele só precisava fazer. Ryan estava tímido, lutando contra B que estava cada vez mais radiante.


“Eu quero voltar a ser seu.” Brendon o abraçou, falando baixinho no ouvido de Ross que não recuou, mas também não o abraçou. “Da mesma forma que era antes de eu estragar tudo.”


Ryan Ross olhou pra Butch por um momento e o último apenas assentiu enquanto fumava e soltava a fumaça para cima. Ryan firmou o abraço e o soltou devagar, fazendo com que o outro o soltasse também. Brendon sentou-se entre Ryan e Butch e começaram a conversar. Ryan ficou meio alheio, mas não tanto.


“Brendon.” Ryan chamou baixinho após um tempo. “Eu vou pra casa. Não to muito confortável aqui.”


Eram bem mais que meia noite e um arrepio correu por toda a espinha de Brendon quando ele imaginou o seu Ryan dirigindo sozinho, e indo ficar naquele loft pequeno sozinho novamente. Aquilo não era uma vida saudável para Ryan e então, Brendon cantou bem baixinho no ouvido de Ryan, só pra este ouvir:


Does he watch your favorite movies? Does he hold you when you cry? Does he let you tell him all your favorite parts when you've seen it a million times? Does he sing to all your music while you dance to “Purple Rain?” Does he do all these things, like I used to?”


Ryan suspirou baixinho e não falou mais que: “O que você quer agora, Urie?”, mas na verdade ele havia entendido a proposta, havia entendido. Brendon queria que ele ficasse ao seu lado até o final da festa com ele, mas o que Ryan não havia entendido era que Urie queria, na realidade, que ele dormisse ao seu lado mais uma vez. Talvez, dessa única vez, Ryan compreendesse o tamanho de seu amor.


“Vamos pra um lugar mais calmo, então.” Urie despediu-se de todos, após Ryan permitir que ele fosse e entregasse a ele as chaves de seu carro. Brendon era quem dirigiria e por isso, o levaria para onde quiser e na verdade a casa de seus pais estava muito mais próximo do club que o loft de Ryan


“Eu ainda não sei lidar com muita gente.” Explicou, como se Brendon não o conhecesse. “Mas, sinceramente, o que deu em você para sair cantando coisas no meio de seus familiares, dizendo que ainda me ama, Urie. Pelo amor de Deus, eu ainda estou chateado com você!”


I know, love, I'm a sucker for that feeling, happens all the time, love, I always end up feeling cheated. You're on my mind, love, I told you I don't when I need it. It happens all the time, love, yeah!” Brendon apenas cantou, o que deixou Ross mais irritado e o fez dar um resmungo maior, longo. “Você não tem motivo nenhum para estar chateado comigo, Ross. Eu que sou um idiota o tempo todo porque, por mais que eu queira desistir de você, por maior que seja a dor que você me causou, eu não consigo. E você, Ross, não tem noção do quanto eu quero desistir de você e sumir de vez da sua vida.”


“Cala a boca.” Ryan girou os olhos. “Pra onde você tá me levando?”


“Pra casa dos meus pais.” Suspirou. “Poxa, Ryan, não estraga hoje. Só hoje, por favor. Me deixa ser um pouquinho feliz, fingir que nós somos como costumávamos ser antes de eu estragar tudo. Hoje é o meu dia.”


Ryan deixou ser levado pela nostalgia que a formatura lhe causou. A sua formatura, com Peter ao seu lado. Brendon segurou a mão de Ryan que assentiu. Era uma forma de dizer que hoje – e apenas naquela noite – tudo iria mudar. Quando chegaram lá, foram direto para o antigo quarto de Brendon, que além de abarrotado de instrumentos musicais, tinha alguns desenhos principiantes, que deixaram o maior meio boquiaberto. Logo em seguida, este se sentou na cama enquanto Urie tirava o paletó.


“Apesar de tudo, você me fez muito feliz por ter ido a minha formatura.” Sorriu. “Obrigado, realmente, obrigado por tudo.”


Ross assentiu e sorriu de leve para o outro que veio até Ross e começou a distribuir beijinhos por todo seu rosto. Como Ryan havia concordado em ficar por ali, recebendo todos os carinhos e relembrando como era bom estar com Brendon Urie. Relembrando o quanto aquele formando o havia ajudado a superar as coisas que lhe aconteceram e às vezes, trazia tudo à tona. Sabia que havia sido cruel demais e que era por isso que Brendon parecia distante, como se soubesse que tudo aquilo acabaria a qualquer momento.


Brendon acreditava que seria repreendido, mas em nenhum momento ousou pará-lo, porque ele acreditava que momentos assim deveriam ser vividos com quem se amava. E se ele vivera uma noite maravilhosa com Peter, o cara que amava naquela época, e Brendon merecia comemorar com quem amava: Ryan Ross.


“Hoje o dia é seu e eu faço tudo o que você quiser.” Ryan falou timidamente, arrancando um sorriso doce e grande de Brendon Urie que ainda tava achando que aquilo tudo era um sonho.


“Só me dá carinho.” Pediu baixinho, uma das coisas que mais gostava em Ryan. Seguraria para si a sua maior vontade, não só porque estava ainda meio sem saber qual era a situação atual com Ryan, mas a única coisa que ele sabia era que Butch não poderia estar errado. Não naquele momento. E ele ia segurar sua vontade por intimidade um pouco mais. Apreciar a companhia de Ryan que ele não tinha a muito e seria feliz. O homem mais feliz do mundo só com isso.


Ryan sorriu com doçura e assentiu infantilmente. Bden deitou a cabeça no colo de Ryan e o último começou a acariciá-lo. Ambos ainda sorriam enquanto o menor tentava decifrar o que se passava na cabeça do maior e este por sua vez, pensava em como seria sua vida dali pra frente. Porque ele queria que Brendon permanecesse em sua vida. E queria muito.



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