“As minhas costas doem.” Disse um senhor de cabelo grisalho.

“E eu com isso?” Pensou House, mas preferiu não dizer nada em voz alta.

House suspirou e sentou-se em uma cadeira com rodinhas. Ele começou a girar de um lado para o outro, enquanto o senhor o observava sem entender.

“Sabe... Se eu continuar girando vou ficar enjoado.” Comentou House ainda girando.

O senhor franziu o cenho sem entender.

“Ahm... Então pare de girar.” Disse ele.

“Há!” Riu House, e então apontou a bengala para ele. “Gostei de você. Parece ser inteligente.”

Novamente o senhor não soube o que dizer para House.

“Obrigado.” Respondeu ele sem graça. “Mas as minhas costas...”

“Suas costas gritam por socorro, e suas olheiras imploram por uma boa noite de sono.” House o interrompeu. “Do mesmo jeito que se eu continuar girando nessa cadeira eu vou ficar tonto e vomitar todo o meu café da manhã, você não vai conseguir dormir e nem as suas costas vão melhorar se não trocar de colchão.”

“Colchão?” Repetiu ele.

“É. Você usa toda noite para dormir.” Disse House, mas então pensou em outra possibilidade. “A não ser que a sua esposa esteja te pondo para dormir no sofá. Nesse caso troque o sofá. Ou a esposa. Ou os dois.”

O homem franziu o cenho novamente.

“Tenha um bom dia, amigão.” Disse House saindo da pequena sala da clínica.

Chase e Foreman andaram até o quarto onde Percy Jackson estava, mas quando abriram a porta se depararam com o cômodo vazio.

“De novo não...” Disse Chase revirando os olhos.

Os dois estavam prontos para correr e chamar os seguranças, mas ouviram o som da descarga. Foreman e Chase entraram no quarto, e viram Percy abrir a porta do banheiro. Ao ver os dois ali, o garoto estendeu as mãos para o alto como se estivesse dizendo: “Eu me rendo”.

“Ei... Eu só fui no banheiro. Calma, gente.” Falou ele com um leve sorriso.

“Dessa vez.” Comentou Foreman. “Vamos. Nós temos que começar os exames.”

“Vocês não vão me ouvir nunca, não é?” Resmungou Percy. “Estou bem. Mas... Certo. Se querem perder tempo com isso, sem problema.”

“Vamos logo.” Falou Chase apontando para a porta com o dedão.

Percy suspirou e foi até lá. Foreman e Chase levaram ele até a sala de exames, onde o garoto teve que sentar em uma maca, esperando que Chase colhesse seu sangue.

“Então...” Disse Foreman, enquanto Percy se sentava. “Quem é Thalia?”

Percy olhou para ele sem entender como Foreman poderia saber aquele nome.

“Ahm... Uma amiga.” Respondeu ele. “Por que pergunta?”

“Ela te ligou.” Disse Chase.

“Sério?” Perguntou Percy um pouco animado.

“Brincadeira.” Riu Chase. “Ela é só sua amiga, é?”

Percy riu um pouco com os dois médicos. Chase teve alguns problemas para tirar o sangue, e Foreman notou isso.

“O que houve, Chase?” Perguntou ele.

“A... A agulha.” Respondeu o médico mostrando a seringa com a agulha quebrada. “Não quer entrar no braço dele.”

Foreman olhou incrédulo para a pele de Percy e depois para a agulha. O garoto, sem saber o que dizer, encolheu os braços.

“Ahm... Isso é normal. Mas já que não conseguem me examinar, posso ir para casa?” Perguntou ele com um sorriso simpático.

“Pode ser mais sério do que pensamos.” Comentou Chase. “Quando o House falou de pele de X-Man, ele não estava brincando.”

“Ainda não acredito nisso...” Murmurou Foreman franzindo o cenho. “Não teria uma outra agulha, que... What the hell?!”

Foreman exclamou isso ao ver Chase pegar um bisturi da mesa ao lado, e passar pela pele de Percy. Ele correu até o garoto pensando que seu braço ia começar a sangrar, mas foi surpreendido ao ver que nada tinha acontecido.

Chase levantou os olhos da pele de Percy para Foreman. Depois, ele levantou o bisturi e mostrou que a lâmina tinha se partido na parte que tinha sido pressionada contra o braço dele.

“Ainda não acredita?” Perguntou Chase. “O House tinha razão.”

Foreman analisou de perto o braço de Percy, que por sua vez não estava se sentindo nada confortável com os olhares surpresos de dele e de Chase. Não havia nada de diferente no braço dele. Tinham, é claro, alguns hematomas por acusa da pancada, mas fora isso... Nada.

Era um braço completamente (ou pelo menos aparentemente) normal.

“Não acho que o exame toxicológico vá ser tão importante.” Comentou Chase pensando em outros tipos de diagnósticos.

“Mesmo assim... Não podemos voltar de mãos vazias para o House.” Rebateu Foreman ainda olhando o braço dele.

“O que quer fazer? Decepar o braço dele com uma serra - elétrica para ver se sangra?” Perguntou Chase.

Foreman olhou para Percy.

“Sem decepar, por favor.” Pediu ele brincando.

O médico riu um pouco, mas logo voltou a uma postura séria. Ele parou para pensar e por fim teve uma idéia.

“Você não está mais com vontade de ir ao banheiro?” Perguntou.

“Ahm... Não. Acabei de ir.” Respondeu Percy estranhando a pergunta.

“Então é melhor beber alguns copos d’água, pois vamos precisar de um exame de urina.” Disse Foreman.

Percy revirou os olhos. Não estava acreditando que além de estar preso naquele hospital, ainda tinha que agüentar House e sua equipe de médicos estranhos.

“Eu não tenho escolha, não é?” Perguntou ele revirando os olhos.

“Não mesmo.” Respondeu Chase negando com a cabeça.

“Thalia?” Chamou Taub olhando em volta. “Ahm... Thalia, amiga do Percy!*”

Nada.

Ninguém mal parou para olhá-lo, muito menos para Masters. Ela falava com uma pessoa de cada vez, mas elas não davam muita atenção. Depois de alguns minutos sendo ignorados eles voltaram para perto um do outro.

O transito estava bom, por incrível que parecesse. As pessoas andavam de um lado para o outro sem tempo nem mesmo de parar e olhá-los, o que só atrapalhava mais ainda o trabalho deles.

“Isso é ridículo!” Comentou Masters. “Como o House espera que nós achemos essa tal de Thalia no meio da rua, quando as pessoas nem mesmo param para nos dar atenção?! Impossível!”

“Nós não podemos voltar para o hospital sem a tal Thalia.” Comentou Taub.

Masters olhou em volta.

“Você ainda tem alguma esperança de encontrá-la?” Perguntou ela cruzando os braços.

“Não, mas...” Taub revirou os olhos. “Nós vamos ter que ficar aqui de qualquer jeito, então é melhor continuarmos a procurar a Thalia...”

“Percy?” Perguntou uma voz feminina atrás deles.

Os dois se viraram e encontraram uma garota de cabelos pretos, pele branca com algumas sardas. Ela tinha um tipo de coroa na cabeça, e seus olhos fitavam ora Taub, ora Masters.

“A julgar pelas roupas...” Comentou Taub. “Você é amiga do Percy, não é?”

“Percy, o idiota?” Perguntou ela.

Taub e Masters se entreolharam sem saber o que responder. Thalia revirou os olhos, e resolveu perguntar de um jeito diferente.

“Um garoto mais ou menos desse tamanho, cabelo preto, olhos verdes... Que me deixou esperando aqui que nem uma retardada?” Ela olhou para os dois, e eles confirmaram. Thalia franziu o cenho. “O que aconteceu com ele? Quem são vocês?”

Eles dois se entreolharam novamente e viram que teriam que dar a notícia.

“Nós somos médicos do Princeton Plainsboro.” Contou Taub. “Seu amigo, Percy 'Qualquer-Coisa', está doente e precisamos que venha conosco.”