Dead Heart escrita por Koneko-chan


Capítulo 4
Keep Holding On


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora -qq Espero que gostem. E deixem reviews!



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– Keep holding on –

O som do piano era alto. Era apenas mais um daqueles eventos chiques para os quais o pai de Lock o arrastava uma vez ou outra. Não deveria ter nada de especial, a não ser se fosse pelo fato de que ele a conheceu lá.

O salão estava todo enfeitado e as luzes chegavam a ser ofuscantes. Seu pai estava o arrastando para frente de um de seus superiores enquanto Lock ficava de cara emburrada. Detestava ir a essas festas, detestava usar aquele smoking, detestava ter que comportar-se como o filho perfeito. O homem a quem o pai ia apresentá-lo se chamava Oscar Brooks, e era um dos militares de cargo acima ao de Charles Ambrose.

– Sr. Brooks – Charles disse, prestando continência.

Oscar repetiu o movimento e então relaxou, sorrindo para o colega. Ele era um homem velho, com seus cabelos já beirando o grisalho e feições amigáveis, mas desgastadas pelo tempo, como se tivesse muitas preocupações.

– Como vai, Charles?

– Bem, e o senhor?

– Muito bem! – ele olhou para os lados, procurando algo, e então colocou a mão nos ombros de duas moças que estavam paradas de costas ao seu lado, conversando entre si. – Deixe-me apresentá-lo à minhas filhas.

Lock e Charles assentiram numa pequena reverência, em respeito às damas. O garoto começou a demonstrar mais interesse diante das jovens. Uma delas sorria animadamente e fora a primeira que lhe chamara atenção. Era mais baixa do que a irmã, mas era mais bonita. Tinha feições leves e estava bem arrumada e maquiada, deixando os cabelos longos e castanhos escorrerem pelos ombros até o vestido preto tomara-que-caia. Lock não resistiu a manter seus olhos ali por mais um minuto antes de desviar seu olhar para a irmã.

Os cabelos desta estavam mais desarrumados e ela tinha um olhar distante e perdido, quase como o de uma pessoa que acaba de sair de um centro de reabilitação. Ela, por sua vez, era o oposto da irmã. Era alta e magricela, e apesar dos cabelos terem a mesma cor, estavam soltos de qualquer jeito e o vestido que usava parecia desajustado em seu corpo.

Lock observou-a por mais alguns minutos, pensativo. Seus olhos encontraram os dela e a garota soltou um sorriso triste e cheio de esforço.

Estava quase escurecendo. Um retrato entrou no campo de visão de Heart enquanto ela observava as fotos na parede da sala. Ela estreitou o olhar observando Lock de smoking ao lado de um homem que parecia ser ele vários anos mais tarde. Provavelmente seu pai.

– Esse aqui é mesmo você? – perguntou.

Lock , que estava à janela, deu um tiro para fora, acertando um zumbi. Em seguida, olhou para ver do que Heart estava falando.

– Sim, sou eu. Quem achou que fosse?

– Eu não sei. Você tem irmãos?

– Sou filho único.

– Ah – murmurou ela, olhando as outras fotos até parar numa em que havia Lock bebê ao lado de sua mãe. – Owh, que gracinha.

Ele revirou os olhos, dando outro tiro e erguendo-se para ir até a outra janela.

– Não vamos poder ir salvar sua irmã hoje.

Heart se virou de repente.

– O que disse?

– O que você ouviu. Não vai dar, temos que bolar um plano primeiro para voltar até o colégio. Tem zumbis saindo pelo ladrão até a esquina, imagina como tem mais onde não conseguimos enxergar?

– Então está sugerindo que fiquemos aqui, simplesmente, enquanto minha irmã pode ser devorada a qualquer momento por aqueles monstros?! – ela bradou, exaltando-se.

– Você prefere morrer enquanto tenta salvá-la de maneira inútil, ou salvá-la com um plano bem bolado?

Ela ficou quieta, desviando o olhar.

– Não importa, contanto que eu consiga salvá-la.

Ele sorriu, encorajando-a.

– Vai dar tudo certo, Heart.

Ela olhou para ele, encolhendo-se por um momento.

– Promete?

– Prometo.

Ele voltou os olhos para a janela, dando mais um tiro.

Mais tarde, perto de nove horas da noite, os dois montaram uma espécie de acampamento na sala. Puxaram almofadas, colchões e cobertores para o lado da mesa de jantar e selaram o corredor, fechando as portas dos quartos, de modo que não pudessem ser surpreendidos por nenhum outro zumbi que pudesse entrar por algum lugar onde eles não pudessem ver. O acesso só ficou da sala para a cozinha e do corredor para a sala das armas. Com a noite veio o frio e os zumbis pareceram recuar um pouco. Apesar de mortos ainda deveriam ter os cinco sentidos.

Heart entrou debaixo das cobertas, pensativa e preocupada com a irmã. Alguns minutos depois Lock apareceu vindo da cozinha com duas xícaras quentes de chá. Ele se sentou ao lado dela e entregou uma xícara. Heart sorriu em agradecimento.

– Você é estranha – Lock disse de repente, tomando um gole do chá enquanto com a outra mão segurava a arma, olhando pela janela, atento aos zumbis que poderiam aparecer.

– Por que isso de repente?

– Digamos que a maioria das garotas não aceitaria dormir ao lado de um cara que conheceu há poucas horas.

Ela riu.

– Em condições normais eu te poria para dormir lá fora com os zumbis – ela disse. Seu tom dava a entender que zumbis estariam inclusos nas condições normais. Lock notou isso e pôs-se a dar continuação à conversa.

– E por que essas condições seriam anormais? Você sabe, só estamos presos numa casa porque do lado de fora há um monte de zumbis e etc.

– Condições normais... – ela parou para pensar por um momento, o olhar distante. Heart demorou tanto para continuar, que Lock chegou a achar que ela havia se esquecido de responder. – Bem – ela disse finalmente. – Você parece um cara com a cabeça no lugar, não , numa situação como essa, tentaria se aproveitar de mim.

Ele pensou por um segundo.

– Tem certeza?

– Se tentar também não verá a luz do dia amanhã.

Eles riram.

– Você diz isso para todos os caras ou o problema é comigo mesmo?

– Digo para todos, mas você é especial – ela provocou.

– Ah, mesmo? Por quê?

– Porque...

Uma música eletrônica impediu que ela continuasse. Heart enfiou a mão nas cobertas até encontrar o bolso da calça e de lá tirou um celular.

– Uma mensagem – murmurou, sentando-se direito. – Será que...?!

De: Nelly.

Assunto: -

Mana!! Cadê você?? Tá tudo bem?

– Por que não pensou em mandar uma mensagem, uh, não sei, ANTES? – Lock perguntou.

– Não me passou pela cabeça! Eu estava desesperada, e logo depois você apareceu.

De: B.

Assunto: RE: -

Nelly, graças a Deus! Eu estou bem, não se preocupe, mas e você? Onde você está? Eu vou aí te buscar!

De: Nelly.

Assunto: RE: -

Estou legal, acho que consigo aguentar bem... ainda na escola, consegui me trancar na dispensa, mas parece que não têm muitos deles lá fora... não se arrisque, mana, por favor, eu não quero que se machuque por minha causa!

– Oh, que comovente – Lock ironizou.

– Cale a boca – Heart cortou.

De: B.

Assunto: RE: -

Vai dar tudo certo, não se preocupe. Espere por mim.

Heart


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