Abandonei a vida civilizada, vivo nos desertos e florestas que encontro em meu isolamento. Nos dias de lua cheia abandono minha humanidade por completo. Estou sempre ativa como lobo, mas quando a lua se vai e o sol surge em toda a sua glória, eu durmo. Neste momento estou no deserto de Saara e o céu está em chamas.

-Que surpresa agradável.- ouvi uma voz. Por poucos segundos pensei que estava em um sonho.

Ao me levantar e ver a dona da voz, meu sofrimento, se materializa na forma de uma vampira.

-Não sabe o quão trabalhoso foi para encontra-la.

Nunca desejei a morte de ninguém, porque achava que não tinha o direito de desejar tal coisa. Para mim, todas as critauras nascem com o direito à vida.

Não sinto odio dessa vampira. E nem poderia, afinal ela é uma das criaturas mais lindas que já vi na vida. Seu cabelo escorrendo sobre os ombros são como fio de ouro. Ela é como um anjo aos meus olhos, um anjo que ao morrer por minhas mãos, vai amenizar meu sofrimento.

-Depois de tantos anos... as apresentações são indispensáveis. Não concorda?

-Definitivamente.- disse com voz rouca.

-Sou Ester, e estes são Peter e August.

-Suzana.- ao me apresentar ela me deu um sorriso gentil. Como eu disse, um anjo.

-Querida Suzana, onde está aquela adorável criança que viajava com você?

Eu não respondi, apenas a observava. Olhei por poucos segundos os seus companheiros. Que ao contrário dela, deichavam escapar apreenção em seus olhos.

-É claro que não vai me dizer.- ela disse com um sorriso gentil, mas com um olhar assassino.

-Vamos acabar logo com isso.- disse August, com um tom de desespero.

-Não.- gritou Ester.- Temos de esperar a lua.

-Controle-se August.- disse Peter.- Sei que nunca enfrentou um lobisomen antes, mas tem que se controlar. O controle é nossa unica arma contra ela. Quando si transforma, não tem controle sobre si própria.- Ester deichou escapar uma risada.

-Acha mesmo que eu desperdicei anos da minha existencia atras de uma besta selvagem?

-O que quer dizer?

-Ela é especial. Suzana não foi infectada ela nasceu assim.

-Isso não é...

-Possível?- cortou Ester.- Espere e verá. Querida Suzana, o quanto deseja a minha morte?

-Mata-la não é um desejo.- eu disse, e não me sentia mais humana.- É uma razão para existir. Sinto como se nasci unicamente para mata-la.

-Exelente.- disse satisfeita.

Senti meus ossos queimarem. O ar me faltava algumas vezes. Um gemido escapou por minha repiração. Cai de joelhos e sentia minha espinha rasgar a pele. O que antes me fazia gritar de dor, agora me faz gargalhar.

-Temos que sair daqui.- disse Peter agachado.

-Tarde demais.- disse entre dentes.- Fiquem.- gritei.

Meu grito se transformou em uivo. Eles estavam agachados, em posição de ataque, e eu sorri com isso.

-Ela está...- murmurou Peter.- Está focada em nós.

-Sim, ela está ciênte.- disse Ester.

-Isso é suicidio, nós não...

Ele não teve tempo. Não se pode desviar os olhos de um lobisomen, nem por um milésimo. Saltei...