O campo no qual estávamos era lindo,o sol iluminava toda sua amplitude e sua grama verde, tinha várias flores de diferentes cores e formatos e no alto de uma pequeno colina no meio dele havia um antigo carvalho que dava um sombra fresca na qual eu e Lissa costumávamos ficar quando eramos crianças:

-Esse lugar é desconhecido pela maioria dos visitantes, um dia eu e Lissa o descobrimos e então passamos a frequenta-lo quando crianças.- expliquei a ele indo na direção do carvalho e comecei a procurar algo na sua base:

-Entendo, é realmente um ótimo lugar.- ele disse olhando em volta, então se virou para mim- o que tanto você procura ai?

-Isso!ainda está aqui!- disse tirando de um compartimento da base uma grande manta azul celeste – Nós sempre a deixávamos aqui, e pelo visto ninguém tirou.

Peguei a manta e a estendi deixando-a parcialmente no sol e me deitei de bruços:

-Vem camarada, deite aqui.-disse dando uns tapinhas no chão ao meu lado, ele veio e também se deitou de bruços.- Sabe, eu gostava de vir aqui para pensar na minha vida, para contar segredos pra Lissa, pra observar a natureza, principalmente as flores.

-Flores?Todas são lindas, mas qual delas é a sua favorita?-disse virando a cabeça em minha direção, eu fiz o mesmo e respondi

-Sem dúvida as Rosas vermelhas.- quando eu disse isso ele ficou me encarando intensamente por um momento e depois voltou a olhar pro céu azul

-Sim, são as mais bonitas, mas podem ser as mais complicadas, lindas mas podem te furar com seus espinhos. Quando eu morava na Rússia gostava de ficar na cobertura de minha casa, isso desde criança, lá eu podia ficar horas em silêncio, olhando pro céu, pensando ou lendo.- pude detectar a saudade em sua voz

-Você sente de falta de lá, não sente?- ele me olhou surpreso e respondeu.

-Sinto.

-Sei como é, sentir saudades de épocas menos complicadas, em que podia fazer tudo sem se preocupar com as consequências, tudo muito inocente, sem problemas com o coração, na qual minha única preocupação era o Alex pegando meus brinquedos.- eu soltei um suspiro e Dimitri me acompanhou, trocamos olhares compreensivos e ele disse:

-Sim Rose, é exatamente assim.

Então começamos a tentar decifrar os desenhos das nuvens, passamos horas deitados ali e o céu começou a formar nuvens de chuva, logo um raio cortou o céu, nós recolhemos a manta e a guardamos e então começou uma forte e refrescante chuva de verão, eu olhei para Dimitri e disse:

-Duvido você me pegar Camarada!-e sai correndo.

-Rose temos que voltar a casa principal, seu pai deve estar nos esperando.

-Vai Camarada, uma vez na vida não mata.- parei por um momento para observá-lo, ele hesitou por um momento e então veio correndo atrás de mim, eu corri ainda mais rápido, logo ele me alcançou, estávamos ambos ensopados, mas ele continuava lindo, ele tentou me pegar pelo braço mais eu consegui fugir, eu estava adorando aquilo, nós dois rimos e então ele me pegou em um abraço de ferro que eu não consegui escapar, eu me debati e nós escorregamos caindo no chão, ele por cima de mim, ficamos assim por algum tempo, meu olhos grudados nos seus, eles ardiam com tal intensidade que não consegui desviar o olhar, sua boca a centímetros da minha, elas estavam entreabertas, eu sentia o seu hálito quente e ele sentia o meu, suas mão em minha cintura, então ele deslocou uma até meu rosto e o acariciou, eu me arrepiei inteira, era como fogo em minha pele, eu queria mais dele, muito mais, ele pegou uma mecha do meu cabelo e o enrolou em sua mão:

-Roza – murmurou.

Naquele momento percebi algo, algo diferente que nunca me ocorrerá antes, eu estava completamente apaixonada por Dimitri Belikov, meu professor e mentor.

Eu passei minhas mãos por seus cabelos macios e me deleitei com seu inebriante cheiro de loção pós-barba, então levei uma mão até sua nuca e me aproximei um pouco mais:

-Dimitri – murmurei quase em seu ouvido.

Um leve tremor percorreu seu corpo e ele pareceu se livrar do encanto, ele se afastou, colou sua “mascara negócios” e me ofereceu um mão para levantar:

-Vamos Rose, estamos atrasados.

Eu a peguei e levantei, não dissemos nada durante o caminho, minha cabela girava, meu deus o que aquele homem conseguia fazer comigo?, quando chegamos até a casa principal, ambos ensopados meu pai perguntou:

-Nossas, aonde vocês estavam? Estão ensopados!

-nós estávamos perto do campo do carvalho, então começou a chuva e saímos correndo pra cá, Rose escorregou e caiu, eu a ajudei a levantar e a trouxe pra cá. - Dimitri explicou na maior calma como se nada tivesse acontecido.

-Meu Deus, você está bem filha?

-Estou sim, foi só um escorregão na grama, fique tranquilo.

A mãe de Edson trouxe toalhas pra mim e Dimitri e depois nós comemos no restaurante, então fomos embora, a viagem inteira foi em silêncio total. Chegando em casa eu tomei um banho quente demorado, coloquei um pijama e fui fechar sacada que estava aberta, quando olhei para o lado Dimitri estava na sacada de seu quarto me observando, quando viu que eu o tinha visto ele entrou, e eu me joguei na cama e apaguei, não me permiti pensar em nada do que estava acontecendo em minha vida no momento, eu precisava estar linda para a festa do Alex amanhã.