Capítulo 10 - Descobrindo a Verdade

Acordei após um sono profundo, aparentemente sem sonhos; comum quando estamos completamente exaustos.

Olhei em volta um pouco desorientada, e me lembrei que estava no quarto de Damon. Que deveria estar do meu lado.

A outra metade da cama estava vazia, e eu pude ver o sol pela greta da janela. Já deve passar da hora do almoço, pensei ao ouvir meu estômago roncar.

Me levantei e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal. A blusa emprestada de Damon estava um pouco amassada, mas como era a única peça de roupa que não estava imunda, continuei com ela.

Meu estômago roncou novamente e eu decidi descer. Se não o encontrasse em casa ia me virar pra achar comida sozinha.

Desci as escadas sem pressa, pensando no quanto ontem havia sido um dia estranho. Briguei e xinguei Damon, ele me salvou no bosque e acabamos dormindo juntinhos. Não dava para acreditar.

O andar de baixo parecia vazio, então decidi ir direto para a cozinha. Enquanto atravessava a sala ouvi ruídos baixos; não consegui entender, mas tinha certeza de que era uma conversa. Parecia vir de trás da parede, o que era impossível. Cheguei mais perto e me encostei na parede para tentar ouvir melhor. De repente uma porta se abriu, e eu quase caí. Era uma espécie de passagem secreta, que dava para uma escada. Os sussurros vinham de lá. Juntei toda a minha coragem e desci. Estava muito escuro, e cheirava a mofo, mas me mantive firme repetindo a mim mesma que não era uma covarde.

Logo os degraus acabaram, e o cômodo era um pouco mais iluminado. Pude enfim distinguir as vozes: Stefan e Damon.

Prendi a respiração e fui de fininho me aproximando da porta. Eles estavam falando sobre mim.

– Já disse que ela está bem. Só precisa de um descanso. - Era a voz de Damon.

– Não é bom pra ela se aproximar de nós agora, é muito perigoso. Já temos problemas demais com Klaus, Katherine e etc. - Stefan. Quem será que são esses?

– Mas é por causa deles que devemos mantê-la por perto! Seria loucura deixa-la desprotegida por aí. Ela vai começar a frequentar a escolinha de vocês, e a notícia de que outra Gilbert veio para Mystic Falls vai se espalhar depois de quinze minutos. Realmente acham que não vão usá-la contra nós?

– Ele tem razão Stefan, não podemos deixar Nicole desprotegida! - Disse Elena com a voz alterada. Nem sabia que ela também estava aqui.

– Temos que mante-la por perto, sendo vigiada para não correr perigo. - Continuou minha prima. Eu não estava entendendo nada.

– Tudo bem, acho que vocês estão certos. - Disse Stefan em um tom derrotado. - Mas não acho certo contarmos a ela sobre.. bom, nós.

– É claro que não! - Disse Elena.

– Ótimo, mas uma hora ela vai acabar descobrindo, assim como você fez. - Disse Damon. - Eu sou a favor de contar a ela para que ela esteja sempre prevenida. Como pretendem força-la a usar verbena, ou não convidar nenhum estranho à casa de vocês?

Do que eles estavam falando??

– Não Damon! Ela está passando por muita coisa nesse momento. Isso iria apavorá-la! Nicole não vai ficar sabendo sobre vampiros, e pronto! Pelo menos por enquanto.

– Que seja. - Disse Damon por fim.

Eu não acreditava no que tinha ouvido. Talvez eu tivesse ouvido errado, ou eles sabiam que eu estava aqui e isso era algum tipo de brincadeira para eu aprender a não ouvir a conversa alheia, sei lá!

Me endireitei e fui até a porta. À minha frente, Elena estava perto da parede, em pé de braços cruzados, com uma expressão preocupada. Stefan estava perto dela, dando um pequeno sorriso que devia ser reconfortante. Já Damon estava apoiado em algo que parecia um freezer, e em suas mãos tinha um saquinho vermelho que não reconheci de imediato, pois ele estava meio virado de costas para mim. Juntei minhas forças e disse:

– Que história é essa de vampiros?! - Minha voz saiu mais histérica do que eu pretendia.

Assim que me viram, Elena e Stefan se olharam espantados, e não sabiam o que fazer. Eu estava disposta a rir da situação por ser completamente absurda e ridícula, mas assim que Damon se virou para mim, meu mundo desabou.

Seus olhos estavam vermelhos e atentos como os de um predador, e no canto de sua boca escorria um pouco do líquido que ele bebia do saquinho vermelho.

Comecei a arfar, e o som estrangulado que saiu da minha garganta parecia um "ai meu deus", mas nem eu consegui identificar.

– Nicole! Err.. bom, é que..uhn..é.. - Elena estava ficando cada vez mais pálida, e sua explicação não vez nenhum progresso. Ela olhou de novo para Stefan, pedindo apoio.

Damon continuou me encarando, espantado também. Minha cabeça começou a rodar, e percebi que não estava respirando. Fiz um esforço, e o melhor que consegui foi voltar a arfar. Damon finalmente saiu da paralisia e se levantou do freezer. Ele deu dois passos em minha direção, e eu dei dois para trás, sem permitir que ele se aproximasse.

– Não pode ser verdade.. - Sussurrei para mim mesma. O que estava acontecendo? Isso era um pesadelo, ou algo assim??

– Nikki, espera. Eu posso explicar.. - Damon começou a dizer, mas parou assim que viu minha expressão apavorada. Oh meu deus, aquilo eram presas??

Não pensei duas vezes, me virei e disparei escada acima.

– Eu falo com ela. - Ouvi Damon dizer lá embaixo.

Pude ouvir seus passos atrás de mim, e ao olhar para trás tropecei nos degraus. Me levantei rapidamente e continuei subindo até me chocar contra a parede. Eu não sabia abrir a passagem. Comecei a bater na parede, na esperança de que ela se abrisse, estava tão desesperada que não me importava se tudo aquilo era inútil; ele já estava parado bem atrás de mim.

Ele pos a mão em meu ombro, eu me encolhi. Conseguia sentir sua respiração acelerada bem perto de mim; eu estava tão apavorada que comecei a chorar. Fechei os olhos com força (apesar da escuridão, o que não mudou nada.) e parei de bater na parede, desistindo.

– Não me machuque.. - Sussurrei ainda de costas para ele.

– Nikki, eu..

– Não me chame de Nikki! Eu não sei quem é você, ou o que é você, mas quero que me deixe em paz! - Gritei em um surto de adrenalina, me virando de frente para ele. Teria soado muito corajoso se eu não estivesse soluçando e com a voz rouca de choro.

– Você tem todo direito de ficar brava, mas todos concordaram de manter em segredo de você para te proteger. Você já está passando por muita coisa, não sei se aguentaria a verdade..

– Você fala como se se preocupasse comigo.

– Porque eu me preocupo! - Disse ele me chocando um pouco.

Passou-se um momento de silêncio, nenhum dos dois sabia o que falar. A única coisa que se ouvia era o murmúrio dos dois lá em baixo, e meu coração soava como tambores em meus ouvidos.

– Eu tenho o direito de saber a verdade, Damon. - Eu disse por fim.

Ele não respondeu de imediato, e sua respiração se acelerou um pouco mais.

– Tudo bem, você tem razão. - Ele se aproximou mais de mim, me pressionando um pouco contra a parede. Passou um dos braços por minha cintura, e antes que eu pudesse me manifestar, ouvi um clique atrás de mim, como uma tranca sendo aberta. A parede atrás de mim desapareceu, e a claridade me cegou por um momento, me desorientando. Se Damon não estivesse me segurando eu teria caído sentada.

– Cuidado. - Disse ele com um sorrisinho de lado.

– Obrigada. - Fiquei aliviada por ver seus olhos azuis novamente, e os dentes não estavam mais enormes.

– Olha, sei que está com raiva de mim, e com medo.. Eu vou te contar tudo; mas.. - Olhei pra ele desconfiada.

– Mas primeiro que tal eu te fazer o almoço? Deve estar faminta. - Completou sorrindo um pouco receoso, parecia temeroso de qual seria minha reação. Mas no fim das contas eu estava com fome.

Dei um sorrisinho tímido e assenti.

Enquanto o seguia até a cozinha, algo me dizia que minha vida estava para mudar, e muito.