Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 65
Que Agora Haja Um Fim.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo longo. Espero de verdade que gostem ^^
Divirtam-se!



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POV. Lúcia.

–Estamos quase lá, Su! Aguente mais um pouco! - incentivou Lilliandil, demonstrando certo alívio por tudo estar prestes a acabar, finalmente. No mesmo segundo Susana gritou outra vez, continuando a arfar por poucos segundos para logo gritar de novo.

Do lado de fora, o som da batalha era ininterrupto até o momento em que o uivo do vento trouxe um silêncio intrigante. Susana gemeu, exausta, para logo empurrar outra vez. Depois que o vento parou, o silêncio externo foi quebrado por urros de triunfo e seguidas explosões, então o som de construção ruindo se repetiu várias vezes. Susana urrou de dor de novo, arfou para então emendar em outro grito, porém desta vez, algo mais alto soou acompanhando-a, e com o soar dos dois, Nárnia estremeceu mais forte do que nunca. Parecia que tudo ia ruir, os armários e estantes do quarto tombaram ao chão, Rany caiu para fora da cama e Lilliandil e eu precisamos nos segurar para não cair também.

Quase em lágrimas, mal pude acreditar.

–Aslam! Aslam está aqui!

POV. Tirian.

Desta vez, todo narniano urrou extasiado quando Aslam, com todo o impulso da corrida, cravou suas garras em Tash e os dois gigantes começaram a lutar no mar como se ele não passasse de um mero riacho. O Grande Leão estava maior que Cair Parável e sua juba resplandecia, as presas enormes à vista rasgavam várias vezes a pele de dragão que revestia Tash. Este caiu e a agitação fez água invadir o castelo. Tash ergueu-se e conseguiu revidar, mas Aslam logo detinha a vantagem para si. No castelo, a batalha continuava.

As estrelas que estavam nas carruagens conseguiam conter as criaturas que tentavam acesso ao castelo pelo muro que fazia fronteira com o, agora, destruído, bosque. Jadis lutava tentando ter acesso às escadas. Por um breve segundo perguntei-me por que ela não dirigia-se diretamente para os aposentos de Susana aproveitando a distração que a batalha causava, e a resposta pareceu óbvia: é claro que ela, certa de sua vitória, queria esfregá-la na nossa cara fazendo questão de nos derrotar primeiro. Bem, era o que ela pensava.

Não me juntei aos outros no alto da escada, permanecendo no pátio lutando. Aslam agarrara Tash com os grandes dentes, balançando a cabeçorra, derrubando um ensaguentado Tash. Porém ele conseguiu erguer-se de novo e revidou com patadas em Aslam, afastando-o de si. Mas não adiantou por muito tempo e o monstro acabou por perder um dos braços. Seu urro encheu o ar e ele caiu de joelhos. Inquieto, Aslam o esperou levantar. Não precisou esperar muito e a luta recomeçou.

POV. Caspian.

Os tremores estavam acada vez intercalados por intervalos menores. E foi em um deles que Jadis nos alcançou. Ao ver-nos de armas em punho, parados em lugares diferentes ao longo da escada, ela deu um sorriso torto e, num movimento rápido, atacou Pedro, que estava logo na frente.

Ele a ocupou um longo tempo, defendendo-se de todos os golpes de espada da Feiticeira e atacando-a. Ela demonstrou impaciência e tentou terminar de vez com aquilo golpeando-o na altura da cabeça, mas Pedro abaixou, ergueu o braço e aparou o golpe com o escudo. Aproveitando-se da chance, golpeou-a na perna.

–Miserável!

Enfurecida, ela grasnou de dor. Pedro ergueu-se imediatamente e a chutou, fazendo-a cair os degraus que já tinha subido. De orgulho ferido, Jadis levantou-se e avançou de novo, espetando a espada contra Pedro. Ele subia os degraus para recuar, até que acertou a espada dela, fazendo Jadis perder o equilíbrio. Enquanto isso, nos rápidos segundos que ela curvara-se, Edmundo contornou o irmão para assumir a luta, pegando Jadis no segundo em que ela se apoiou no degrau, começando ao acertar-lhe um impiedoso chute no rosto.

POV. Lúcia.

Apertei a mão de Susana mais uma vez, a minha já estava adormecida e os apertou dela, cada vez mais fortes.

–Rany, me passe mais toalhas, rápido!- pediu Lilliandil. Rany correu para pegá-las e entregar à estrela.

Susana empurrou de novo, esforçando-se ao máximo. Seu rosto estava avermelhado pelo esforço, as sobrancelhas unidas e uma pequena veia destacava-se na testa. Ela continuava perdendo bastante sangue.

–Mais um pouco, Su, mais um pouco! - Lillian continuava a incentivar. Susana respirou três vezes e empurrou, gemendo com os dentes trincados.

POV. Tirian.

Matei mais um oponente e corri até ser parado por outro. Não conseguia de jeito nenhum chegar até onde Caspian e os dois Pevensie lutavam contra a Feiticeira. Então percebi que aquela luta era mais deles do que minha e contentei-me em lutar por ali com os pés molhados pelas ondas que invadiam o pátio, ferozes.

No mar, Aslam e Tash travavam uma luta sangrenta que - estava na cara – há muito devia ter acontecido. As estrelas não se intrometiam mais e presenciei algumas criaturas jogarem-se do muro contra Aslam, estes foram mortos pelo próprio Tash num claro sinal de que aquilo era só entre eles.

As carruagens voavam sobre nós eliminando muitos inimigos se sequer tocar o chão rachado. O cenário era assustador. O castelo estava praticamente destruído, Nãrnia inteira estava e a única e fiel esperança que nos restava era a proteção do próprio Aslam.

POV. Caspian.

Edmundo usava duas espadas ainda, com uma velocidade à altura de Jadis que esquivava-se e defendia-se melhor do que antes. Em certo ponto, conseguiu subir alguns degraus fazendo Edmundo recuar. Sua bota pisou em falso numa falha de um dos degraus e ele caiu inesperadamente. Jadis aproveitou a deixa para matá-lo, mas chegou minha vez de interferir.

Bloqueei-lhe o golpe e assumi a luta avançando contra ela, fazendo-a descer os degraus que subiu. Edmundo levantou e ficou a postos, como Pedro.

POV. Lúcia.

Lilliandil continuava a falar com Susana, incentivando-a mesmo não sendo necessário, enfatizando que faltava bem pouco, e realmente faltava. Susana estava quase sem forças, ao ponto de não aguentar mais.

–Lúcia, seu punhal! - falou Lillian. - Rany, aqueça-o no fogo, rápido!

Com a mão livre tirei-o do coldre e o entreguei a Rany quando passou correndo por mim até alcançar a lareira, fazendo as chamas tocarem a lâmina. Susana gritou de novo.

POV. Tirian.

Ajudei Dave e Cor a livrarem-se de um minotauro. Embainhei a espada e apanhei a besta e a aljava de um fauno morto. Escalei o muro do bosque pelas falhas pequenas abertas pelas rachaduras, lá em cima, abaixei-me contra a mureta, atei a aljava à minha coxa e preparei a primeira flecha. Levantei de joelhos, tendo a mureta na altura de meus olhos, apoiei a besta nela, mirei e atirei algumas vezes.

Enquanto preparava outro tiro, uma estrela que dirigia uma das carruagens foi atingida por uma lança inimiga, sem controle, a carruagem chocou-se contra o muro bem próximo a mim. Precisei jogar-me ao chão para me proteger dos destroços.

Do outro lado, Aslam jogara-se contra Tash agarrando-o pelo pescoço com os dentes.

POV. Lúcia.

Rany voltou com o punhal.

Apoiei Susana com meu próprio corpo nos dois arfantes segundos que ela usou para tomar fôlego e então empurrar, num grito exausto e suplicante. O chão tremeu uma última vez. Sem forças, Susana deixou-se cair sobre a cama e ouviu-se um chorinho inocente.

Do outro lado do móvel, Lilliandil segurava um ser pequenino e choroso nas mãos.

POV. Caspian.

Para dificultar e deixar Jadis em desvantagem, Pedro e Edmundo entraram na luta. Ela não daria conta dos três, mas tudo aconteceu em frações de segundos.

Aslam lançou-se contra Tash agarrando-lhe o pescoço com os dentes. Bastou dois movimentos de cabeça para decapitar o inimigo. O corpo de Tash caiu ao mar.

–Que agora haja um fim. - disse o Grande Leão, ao tempo que o chão tremeu uma última vez.

Subitamente, todos os soldados inimigos caíram mortos num efeito dominó.

–NÃO! - Jadis urrou antes de ela mesma rolar escada abaixo, sem vida.

Atônitos, todos olhavam em volta. O tempo parecia ter parado. Do chão começou a surgir uma neblina alva e suave que parecia rastejar para o centro do pátio. Aslam olhou para nós e depois para o pátio. Amontoando-se verticalmente, a neblina começou a tomar forma.

POV. Lúcia.

Com o punhal, Lilliandil cortou o cordão umbilical e envolveu o bebê com mantas para aquecê-lo. Com um sorriso, o trouxe com cuidado até Susana, deitando-o sobre seu peito. Ainda fraca, Susana exibia o mais belo sorriso, acompanhado do mais iluminado olhar que já vi.

–É uma linda princesa, Majestade.

POV. Caspian.

A neblina que brotava do chão parecia sem fim, e o monte acumulado que formava também. Aslam o olhava e o silêncio era o som mais alto. Quando o montante ficou tão gigantesco quanto Aslam, parou de crescer - mas à nossos pés ainda havia neblina - e tomou a forma de uma bela mulher, como as ninfas do bosque.

Seu rosto transparente embora parecesse cansado, trazia ternura e gratidão. Com um suave sorriso, ela percorreu os olhos a todos nós até chegar à Aslam. Curvou-se em reverência e o cumprimentou.

–Meu criador.

POV. Susana.

Apoiada em Lúcia, tomei impulso e empurrei uma última vez. A dor excruciante fez tudo girar e escurecer rapidamente, senti meu corpo perder forças e deitei sobre a cama sem conseguir me mover muito. O som de um chorinho fez meus olhos encherem-se de novas lágrimas e o peito, de algo completamente mágico e morno. Ainda ofegante, não consegui conter um imenso sorriso.

Vi Lilliandil, brilhando suavemente, vindo em minha direção e segurando nos braços um pequeno embrulho. Ela sorriu para mim.

–É uma bela princesa, Majestade.

As lágrimas rolaram por minha face. Lilliandil trouxe minha filha e a deitou em meu peito. Naquele mesmo momento, ela parou de chorar. Com a mão livre, limpei as lágrimas para poder vê-la melhor. Era tão pequena e frágil, sua pele, mesmo ainda suja, era tão alva quanto a minha, tinha o narizinho de Lúcia, os cabelos eram lisos e castanhos como os de Caspian, ela também tinha, suave, no queixinho minúsculo, o furinho, como o do pai e os olhinhos exibiam sinais de tom claro como os meus.

Senti um nó na garganta e não consegui dizer nada, apenas observá-la, sentindo-me o ser mais feliz do mundo. Mas de repente, tudo girou.

POV. Caspian.

Confusos, impressionados e sem uma batalha para lutar, continuamos parados observando a cena. Ainda curvada, a gigantesca ninfa de névoa passou alguns segundos curvada à Aslam, erguendo-se somente quando este falou.

–Levante-se. - sua voz tranquila e profunda se fez ouvir. - Temos pouco tempo.

Então a ninfa virou-se para todos nós, nos permitindo ver através de si. Ela respirou fundo antes de falar, olhando-nos emocionada.

–Meus queridos – começou, olhando para todos. - Hoje, vencemos nossa Última Batalha.

POV. Susana.

Tudo girou, meus ouvidos ficaram surdos e minha vista embaçou. Notei que alguém falava comigo, mas não consegui responder. Senti minha pequena ser tirada de mim por Lilliandil e seu rostinho se afastando foi a última coisa que vi.

POV. Caspian.

–Hoje, vencemos nossa Última Batalha. Não tenho como agradecê-los por todas as batalhas que travaram em meu nome – olhou para Pedro, Edmundo e eu. - Por terem lutado bravamente por meu povo, e, especialmente, ao Rei Caspian e à Rainha Susana, por terem trazido à luz meu último sopro de vida.

POV. Lúcia.

Lilliandil, Rany e eu permanecemos ao lado de uma emocionada Susana que segurava sua filha. Mordi o lábio para não chorar.

–Seria bom se a alimentasse logo, Susana. - sugeriu Lillian no momento que notei minha irmã empalidecer, o sorriso desaparecendo. Ela não respondeu.

–Susana? - chamei. Lilliandil apressou-se em tirar o bebê dos braços dela e entregou minha sobrinha à Rany que se afastou ninando a bebê que protestava por ser separada da mãe. - Susana!

Ela não reagiu, desfalecendo. Lilliandil checou-lhe o pulso e em seguida tentou fazer seu coração bater de novo. Olhei na direção das pernas de Susana. A mancha de sangue aumentara. Olhei seu rosto pálido. Lilliandil tentou reanimá-la mais duas vezes e então lágrimas lhe banharam a face. Ela se afastou da cama.

–Susana! - clamei correndo para a cama e abraçando-a contra mim, aos prantos, soluçando violentamente. - Su, não faz isso...!

–Ela sangrou demais... - Lilliandil arfou, com a voz embargada. - Nós a perdemos...

POV. Caspian.

–A única forma com que posso recompensá-los é a promessa de uma verdadeira vida longa e feliz, sem perigos ou maldade por que graças a todos vocês, eu posso descansar em paz agora para poder viver realmente. - concluiu a ninfa. - Obrigada.

POV. Lúcia.

–Não...

–Lillain – chamou Rany. - Tem alguma coisa errada com a menina!

Lilliandil apressou-se para chegar até ela, senti um vento soprar no quarto. Vi Rany cair sobre a poltrona com o bebê nos braços e Lilliandil no chão. Um aperto fez doer meu peito e desabei sobre Susana. Não ouvi mais as batidas de meu coração acelerado.

POV. Caspian.

Obrigada.

Com essas palavras, a imagem da ninfa se desfez no ar. Olhando-nos, Aslam tinha seu natural olhar acolhedor que nos fazia sentir em casa.

Então ele soprou sobre nós e os que eram tocados pelo sopro caíam, em efeito dominó, sem vida. Vi Pedro cair, seguido de Edmundo até eu mesmo sentir o vento soprando contra mim, levando minha vida embora no escuro, onde pude ouvir a voz de Aslam antes de perder completamente os sentidos.

–Está terminado.


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Notas finais do capítulo

E estamos bem perto de realmente terminar. O que acharam? Reivews!
Beijokas!!

Contagem regressiva: falta 1 capítulo.