Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 64
Está Vindo.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, e meu estoque de capítulos vai ficando menor... Enfim, divirtam-se!



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POV. Lúcia.

Senti mãos tocarem meus ombros, sacudidos pelo choro, fazendo-me erguer a cabeça do peito de Rilian.

–Lúcia. - era Lilliandil. - Você precisa cuidar desse ferimento, venha.

Eu sabia que ela tinha razão, mas não queria sair dali, então, lançando um último olhar para o rosto desacordado de Rilian, simplesmente deixei-a me ajudar a levantar e afastar-me dele. O ferimento doeu e Lilliandil levou-me até a poltrona. No caminho, olhei para Susana, desacordada sobre os travesseiros, seus cabelos bagunçados emolduravam o rosto de lábios pálidos, grudando-se na camada de suor. A camisola creme estava com as barras sujas de sangue assim como a face interna de suas coxas e a cama. Rany a fazia cheirar o líquido forte de novo. Enquanto isso, Lilliandil foi até sua mesa e trouxe bandagens e unguento.

–Não foi nada profundo o suficiente para matá-la. - disse a estrela de analisar o ferimento e banhá-lo com unguento. - Ele salvou sua vida.

Dirigiu um suave, hesitante e encorajador doce olhar. Com as lágrimas chegando outra vez, olhei brevemente para Rilian caído perto da porta, mas desviei para Susana que ainda não recobrara os sentidos.

–As coisas não estão nada boas, não é? - funguei. Lilliandil suspirou.

–Não. - olhou para minha irmã. - O parto foi forçado, completamente fora de hora. Acho que o bebê não está na posição correta e ela está sangrando muito. - confessou. Arfei, fechando os olhos, permitindo algumas lágrimas rolarem. - Se demorar muito, podemos perder os dois.

Aslam...

–Lillian, venha, ela acordou! - chamou Rany. Fomos até elas. Retomei meu lugar ao lado de Susana. Ela lançou-me um olhar preocupado.

–Estou bem. - garanti num suave mover de lábios, segurando-lhe a mão. Ela arfou um pouco e a respiração irregular voltou. Logo os gemidos deram lugar a outro grito que foi acompanhado pelo soar de um chifre. Quando ambos cessaram, veio a voz de Pedro.

–REAGRUPAR! - gritou ele e senti um alívio imenso por ele estar vivo. Susana gemeu de novo e uma forte luz entrou pelas janelas.

–O que...? - Rany não completou, pela varanda, pudemos ver as estrelas caindo. Algumas pairaram no ar, na altura daquele andar com suas carruagens imponentes. Olhamos para Lilliandil. Ela tinha os olhos marejados de esperança como todas nós.

Outra vez Susana curvou-se para frente e gritou, fazendo Nárnia tremer.

–NARNIANOS! - gritou Pedro. - ATACAR!

Susana apoiou-se outra vez na cama, arfando. Tomou fôlego, apertou minha mão e curvou-se para frente outra vez gritando tão alto quanto antes. Lilliandil segurava seus joelhos como mais uma forma de lhe dar apoio.

POV. Caspian.

Mais do que motivados iniciamos a batalha outra vez. As estrelas que estavam sobre o muro e as que flutuavam nas carruagens, atiravam flechas contra o exército inimigo, flechas estas que explodiam ao atingir seu alvo, alcançando muito outros. A frente que protegia Jadis foi logo extinta e ela parou seu carro de guerra pouco depois de atravessar o portão, congelando parte do muro e parte do chão onde estava.

Pelo lado direito de Cair Parável, os soldados que vinham pelo bosque tentavam escalar o muro, mas eram contidos pelas estrelas. A maioria, pelo menos. Eram muitos e os que estavam nas carruagens voaram por sobre os que estavam do lado de fora, atirando aquelas flechas e o som das explosões eram ritmadas pelo ar.

O chão voltou a tremer fortemente, agitando o mar e fazendo crateras imensas se abrirem sob os pés inimigos, engolindo porções deles. No pátio do castelo a batalha seguia voraz. As ondas intensificaram-se outra vez, invadindo o pátio sem pena e arrastando consigo quem estivesse a sua frente.

Pedro, Edmundo e eu lutávamos próximos um do outro, mas durante a luta fomos levados para direções diferentes. Edmundo estava como uma máquina perto da primeira fenda, Pedro lutava com um lobisomem perto das masmorras e eu fui encurralado contra o muro esquerdo por um soldado e um anão, o que dificultou ainda mais. O anão negro acertou-me um golpe na coxa quando me defendi do outro. Arfei de dor, mas antes que eu pudesse atacar, uma explosão bem ali ao lado matou os dois e jogou-me contra o muro, ferindo meu rosto com pequenas pedras que se soltaram do chão. Ergui-me com uma bela dor nas costas.

Ao olhar em volta, vi Jadis avançando para dentro do pátio lentamente, deixando seus peões matarem e morrerem para livrar-lhe o caminho reto em direção às escadas principais. Outro tremor fez rachaduras subirem o muro e parte do castelo ruiu sobre as chamas. Corri beirando o muro até alcançar a escada estreita que levava ao alto do muro, seria o jeito mais fácil de chegar à escada principal. Ninguém mais passaria dali. Muito menos Jadis.

POV. Lúcia.

O unguento adormeceu o ferimento livrando-me da forte dor. Susana curvou-se para frente outra vez, apertando os lábios com força poupando a garganta ferida de mais um grito excruciante forçando-a a apenas um alto gemido. Quando perdeu o fôlego, sua sofrida e arfante respiração soou áspera, deixando-me ainda mais angustiada. Dois segundos depois, ela fez força outra vez, gritando tão alto que rachaduras apareceram nas paredes do quarto.

Vi Lilliandil esboçar um rápido sorriso esperançoso, olhando-nos com certo brilho.

–Está vindo, Su! Está vindo! - avisou quando minha irmã voltou a arfar. Susana não teve tempo de demonstrar reação, logo seu grito encheu o ar novamente.

Lá de fora, a noite escura começava a dissipar-se e a claridade de uma nova manhã foi se fazendo presente com uma atmosfera acinzentada.

POV. Caspian.

O dia começava a clarear, ainda sem sinal do sol, quando subi os degraus aos salto para cima do muro e corri, passando pelas estrelas que atiravam flechas. Haviam vários metros me separando de meu destino e forcei-me a ir o mais rápido que podia quando a súbita mudança da direção do vento fez-me bater com força contra a mureta. Perdi o equilíbrio e pus-me de pé em seguida, recuperando-o aos poucos.

O mar agitou-se, raios o atingiam em pontos distantes da costa. Graças à neve que era carregada pelo vento, podíamos ver seu trajeto: seguia até certo ponto do mar e lá girava em torno de si mesmo. Não forte o suficiente para destruir tudo, afinal, o mais intrigante acontecia no mar. As águas tomavam um rumo diferente lá, girando em círculo, formando um imenso redemoinho.

As carruagens flutuantes foram balançadas de um lado a outro devido o vento que soprava mais forte ali em cima e por isso demorei não consegui recuperar logo o equilíbrio ficando escorado na mureta assim como as estrelas, para me proteger. No pátio, as pessoas também eram vitimadas pelo vento que interrompeu a luta rapidamente, jogando alguns no chão enquanto outros tentavam agarra-se em alguma coisa. De repente, segundos depois, parou e um silêncio profundo se seguiu.

As estrelas e eu nos pusemos de pé cautelosamente para evitar qualquer surpresa. De relance, vi as pessoas e monstros no pátio e fora do castelo fazerem o mesmo. Enquanto levantava, olhei para o mar. O redemoinho se desfez e, onde estava o seu centro, algo emergia. A ponta de minha espada tocou o chão ao passo que eu assitia, assombrado, a entrada do penúltimo convidado da festa.

De pé, bem a minha frente, gigantesco o suficiente para que o mar profundo lhe chegasse apenas ao peito, Tash encarava o castelo.

Seus súditos urraram com sua chegada logo atacando os narnianos com maior força, dispostos a vencer. Mesmo um pouco abalados, revidamos à mesma altura.

Sem perder tempo, as estrelas começaram a atirar-lhe suas flechas e as explosões feitas por elas pareciam causar apenas fisgadas no monstro. Eu já corria de novo em direção às escadas quando a atenção dele voltou-se para o muro, para os que o atacavam. Com um braçada, Tash derrubou parte do muro sobre o pátio. Continuou a dar braçadas e as estrelas nas carruagens começaram a circulá-lo, atacando-o por todos os lados, mas eles as espantava como a mosquitos.

Corri ainda mais para sair do muro, mas Tash me avistou e, poucos passos antes de eu alcançar os degraus que levavam ao segundo andar, Tash atingiu o muro e senti-me ser jogado junto com os pedaços de pedra, caindo com força contra o hall do segundo anda, a poucos metros do alto da escada. Em reflexo, protegi-me com o escudo evitando que minha cabeça fosse atingida pro qualquer coisa.

Demorei algum tempo para mi mexer, caído no meio da nuvem de poeira sentindo o corpo todo doído. Ergui-me devagar, tossindo e sem ver praticamente nada. A poeira sentou aos poucos nos segundos seguintes. Dali pude ouvir, ao longe dentro do castelo, o distante som do grito de Susana, estremecendo o chão. Com um forte aperto no peito, meu primeiro impulso foi ir até ela, mas tive que me conter. Empunhando a espada, avancei até o alto da escada.

Nos degraus, soldados e estrelas estavam a postos para impedir qualquer inimigo de passar. E era em nossa direção que Jadis vinha tranquilamente pelo caminho aberto por seus aliados, congelando o chão por onde passava. Começou a lutar contra a barreira quando Pedro e Edmundo se juntaram a mim.

Tash continuava destruindo e matando tudo e quem podia sendo inutilmente alvejado pelas incansáveis estrelas. Nosso exército inteiro não seria capaz de detê-lo.

Foi quando notei que os raios de sol já surgindo no horizonte, no Leste. Algo estranho acontecia, o dia parecia estar cada vez mais claro rapidamente. O sol nascia depressa do Leste.

Só quando a claridade tomou uma intensidade alarmante, porém não o suficiente para ofuscar ou cegar, foi que nos demos conta de que, estranhamente, o sol não parecia estar maior e sim se aproximando de nós. Tash estava distraído com as estrelas, mas vi o temor percorrer o rosto de Jadis.

Compreendi o que acontecia no mesmo momento em que vi, completamente extasiado: correndo pelo mar, vinha o gigantesco Leão cuja juba resplandecia como fogo, fazendo toda Nárnia estremecer com seu ensurdecedor rugido.


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Notas finais do capítulo

E ele chega para salvar o dia :3 ASLAM! ASLAM! UHUUU kkk Não esqueçam dos reviews!
Beijokas!!

Contagem regressiva: faltam 2 capítulos.