Remember escrita por K Valentine


Capítulo 52
É real




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[Tom Narrador Mode-On]

Enquanto eu preparava o chá, procurei na agenda do meu celular o telefone do médico que cuidou do Bill quando ele passou mal, depois de ter comido uma torta de maçã sem saber. Como ele o atendeu em nossa casa, seria perfeito para esse momento. Tenho certeza que se eu disser à Alicia para irmos ao hospital ela não vai aceitar de forma alguma. Então essa é a única solução. Deixei a água fervendo e liguei para ele.

— Você comeu alguma coisa? – pergunto a ela, ao entrar no quarto.

— Sim, mas foi mais cedo. – ela senta na cama.

— Além do chá eu lhe trouxe uns biscoitos que estavam no armário. – lhe entrego a caneca, junto com eles.

— Tom, esses são do Valentim. – ela afirma, séria, olhando para eles e me fazendo corar de vergonha.

— S-são? – gaguejo. - Desculpe, eu não sabia... – digo, sem graça indo tirar o pacote de sua mão e ela começa a rir.

— Estou brincado! – continua rindo. – Desculpa, mas não pude me conter!

— Você me fez acreditar que eram dele de verdade, baixinha! – rio junto. - Gostou do chá?

— Está maravilhoso, muito obrigada!

— Eu chamei um médico para te examinar, Alicia. Ele deve chegar em instantes...

— Não precisa se preocupar comigo, Tom...

— Eu sei, mas mesmo assim me preocupo! E me conta... O que você quis dizer com “muito frio para pouco agasalho”?

Por um momento, passou pela minha cabeça que, por causa desse mal estar, ela estaria grávida do Bruno... Esse pensamento me deixou um tanto quanto inseguro. Não é possível que depois de tudo, aquele merda tinha dado o golpe da barriga, só que ao contrário! Por isso eu queria saber dela o que pode ter ocasionado esses sintomas...

— É que eu não conseguia dormir e saí de madrugada para tomar um sorvete e pensar na vida...

— Que nem naquele dia que te encontrei?

— Sim! - Ela termina de tomar o chá e coloca a caneca no criado mudo do lado da cama. - Deita aqui comigo, eu tô com um pouco de frio. – dá tapas na cama, indicando onde eu deveria deitar.

Eu tiro meus tênis e subo na cama, me posicionando ao seu lado direito. Ela vem chegando mais perto de mim. Passo um braço por trás de seu pescoço e com o outro a envolvo. Com o contato, percebo que está gelada, mesmo sob os cobertores.

Alicia fechou os olhos e eu deitei minha cabeça sobre a sua. Toda vez que olho para ela, penso:" meu Deus,como pode alguém ser tão perfeita assim? Como pode alguém me despertar algo de tal maneira que eu desejo ficar perto e cuidar o tempo todo? Como ela conseguiu fazer com que, pela primeira vez, eu acredite que amores de uma vida inteira são possíveis?"

Agora tenho plena consciência que gosto dela, de verdade eu gosto dela. É sério, é real. Me senti deslocado e sozinho por muito tempo, mesmo estando rodeado de pessoas. E ela foi a única que de uma hora para outra chegou e me encantou, me fascinou. Pela primeira vez isso me aconteceu. A loucura dele é fantástica. Combina perfeitamente com a minha.

Ficamos deitados por alguns minutos, até que ouvi o interfone tocar. Na certa era o porteiro informando a chegada do médico.

— Deve ser o Dr. John, vou lá recebê-lo. – digo, me levantando da cama.

Autorizo a entrada dele, que sobe ao andar do apartamento.

— Oi Tom, bom dia!

— Olá John, como vai?

— Muito bem! Onde está a sua namorada?

Ele disse “namorada”? Foi isso mesmo que eu ouvi? Nunca antes essa palavra soou aos meus ouvidos de uma maneira que não me assustasse...

— Er.. Está no quarto, vou levá-lo até ela. – o conduzo. – Alicia, este é o Dr. John! – o apresento.

— Olá, bom dia! – ela se ajeita na cama.

— Bom dia! E então, o que houve com você? – ele senta ao seu lado.

— Na madrugada de quinta pra sexta eu resolvi sair para espairecer, pois não estava conseguindo dormir e me sentei um pouco na praça... Fazia muito frio e eu não estava devidamente agasalhada. Aí ontem eu comecei a me sentir mal...

— Bom vamos examiná-la... – pega o estetoscópio. - Descreva para mim os seus sintomas...

— Vou deixar vocês à vontade.

Saio do quarto e fico na sala esperando. Alguns minutos depois, o doutor vem até mim com uma receita médica na mão.

— Tom, é o seguinte... Pelos sintomas, a Alicia teve um princípio de hipotermia. Mas isso não é nada grave. Aqui nessa receita estão os remédios e a maneira da qual ela deve tomá-los, durante uma semana. Como são bem pesados, será normal se ela dormir a maior parte do dia... Mas lembre-se de acordá-la nos horários da ingestão dos medicamentos e das refeições. É muito importante que ela se alimente bem.

— Entendi! – pego a receita. - Pode deixar que eu cuido disso!

— Ah, e ela não pode ingerir álcool enquanto ainda estiver tomando os remédios. Qualquer coisa é só me ligar!

— Tudo bem, doutor! Muito obrigado! – vou com ele até a porta.

Assim que o médico vai embora, ligo para o Bill e o deixo a par da situação. Peço para ele vir até aqui ficar com ela enquanto eu vou à farmácia comprar os remédios. Como ele já havia terminado a sessão de fotos, estava a caminho.

— Alicia, - entro no quarto. - o médico me passou os medicamentos que você deve tomar durante uma semana... Por que você não fica lá em casa durante esse tempo? Assim podemos cuidar melhor de você!

— De forma alguma, Tom! Não quero ser mais um incômodo para vocês. Vou ficar aqui em casa mesmo! É só você me falar a maneira que eu tenho que tomar os remédios que eu sigo direitinho! Não precisa se preocupar...

— Tem certeza? – eu sabia que como ela era cabeça dura, não adiantava insistir.

— Tenho sim!

— O médico me disse que os medicamentos causam sonolência e que será normal se você dormir o dia todo... Vamos fazer assim então, eu venho aqui nos horários certos para te dar os remédios e as refeições, ok? E não aceito um “não” como resposta!

— Isso não vai tomar seu tempo ou atrapalhar seu trabalho?

— Claro que não, estou de folga esses dias. Bill está vindo, então vou esperá-lo chegar antes de ir à farmácia.

— Pega meu cartão na minha bolsa, que está na sala e pode passar os remédios no débito. – ela me informa a senha em seguida.

— Ok, não se preocupe com dinheiro. – pego a caneca e o resto dos biscoitos para levá-los de volta até a cozinha.

— Tom... – ela me chama. - Obrigada por tudo que você tem feito por mim. – ela sorri, retribuo o gesto e lhe dou um beijo na testa.

Enquanto eu lavava a caneca, ouço a porta da sala abrir. Enxugo minhas mãos e vou até lá. Na certa, Bill já havia chegado.

— Oi!

— Onde ela está? - ele entra com sua chave e fecha a porta.

— No quarto. Escuta, - pego em seu braço, impedindo-o de ir até lá e cochicho. - eu vou comprar os remédios e depois passar lá em casa para pegar umas roupas. Vou ficar aqui cuidando dela durante essa semana.

— Não é mais fácil a levarmos lá para casa?

— Sim, mas eu sugeri isso e ela não quis de jeito nenhum! Você sabe como é cabeça dura...

— E ela aceitou você ficar aqui?

— Eu a convenci que vou vir nos horários que ela tem que tomar as doses dos remédios.

— Você não tem jeito mesmo! Se a Alicia descobrir, vai ficar uma arara!

— Ela não saberá... E eu vou ficar mais tranquilo se for dessa forma. Durmo no quarto de hóspedes e vai dar tudo certo!

— Vai lá então que eu fico aqui  com ela. – Bill vai vê-la e eu vou à farmácia.

Eu estou bastante animado para passar essa semana ao lado dela.

 [Tom Narrador Mode-Off]


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