Remember escrita por K Valentine


Capítulo 51
Eu só precisava dela




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Uma semana havia se passado desde que briguei com Bruno. Eu precisava desse tempo para digerir tudo que aconteceu. Eu chorei, chorei muito. Porque às vezes nada parecia mais fazer sentido... Mas, se chorar fosse o suficiente, meu coração já estaria intacto novamente. Não cicatriza, mas ameniza. Ainda há dor, porém, guardei a mesma no bolso e decidi tocar a vida para frente e deixar o passado onde ele deve ficar.

Senti um alívio imenso quando devolvi suas coisas. Deixei na portaria do hotel em que ele se hospedou, com um singelo bilhete que dizia: “Boa sorte em encontrar uma gravadora que aposte em pessoas feito você.”

Quero me desculpar comigo, mas não sei exatamente o erro que cometi. Talvez porque tive a ilusão que tudo poderia ser diferente, se eu fosse diferente. Mas isso não aconteceu e esse foi o nosso fim. Experiência é o nome que damos aos nossos erros.

Estávamos fadados a não ser. E não fomos. Ainda bem que não fomos.

***

[Tom Narrador Mode-On]

Bill ficou completamente eufórico quando contei à ele o que aconteceu entre Alicia e Bruno. Ele ligou para ela, preocupado. Mas nada que ele faça iria reverter sua dor. Ela só precisava de um tempo.

E eu, só precisava dela, cara! Como precisava...

Uma semana se passou e meu irmão decidiu chamá-la para sair. Segundo ele seria bom para que ela pudesse se distrair e divertir um pouco.

— Liguei para a Natalie e ela topou! Onde iremos? – ele me pergunta.

— Não sei! A ideia foi sua, você quem escolhe!

— Pena que os G’s estão na Alemanha, se não seriam mais pessoas para distraí-la.

— Bill, não se preocupe! No dia mesmo ela parecia estar melhor, então na certa já deve até ter superado esse episódio.

— Só que quando uma pessoa está sem nada para fazer, dá margem para pensamentos ruins! E eu não quero que ela fique depressiva nem nada do tipo! - ele pega o celular. – Já sei! Vamos para um PUB mais discreto no sul da cidade, nas sextas lá costuma ser ótimo! Está decidido! Vou ligar para ela. – ele procura na agenda o contato de Alicia e faz a chamada, colocando no viva-voz.

— Bill!— ela atende.

— Oi minha querida! Estou ligando para te convidar para sair comigo e com o Tom essa noite! O que acha?

— Acho ótimo! Estou mesmo com saudade de vocês!— ela responde. – Onde iremos?

— Não se preocupe com isso! Nós vamos te buscar aí por volta das oito, pode ser?

Por mim tudo bem! Até mais tarde então!— desliga a chamada.

Bill vibra e fica super animado com o fato dela ter aceitado o convite.

— Tom por favor, nada de tocar no assunto da briga nem nada! Nosso objetivo hoje é fazê-la esquecer tudo isso!

— Você está louco? Claro que não irei falar nada!

— Mas fazer você devia! Essa é a hora de pegar ela de jeito! – ele ergue a sobrancelha. – Nada melhor do que superar um amor com outro!

— Só se for para eu levar um fora, né? Bill, acha mesmo que ela vai ter cabeça para isso sendo tudo tão recente?

— Não sei, mas não custa nada tentar! – ele me cutuca, implorando.

— Pode tirar essa ideia absurda da cabeça! Ainda não é o momento! – ouvindo isso, ele bufa.

— Mais uma oportunidade perdida... – balança a cabeça e sai.

Eu não queria arriscar. Alicia não dava nenhuma pista de que gostava de mim da mesma maneira e eu queria ser cuidadoso, para que na hora certa as coisas fluam como eu quero.

Peguei meu celular e abri a galeria para apagar algumas coisas que estavam enchendo a memória. Deleto alguns aplicativos inúteis e quando abro a galeria, me deparo com uma imagem nossa, na última festa aqui em casa. Ela estava abraçada comigo, com a cabeça deitada em meu peito. Pude ouvir sua voz através dessa fotografia, me dizendo que era golpe baixo fazer cócegas nela e sorri.

Memórias não podem ser mortas, apagadas ou rasuradas. Essa minha mania de lembrar de tudo feito um gravador me deixava feliz e às vezes me enlouquecia...

***

Era quase oito da noite e eu estava terminando de me arrumar quando Bill adentra o banheiro.

— A Natalie já chegou, vamos?

— Sim, estou pronto.

Quando vamos saindo do meu quarto, a maquiadora vem em nossa direção, trazendo o celular de Bill.

— É a Alicia. – entrega o smartphone à ele.

— Alô. – ele atende. - O que você tem? – ele indaga, preocupado. - Tudo bem então, Alicia. Amanhã passaremos aí na sua casa...  - diz, murcho. - Ela não vai, está passando mal. – nos informa.

— Você quer que eu desmarque a nossa mesa? – Natalie pergunta.

— Ela disse que ficaria triste se não fôssemos por sua causa, então não precisa. Amanhã passaremos lá, ok? – ele fala comigo.

— Tá bom. – concordo e saímos em seguida.

Me diverti bastante, o lugar era bem bacana e vendia minha cerveja alemã preferia. Mas não pude deixar de pensar nela o tempo todo em que estive lá.

***

Acordei cedo e decidi que iria vê-la de qualquer maneira. Troquei de roupa e desci para tomar café da manhã. Bill e Natalie já estava sentados à mesa.

— Vai conosco na sessão de fotos? – ele me perguntou.

— Não, vou ver a Alicia. – respondo.

— Achei que fosse me esperar para irmos juntos.

— Não vou conseguir esperar mais tempo para vê-la. – sorrio e eles também.

— Diga à ela que irei após as fotos. – eu assenti.

Terminei minha refeição e saí. Iria passar em alguma loja de conveniência ou num supermercado para comprar seu chocolate preferido. No caminho, procurei na internet quais eram os que ela mais gostava, e vi uma entrevista em que ela afirmava ser KitKat e Kinder Bueno.

Chegando em sua casa, subi direto até seu andar e toquei a campainha. Ouço passos se aproximarem até a porta, que se abre.

— Tom! – ela diz, com um sorriso no rosto.

Estava linda, com um moletom gigante que quase cobria seu short, cabelo preso em forma de coque e óculos de grau.

— Veio ver o retrato da derrota? – ela continua e ri.

— Na verdade eu vim lhe trazer isto. – mostro o conteúdo da sacola e ela fica surpresa.

— Meu Deus! – abre os braços para me abraçar, mas antes que isso aconteça, percebo que ela ia caindo e eu a segurei.

— Alicia! Está tudo bem? – pergunto, ainda a segurando.

— Não muito... – diz, de forma fraca.

— Deixe-me coloca-la na cama. – a pego no colo e entro no apartamento, levando-a até sua cama, onde a coloco deitada. - O que houve que te deixou assim? – sento-me ao seu lado.

— Muito frio para pouco agasalho.

— Você não está nada bem! Foi num médico?

— Não precisa, estou só um pouco fraca...  Mas garanto que é só tomar um banho bem quente que isso se resolve. É que nunca passei nenhum inverno aqui.

— Vou lhe fazer um chá bem quente então.

— O mesmo que você faz pro Bill?

— Isso mesmo! Como você sabe?

— Sou sua fã, esqueceu? – ela ri e lhe dou um beijo na testa.

— Já volto. – me dirijo até a cozinha e de lá, ligo para um médico.

[Tom Narrador Mode-Off]


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