Não sei exatamente como e quando me encontraram, só sei que, quando acordei no hospital, dei de cara com um teto branco e um barulho de “tu tu tu”. Pensei de cara: “Fudeu, morri!”

Tentei me levantar ou mexer o pescoço, mas não consegui. Estava imobilizada, com um daqueles bangs de pescoço que esqueci o nome (que merda, eu prestei tanta atenção nas aulas de primeiros-socorros). Olhei para minhas pernas, e uma delas estava pendurada, com gesso. Em seguida para mãos, e a direta estava enfaixada.

Qual é, ein? Fui atropelada por um Corinthiano ou Fanático por Crepúsculo e eu não estava sabendo?

Pisquei umas três ou quatro vezes até conseguir enxergar com nitidez. Era difícil... muito difícil.

- Marietta. – murmuraram. Tentei virar novamente, e não consegui. Puta que pariu, eu estava travada numa cama sem ao menos poder me mexer? SERÁ QUE EU FICARIA ALEIJADA? AAAAAAAAAAH!

- Que porra andou acontecendo por aqui, inferno! – resmunguei, percebendo que minha voz quase não saía. Voltaram a murmurar, dessa vez, um pouquinho mais alto:

- Olha pro lado.

- Eu não posso.

- Sou eu, o Matt... não... posso falar muito, minha garganta ainda está machucada.

WHAT THE HELL? MEU DEUS, PARA TUDO QUE QUERO DESCER!

Matt estava conversando, isso significava que ele estava vivo... e eu também! Ou estávamos mortos no purgatório à espera do juízo final. Beleza, pelo menos eu estava com ele.

- Você... está... bem? – perguntei.

- Irei melhorar. E... você... – sussurrou, deixando que a voz morresse aos poucos.

Não dei continuidade. Movi lentamente minha mão não-enfaixada e acenei como os rockeiros faziam, avisando que tudo estava bem na medida do possível, e que eu ainda estava de pé.

Depois disso, o silêncio tomou conta. Sentia-me mal, como se estivesse flutuando. Sensação horrível, aquele de que estamos a ponto de morrer. Olhei enumeras vezes para o teto... mas não encontrei nada do que o branco. Depois disso, peguei no sono novamente... ignorando o barulho de “tu tu tu” que parecia cada vez mais alto.