Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 24
Hospital "Saint Elizabeth IV"




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Completamente transtornada, deixei o cara com o troco de 100 euros e comecei a correr, já que a pizzaria ficava algumas quadras longe do hotel. Juro que não sei o quanto corri, mas eu não me importava. O fato era que mesmo um pouco descrente, rezei, orei, fiz tudo, implorando para Deus que nada acontecesse a Matthew.

Cheguei ao hotel, fatigada. Nem adiantava ligar pra Mel e pro Syn, porque ambos estariam ocupados juntos, em qualquer lugar que fosse.

Pela primeira vez, em muito tempo, PEGUEI O ELEVADOR! Lógico né, gente? Se o Matthew morresse... eu... eu... eu nem sei que faria, sério. Esqueci minha fobia idiota, subi de elevador, rezei novamente para que os minutos passassem mais rapidamente e fim, cheguei ao andar que queria.

Corri ao apartamento de Matt e, abrindo a porta com violência (como já fiz uma vez, lá no comecinho, quando acreditei que ele morreria de overdose), corri para seu quarto.

Eu desejava que a cena constrangedora de antes acontecesse. Que eu ficaria envergonhada, e sairia... aliviada por Matt estar bem. Mas, infelizmente, não foi isso que ocorreu.

Matthew estava caído no chão, incrivelmente vermelho, com as faces e os braços inchados e semi-desmaiado (tipo... ele estava meio acordado, meio dormindo, redundância mode on). Tentei ouvir sua respiração, mas ela estava lenta.

- Por favor, Matt, não morre, cara. – pedi, tentando levantá-lo. Não consegui.

Ele se mexeu lentamente, olhando-me. Gente, que cena macabra que era aquela, nunca pensei ver Matt tão feio e tão deformado quanto daquela vez. Mas foda-se, eu ia ajudá-lo de qualquer forma. Continuava sendo MEU M. Shadows. MEU Jonathan. MEU Matt.

- Olha... tenta se levantar, vou te auxiliar... vamos ao hospital.

Matt assentiu. Levantei-o com dificuldade (quase caindo umas três ou quatro vezes devido ao peso e tamanho três vezes maiores que o meu), e o arrastei para o elevador. Descemos, e pedi para que o motorista do hotel levasse-nos. Mas, na recepção, encostado à muretinha, estava Zacky, papeando pra cima de Janny.

- CARALHO, O QUE HOUVE? – perguntou, ao me ver cambaleando com Matt. Correu para me auxiliar, agarrando um dos braços do rapaz. – ALERGIA?

- Pimenta. Pizza com pimenta. – gaguejei, trêmula. – Por favor, Zacky, me ajuda, ele vai morrer!

- Inferno! Esse Mané sabe que não pode comer...

- EU SEI! – berrei, olhando para os lados.

Tempo depois, chegou o motorista que eu havia pedido, e Zacky, de forma carinhosa e meiga, arrancou-lhe a chave das mãos, acenando em forma de agradecimento.

E lá fomos, 100 (ou mais) km por hora, rumo a algum hospital próximo.

Olhei para Matthew novamente, e seus olhos estavam fechados. Meu coração parou na hora. Não... ele NÃO podia morrer em meus braços, porque se isso acontecesse... eu me jogaria daquele relógio enorme de Londres. Aproximei-me de seu rosto, para sentir sua respiração. Fraca... mas ainda respirava.

- Zacky, ele vai morrer?

- Não, não vai... não vou deixar outro ir embora. – murmurou, fazendo uma curva que... quase fui parar do lado oposto do carro. – E Syn, aquele idiota?

- Ele está com minha amiga... nem liguei nem nada... mesmo porque, devem estar com telefones desligados.

- Ali, achei um! – gritou Zacky, cruzando duas pistas da rodovia para entrar no estacionamento do hospital particular “Saint Elizabeth IV”.

Minha vida passou por um triz... pela segunda vez no mês.

Enfim, chegamos ao Hospital. Zacky, com quem eu não possuía intimidade alguma... parecia-me um pouco mais controlado que os amigos. Era comedido, sério e calado. Com seu auxílio, arrastamos Matthew para uma maca. Dois enfermeiros vieram buscá-lo, e eu, fui direto para a recepção, toda descabelada e vermelha, mas de preocupação.

- Senhora, precisamos de seus documentos, para darmos entrada na ficha do paciente. – pediu, enquanto levavam Matt para um quarto. Não pensei em muita coisa.

- Zacky, tem seus documentos aqui? – perguntei, esperançosa, achando que cada minuto perdido diminuía as chances de Matt sobreviver. Exagero, talvez... desespero faz isso conosco.  

- Não, Heagle... você quer que...

Vasculhei meus bolsos, e percebi que nada portava. Droga... minha bolsa estava no carro!  VAI TER MEMÓRIA DE PEIXE EM OUTRO LUGAR, LAZARENTA!

- Me dá as chaves, minha bolsa está no carro.

- Não quer que eu vá?

- Não... fica aqui... pra ver o que falam de Matthew, por favor.

Zacky assentiu, escorando-se no pilar da recepção. Peguei a chave e corri, muito mesmo. Minha fobia de elevador reapareceu (bela hora de aparecer, filha da puta!), então preferi descer as escadas, correndo, atrás dos tais documentos solicitados.

- Vai Marietta, mais rápido, mais rápido, mais rápido... idiota, não tem como ir mais rápido, só se brotassem três pernas. – murmurava pra mim mesma, descendo os degraus com pressa. O salto de minha bota quebrou no meio do caminho, e caindo sobre minha perna, rolei até o último degrau, onde bati minha cabeça na parede.

A escuridão tomou conta. Desmaiei, sobre uma pequena poça de sangue.


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