-Vou começar a cobrar o dobro, Takanori. Eu ia tirar o dia pra dormir hoje. – bufou, se largando na cadeira de frente a Ruki.

  Ruki mordeu o lábio inferior.

  Uruha ergueu uma sobrancelha. Estava um calor infernal naquele dia..E o garoto estava de blusa de gola alta?

-Gomen, nee, Uru - -

-Tu ta cheio de chupões, nee? – Uruha fez cara de tacho.

  Takanori arregalou os olhos, puxando ainda mais a gola da blusa.

-Dá pra ver? – ele disse, meio amedrontado.

-Não, dá pra perceber. Só um idiota pra usar blusa de gola alta no calor ou...Um cara cheio de chupões, regra básica. – o loiro riu.

 Ruki se imaginou enforcando o conselheiro.

-Tá, ta, fala logo o que aconteceu que dessa vez vou cobrar por minuto, Matsumoto-kun. – Uruha bufou.

-E-eu..Traí ele.

-Ele quem? – Uruha ergueu uma sobrancelha, voltando a mirar o garoto.

-O Akira, oras. – o menor mordeu o lábio inferior.

-Akira...Peraí, você disse que traiu ele? – o loiro mudou a expressão, ficando sério.

-É, é...E-eu...Fiquei com outra pessoa. – o garoto se recostou na cadeira, olhando para os próprios pés.

-Ficou, uma vírgula, tu deu uns amassos ferozes, pelamor. – riu divertido, lembrando que embaixo da blusa do garoto, havia muitas marcas.

-Uruha-san! Não faça de mim uma piada! Ainda to todo dolorido e você vem rindo de mim?! – Ruki fez bico, transtornado.

-...Dolorido? – Kouyou ergueu as duas sobrancelhas. –Perai, perai...Cê transou com o cara?

-DÁ PRA FALAR MAIS BAIXO, POR FAVOR?! – Ruki quase gritara, corado.

  Uruha percebeu todos do estabelecimento olharem para eles.

  Ruki se encolheu, batendo na própria testa.

=Flashback=

  Aoi o pôs deitado na maca presente no estúdio, onde muitas pessoas já foram tatuadas.

  O menor mordeu o lábio inferior, abraçando Aoi, amendrontado.

-Nee, não quero te machucar. – o moreno disse próximo ao ouvido do outro, dando-lhe uma leve lambida e em seguida, um beijo estalado nos lábios.

  Ruki nada respondeu, manteve os olhos fechados, ainda agarrado à Aoi, escondendo o rosto na curva entre seu pescoço e ombro.

  O maior se pôs sobre Ruki, se encaixando entre suas pernas.  Por um momento, Aoi sorriu vitorioso, finalmente conseguira o pequeno para si.

=Flashback=

-Uaaaaaau. Então cê ta em outra já? – Uruha sentiu um alívio dentro de si.

-N-não...E-eu ainda gosto do Rei-chan...Eu acho.

  “Tá me tirando, nee, nanico?”

-Perai, tu acaba de me dizer que foi pra cama com outro cara e –

-Fui pra maca, por favor. – Ruki sorriu sem jeito.

-...- Uruha riu, abaixando a cabeça. Antes rir que chorar. – Tá, concluindo meu raciocínio, você foi pra maca com outro cara mas ainda gosta do Rei-chan?

-Hey, só eu posso chamar ele de Rei-chan! – Ruki cruzou os braços.

“Quer saber...”

-Nada disso, nanico, eu chamo meu namorado do jeito que eu quiser! – Uruha retrucou, alto, batendo na mesa, os nervos a flor da pele.

  Ruki ficou estático. Seu cérebro estava em curto circuito, só pode ser.

-É o quê? – Takanori piscou.

-É isso que tu ouviu. – Uruha bufou.

-Por que você não me falou antes, Uruha?! Qual é a tua?! Aposto que ficou rindo da minha cara durante horas ontem, nee, seu viado! – Ruki gritou, agressivo.

  Kouyou continuava o mirando, passivo.

  Deixaria o Ruki gritar a vontade, não estava a fim de discutir. Muito menos, surrar um pivete.

  Takanori caiu sentado na cadeira, começando a soluçar.

-E agora, Uruha? O que a gente faz?! – Ruki disse, mirando o outro com os olhos avermelhados.

  O conselheiro ergueu uma sobrancelha.

-“E agora o que a gente faz”, os cambau, meu amor, você fique com o tio da maca, eu vou curtir meu namorado. – Kouyou riu amargo, se levantando. – Se não se importa, vou voltar para casa e dormir mais um pouco.  Tchau, Ru-chan.

  Uruha saiu da cafeteria, com um sorriso satisfeito nos lábios.

  Ruki secou as lágrimas, mudando sua expressão facial para uma mais séria.

Que Uruha se fodesse!