O plano dela era acordar mais cedo e sair antes que Kiba acordasse, mas quando ela chegou à sala concentrando-se em andar sem fazer barulho, deparou-se com o amigo a esperando encostado a porta.

_Caiu da cama Hinata?

Hinata baixou os olhos pensando no que diria. Seu plano de fuga não dera certo e ela teria que enfrentar uma conversa nada agradável com Kiba.

_Acho que é uma ótima hora para conversarmos. Vai sentar ou prefere ficar em pé?

Sem ter outra saída ela sentou-se no sofá e esperou ele começar. Os olhos dele pareciam chamas ardentes. Seria raiva?Ele entenderia se fosse, mas aquele olhar a deixava com medo, um tipo de medo que ela não conhecia.

_Não tenha medo de mim Hinata.

_Eu não tenho.

_Fiz tantos planos sobre nós dois. Sinto-me idiota agora.

_Você não tem culpa Kiba.

_Claro que não. Como ele se chama?

_Não posso dizer.

_Por quê?

_Bom, porque quero manter em sigilo por enquanto. -respondeu ela evitando encará-lo.

_Ele ti pediu isso?Ele é casado?

_Kiba!Não me insulte!

_Desculpe. Estão juntos há muito tempo?

_Não. Temos mesmo que falar sobre isso?

_Ajuda. Assim eu supero melhor. É isso que você quer que eu faça, não é?Superar?

_Só não quero ver você sofrendo.

_Todo homem tem o direito de lutar por amor Hinata.

_Talvez você confunda amor com amizade.

Kiba sorriu. Um sorriso frio, quase magoado, triste.

_Amo você Hinata. Nunca falei sobre isso porque estava esperando você ficar melhor. Shino dizia que você ainda não tinha superado o trauma e eu queria ser paciente. Esse foi o meu erro. Esperei demais e agora outro chegou à minha frente.

O que ela devia dizer?Que sentia muito?Que gostaria que as coisas fossem diferentes?Que se pudesse escolher, escolheria gostar dele?Nada disso faria Kiba sentir-se melhor.

Ela estava confusa, notou Kiba. Melhor assim, pois aumentava suas chances no jogo. Não a entregaria de mãos beijadas a um desconhecido. Nenhum homem era melhor pra ela do que ele. Kiba provaria isso.

Aproximou-se devagar para não assustá-la. Tocou seus longos cabelos adorando sentir aquele perfume tão conhecido e amado. Amá-la era um sonho que ele pretendia tornar realidade. O destino seria tão cruel a ponto de lhe negar o amor dela?

_Kiba...

_Sem palavras Hina... O que você pode dizer?Chega de palavras. Posso pedir um favor?

_Claro.

_Não crie um muro entre nós dois, sim?Magoaria-me muito.

Hinata gelou quando sentiu os lábios quentes dele roçarem pela pele de seu rosto. Kiba estava perto demais. Uma vozinha interior mandava ela o afastá-lo, mas ela nem conseguia se mexer. Pela primeira vez desde que se conheciam Hinata notou o quanto o amigo era interessante. Não tinha a beleza hipnótica de Sasuke, mas Kiba tinha algo a mais. Braços fortes, lábios sensuais, um olhar quente, um jeito selvagem bem diferente do porte altivo e frio de Sasuke.

_Nos vemos mais tarde. -disse ele se afastando rápido.

O corpo dela sentiu falta da presença quente dele e Hinata fechou os olhos precisando se concentrar. O que significava aquilo?Desde quando tolerava toques tão facilmente?Era como se Sasuke tivesse aberto uma porta nela. E isso era definitivamente muito excitante, pois ela era livre, finalmente livre.

Viu Kiba sair do apartamento com passos ágeis e sorriu. Um dia ele a esqueceria e as coisas entre eles voltariam ao normal. Ou não?’’Pense positivo Hinata, sempre positivo. ’’lembrou-se.

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Acordara com dor de cabeça. Sonhara com Konan. Ela em  seu belo vestido preto, seu sorriso que escondia segredos inimagináveis. Divertira-se tanto nos braços dela!Dias intensos regados a risos, sexo e sonhos. Nenhum dos dois imaginava a desgraça. A vida era intensa demais para sobrar tempo de pensar alguma coisa. Conheceram-se na faculdade. Ele, apenas um calouro mimado e sério. Ela, veterana, misteriosa e diferente de todas que ele conhecera. Fora fácil demais conquistá-la e naqueles meses em que namoraram tudo foi divertido e excitante, mas Sasuke cansara, pois sempre cansava das mulheres. Nenhuma tinha brilho suficiente para mantê-lo interessado. E assim, separaram-se, sem brigas, sem adeus. Anos depois voltaram a se encontrar numa festa beneficiente. Konan contara estar casada com um homem chamado Pein. Ela continuava com o mesmo sorriso, mas os olhos confessavam que ela havia mudado. Beberam,riram,conversaram e decidiram passar a noite juntos. O ínicio da desgraça.

O banho gelado não aliviou a dor. Colocou seu melhor terno e saiu para trabalhar. Na portaria recebeu sua correspondência. Algumas contas, convites e um envelope preto. Dentro de seu carro o abriu e não se surpreendeu.

DOIS ANOS QUE VOCÊ A ROUBOU DE MIM. COMECE A CONTAR SEUS ÚLTIMOS DIAS, MALDITO UCHIHA.

Mais uma cartinha de Pein. Sasuke estava acostumado com as ameças e antes não tinha medo delas, pois sua família estava protegida, mas agora tinha Hinata. Nem queria imaginar o que faria se Pein a machucasse.

Lembrou-se do pouco que Konan falara do marido.

‘’_O que posso dizer dele?É um louco!Mais um louco muito racional e inteligente. É o único que me entende e provavelmente sou a única que o entende. Pein é meio obcessivo ás vezes, mas me sinto segura ao lado dele. E você?Como vão as conquistas?

_As mulheres estão cada dia mais irritantes.

_Vai achar uma perfeita pra você.

_A perfeição me assusta Konan.

_Imagino que sim. Afinal todos cobram isso de você. ’’

Pobre Konan, pensou Sasuke irritado consigo mesmo por sentir pena de uma mulher que o metera em uma bela encrenca. Naquela noite ela não contara a ele que seu marido estava preso por assassinato. Os dois saíram da festa juntos, levemente alcoolizados e então aconteceu o acidente. Konan morrera presa entre as ferragens. Agora Pein saíra da cadeia e queria vingar a morte da mulher. Sasuke sentia-se dentro de um filme de terror.

Quando chegou ao escritório tinha tantos problemas para resolver que deixou toda essa história de Pein, ameças e Konan, para o lado e focou-se em fazer o que adorava: trabalhar.

Na hora do almoço mandou a sua secretária pedir comida e almoçou no seu escritório mesmo. Aproveitou o momento de folga e ligou para a sala de Hinata. Foi bom escutar a voz tranqüila dela e ele relaxou imediatamente.

_Sasuke... Como está?

_Com dor de cabeça. E você?

_Com muito trabalho... Já tomou algum remédio para a dor?

_Prefiro não tomar nada. Ela vai passar, não fique preocupada. Você tem algum compromisso para hoje?

_Não...

_Então vamos sair. O que quer fazer?

_Hã... Eu... Sasuke preciso desligar o telefone. Sakura está me chamando. Desculpe.

_Tudo bem.

Tudo bem nada!Sasuke não gostou de ser despachado desse jeito. Ficou um bom tempo olhando para o telefone até resolver ligar para Naruto.

_Sasuke?O que aconteceu?!

_Nada.

_Então você me ligou por nada?Que estranho.

_Deixe de ser idiota.

_Então fale logo o que você quer, oras!

_Liguei para saber como estão às coisas com Sakura.

_Estagnadas. -respondeu Naruto com um tom de voz frio.

_Esqueça.

_Tentei fazer isso.

_Não pode continuar amando aquela mulher!É humilhante.

_Mesmo?Como estão as coisas com Hinata?

_Divertidas.

_Sasuke...

_O quê?

_Detesto o modo como você fala. Parece que ela não é importante.

_Ela é. As outras também foram.

_Não negue que ela é especial. Sei que ela é Sasuke. Conheço você.

_Ninguém me conhece o suficiente Naruto.

_Gosto da Hinata. Aposto que sua mãe também gostaria. Não pensa em filhos quando olha pra ela?Quando vejo Sakura penso em como nossos filhos seriam lindos.

_Você é louco.

_Todos os apaixonados são.

_Falo com você depois.

_Certo.

Todos os apaixonados são loucos. Era disso que Sasuke tinha medo. Entregar-se a uma pessoa exigiam uma coragem que ele receava não ter, mas por outro lado quando olhava para Hinata... Era como se ouvisse o seguinte convite: ’’Venha Sasuke, dê tudo de você... Conte-me tudo... Não tenha medo. Venha sem medo pra mim. ’’O que aconteceria se ele aceitasse o convite?

No fim da tarde Hinata foi vê-lo. Estava preocupada. Sasuke ficou surpreso com a visita, mas mostrou-se feliz. Falaram sobre o dia e ela ofereceu-se para fazer uma massagem nele.

_Você parece está exausto. Ainda com dor de cabeça?Posso providenciar um remédio.

_Sua massagem é o suficiente. Sinto-me bem mais leve. Tem mãos de fada Hinata.

_Sabe, as pessoas comentam... Que você trabalha demais... Por isso está sempre de mau humor.

_É verdade. Meu pai está delegando todos os seus poderes a mim já que Itachi não quer saber dos negócios.

_Pensei que ele trabalhasse nos negócios da família também.

_Ele diz que trabalha, mas só finge. Itachi não sabe o que quer da vida.

_São muito próximos?

_Não. Teve uma época que chegamos a nos odiar, mas o tempo passou e agora nos suportamos.

_E como são as coisas na sua família Hinata?

_Bom, eu e minha irmã somos bem unidas, embora tão diferentes. Com meu pai as coisas são um pouco mais complicadas. Ele é do tipo exigente demais. Com Neji... Tivemos problemas quando crianças, mas nos tornamos muito amigos. Família é algo muito importante por isso quero ter muitos filhos.

Filhos. Sasuke lembrou-se das palavras de Naruto. Conseguia imaginar Hinata grávida e tratou de afastar a imagem rapidamente com medo de gostar da idéia.

_Não quero ter filhos. -desabafou ele.

_Não?!

_Pelo menos não tão cedo. Sou muito jovem e filhos me atrapalhariam agora.

_Entendo.

Ele notou o tom de decepção na voz dela e se irritou. O que ela queria?Que eles começassem a falar de filhos e planos para o futuro?Puxou a mão dela a obrigando a dar a volta e ficar de frente para ele. Contemplou o rosto delicado e sorriu. Gostava dela. De estar com ela, de falar com ela, mas não era um estúpido para confundir essas sensações com amor. Era cedo demais para amar. Por Hinata sentia ternura e paixão. Somente isso.

_O que foi?-perguntou ela corando diante da intensidade daquele olhar.

_Gosto de olhar pra você.

_Hum... Sasuke... Tenho que ir. As pessoas podem estranhar.

_Claro. Mas antes...

Levantou-se e a puxou pela cintura. Percebeu como a respiração dela acelerou e a abraçou. Hinata o abraçou também aproveitando o máximo daquele contato. Amava aquele homem. Amava mesmo!Como podia amar alguém assim tão intensamente e rápido?

Ele se afastou o tocou os lábis dela numa carícia sensual. Observou o brilho no olhar dela. Um brilho de desejo.

_Me beije Hinata. -pediu com sua voz aveludada.

Hinata terminou com a pequena distância entre eles e o beijou de leve. Apenas um toque breve de lábios.

_Não é o bastante. -disse ele tomando os lábios dela, invadindo sua boca, tomando aquilo que era dele.

E Hinata desmoronou, as pernas fraquejaram e ela caiu num delicioso abismo de desejos. Sempre que ele a beijava era assim... Um pulo num abismo de sensações novas e viciantes.

_Agora sim. -falou ele ainda com os lábios perto dos dela._Infelizmente marquei um jantar de negócios e não vamos nos ver hoje, mas amanhã podemos combinar alguma coisa.

__Hã... Si-sim... -respondeu ela caminhando lentamente em direção a porta.

_E Hinata...

_Sim?

_Obrigada pela massagem. Vou querer mais vezes.

Hinata só voltou a respirar novamente alguns segundos depois. Sua mente ficava rodando depois de se encontrar com Sasuke. Seu corpo pulsava e seu coração batia descompassado. E ela não podia deixar de perguntar-se qual seria a sensação de fazer amor com Sasuke. ’’Deve ser algo incrível... ’’, respondeu a si mesma sorrindo.