Um dia na praia

Agora que tinhamos um cachorro nossa rotina mudou, todos os dias o levava para caminhar na praia e aos finais de semana faziamos isso em família. O pequeno montinho de pelos transformou-se em um belo monstro comedor de mobilha, o que me obrigava a vigia-lo 24 horas por dia.

Nossas crianças – sim, porque para mim sempre seriam crianças – estavam apaixonadas por yellow e me ajudavam nas tarefas diárias, e isso incluía alimentá-lo duas vezes ao dia, recolher os presentes do jardim, limpar a área externa e manter um pote de água fresca sempre a sua disposição. Sapatos e meias agora mereciam o lugar mais alto do guarda roupas de todos e nada mais pode ficar espalhado pela casa.

Para conter toda aquela energia fomos passar o dia na praia. Por ser sexta-feira o movimento era menor e os animais podiam ficar sem a guia. A única exigência dos salva vidas era o uso de coletes em cores fortes e identificados com o nome do animal e o contato dos donos assim como o uso de saquinhos biodegradáveis espalhados por toda a praia para o recolhimentos dos prestes depositados na areia da praia durante o dia.

Toda a família estava junta, matar aula um dia apenas não os prejudicaria, Kham ficou responsável por yellow enquanto Sun e Thomas foram caminhar a beira mar. Era incrível a semelhança de Sun com Anala, todos diziam que as mesmas eram irmãs e esta era a historia que mantínhamos. Anala era a irmã mais velha dos três e após perder os pais em um acidente, os menores vieram morar conosco. Como seu marido me responsabilizei por eles e também por Thomas, agora meu primo, como seus pais viajavam muito fiquei com sua guarda temporária durante sua formação escolar.

-Não estarei muito longe Seth. Beijos. - sun gritou já correndo para longe com Thomas logo atrás - 

Em casa era pai pra cá, pai pra lá, mas na rua eu tinha que me segurar toda vez que ouvia Sun me chamar pelo nome. Mesmo após tantos anos não conseguia me acostumar.

Kham se afastou com yellow, em dias assim ele usava óculos de sol e poucos notavam seus olhos claros. Percebia as alterações de seu corpo quando algumas garotas o secavam com os olhos cobiçosos. Muitas de suas características corporais vinham de minha família. A pele clara ficou rapidamente dourada pela exposição constante ao sol e deram mais destaque a seu corpo atlético.

O porte físico do garoto é imprecionante, com 1,90 e ombros largos, músculos evidentes e os cabelos despontados e escuros tiravam longos suspiros das mulheres ali. Por ser tímido, passava rápido por todas procurando refugio em partes mais desertas da praia. seu maior medo era a rejeicão quando vissem seus olhos.

Anala não se sentia bem com isso, queria muito ver seu filho apaixonado e feliz, muitas vezes a ouvi se lamentar em ser o que era, pois foi isso que dificultou a vida do filho. Sinceramente, isso era uma grande besteira, Kham amava ser o que era, se divertia controlando os ventos locais ou brincando com Sun quando os dois resolviam colocar fogo em alguma coisa. Isso sim era lamentável, já perdemos até com carro nestas brincadeiras dos dois.

Aproveitei que Nala dormia tranquilamente sob a sombra do guarda sol e relaxei o corpo aproveitando a brisa fresca vinda do mar. Não percebendo o tempo passar , me deixei levar pela inconsciência e dormi, as imagens mais diversas vieram a minha mente e em uma delas toda a família estava reunida novamente. Rosálie estava estranhamente feliz em meus sonhos, ela até me beijava, na verdade ela não me beijava, ela me lambia como se fosse um...

-Ah, que nojo. Sai yellow! – abri meus olhos esbravejando ao mesmo tempo em que afastava o cachorro que estava em cima de mim. Acabei caindo da espreguiçadeira e quase fui cegado por um flash de luz.

Quando recuperei minha visão percebi que Nala e Kham riam com uma camera fotografica na mão e o pequeno mostro estava sentado ao lado dos dois, com a língua para fora me observando.

-Isso mostra o quanto vocês me amam! – reclamei batendo a areia do corpo e olhando para o céu – Nossa, esta tarde!

-Estavamos só esperando o lobo adormecido acordar para procurar Sun e ir embora. – Nala falou brincalhona já arrumando as sacolas de praia –

Kham a ajudava também e rapidamente levamos tudo para o carro, voltando a praia para procurar Sun.

-Onde ela costuma ficar Kham?

-No quiosque próximo a marina. Ela diz que lá é mais tranqüilo.

Quando chegamos ao local meu sangue ferveu. Sun estava deitada sobre a areia e era esmagada por um rapaz que imediatamente reconheci como sendo Thomas. Aquele beijo não era uma simples troca de afeto, as intenções das mãos dele me provaram isso.

-Thomas Uley! – gritei assustando o casal que logo se colocaram de pé ajeitando as roupas –

-Pai!

-Agora é pai né?vamos mocinha – a puxei pelo braço – conversamos em casa.

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A volta para casa foi silenciosa, um silencio verbal, já que percebi que Kham e Sun conversavam mentalmente. Thomas estava ansioso e Nala mantinha uma calma de dar inveja. Meu nervosismo era tão grande que mais um latido de yellow eu o colocaria para fora do carro sem dó.

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-Thomas, suba com Kham. A conversa será só entre mim e minha filha.

-Não vó! Nào vou subir, eu também sou o responsável pelo que aconteceu.

-Suba agora garoto! – gritei de forma ríspida assustando até Anala que estava na cozinha –

-Para que toda esta gritaria? – Nala surgiu na sala com o rosto corado da raiva que sentia – Seth, sua filha não é mais um bebe e se você ainda não percebeu eles já estao juntos a 18 anos. - eu ia falar algo, mas ela logo continuou - 

-Com Luna não foi diferente, quanto tempo eu e Kali não a encobrimos para que pudesse passar um tempo com Samy.

-Eu me lembro bem Nala, olha só qual o resultado disso tudo – apontei para Thomas que se incolheu imediatamente –

-Pai!

-O que Sun?

-Não precisa se preocupar com isso. mamãe já me levou ao médico, nós tomamos cuidado. – falou envergonhada ainda protegida atrás do irmão. –

-Isso quer dizer que vocês já....já....ahhhhh – cai sentado no sofá com as mãos no rosto – Fui o ultimo a saber?

-Desculpe querido, estávamos temendo por esta reação.

-Tudo bem, me desculpem. Não devia agir assim. Já esperávamos por isso não é mesmo. Eu vou me deitar, finjam que eu não estou aqui...parece que é isso que fazem sempre, minha opinião não conta mesmo. – subi derrotado para o quarto –

Me joguei derrotado na cama lembrando de tudo que havia acontecido naquela dia. Nossa tarde foi perfeita e ao ver minha filha tão próxima a Thomas tive medo, um medo que me assolava a alma. Minha reação foi exagerada, eu já sabia que ambos tinham pulado alguns estágios do namoro e que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Só queria que fosse mais tarde.

-Pai – Sun bateu na porta – Posso entrar?

-Pode meu anjo.

-Desculpe, devia ter conversado com o senhor antes.

-tudo bem amor, eu exagerei. Não devia ter gritado com os dois. – nos abraçamos e sussurei em seu ouvido – só não quero que saia tão rápido da minha vida.

-Nunca pai.