Beijo da Morte escrita por dentedeleão


Capítulo 42
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

são muitas coisas ocorrendo ao mesmo tempo.....um cap um pouco mais longo que o normal, mas espero que gostem.

Beijos



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Cap. Primeiras Palavras

A época de baixa temporada é ótima para nós. Nunca havíamos nos reunido em grande numero e agora além de toda minha família ainda dividíamos nosso espaço com mais dez vampiros loucos. Loucos sim, só sendo louco para viver isolado em uma ilha, se alimentar de humanos sem matá-los e o mais inusitado, trabalhar junto a eles deixando exposto seu segredo e a verdade por trás dos mitos.

Aqueles vampiros loucos eram mais uma parte do meu ser, da minha família e agora todos estaríamos reunidos. Ao caminharmos pela trilha irregular em direção ao hotel notei toda a beleza daquele momento. Emmett se divertia fazendo piadas indecentes sobre o relacionamento de Abáe e Saimon enquanto os dois riam o estimulando. Carlisle, Esme e Zeferus conversavam pacificamente e em alguns momentos Esme repreendia os modos de Emmett. As garotas criaram um grupo a parte e fofocavam livremente sobre moda, relacionamentos e as possibilidades do local, já os garotos estavam discutindo as regras para um possível jogo de futebol.

Fred, seguia entre os dois grupos com meus bebes no colo. em alguns momentos ele ria com as garotas e em outros brigava com os rapazes que queriam segurar Kham. Aparentemente, uma típica família de vampiros.

Quando chegamos as lembranças vieram a tona, o hotel da pequena ilha era ainda menor do que me lembrava. Apenas 20 quartos dispostos em um edifício de dois andares. As cores escuras davam a fachada um aspecto antigo e serviam como camuflagem ao imponente vulcão ao fundo. Zeferus nos levou a parte posterior do hotel onde ficava a vila onde todos moravam.

O portal feito de pedras vulcânicas, areia e conchas, abria-se em direção ao nascer do sol permitindo uma ampla visão do jardim de pedras a frente. O salão lateral destoava de todo o resto com suas paredes bem rebocadas e brancas, os painéis de vidro estavam posicionados de forma a diminuir a forca dos ventos vindos do mar e as paredes subiam em pontos estratégicos garantindo a sustentação de toda a casa.

A decoração simples em gesso trazia um ar de modernidade ao ambiente criado para os prazeres da leitura, próximo a lareira, estantes de madeira mantinham centenas de livros protegidos por portas de vidro. A maresia era um dos grandes vilões das folhas delicadas de livros raros existentes ali.

Na outra extremidade, um grande salão de jogos conflitava com o ambiente tranqüilo da sala de leitura. Para dar boas vindas a seus visitantes, uma grande mesa de bilhar com entalhes largos convidava seus observadores as apostas. Mesas para carteado estavam dispostas ao fundo e também permitiam os jogos de tabuleiros, a decoração era composta por jogos de dardos e fotos de toda a família. Ao lado da televisão de tela plana milhares de jogos para vídeo game disputavam espaços em prateleiras abarrotas, enquanto mais ao fundo, isolado de tudo ficavam o violão, a gaita e a flauta.

-Vejo que fez grandes mudanças por aqui Zeferus! – zombei indo em direção a flauta –

-Uma amiga viria me visitar, eu pensei que uma mudança de ares seria bem vinda – enquanto meus dedos tocavam delicadamente o instrumento de madeira a minha frente, Zeferus buscava pelos braços de sua companheira.-

-Eu posso? – perguntei sem desviar meus olhos da flauta -

-Fique a vontade Nala. Vou apresentar os outros a família e lhes mostrar onde irão ficar acomodados, a propósito, esta flauta é a sua. – Zeferus acompanhou os demais em direção ao jardim de pedras levando em seu colo minha pequena Sun –

Seth seguiu para meu lado com Khan em seus braços.

-Sei que você toca, pena que nunca quis tocar para mim! – um bico se formou e seus olinhos mantinham um brilho pidão –

-Você sabe que não resisto a este bico – falei já sorrindo –

-Então toque.

***

Pov Bella

-Familia Cullen, estes são Jean e Agatha, Raul e Fabiana, Claus e Kim. – Jean é um rapaz franzino com traços delicados, pelo que pude notar foi transformado muito jovem, Agatha ao contrario era uma mulher belíssima, com traços hispânicos e longos cabelos negros. Raul e Fabiana pareciam ter cerca de 30 anos e mantinham as feições de compreensão e serenidade já conhecidas em Carlisle. Claus e Kim pareciam receosos com nossa presença ali, aparentemente eram um dos mais novos na família.

-Por que ela voltou Zeferus? – perguntou Kim já aflita – O que mais ela quer de nós?

-Kim. Agora não é hora para discutirmos coisas do passado – ouvi um rosnado em resposta e logo todos estávamos em postura de ataque –

-KIM! – desta vez Zeferus foi firme e logo a postura de todos voltou ao normal –

-Ela tem razão Zeferus – Agatha retrucou mantendo a voz em um tom ameno – ele é um Volturi, eles nos caçam!

-Por que vocês deveriam ser caçados? – perguntou Marcus curioso-

-Vamos nos acalmar sim – Zeferus tentava a todo custo contornar a situação – Marcus é um Volturi, mas hoje, nesta ilha, ele não passa de um desgarrado que fugiu de seu povo. Caius e Aro estão mortos, assim como a vampira com olhos de fogo. A vida de Marcus, sua sobrevivência será questionada e isso o torna um de nós, um vampiro que vive entre as sombras.

-Toda a monarquia terá que ser revista. – continuou Clara -  Isso pode ser bom para nós, assim como também pode tornar este mundo mais ameaçador para nós do que já é. O importante agora e acalmar os nervos e mostrar a hospitalidade comum aos moradores desta ilha. – Zeferus piscou para Fabiana e a vi sorrir de volta – O que acham de um Luau?

-Não seria uma má idéia maninhos. Assim que acomodarmos todos acenderemos a fogueira.

-Edward, porque estas pessoas seriam caçadas? – questionei curiosa -

-Zeferus tem dons incomuns, assim como Ana e Raul. Zeferus pode ver seu passado e presente e não precisa que outros tomem decisões para saber quais seus próximos passos. Ana encanta a qualquer homem com seu canto, uma verdadeira sereia. Já Raul, este é muito peculiar, ele pode mudar seu cheiro, seu corpo, se ele o desejar pode se passar por humano, todos ouviriam seu coração bater, o sangue correr em suas veias de forma pulsante, até seu cheiro se transforma.

-Isso é incrível. Eles possuem poderes inimagináveis. – meus olhos brilhavam – agora entendo, os dons são especiais de mais, se descobertos, seriam cobiçados.

-Edward apenas acenou com a cabeça enquanto entrava no quarto que seria dividido pelos homens da família.

-E também Belinha – disse Kim se colocando a meu lado – não matamos humanos. Temos olhos vermelhos como os bebedores de sangue, mas não os transformamos, apenas nós alimentamos com o consentimento dos doadores.  

A surpresa estampou-se no rosto de Marcus e Alec.

-Como? – Alec questionou –

-Treino, dons naturais, paciência...-Gabriel apareceu ao lado de Zeferus e continuou – você pode escolher a palavra que quiser – deu de ombros – eu defino como harmonia.

-Podemos viver em harmonia com os seres humanos, manter o equilíbrio entre as espécies. –Agatha parecia empolgada com sua habilidade - Hoje nos sentimos poderosos, donos do mundo, o que só é verdade quando disputamos com pequenos grupos. Com o desenvolvimento de novas tecnologias de guerra, passamos a degraus mais baixos da cadeia alimentar, corremos riscos. Ter aliados nós da segurança.

-Além de nos esconder de nossa própria raça, devemos também, nos policiar quando próximos aos humanos. Esta ilha é nosso refugio, um lugar seguro que nos foi doado por Anala com uma única condição.

-SIGILO – todos disseram em uníssono –

-se não pode guardar tal segredo Marcus – desdenhou Gabriel - , não poderemos conceder asilo neste momento.  

-Compreendo. Nunca ouvi falar de vocês antes, Aro nunca sonhou com tamanho poder. O fato não passaria desapercebido por nós, seus dons seriam valiosos em nossa família e Aro faria de tudo para te-los. – Marcus olhou de forma desorientada ao horizonte – prometo ser fiel ao segredo de vocês, mesmo porque, também estao cientes do meu, da minha traição contra minha família e do meu relacionamento com uma humana.

Alguns assentiram com a cabeça enquanto outros mantiveram-se indiferentes.

-Como tudo já foi esclarecido – Emmett começou a falar – que tal vocês nós dizerem logo onde colocar as malas, pelo que vejo ali – apontou para uma Alice rabugenta – alguém já esta atrasada com os preparativos do casamento.

***

POV ANALA

Haviam apenas quatro quartos de hospedes na casa. Carlisle e Esme foram conduzidos ao primeiro quarto, a vista que as paredes de vidro permitiam é algo realmente indescritível. Toda a costa da ilha estava a nossa frente, o som das ondas batendo contra as rochas ecoava pelo ar e ao longe podia se ver a fina camada de luz que separa o mar do horizonte.

Nos outros dois quartos a frente, ficariam os rapazes e as mocas, como se tivesses criado o clube do bolinha e da luluzinha. A intenção era boa, separar Luna e Samy, assim como Helen e Kali, pena que todos se perderam no tempo e não notaram que aquele ato não impediria que nada fosse feito em outro lugar.

Seth e eu ficamos no ultimo quarto do corredor junto aos bebes. Eles já não precisavam tanto dos meus cuidados, não se alimentavam mais do meu leite e toda a dentição já estava formada, assim como a cara de pau típica do pai, os dois viviam de colo em colo se acabando em risadas e manha. Como eram novidade entre seres imortais recebiam mimos a cada segundo.

Estávamos agora na varanda do quarto, os bebes enroladinhos em mantas em nossos braços, enquanto toda a família se reunia no terreno aos fundos do hotel. Carlisle e Zeferus se deram muito bem, Gabriel e Ana não foram mais vistos e pelo que conhecia dos dois não seriam vistos tão cedo. As mulheres estavam saltitantes e compenetradas em conversas soltas com Esme, Rose e Alice, pareciam antigas amigas buscando novidades vindas de diferentes continentes.

Abáe estava diferente do homem que conheci anos atrás, havia um novo brilho em seu olhar. Se tivesse imaginado um dia que Saimom seria o motivo de tantas mudanças teria apresentado os dois a alguns anos – ri sozinha com meus pensamentos, estava me sentindo um peixe fora d’agua sendo a única bruxa do local - 

-Amor? – Seth se aproximou tocando meu ombro com delicadeza –

-Ah Seth. Estou tão feliz! – era a mais pura verdade, me sentia completa agora, rodeada por todos aqueles que amo de verdade –

-Vejo isso meu amor. É como se um peso enorme fosse tirado de suas costas. Te sinto tão mais leve, entregue a cada momento. – ele beijava meu ombro e subia para o pescoço –

-As crianças! – ainda estávamos com ambos nos braços e continuar com as caricias perto deles não seria certo –

-Esta bem – ele afastou seu lábio contra sua vontade e me deu um sorriso sapeca – Mais tarde a tia deles resolve nosso problema –

Eu ainda olhava para o terreno descampado e sem vida a minha frente e pude ver que Bella se moveu minimamente e seus olhos seguiram os meus, ela sorriu e acenou com a cabeça. Mais uma cúmplice da loucuras de Seth.

Ficamos ali, juntinhos, Seth aquecia meu corpo e aproveitávamos o momento para observar o movimento do mar em direção as rochas, a espuma branca que se formava a cada batida violenta. Ali o vulcão nunca dormia, o céu mantinha uma trilha de fumaça branca que muitas vezes subia em tons alaranjados. O som da água contra a pedra dava a impressão de que mil vozes gritavam próximas a nós e a brisa tocava nossos corpos criando uma sensação estranha na pele, o sal junto ao suor do corpo deixava a pele grudenta.

O céu foi modificando enquanto o dia se formava de forma lenta sobre o horizonte. Nada além da fumaça vulcânica contrastava com o azul do céu. O sol parecia mais intenso, com mais brilho naquela região.

-Querida, como tudo isso aconteceu? Como Ana esta viva? – Seth interrompeu o silencio tranqüilo que havia entre nós.-

-Eu me perguntei a mesma coisa quando ouvi a musica no barco. Este é o dom de Ana, ela encanta com sua voz, sua musica transforma qualquer homem em um brinquedo e ela amava usar para manipular Gabriel – sorri -  para cada amante um tom diferente – pisquei para ele – Gabriel responde a todos.

-Zeferus também tem um dom, algo superior ao que Alice faz, ele consegue ver o passado e o futuro das pessoas. É como se ele lesse toda a sua vida. Quando chegamos na ilha Abáe me mostrou a verdade, ele agora deve estar contando a mesma aos outros.

-Zeferus nós viu morrer, não todos, mas aqueles que causariam maior dor. Ele viu a morte de Kham, Samy e Luna – as lagrimas desciam por meu rosto e eu já não tinha controle sobre a dor que as lembranças me causavam – Eles estariam sozinhos no meio da confusão, os vampiros recém criados atacariam todos juntos e teriam um único foco. –olhei para seus olhos e vi medo – eu não seria morta antes que Kham fosse, este era o objetivo de Aro.

-Ninguém além de sua esposa sabia de suas vontades. Sulpicia, ela estava ali por esta razão. Ser a cobertura de Aro. – puxei o ar com forca e senti Kham se mover em meus braços reclamando do meu aperto –

-Abáe não conhecia Zeferus, mas ambos me conheciam. Ana, que mantinha um contato maior com Gabriel, conseguiu encontrar meios para nós ajudar. –Seth havia colocado Sun em seu Moises e a mesma estava tranquilha sobre a mesa posta na sacada, senti os braços de Seth ao meu redor me puxando para um abraço e logo estava sentada em seu colo sendo reconfortada –

-Não precisa mais se preocupar amor. Tudo isso acabou. – ele falava baixo próximo a meu ouvido e logo depois deu leves beijos em minha nuca que tiveram um efeito contrario ao de suas intenções. Se ele planejava me acalmar, o que realmente conseguiu foi me provocar.

Colocamos Kham junta a Sun e os levamos para dentro, ambos estavam entretidos com suas brincadeiras infantis e permanecemos ali observando os dois darem mordidinhas um na mao do outros e depois darem doces gargalhadas. É incrível que quando nos tornamos pais, coisas que achávamos absurdas antes, vendo em outros casais, são as ações mais lindas que realizamos hoje.

Só deixamos o sorriso bobo de nossos lábios quando Luna entrou no quarto, após uma leve batida na porta.

- Posso brincar com meus irmãos? – a pergunta foi mais para informar o que ela queria, já que logo os pegou no colo com toda a maestria de uma irmã mais velha e foi saindo do quarto com a mesma rapidez com que entrou.

Senti Seth se apertar mais contra minhas costas e logo percebi suas intenções.

-Hum – seus lábios percorriam toda a extensão de meu pescoço. – A cada dia que passa amo mais nossa filha – uma risadinha safada fugiu de seus lábio e senti meu corpo sendo girado de encontro ao seu –

Mesmo que mil anos se passassem novamente nunca deixaria de senti o que sinto nas mãos de meu marido. Seu corpo quente de encontro ao meu e o cheiro amadeirado de sua pele me tiram do chão. Com maestria seus dedos corriam por meu corpo se livrando das pesadas pecas de roupa, nem percebi que ao mesmo que tocava meu corpo também se livrava de suas próprias roupas.

Voltei a realidade quando minhas costas foram de encontro a maciez do colchão sob mim e senti todo o corpo de Seth me pressionando. Sua boca foi feroz contra a minha e logo minhas mãos serpenteavam por suas costas o puxando mais contra meu corpo. seus gemidos me impulsionavam a querer mais dele, daquele momento esquecendo completamente o mundo a nossa volta.

***

Observava aquele lindo homem espalhado na cama e sorri igual uma boba apaixonada. Eu finalmente compreendia a loucura de Ana. Quando chegamos na ilha Abáe preencheu minha mente com toda a loucura das escolhas feitas por ele e Ana na tentativa de mudar nosso futuro e ri para mim mesma da visão que achei que nunca teria. Finalmente Zeferus se rendeu as facilidades modernas e comprou um celular com sinal a satélite.

Abáe me mostrou a destreza de Ana ao encantar homens com sua musica e os dribles que conseguiu sobre o dom de Aro para ganhar sua confiança. Seus ciúmes infantil sobre mim ajudou bastante. No momento da batalha Ana controlou os grupos de forma que o ataque parecesse mais feroz do que realmente era nós dando maior tempo de reação.

A morte de Ana também foi orquestrada com maestria e teve a ajuda do dom de Alec. Todos precisavam ver a cena e sentir o horror daquele momento, por mais sádico que o vampiro possa ser ele não suporta vivenciar a morte pelo fogo, seus instintos de sobrevivência os fazem afastar, por segundos, sua mente daquela situação e foi assim que Alec ganhou seu papel. Seu dom segou a todos por um tempo ínfimo e foi neste momento que o corpo de Ana desapareceu dando espaço a um punhado de cinzas e uma fumaça densa.

Ana arquitetou um movimento ariscado no tabuleiro, o fez por amor a Gabriel. Ela sabia que ele poderia viver sem ela, mas não sobreviveria a minha morte. Por mais que neguemos um ao outro nossa relação, há muito mais que amizade nela, algo que ultrapassa as necessidades carnais e não se explica com palavras. Acredito que Marcus tenha percebido também, sempre nos olha de uma forma questionadora.

Aos poucos a respiração de Seth foi acelerando, logo ele acordaria. Suas mãos vagaram pela cama como que procurando por algo e então ele despertou assustado.

-Estou aqui amor. –Seth buscou, ainda zonzo de sono, pela direção que vinha minha voz e me deu um lindo sorriso –

-O que esta fazendo tão longe de mim?

-Contemplando meu mundo. –falei já me levantando e engatinhando pela cama em direção a seus braços –

-Hummm, isso é bom amor – falava enquanto beijava todo seu corpo seguindo em direção aos lábios –

-Você é muito saboroso para desperdiçar amor. Adoro ‘’Seth’’ no café da manha. – minhas voz não passava de um rosnado baixo -  

-Luna? – a pergunta saiu em meio a um gemido –

-Temos alguns minutos – sorrimos um contra o lábio do outro

***

-Alice já chega....

-Não seja implicante Micaela. Este momento só acontece uma vez na vida e você precisa estar perfeita.

Quem conseguia implicar com Alice. Bella permanecia ao lado de Micaela como uma mãe, ela sabia exatamente qual a sensação de se casar com um vampiro. O medo vinha acompanhado de todo o nervosismo da ocasião e tudo só piorava com as loucuras de Alice.

Quando a tortura de quatro horas chegou ao fim, Micaela estava incrível. O vestido nada convencional ficou perfeito em seu corpo, as rendas com detalhes florais em tamanhos médios contornavam toda sua cintura dando espaço ao cetim vermelho na altura do busto e na saia. O corte reto do vestido sem alças realçavam todas as suas curvas e a cor destacava o tom claro de sua pele. Os longos cabelos foram cacheados levemente e uma franja era segura por um pente negro cravejado de diamantes.

O terreno atrás do hotel foi preparado por todos trazendo vida  a um lugar inóspito. Alice novamente se superou, não havia como enfeitar o lugar com flores, mas Alice conseguiu transformar pedaços de panos em véus delicados e flores foram feitas com tecido e renda. O local foi aromatizado com essências e velas em cores claras, enquanto o chão recebia um piso de madeira tingida de branco com sutis reflexos pratas.

As luzes foram posicionadas em globos espelhados que permitiam uma reflexão perfeita e cheia de brilho. O bolo possuía três andares e um casal de noivos no topo, o casal estava em uma cena peculiar, a jovem nos braços do rapaz expondo seu pescoço enquanto o mesmo parecia se aproximar com as presas expostas. Tive a impressão que os mesmos haviam sido encomendados por Emmett.

A marcha nupcial foi tocada por Edward e Micaela entrou sendo guiada por Carlisle, todos os nossos amigos estavam posicionados de modo a formar um corredor em direção ao noivo.

Sobre um arco de seda branca e prata, Marcus aguardava vestindo um lindo fraque preto. O juiz de paz da ilha seria o responsável pela cerimônia. Os olhos de Micaela estavam perdidos durante as palavras do juiz e Marcus permanecia em sua postura ereta e seria, apenas seus olhos permitia a nós conhecer a verdade em sua alma. Ele estava nervoso, ao mesmo tempo em que tentava compreender as emoções que preenchiam seu ser vazio.

A cerimônia foi simples, as palavras simples ditas por todos os casais foram repetidas com todo fervor no momento do ACEITO. O casal foi abençoado com uma chuva de arroz e a champanhe foi estourada no momento em que o bolo foi cortado. Marcus acompanhou todas as tradições humanas, mesmo que não fizessem sentido em suas convicções. Dançaram a primeira musica, foram cumprimentados por todos os presentes e se beijaram ao sabor do glace do bolo.

***

A festa se desenrolou ao ponto em que todos acabaram entrando no salão de jogos e uma noite de jogatina teve inicio. Ana iniciou um canto sutil e a acompanhei com a flauta enquanto todos se divertiam, aos poucos a voz de Ana desapareceu e apenas a flauta era ouvida.

-Me diga Ana – Jasper se sentou a nosso lado – já domou seu cachorrinho fujão – a voz debochada a fez rir.

-Vamos ver loirinho. – Ana piscou e olhou em direção a Gabriel –

-Gaby, amor – chamou manhosa – pode vir aqui um segundo?

Gabriel estava no meio de uma partida de baralho e sua vitoria era certa. As apostas estavam altas e se ele vence-se aquela mão seria contemplado com o maior dos valores, sangue humano fresco. Eu entendo que possa ser repulsiva esta idéia, mas as aldeãs disputavam entre si para serem vitimas de Gabriel e aquilo não passava desapercebido a Ana, que usou de todas as artimanhas possíveis para testa-lo neste momento de prazer contido –

-Estou aqui amor. – Gabriel deixou tudo, as cartas, os valores e seu premio para trás a pedido de sua companheira.-

-Acho que sim Jazz , consegui. –ambos gargalhavam e Gabriel ficou serio olhando para ambos com fúria –

-Estão rindo as minhas custas é? Tá – disse derrotado – eu mereço. – começou a rir também e sentou-se ao lado de Ana a puxando para seu colo.

-Não largo mais esta mulher – disse enquanto beijava seu pescoço –

-Nem por mim Gabriel? – não pude deixar de perturba-lo e por conta disso ganhei um beliscão de Seth . –

-Bom...eu....depende...eu...- ele estava visivelmente desconfortável, parecia que a resposta lhe rasgaria ao meio. –

-Não precisa responder Gabriel, sei que pela bruxa você me deixa novamente, ela só precisa estalar os dedos. – os olhos de Gabriel eram de dor e ele se preparava para justificar seu ato –

-Pode ficar tranqüilo amor, eu sei como é sentir o que sentiu. A dor de perder quem se ama. Na próxima vez que ela te chamar, você não irá sozinho. Nunca mais estará sozinho. – o beijo entre ambos foi nervoso e cheio de amor, parecia que logo entrariam em combustão.-

-Só vou deixar a ‘’bruxa’’ passar porque a cena que estou vendo é linda. – me levantei indo em direção a Luna e todos riram da cena triangular que se formou –

Algumas horas após a festa ter chegado a seu fim, Micaela já estava pronta para seu novo começo.

- Não deseja mesmo a morfina Micaela. – Marcus estava abraçado a sua esposa, seu olhar para com ela refletia tanto carinho. Mesmo que ele soubesse que tal ato a mataria, era o desejo dos dois permanecer juntos pela eternidade que o mantinha forte.-

-Eu sei o que me espera amor, só quero terminar logo com isso e poder me entregar de corpo e alma a você. – Micaela ficou na ponta dos pés para alcançar os lábios de Marcus e logo que o fez se virou para Carlisle –

-Eu estou pronta.

-Tentarei ser gentil. – dito isso Carlisle se aproximou com a permissão de Marcus, segurou a face de Micaela entre as mãos posicionando seus dentes na veia com maior fluxo em sua garganta sugando uma pequena quantidade –

-Esta feito. – sua voz estava mais seria que a normal e parecia aflita. O gosto do sangue humano correndo por suas veias carregava a doçura do desejo e a culpa pela morte. –

No pequeno quarto permaneceram apenas Micaela e Marcus. Mesmo distantes podíamos ouvir os gritos de agonia de Micaela e os gemidos de Marcus. Em alguns momentos percebia o olhar de Edward para com Bela e seus olhos refletiam um pedido de desculpas silencioso. Os lobos também sentiam-se como se tivessem traído seu povo, seu juramento. Aquele momento não estava sendo fácil para nenhuma das espécies, mesmo os humanos já acostumados aos vampiros locais, mostravam-se nervosos e temerosos com todos os acontecimentos daquela tarde.

As escolhas nem sempre fazem sentido para aqueles que as vêem de fora.   

-Mamãe! Porque todos estão tristes? Mesmo Micaela estando com dor e nervosa com as mudanças ela esta feliz.

Todos, sem exceção, virarão seus corpos em direção a Kham, ele não passava de um garotinho com apenas alguns meses de vida e falou suas primeiras palavras com uma coerência e tanta segurança. Abáe esta certo quando me disse que ambos eram especiais, meu filhos carregavam a sabedoria da minha vida, das almas que me guiavam e a forca do passado de seu pai.

Realmente eles eram especiais.  


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