Cap. 39 – explicando as posições no tabuleiro

- Marcus? – Carlisle olhou para trás observando o membro Volturi – venha, é meu convidado.

Todos entraram na grande casa, o encontro não se faria ali e sim no quintal dos fundos, longe do cenário que antes nos atormentava. Lobos e Vampiros em uma sala fechada não era algo desejado por nenhum dos lados.

Muitos dos lobos que vieram ao nosso auxilio já haviam partido, o momento de paz ainda não fora completamente estabelecido e a tribo precisa ser protegida. Sulpicia havia fugido e não sabíamos quais suas intenções ao se ver livre, a idéia de vingança era algo possível e muitos se aliariam a ela com a intenção de deter o poder que a família real possui entre os vampiros.

Já no quintal dos fundos Marcus estava visivelmente desconfortável, Jacob não aceitou bem sua presença entre nós e com o poder que Marcus possuía, ele conseguia ver muito bem os laços de ódio contra ele.

-Não vai dar um abraço em seu velho amigo Anala? – Abáe sorria de forma tranqüila –

-Amigo? Você é um traidor, um idiota sem coração, eu deveria te odiar – Anala já estava em cima do corpo do grande homem batendo forte em seu peito, enquanto ele apenas sorria – Ahhhhh, mas não consigo. – ela o abraçou com forca e começou a chorar – Obrigada!

Aquela cena me incomodava um pouco, mas eu entendia. Eles eram amigos e não se viam a muito tempo. Aos poucos ambos foram se afastando e Abáe começou a falar.

-Bom, minha historia vocês já devem conhecer. Acredito que Anala tenha contado parte dela, a suficiente para que vocês não desejem a minha morte agora! – ele se sentou tranquilamente na grama úmida e foi acompanhado pela jovem garota que o acompanhava.-

-Eu precisei manipular algumas pecas. –sua voz se perdeu quando viu saindo da floresta dois jovens de mãos dadas. Logo percebi que se tratava de Embry e Micaela. Um sorriso bobo se fez na face de Abáe e logo o mesmo olhou em direção a Marcus –

Marcus estava o mais distante possível de nós, o cheiro dos Lobos incomodava suas narinas e também era difícil para ele refrear seu desejo por sangue. O cheiro de Luna era convidativo assim como o de Micaela, que agora aproximava-se tranquilamente.

-Como estava dizendo – Embry e Micaela se colocaram próximos a Bella e passaram a ouvir o relato do vampiro com curiosidade – precisei usar da ‘’inocência’’ de Paulo para criar uma motivação maior no desejo de vingança dos Volturi. Quando percebi que Aro agiria por orgulho me dispus a ajudar. Minha querida irmã, Miroir, também se dispôs e já que se apaixonou, o jovem Alec pode escolher e escolheu o nosso lado.

-Não desejei a morte de Paulo, mas sua mente estava confusa e quase beirando a insanidade. Acredito que nunca tenha superado a morte de sua amada e vivendo dia após dia ao lado de uma replica da mesma não o ajudou muito. – Olhou para Luna com compaixão ao mesmo tempo que mantinha um sorriso cortes nos lábios -

-Luna, minha querida, em sua mente há muitas perguntas e eu sinto muito pela invasão, este é meu dom e muitas vezes ele age de forma involuntária. Eu apenas vou te responder uma pergunta. Sua mãe não morreu por não amar ser o que era, não amar o que havia criado ou nunca ter desejado ser uma vampira.

-Ela morreu por amor a você e na intenção de lhe proteger. Ela viraria sim uma vampira, como Bella virou, mas conhecendo os poderes que tinha quando humana, temia por ser perseguida como Nessie foi e por esta razão desejou lhe deixar as cegas com uma família que poderia criá-la e amá-la pela pessoa linda que é, sem preconceitos ou desejos quanto a seu dom.

Luna agora chorava e abraçava Samy. Mesmo considerando eu e Anala como seus pais, saber o que sua mãe havia feito mexeu muito com ela e também lhe trouxe o conforto tão desejado.

-Carlisle! – Abáe se voltou a Carlisle deixando o assunto anterior de lado – não pretendo passar muito tempo por estas terras. Eu nasci em meio ao calor e o sol torturante do deserto e sinto falta deste clima, Amsterdam foi meu refugio por anos na única intenção de preparar minha vingança. Por esta razão queria pedir a você, como patriarca desta família, que cuide de minha irmã e do jovem Alec, os deixarei para trás com muita dor em meu coração de pedra, mas assim será melhor, preciso reencontrar meu caminho, agora livre da dor do passado.

-Mas irmão – Miroir o interrompeu já se colocando sobre seu corpo e segurando em seu rosto – não pode me deixar para trás, somos uma família!

-Sim, nós somos minha querida e este é o motivo pelo qual devo partir. Você encontrou seu porto seguro, eu preciso encontrar o meu agora. – Alec entendeu o sentido das palavras de Abáe e com delicadeza retirou Miroir de seus braços a colocando em seu colo, afagando seus cabelos como que para acalmá-la –

-Se o desejo deles for permanecer em minha família, serão bem recebidos Abáe. Sua irmã será como uma filha para mim. – Carlisle lhe respondeu com respeito e compreensão -

-Antes de partir gostaria muito de ver uma coisa. – se levantou indo em direção a Micaela –

-Micaela – estendeu sua mão para que ela se levanta-se – ainda deseja ser uma vampira?

-Eu...eu não.....eu tenho medo!

-Um amor verdadeiro a faria mudar de idéia? – os olhos de Micaela se prenderam ao de Marcus e ela arfou –

-Não acredito que isso posso ocorrer! – agora de cabeça baixa ela falava quase sem voz –

-Eu vejo de forma diferente, mas não depende de mim, não é mesmo Marcus?

-Não....não depende. – Marcus se aproximava com receio – Nunca pediria isso a você minha jovem. Agora entendo o medo de Edward ao transformar Isabella, tirar a vida de quem amamos é muito doloroso. – as mãos de Marcus agora seguravam as de Micaella que tremeu ao sentir o toque gélido –

-Eu posso viver apenas a observando querida. Posso contemplá-la durante os anos, realizar seus sonhos  e amá-la pela eternidade, nunca exigiria de você a escolha por ser o que eu sou e também entenderei se não conseguir amar algo tão desprezível e  antigo quanto o que eu sou.

Todos olhavam com expectativa para o casal, eu sabia que a escolha de Micaela mexeria com os lobos, mais um humano morreria se sua escolha fosse ficar ao lado de Marcus. O tempo também nos ensinou que estas escolhas não devem ser julgadas, o imprinting nós faz ver o mundo de outra forma e convivendo com os vampiros descobrimos que quando amam este sentimento e tão forte quanto o nosso pela pessoa amada. Os casais que se formam são para a eternidade.

-Marcus! – Micaela buscou por seus olhos vermelhos e novamente seu corpo tremeu – Eu desejo você meu amor, desde o primeiro dia em que pisei naquele castelo sombrio e frio, seus olhos vermelhos não me atormentavam como os de Aro e Caius, eu via algo diferente em sua postura reclusa e pacifica.

-Eu só temo ser o que você é. Eu vi os dois lados que esta vida pode ter e não desejo me alimentar de humanos, sei que posso ser diferente, conviver entre eles sem matá-los. Por amor a você eu me deixaria morrer em corpo, pois minha alma sempre estará viva e pulsando pela sua. Minha única condição para isso e aprender a ser como eles. – apontou para nossa grande família –

-Por você eu posso mudar! – Marcus agora estava com a testa colada a de Micaela e seu sussurro foi ouvido por todos – Ficar assim, tão próximo de você é como ser açoitado por mil almas a todo segundo, mas posso conviver com isso, posso aprender a me controlar. – o lábio dos dois se encontraram, foi apenas um toque sutil entre os lábios de cera e o corpo quente de Micaela. Um sinal de entrega completa ao amor que um nutria pelo outro –

-Venha Micaela, vamos dar uma volta – Bella se colocou entre os dois separando o casal – Algumas coisas precisam ser esclarecidas sobre esta transformação, se após esta conversa ela ainda quiser ser uma de nós, teremos o prazer de acompanhar os dois neste novo momento e ensiná-los a ser o que somos –

Marcus assistiu com a cabeça, Bella e Micaella se afastaram em direção a floresta. Bella sabia melhor do que ninguém o que era fazer esta escolha e como as mudanças poderiam afetar a vida de uma pessoa. Acredito que Micaela não mudaria de idéia e que esta conversa seria muito importante para prepará-la para seu futuro imortal.

-Agora que o caminho de todos esta trilhado partirei. – Abáe seguiu para se despedir de todos –

-Espere! Meus filhos, sei que viu o que são em suas mentes, o que devo esperar? – segurou em seu braço e o medo era visível em seus olhos -

-Anala, lembra-se daquele que não gostamos de dizer o nome? – Abáe se referia a seu primeiro filho –

-Sim.

-Estes dois são como ele deveria ter sido minha querida. Bruxos presos a um corpo eterno, só que agora eles possuem o dom da cura. O sangue do lobo tornou suas crianças ainda mais especiais. Não precisa temer a morte deles, eles são iguais a você. Não precisa temer pelos poderes que carregam, suas almas são tão antigas quanto o mundo, apenas o corpo é pequeno e frágil por agora.

-Crescerão como crianças normais e quando adultos poderão lidar com os problemas de hoje tão bem quanto vocês lidaram. Um novo reinado se levantará e regras ainda existirão para nos proteger, mas as mudanças agora dependem do único membro ainda vivo. Marcus.

O ultimo nome foi dito já quando o corpo do vampiro não era mais visível. Abáe partiu ao encontro de seu destino sem ao menos se explicar para aqueles que ficaram para trás. Aparentemente Anala compreendia seu ato assim como Miroir e Alec, os três estavam tranqüilos, serenos e com leves sorrisos nos rostos.

-Querida. – chamei por Anala – por que ele partiu assim?

-Ele não foi procurar por seu amor, ele já o encontrou. Apenas correu de volta aos braços daquele que o espera a alguns anos, não conseguia mais esperar.