Cap. 36

O brilho nos olhos de Aro era visível mesmo com nossa grande distancia. Acredito que ele não esperava nós ver sozinhos, sem as testemunhas de antes ou aliados. Seus olhos vagavam de mim para Paulo e então para Luna e um grande sorriso de satisfação brilhou em sua face, assim como na de Jane.

Já estavam muito próximos de nós, na linha de frente a guarda protegia seus mestres e na lateral do bloco de vampiros, em uma posição mais afastada de todos, três vampiros chamaram minha atenção. Abáe, Miroir e Alec observavam a tudo calados e por um instante pensei ver compaixão no olhar dos três.

-Carlisle! Que prazer em revê-lo meu amigo – o tom de ironia na voz de Aro era evidente e Marcos mostrou impaciência com seu ato – Vejo que sua família aumentou novamente, e novamente quebrando as regras de nossa raça. Até um desertor abrigou em sua casa! – sorriu em direção a Paulo –

Carlisle se aproximou de nós tomando a frente de nosso grupo, o limite de seu corpo ao de Aro podiam ser medidos em passos e isso fez com que todos ficassem atentos ao menor sinal de ataque. Esme estava nervosa, suas mãos fechadas em punho tremiam ao lado de seu corpo.

-Aro. – disse Carlisle em seu tom paternal – me insulta ao considerar-se meu amigo. Amigos não buscam pela morte dos outros ou por julgamentos precipitados. Conheço seu ódio e desejo pelos membros de minha família, principalmente por aquela que lhe fez perder a mão, se esta aqui para lutar, nos destruir... o faca de uma vez, vamos pular este teatro mau conduzido.

-Se este é seu desejo caro Carlisle, que assim seja.

Dito isso Aro se afastou seguido por sua companheira, Marcus e Caius. A guarda se manteve reservada, os 40 vampiros se multiplicaram e logo fomos atacados por mais de 80 vampiros cegos pelo desejo de nós destruir. Percebi que alguns ali eram recém criados e se moviam em direção a Luna e Nessie, toda a família se uniu em um circulo se protegendo e atacando os vampiros que se aproximavam.

O escudo de Bella impedia que maiores estragos fossem feitos por Jane, Jasper lutava com fúria ao lado de Alice enquanto via Seth e Samy formarem um paredão em frente a Luna sem se importarem com Paulo que logo se deixou destruir por dois vampiros recém criados. Gabriel se mantinha atento a todos os movimentos a sua volta sem tirar os olhos da casa, os vampiros não chegavam muito perto do local, Fred estava se concentrando ao máximo para manter meus filhos protegidos.

A luta não era justa em seu numero de oponentes e logo tomei a frente deixando meu corpo queimar ao me aproximar dos vampiros mais novos, línguas de fogo eram atiradas sobre eles, assim como rajadas de ar impediam sua rápida aproximação.

Aos poucos o numero de inimigos foi diminuindo enquanto nosso lado permanecia intacto. Os lobos pareciam se divertir ao rasgar os corpos de pedra de seus inimigos, os mais jovens, mesmo sem muita pratica de luta, uniam-se em duplas rasgando e desmembrando vampiros como se fossem pedaços de carne.

Edward lutava junto a Emmett em torno de Bella, a protegendo e impedindo seu escudo de ser afetado. Esme e Rose se mantinham próximas aos lobos trabalhando em equipe, decapitando e desmembrando sua própria espécie. Jacob não conseguia se concentrar, tentava a todo custo ficar ao lado de Nessie e observava a casa com medo de que Kali fosse descoberto, com tantas preocupações sua atenção a luta diminuiu e logo o mesmo foi golpeado por dois vampiros.

Um dos vampiros estava prestes a lhe morder quando um estrondo chamou a atenção de todos. Um grande lobo de pelos vermelhos como fogo se atirou ao gramado deixando atrás de si uma janela completamente destruída, seus olhos tinham um tom de vermelho próximo a sangue, seus dentes trincados e um rosnado continuo cortando o ar a sua frente. Em segundos os vampiros que estavam sobre Jacob foram destruídos e Kali se posicionou em frente ao corpo desfalecido de seu pai o protegendo de qualquer ataque possível. Nessie foi a seu encontro, tocando o corpo do filho com lagrimas nos olhos e em seguida correu, ajoelhando-se ao lado do corpo de Jacob, aguardando que o mesmo se recuperasse do ferimento que ainda sangrava.

Ao poucos os vampiros foram sendo destruídos e queimados em uma fogueira que mantive acessa, próximo a floresta, quando não mai restavam inimigos nos agrupamos em frente a casa aguardando por mais uma investida. Jacob já estava melhor e novamente se transformou em lobo mantendo sua posição mais afastada dos outros vampiros se juntando a Sam e seu bando.

Luna estava assustada, lagrimas corriam por seu rosto e seus olhos se mantinham fixos em mim como que implorando que aquilo acabasse logo. Esme percebendo minha aflição correu para o lado de minha filha a acolhendo em seus braços, seu corpo era o mais frágil entre nós, seu lado humano era muito presente e tinha medo que seus nervos sucumbissem a tanto estresse.

-Acabe logo com isso Aro. O que mais nós aguarda? – esbravejei-

-O que é este monstro que vocês criam? – falou em êxtase –

-Não criamos monstros Aro – me aproximei mais do vampiro petulante – você sim. Tirou a vida de jovens humanos para levá-los a morte. Para nós testar em batalha desiguais. Seu corpo só não sucumbiu a meu encanto porque sua mente esta protegida por aquele que a controla com destreza – Abáe me lançou um olhar mortal – você sabe que pode nós matar, pode destruir um por um dos que estao aqui, o que lhe impede? –já gritava tamanha minha fúria -

-Eu. – não foi a voz sínica de Aro que ouvi e sim uma voz melodiosa e muito conhecida.

-Anna? – Gabriel estava surpreso ao mesmo tempo, que um ódio sem limites lhe invadiu –

-Oi amor! Sentiu saudades? Eu senti, passei dias longe de você e porquê? Por esta coisinha insignificante que nem ao menos te ama, que não deseja compartilhar sua cama com você! Que preferiu se unir a um lobo, criar uma filha mestiça e gerar duas aberrações?

Nesse momento meu corpo tremeu, os olhos de Aro brilharam assim como os de Caius e Abáe apenas moveu os lábios em um não sem sentido.

-Mais aberrações Anala? – questionou-me Aro – e onde elas estão?

- Traga-as para nós Miroir.

-Não. – protestei correndo em direção a Miroir em uma tentativa inútil de alcançá-la e lhe impedir de fazer o que lhe foi ordenado. Minha mente foi paralisada por Abáe e seus olhos eram de suplica, senti meu corpo cair mole no chão e as lagrimas correrem por meu rosto. O rosnado de Seth era a única coisa que ouvia e logo ele também foi silenciado.

Da grande casa atrás de mim, uma porta foi aberta vagarosamente. Helen carregava meus dois pequenos anjos embrulhados em grossas mantas de lã, seus olhos arregalados mostravam o quanto sua mente lutava para impedir o movimento de seu corpo, sem nenhum sucesso. Fred vinha logo atrás dela, com o olhar perdido e sem consciência de seus movimentos.

-Abáe? – foi só o que consegui dizer e não obtive resposta. Seu olhar era frio em minha direção –

-Ah, minha jovem, venha, traga estes bebes para mais perto de mim. – Aro não conseguia esconder a satisfação que sentia ao me ver prostrada a sua frente, sem nenhum tipo de ação, temendo por meus filhos – Junte-se a mim Caiu, veja como são lindos e apetitosos.

As lagrimas corriam mais rápido por meu rosto agora. Meus pequenos não tinham o sangue apelativo para os vampiros, mas pela forma como Aro falou e seus olhos brilharam, o cheiro deles era muito apelativo para os Volturi.

Jane parecia salivar ao mesmo tempo que mantinha no rosto o sorriso da vitoria, da vingança. Nenhum de nós conseguia se mexer, nem mesmo Bella tinha o controle de sua mente e corpo. Seth rosnava com mais fúria ao mesmo tempo que seu corpo tremia de forma incontrolável. Luna estava em estado de choque, seu corpo caído sobre os joelhos também tremia e seus olhos foram ficando escuros, quase pretos.

-Anna, se aproxime querida. Suas informacoes foram muito úteis para nós e gostamos de retribuir os favores. – Aro olhou para Jane que aumentou o sorriso que já estampava seu rosto –

Os gritos de agonia de Anna eram perturbadores, seu corpo se contorcia no chão e sua pele começou a trincar em vários pontos diferentes. Gabriel, mesmo com ódio da mulher por lhe trair, sentia pena pela mesma estar em agonia. Aos poucos as rachaduras foram aumentando e os membros foram sendo separados de seu corpo, Jane ria de forma descontrolada, enquanto Alec a observava de cabeça baixa. Mais alguns segundos e a cabeça de Anna foi separada de seu corpo enquanto um grito agudo ecoava pela floresta. Seus restos foram jogados na fogueira assim como havíamos feitos com os outros vampiros e nada mais restava da bela mulher.

-Sem testemunhas. – Caius parecia se divertir com toda aquela tortura – Desta vez não deixaremos nada para trás.

-Sim meu irmão, desta vez todos serão destruídos e voltaremos a reinar em paz.

-Marcus? Se uma a nós.

-Agora não Aro, não estou aqui por minha vontade, não desejo a morte destas pessoas. Não pretendo me envolver mais do que já me envolvi. – sua voz era pausada e cansada, tudo aquilo parecia lhe incomodar severamente –

-Abáe. – a quem considerava um amigo foi chamado por Aro – Poderia destruir sua amiga enquanto decidimos um final melhor para seus filhos? – Seth rosnou ainda mais alto enquanto sua cabeça se movia de um lado ao outro buscando por formas de se livrar do encanto que lhe prendia ao chão –

-Sim Aro, eu posso faze-lo, mas como estamos aqui para julgar e matar aqueles que já causaram dor e discórdia, gostaria que uma outra pessoa fosse julgada antes.

-E quem seria?

-Você! – falou sem emoção alguma na voz –

-O meu querido, e de qual crime me acusa? – Aro estava indiferente as palavras de Abáe, mantinha seus olhos vidrados em meus filhos e isso me incomodou ainda mais –

-Por matar a própria irmã, tirando de Marcus a razão de seu amor. Por matar Joshua por orgulho e ciúmes de nosso relacionamento. – os olhos de Aro se voltaram a Abáe – Por utilizar dos poderes de um vampiro para controlar a vontade de seus súditos. Pela tirania ao matar clãs na busca de novos talentos. Por usar das diferenças possíveis em nossa espécie para exterminar e acumular talentos – Marcus olhava com fúria para Aro, assim como Caius parecia desconcertado com tudo o que ouvia – Eu poderia inúmeras mais algumas ações suas Aro, mas meu único propósito aqui é me vingar pela morte de Joshua.

-Como pode me acusá-lo de te-lo matado. Sabe que o que ocorreu foi um ato de vampiros sem leis, desgarrados de nossa espécie. – o medo era visível em sua face, mas logo ele concentrou-se em esconde-lo –

-Sim, eu sei. Assim como também sei de quem veio a ordem. – Abáe se aproximou de mim, ajudou-me a levantar me permitindo ter o controle de minha mente e corpo novamente – Seu amor por mim o deixou cego Aro, por muitos anos não me notou realmente, não notou meu desenvolvimento, o aumento de meu poder. Conheço muito bem sua mente para dizer que desejo sua morte, mas me contentarei em realizar o desejo de uma pequena amiga – Abáe me olhou de forma carinhosa, com os mesmos olhos que me olhava quando estávamos juntos –

-Sun meu amor, pode fazer o que deseja. – não compreendi o que Abáe dizia, meus filhos estavam nos braços de Aro e aquela imagem me atingia como ferro em brasa aumentando meu ódio e nojo de sua pessoa, até que percebi algo diferente, a manta que cobria o corpo de Sun foi tomada por uma chama azulada, parecia a cor produzida por gás em chama. Esta chama lentamente foi se apoderando do corpo de Aro e ele largou meus bebes, eles não chegaram a sentir o impacto do chão em seus corpinhos frágeis pois logo foram aparados por Alec.-

Aro nós observava com olhos suplicantes, a chama não parecia fazer efeito sobre seu corpo, apenas o envolvia como uma película, o azul foi criando movimento e logo parecia correr entorno do corpo de Aro aumentando sua espessura a cada volta. Aquela massa parecia ficar pesada e passou a se concentrar próxima aos pés de Aro e então mudou de tom e forma.

Uma chama vermelha tomou forma queimando seu corpo. o cheiro que exalava era o mesmo ao de carne colocada sobre brasa e então notei algo diferente em Aro, sua pele estava corada, seu olhos eram de um tom castanho claro, quase esverdeado, a pele tinha a aparência cansada e algumas rugas se formavam em sua testa.

-Humano!

O sorriso de Miroir quebrou o silencio que nos acometia.

-Sua filha tem um poder lindo Nala. Torna humano aquele que um dia foi vampiro. Pena que isso só ocorra quando ela deseja a morte deste vampiro. – seu sorriso agora era acompanhado pelo de Abáe que me abraçava com mais forca –

Aro esbravejou, se contorceu e gritou pela ajuda de seus servos e irmãos enquanto queimava de forma lenta, sobre uma fogueira de chamas altas. Nenhum vampiro se moveu, nenhum expressou compaixão ou lealdade. Nem mesmo sua mulher, a quem mantinha reclusa e alienada de suas ações. Vê-lo morrer deveria me trazer paz, tranqüilidade, mas não, eu sentia pena de seu fim se dar assim, sozinho, sem o amor de ninguém.

Quando o corpo não emitia mais som e apenas uma fuligem úmida era vizivel, as chamas se exauriram e Alec me trouxe meus bebes. Os abracei fortemente contra meu corpo desejando que nunca mais fosse necessário que vivenciassem momentos de tanta agonia, logo senti braços quentes envolverem meu corpo e me deixei relaxar próxima ao corpo de Seth.

-Porque tudo isso foi necessário? – Marcus se aproximou –

-O reinado desta família termina aqui Marcus. Muitos amigos morreram e perdi muito em minha vida em nome dos Volturi. Hoje este jogo muda de lado. Não serão deixados rastros como Aro mesmo apontou, todos que estão aqui e já serviram aos Volturi morreram por minhas mãos.

Dito isso a guarda se colocou em posição de ataque, assim como minha família e os lobos.

-Só eu vou lutar agora. –A postura sempre serena de Abáe havia se transformada para a de um homem em fúria –

Cinco vampiros voaram parra cima de Abáe buscando por formas de atingi-lo, desmembra-lo. Todos eram afastados com fortes golpes, estrondos eram ouvidos enquanto os corpos se chocavam, os movimentos eram rápidos e só conseguia observar vultos seguindo caminhos diferentes a cada segundo. Sulpicia e Jane se mantinham afastadas assim como Marcus. Caius estava envolvido na luta e esperava que seu fim fosse igual ao de Aro.

Poucos minutos depois vários pedaços de pedra esbranquiçada eram vistos por todo o gramado e um Abáe satisfeito passava as mãos pela roupa buscando tirar o pó que se instalará nelas.

-Bom, estes aqui já acabaram. Luna? Jane é toda sua.

-O que? Por que só as crianças podem se divertir? – Claro que esta pergunta veio de Emmett e é claro que Rose lhe deu um tapa pelo comentário –

Observei todos a minha volta e vi Alec rir de toda aquela maluquice. Seus braços na cintura de Miroir e sua postura relaxada me diziam que aquele Volturi ainda viveria. Não me dei conta do movimento a meu lado até sentir Seth se movendo.

-Onde pensa que vai mocinha? – Seth parou em frente a Luna a encarando de forma séria –

- Vou matar uma vampira papai. – falou de forma debochada com um sorriso malicioso nos lábios -  e não se preocupe, eu já descobri como fazê-lo sem ao menos despentear meus cabelos.

-Claro querida, tente. – Jane se colocou mais a frente retirando sua capa ao mesmo tempo que arrumava os longos cabelos loiros por sobre os ombros. –Seth deu passagem a Luna mesmo sobre protesto de Samy –

-Já sentiu seu corpo em chamas criança? – Jane manteve seu ar superior ao falar –

-Já sentiu a morte corroer suas entranhas projeto de gente? – Com esta eu tive eu rir, minha filha não sabia xingar, nem mesmo quando com muita raiva –

Jane concentrou seu poder em direção a Luna, mas nada aconteceu. Jane bufou e permaneceu com seu olhar fixo em Luna.

-Jane? Esqueceu-se de quem é minha tia? – dito isso se aproximou de Jane tocando seu braço. O local em que tocou rapidamente ficou preto, a mancha crescia em torno do braço de Jane, parecia aderir a sua pele como piche e foi engolindo cada pedaço de seu corpo deixando apenas sua cabeça descoberta.

-Esta confortável? – Luna disse em tom irônico –

Jane não continha sua fúria e gritava de forma descontrolada.

-Acho que já brinquei de mais, quero logo voltar para casa. – Luna tocou a face de Jane com carinho e então a mancha negra se apossou de todo seu corpo e estourou no ar jogando ao vento milhares de pequenos pedaços de fragmentos negros. –

-Nossa amor, me lembre de nunca deixa-la irritada!!! – Samy abraçou forte o corpo de Luna, beijando sua testa e apoiando seu peso nos braços. Minha pequena estava cansada por tamanho esforço. –

Todos acabamos rindo daquela situação, uma mistura de nervosismo e alívio.

-Onde esta Sulpicia? – Questionou Jasper observando todo o terreno a nossa volta –

-Não se preocupe com ela, eu pego depois – disse Abáe de forma brincalhona – Agora vamos entrar nesta linda casa, temos muito o que conversar!!!!

 - Marcus? – Carlisle olhou para trás observando o membro Volturi – venha, é meu convidado.